Seca na Amazônia é um “sinal evidente” de mudança climática, adverte a ONU

Conselho de Segurança da ONU apoia segundo mandato para Guterres - Jornal O  Globo

Guterres, secretario da ONU, não está nada satisfeito

Jamil Chade
UOL, em Nova York

A seca que atinge a Amazônia tem uma relação direta com as mudanças climáticas. Pelo mundo, fenômenos extremos estão apontando para um impacto real dessas transformações no clima. O recado é do secretário-geral da ONU, António Guterres, que nesta semana é anfitrião para os principais líderes mundiais na Assembleia Geral. Ao responder ao UOL nesta quarta-feira, Guterres insistiu sobre o compromisso do governo brasileiro em reduzir o desmatamento.

“A seca na Amazônia é em larga medida causada pelas alterações climáticas”, disse. “Independentemente disso, o Brasil, naturalmente, sei que está totalmente comprometido com a preservação da selva amazônica, e com o evitar a desmatamento, com a deflorestação da Amazônia, mas os fenômenos a que estamos a assistir hoje são essencialmente de origem climática”, completou.

CÚPULA DO FUTURO – O presidente Lula da Silva desembarca no sábado em Nova York e participa, a partir de domingo, da Cúpula do Futuro. Trata-se de uma iniciativa da ONU para tentar revitalizar o sistema multilateral, em sérias dificuldades.

Para diplomatas estrangeiros e nacionais, os incêndios no país ameaçam sufocar a mensagem do presidente brasileiro, que iria usar os discursos na ONU para mostrar o compromisso do país com o clima, insistir sobre a queda do desmatamento e cobrar os países ricos para que cumpram suas promessas de financiar a transição nos países em desenvolvimento.

Antes de falar com o UOL, ao responder sobre outras crises e incêndios pelo mundo, o secretário-geral insistiu sobre o impacto das mudanças climáticas. “É absolutamente evidente que o agravamento dos incêndios em Portugal, o agravamento das cheias na Europa Central e Oriental, o agravamento das cheias na Nigéria e o conjunto de outros desastres que vemos multiplicar por toda a parte do mundo, tem uma relação direta com o agravamento da crise climática”, disse. “Hoje ninguém tem dúvidas a esse respeito. A crise climática é um fator multiplicador de todas as tragédias a que assistimos”, alertou.

UM NOVO PACTO – Uma das apostas da ONU, neste ano, é a adoção de um documento apontando para uma reforma profunda do sistema internacional e o estabelecimento do clima como um dos pilares desse compromisso dos governos. Mas, com governos profundamente divididos, o documento com o ambicioso nome de Pacto do Futuro apenas faz referências a compromissos já assumidos, indicando meramente a intenção de intensificar os trabalhos. Para alguns dos negociadores climáticos do Brasil, o texto é “muito fraco”.

Para Guterres, “será trágico” se o pacto não for aprovado. “Não podemos criar um futuro adequado para nossos netos com sistemas criados para nossos avós”, argumentou. “A Cúpula do Futuro é um primeiro passo essencial para tornar as instituições globais mais legítimas, eficazes e adequadas ao mundo de hoje e de amanhã. Ela não pode falhar”, completou.

Ainda que a pauta da cúpula vá no mesmo sentido defendido pelo Brasil — de transformação das instituições internacionais — alguns aspectos da declaração final viraram motivos de preocupação ao governo Lula e outros países em desenvolvimento: a insistência de países ricos em vincular a crise climática como uma ameaça à segurança internacional.

GRANDE RISCO – O temor brasileiro e de outras delegações é de que a questão climática possa ser eventualmente transformada em uma questão de segurança, com medidas que poderiam ameaçar inclusive a soberania nacional. Para o Itamaraty, ao dar esse tratamento, o pacto minimizaria as causas das mudanças climáticas, se limitando a tratar apenas de seus efeitos.

Tradicionalmente, o governo brasileiro vem insistindo que cabe aos países industrializados pagar e arcar com a responsabilidade pelas transformações causadas no planeta. Para os emergentes, a crise não é apenas resultado de uma ação recente, mas de décadas de um modelo de produção.

O Brasil também vê com hesitação a incorporação do tema ambiental na agenda do Conselho de Segurança. O Itamaraty considera que o órgão não conta com instrumentos para lidar com as causas das mudanças climáticas e poderia inclusive esvaziar a legitimidade de mecanismos da ONU onde, de fato, o tema ambiental é tratado.

Sujeira sem fim nos igarapés de Manaus: 2,5 mil toneladas de lixo em junho

Esgotos e sujeira sem fim poluem os igarapés de Manaus

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É preciso advertir mil vezes e morrer repetindo: Se o Brasil não parar o desmatamento ilegal, as queimadas e a poluição, a Amazônia acaba sendo internacionalizada. Manaus despeja seus esgotos no rio, sem tratamento. Os igarapés viraram canais de esgoto e lixo. Às vezes, tenho vergonha de ser brasileiro. Nenhum prefeito ou governador se interessa. Dizem que o problema é tão grave que deve ser resolvido pelo governo federal. São políticos nauseabundos. (C.N.)

Cadeirada mostra que o maior problema  é a exaustão dos eleitores com a política

Cadeira: a nova ferramenta de debate! | Jornal de Brasília

Charge do Baggi (Jornal de Brasília)

J.R. Guzzo
Estadão

O calamitoso debate que acaba de se ver entre os candidatos à Prefeitura da maior, mais rica e mais moderna cidade do Brasil deixou as classes culturais indignadas com as cenas de sarjeta ali exibidas, e com os responsáveis por elas. Condena-se severamente o candidato que deu cadeiradas ao vivo no adversário – ou então defende-se o seu “direito de legítima defesa da honra”, como alegavam antigamente os advogados de defesa dos maridos traídos.

Condena-se o candidato que recebeu as cadeiradas, pelos insultos que fez ao opositor. Condena-se os partidos que lançaram um e outro na disputa pela prefeitura de São Paulo.

FIM DA PICADA – Tudo isso é muito razoável, mas deixa de lado o que provavelmente está no coração do problema: como e porque a eleição para escolher o prefeito da cidade tida como a mais civilizada do Brasil foi acabar desse jeito?

É isso o que São Paulo tem de oferecer aos eleitores – não haveria, entre os 9 milhões de pessoas aptas a votar e receber votos no município, nada um pouco melhor? Tem de haver, pela lei das probabilidades e pela lógica elementar. Mas o que se está vendo na vida real é a exaustão absoluta do eleitor com a política “normal”. O que aparece, então, é a política anormal.

Zero por zero, por que não mais um zero? – e que não enche a paciência do eleitor com “programas de governo”, “políticas públicas”, “planejamento” e outras mentiras contadas com boa educação?

TUDO ERRADO – O fato indiscutível é que os candidatos descritos como absurdos só existem porque um número cada vez maior de eleitores não respeita, não se interessa e não acredita nos candidatos “aceitáveis” – os oriundos das estruturas políticas que estão aí. Para resumir a opera: dá para alguém levar a sério uma atividade em que o senador Rodrigo Pacheco, por exemplo, é tido como “importantante”?

Nem se fale do resto. Há o chefe de governo que promete combater as queimadas do Brasil em Nova York – denunciando a “crise do clima” como culpada pela incompetência terminal de seu governo no trabalho mínimo de prevenção aos incêndios. Há a clara percepção que o País é governado, nos mais diversos níveis, por fugitivos de uma colônia penal.

Há o STF que proíbe 20 milhões de brasileiros de se expressarem no X – e que devolve aos corruptos confessos os bilhões de reais que pagaram em multas para não serem presos.

HÁ ALGO PIOR – Há o ministro que assediava mulheres. Há os ministros que usam dinheiro público para construir estradas em suas fazendas.

Por que qualquer dessas coisas, e todas as outras iguais a elas, seria melhor do que as cadeiradas? Por que as mentiras ditas pelos candidatos a prefeito de São Paulo seriam piores que as mentiras ditas pelo presidente da República? Porque tantos eleitores não têm mais nenhuma paciência com os candidatos tidos como “sérios”?

O Brasil bem pensante põe a culpa nas deficiências do eleitorado. Só está interessado no seu bem-estar pessoal. Não pensa num “projeto de país”. Fica vendo coisa na internet, em vez de ler e ouvir os analistas políticos. Pode ser. Se for, vai ser preciso importar de fora um outro eleitorado.

STF e governo usam queimadas para driblar Congresso e ter verba extra

Presidente Lula mobiliza ministros por aprovação de Dino ao STF, dizem  fontes | CNN Brasil

Flávio Dino libera verbas ao governo que não existem

William Waack
CNN Brasil

O governo assinou uma medida provisória liberando cerca de meio bilhão de reais para combater incêndios e queimadas. Diante da extensão da tragédia, o dinheiro talvez seja pouco e, de qualquer maneira, já chega tarde. Por isso, seu significado é muito mais político, embora, na prática, toda ajuda seja bem-vinda. O Supremo está dando cobertura para uma prática recorrente do Executivo, que alguns chamam de atalhos fiscais e outros de contabilidade criativa, mas com o mesmo resultado: dar um jeito de driblar as amarras fiscais

O dinheiro tinha sido autorizado por um ministro do Supremo, Flávio Dino. Em jogada bem-vinda pelo Executivo, o Judiciário disse que essa grana não conta para efeitos de equilíbrio fiscal, ou seja, é uma licença para gastar, já que no orçamento não havia mais espaço.

SEM CONSTRANGIMENTO – É esdrúxulo que um ministro do Supremo agora diga o que está ou não está no arcabouço fiscal. Mas o chefe do Executivo e seu ministro da Fazenda não pareciam sentir qualquer constrangimento. Ao contrário, davam a impressão de satisfação com o Judiciário se metendo no Executivo, pois, assim, não precisaram ir ao Congresso pedir a abertura de crédito extraordinário para combater queimadas.

Na verdade, na questão das queimadas, o Supremo está dando cobertura para uma prática recorrente do Executivo, que alguns chamam de atalhos fiscais e outros de contabilidade criativa, mas com o mesmo resultado: dar um jeito de driblar as amarras fiscais — que já são frouxas.

A necessidade de mostrar serviço diante das queimadas virou um problema urgente de imagem para o governo. A contabilidade criativa também vai virar problema, só que vai demorar um pouquinho mais.

Elon Musk anuncia serviço gratuito da Starlink que todo celular poderá usar

Guerra declarada! Elon Musk diz que pode 'aniquilar' Bill Gates caso ele aposte novamente contra uma de suas empresas; entenda a polêmica - CPG Click Petroleo e Gas

Musk dará gratuidade a todas as ligações de emergência

Viny Mathias
Do IGN

Com a Starlink, Elon Musk pretende oferecer uma conexão de Internet de qualidade graças a uma rede de satélites posicionados na órbita baixa da Terra. Em todo o mundo, dezenas de milhares de pessoas usam o Starlink para se conectar à Internet onde qualquer outra forma de rede não consegue chegar. A solução também é utilizada em zonas de guerra ou áreas fortemente afetadas.

Mas o bilionário não pretende parar por aí. À medida que a SpaceX continua a enviar satélites ao espaço em um ritmo constante, a empresa está atualmente desenvolvendo um novo serviço, chamado Starlink Direct to Cell. Este destina-se a funcionar com satélites dedicados, que criam uma rede 4G via satélite. Isto significa que quando esta rede for ativada, qualquer pessoa com um smartphone equipado com 4G poderá conectar-se a ela.

VAI DEMORAR – Será um serviço gratuito oferecido pela Starlink, mas a implantação desta nova rede de satélites levará tempo. No entanto, a SpaceX já planeja oferecer o Starlink Direct to Cell com o serviço de texto a partir deste ano. Segundo o próprio site, recursos de ligações e IoT devem chegar em 2025.

No momento, Elon Musk não mencionou o posicionamento de preço planejado para o Starlink Direct to Cell. Porém, o que o bilionário anunciou no X é que um recurso do serviço será gratuito: ligação de emergência. Segundo o próprio Musk, essa gratuidade será mundial, mas antes estará sujeita à aprovação de cada governo, é claro.

“Após consideração cuidadosa, a SpaceX Starlink fornecerá acesso gratuito a serviços de emergência de telefonia móvel para pessoas em perigo. Isto se aplica em todo o mundo, sujeito à aprovação dos governos dos países. Não podemos imaginar uma situação em que alguém morra porque se esqueceu ou porque não conseguiu pagar”, anunciou Musk no X.

GRATUIDADE – A forma como Elon Musk anunciou a notícia faz parecer que ele decidiu, no intervalo de alguns minutos entre os posts, que esse recurso deveria ser gratuito para a segurança de todos. Resta saber quando essa opção gratuita estará disponível.

Recentemente, a Starlink virou o centro das atenções no Brasil. Após o bloqueio do X no país, Elon Musk estava usando a tecnologia de satélite para burlar a suspensão, mas depois o bilionário recuou da decisão, conforme informamos aqui no IGN Brasil.

Mas agora o X e a Starlink foram multados novamente, porque o sinal do X voltou em alguns locais.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGSensacional a matéria enviada por José Guilherme Schossland. Espera-se que Musk ganha cada vez mais dinheiro, porque ele faz o que os governos deveriam fazer. Essa gratuidade universal da emergência realmente é uma maravilha. E a SpaceX agora se prepara para resgatar os dois astronautas que a NASA esqueceu no espaço. São notícias boas, num inferno de notícias ruins. Entre Musk e Moraes, estou com Musk e não abro. Censura, aqui, não! (C.N.)

Em Brasília, as antas de verdade morrem queimadas diante das antas do governo

Seca causa incêndios em Brasília

Brasília fica escondida atrás das nuvens das queimadas

Vicente Limongi Netto

Ao destruir o meio ambiente, vegetações inteiras, matando animais e prejudicando a saúde da população, os Incendiários são da mesma escória ordinária de estupradores, pedófilos e feminicidas. Todos merecem cana dura, sem piedade. Sem a tolice de audiência de custódia. 

E as contradições nos entristecem. Algumas antas e outros animais estão sendo resgatados com vida, nas queimadas do belíssimo Parque Nacional de Brasília, que preservava o Cerrado. Na Esplanada dos Ministérios, porém, as antas estão seguras, sob proteção dos atuais locatários do poder.

LEIS FROUXAS – Anunciam que o maníaco do parque será solto. Preso há 24 anos por matar dezenas de mulheres. A população ordeira e trabalhadora está cansada de leis frouxas que protegem assassinos.

Nos Estados Unidos, um canalha da laia do maníaco do parque pegaria pena de morte ou prisão perpétua.

É por isso mesmo que ninguém leva a sério a decisão do Congresso, sancionada por Lula, punindo feminicidas com 40 anos de cadeia. Brasil é mesmo um país de brincadeirinhas com o bom senso e com a dignidade do cidadão. 

GANSO É SHOW – E o craque Ganso jantou o galo. Fluminense inspirado, tocando bem a bola, com mais uma aula magna de Paulo Henrique Ganso. Administrando o jogo, orientando e dando broncas. Com passes magistrais nas horas certas. Esbanjando forma física.

Dorival Júnior precisa, urgente, trocar as lentes dos óculos. Um bobalhão do atlético, Palácios, quis aparecer à custa do craque Marcelo. Que ganhou mais títulos internacionais do que todos os Palácios do futebol.

E os dois narradores/gritadores da Globo, Luiz Roberto e Gustavo Vilani, enchem os pulmões para chamar o correto analista Júnior de “maestro”. Insuportável e irritante o papelão da dupla. Constrange o próprio Júnior, que foi apenas um bom jogador.  Nem no futebol de praia Junior foi maestro. Só se for no pagode e nas rodas de samba. 

Juros farão explodir a dívida pública, desmoronando esse arcabouço fiscal     

Juros sobre juros: como afetam finanças e investimentos – Blog Capital Research

Sem corte de gastos, os juros sobem e a dívida dispara

Vinicius Torres Freire
Folha

Um ano depois de começar a baixar a Selic, o Banco Central começou a dar ré, o que era previsível desde as confusões de abril e maio deste ano. A Selic baixara de 13,5% para 10,5% ao ano. Nesta quarta-feira (18), foi a 10,75%. Sendo otimista, chega a 11,5% no início de 2025. Pelo andar atual da carruagem, vai a 12%. No comunicado em que anunciou a Selic maior, mais seco do que de hábito, o BC não disse mais nada de interesse maior. Melhor assim. Menos confusão.

O que pode contribuir para que a Selic volte a cair logo? O preço do dólar baixar, em parte graças ao aumento da diferença de taxas de juros nos EUA e no Brasil (a “Selic” deles caiu meio ponto percentual também nesta quarta). Nesta quarta, o dólar já ficou menos salgado, mas a taxa de câmbio anda volátil e difícil de prever, para variar.

COMMODITIES – É preciso que o preço das commodities, soja, milho, trigo, petróleo, fique por onde está — se cair muito mais, cria outros problemas: menos crescimento, menos receita para o governo. Com o preço do barril na mesma e dólar menos salgado, a Petrobras teria mais motivos para baixar o preço dos combustíveis. Seria bom também que chovesse, o bastante para evitar prejuízos nas lavouras e termos preços melhores de eletricidade. Mas, infelizmente, ainda não sabemos fazer a dança da chuva.

Mais importante, seria essencial que Lula 3 apresentasse um plano de bons remendos no arcabouço fiscal, desculpem a obviedade tediosa — ou revoltante, no caso de quem é convicto de que déficits e dívida crescente são irrelevantes. Fernando Haddad, petista, de esquerda, acha que não é irrelevante.

A situação das contas federais não deve mudar grande coisa em 2024 e 2025. Mas um plano de contenção do aumento de gastos em Previdência, saúde e educação, para 2026 e além, teria algum feito imediato. Facilitaria muito a vida de Gabriel Galípolo, futuro presidente do BC. Aliás, é o plano que está na cabeça de todo o mundo na direção do BC, inclusive dos nomeados por Lula. A Selic, taxa de curtíssimo prazo, afeta as taxas dos demais prazos nos negócios do mercado, do atacadão de dinheiro, onde se define o custo dos empréstimos para o governo, o piso das taxas de juros para a economia inteira. Mas não as determina.

ARCABOUÇO – Desde abril, as taxas de prazo superior a dois anos já estavam em nível mais alto do que em agosto de 2023, quando a Selic começara a baixar. A mexida na meta fiscal de 2025, a falação ignara da maioria do governo sobre déficit e juros, as confusões nas mensagens do BC e rolos na finança mundial elevaram os juros na praça, é tedioso lembrar. Como os donos do dinheiro grosso temem, na prática, que o arcabouço fiscal vá rachar em algum momento (2026?), cobram mais (juro maior), por conta.

Lula 3 vai apresentar um plano de remendo ou reforma do arcabouço? Só vendo para crer. Se o fizesse até o início do ano político de 2025, daria contribuição relevante para um crescimento mais estável e para a contenção da dívida.

O país cresce mais do que quase todo o mundo esperava. A inflação está fora da meta, mas algo contida, estável e, para padrões brasileiros, baixa. Mas as taxas de juros (atenção para o plural) estão em níveis teratológicos. Vão levar a dívida do governo a níveis assustadores, dado, de resto, que não haverá superávit primário nas contas públicas tão cedo. Isso não vai prestar.

Moraes força a barra e multa também a Starlink, que nada tem a ver com isso

Moraes usou TSE para investigar aliados de Bolsonaro e sustentar decisões,  diz jornal

Moraes declarou guerra a Musk, sem raciocinar antes

Caio Junqueira
CNN Brasil

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, voltou a determinar a aplicação de uma multa diária de R$ 5 milhões à Starlink e ao X por descumprimento da ordem de suspensão da rede no país. A decisão saiu na noite desta quarta-feira (18).

Porém, nesta manhã, alguns perfis do X, que tinham a determinação de bloqueio, e que Elon Musk havia se recusado a acatar, amanheceram restringidos. É o caso, por exemplo, do blogueiro Allan dos Santos.

O Supremo Tribunal Federal monitora a situação para verificar se, de fato, todos os perfis que contemplam a decisão de Moraes foram bloqueados.

Procurado, o STF não se manifestou.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Como sempre, o ministro Alexandre de Moraes entra em cena arrebentando a lei. Ao invés de multar apenas a plataforma X, o inquieto magistrado está multando também a Starlink, que é uma empresa de conteúdo completamente diverso, que nada tem com as redes sociais, salvo a distribuição. Ao invés de acalmar a situação, Moraes vai deixar a Casa Branca e o Capitólio ainda com mais raiva dos destemperos do ministro brasileiro, que descumpre as leis do país e o Direito Internacional com a maior sem-cerimônia. (C.N.)

Musk provoca Moraes após X ficar acessível no Brasil, citando “magia”

“Uma magia bem avançada é indistinguível da tecnologia”

Caique Lima
DCM

O bilionário Elon Musk, dono do X (ex-Twitter), provocou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após a rede social voltar a funcionar para alguns usuários no Brasil. A plataforma foi suspensa por ordem do magistrado no fim de agosto por descumprimento de medidas judiciais.

Em seu perfil na rede social, Musk escreveu: “Qualquer magia suficientemente avançada é indistinguível da tecnologia”. O post foi feito na madrugada desta quarta-feira (dia 18) após a plataforma driblar o bloqueio imposto pelo STF.

COMO ESCUDO – O X mudou o registro de seus servidores, segundo o jornal O Globo, usando um novo software conhecido como “proxy reverso”, que atua como um “escudo”.

A publicação de Musk é a adaptação de uma frase do escritor de ficção científica Arthur C. Clarke, autor de “2001: Uma Odisseia no Espaço”, que disse: “Qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível da magia”.

A empresa de Musk contratou a Cloudfare, que oferece serviços do tipo a mais de 23 milhões de empresas no mundo, incluindo grandes empresas e bancos brasileiros. Com a ferramenta, o X consegue criar obstáculos para o bloqueio à rede social no país, mesmo com ordem da Justiça.

NOVO BLOQUEIO – Basílio Rodríguez Perez, conselheiro da ABRINT (Associação Brasileira dos Provedores de Internet e Telecomunicações) aponta que “o X passou a funcionar com um novo software, que não está mais usando os IPs da rede social, mas da Cloudflare”.

O especialista afirma que não é “simples de bloquear” novamente a rede social e que uma nova suspensão da rede social só poderá ser realizada se restringir “uma série de serviços legítimos e necessários” que usam o sistema da Cloudfare.

Atacado eletronicamente no Líbano, Hezbollah ameaça Israel

Milhares de aparelhos foram detonados em todo o Líbano

Pedro do Coutto

O clima no Oriente Médio voltou a ficar tenso com os ataques do Hezbollah ao norte de Israel nesta quarta-feira na primeira retaliação à explosão de pagers do grupo extremista no dia anterior. Os ataques, feitos com lançamento de foguetes, atingiram posições de artilharia israelenses.

O Hezbollah e o governo do Líbano acusaram Israel de estar por trás dos ataques aos dispositivos de mensagem utilizados pelo grupo extremista e que explodiram de forma quase simultânea, matando 12 pessoas, entre elas uma menina de 9 anos, e ferindo mais de 2.700. Os aparelhos eram usados pelos integrantes do Hezbollah como forma de comunicação para evitar rastreamento por Israel, já que, ao contrário de celulares, os pagers não têm GPS.

EXPLOSIVOS – O governo do Líbano e o Hezbollah acusaram Israel de ter implantado explosivos dentro dos pagers, antes mesmo de que os aparelhos fossem comprados pelo grupo extremista. Na terça-feira, os Estados Unidos negaram terem tido qualquer participação no ataque. A imprensa norte-americana afirmou, com base em fontes de diferentes governos, que o Mossad, o serviço de inteligência de Israel, foi quem planejou e executou o ataque.

Os pagers foram detonados quando membros do Hezbollah estavam em locais públicos, como lojas e mercados. Ainda de acordo com a imprensa americana, a operação ocorreu antes do planejado pelo Mossad porque o Hezbollah descobriu o plano. Os pagers que explodiram emitiram um alerta antes da explosão, imitando o barulho que fazem ao receber uma mensagem real. Na sequência, foram detonados.

Segundo o jornal “The New York Times”, a suspeita é que Israel implantou os explosivos em um lote de pagers encomendado pelo Hezbollah. A publicação afirmou que uma carga explosiva com menos de 50 gramas foi colocada próxima à bateria, junto a uma espécie de interruptor. Isso possibilitaria que os pagers fossem detonados remotamente. Por volta das 15h30, pelo horário local, os equipamentos receberam uma mensagem que parecia ter vindo da liderança do Hezbollah. A mensagem “falsa”, no entanto, ativou os explosivos.

VÍTIMAS – Várias pessoas sofreram ferimentos na cabeça, nas mãos ou na região da cintura. O fato de o pager ter tocado antes da explosão pode ter induzido os usuários a se aproximarem ou manusearem os equipamentos. Ainda segundo o The New York Times, o Hezbollah havia encomendado mais de três mil pagers. Os equipamentos foram distribuídos para membros do grupo extremista no Líbano, além de aliados no Irã e na Síria.

O governo de Israel anunciou que começou a mover tropas para o norte do país, na fronteira com o Líbano, nesta quarta-feira. O Ministério da Defesa afirmou que está iniciando uma “nova fase da guerra”, dando indícios de que partirá para o combate contra o grupo extremista Hezbollah. A região voltou a se configurar como um temido cenário de confrontos, não havendo perspectiva para pausa ou para um cessar fogo diante dos atentados ocorridos e desfechados por ações paramilitares. Desta forma, a paz no Oriente Médio está longe de ser alcançada.

“A vida não tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas”

O que vale na vida não é o ponto de... Cora Coralina - PensadorPaulo Peres
Poemas & Canções

A poeta Cora Coralina, pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas (1880-1985), nasceu em Goiás Velho. Mulher simples, doceira de profissão, tendo vivido longe dos grandes centros urbanos, alheia a modismos literários, produziu uma obra poética rica em motivos do cotidiano, conforme o belo poema “Saber Viver”, no qual a sabedoria de Cora Coralina ensina que a vida não tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas

SABER VIVER
Cora Coralina

Não sei… Se a vida é curta
Ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo,
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
Não seja nem curta,
Nem longa demais,
Mas que seja intensa,
Verdadeira, pura… Enquanto durar

Tarcísio e Zema abrem conversas sobre formar uma chapa contra Lula em 2026

Tarcísio é o nome mais forte da direita em 2026, diz Zema

Tarcísio é o nome mais forte da direita em 2026, diz Zema

Thiago Prado
O Globo

Na semana passada, quando ainda não havia a cadeirada histórica de José Luiz Datena (PSDB) em Pablo Marçal (PRTB), os jornalistas Octavio Guedes e Fabio Zanini atribuíram a três “Ts” o avanço de Ricardo Nunes (MDB) nas pesquisas. Ambos falaram em TV e Tarcísio de Freitas, mas definiram a terceira letra de forma diferente. Na GloboNews, Guedes destacou a tropa de Nunes, ou seja, a máquina de vereadores e obras ligada à prefeitura de São Paulo. Na Folha, Zanini falou sobre o conceito “Tchau, Bolsonaro” e os benefícios para o emedebista de não aparecer na campanha eleitoral tão vinculado ao ex-presidente.

Hoje vamos falar sobre o primeiro T, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que entrou de cabeça na campanha pela reeleição do prefeito da capital de olho na disputa de 2026. Por mais que negue a intenção de ser candidato a presidente contra Lula daqui a dois anos, todos os seus movimentos miram a possibilidade de lançar-se ao Planalto. Em julho, ouvi os donos dos seis dos maiores institutos de pesquisa sobre o projeto Tarcísio presidente e eles divergiram sobre a hipótese de ele abandonar a reeleição.

TARCÍSIO-GEMA – No início do mês, o presidente do Partido Novo, Eduardo Ribeiro, esteve no Rio acompanhado de Romeu Zema, em mais uma etapa das viagens que ambos estão fazendo pelo Brasil para nacionalizar a imagem do governador de Minas Gerais. Em um restaurante peruano ao lado do Copacabana Palace, Ribeiro me confirmou a informação publicada pelo jornalista Robson Bonin, da coluna Radar, de que há uma articulação pela chapa Tarcísio-Zema no grupo de governadores de Sul e Sudeste, que se reuniu pela última vez na casa do senador Ciro Nogueira.

Nascido em Santa Catarina, estado-símbolo da direita brasileira atualmente, o presidente do Novo admite que não liga mais para a relação que fazem do partido com o bolsonarismo. “Parei de me incomodar com isso”, admite Ribeiro, lembrando que essa agenda era de João Amoêdo, que o antecedeu no comando da sigla.

E como convencer o bolsonarismo de que a chapa “café com leite” (referência ao protagonismo político de lideranças de São Paulo e Minas Gerais entre 1898 e 1930 na República Velha) é uma boa ideia? O presidente do Novo lembra os números de 2022: Bolsonaro ficou a 2,13 milhões de votos de diferença de Lula no país, sendo que nas 853 cidades mineiras a margem da vitória do petista foi de apenas 40.650 eleitores. “Fazer a virada em Minas com o apoio de Zema é garantir a vitória da direita”, afirma Ribeiro.

JÁ EM CURSO – Pela construção da chapa, apurei depois que o Novo está disposto a retirar a pré-candidatura ao governo do professor Matheus Simões, vice de Zema, para apoiar o senador bolsonarista Cleitinho Azevedo, do Republicanos. A relação com a família do parlamentar já existe. Desde o ano passado, o prefeito da cidade de Divinópolis, Gleidson Azevedo, irmão de Cleitinho, é filiado ao Novo.

Na última sexta-feira, a desorganização da esquerda na estratégica Minas Gerais foi tema do podcast A Hora, dos jornalistas José Roberto de Toledo e Thais Bilenky. É justamente por isso que a direita está animada para virar o jogo no estado tão relevante para as vitórias presidenciais do PT no século. “Rodrigo Pacheco, colocado como candidato a governador pelo Lula, não tem mostrado muito apetite para essa disputa”, disse Bilenky. “Dá para entender. Ele foi eleito como senador anti-Dilma, ou seja, com voto antipetista. É uma contradição”, completou Toledo.

Terminei a conversa com o presidente do Novo pedindo informações sobre Bernardinho, o candidato-fetiche da Zona Sul do Rio, cuja candidatura pelo partido é sempre especulada, entra ano, sai ano. “Falei para ele que 2026 é a última chance”, concluiu.

E BARBOSA? – A propósito, sobre candidatos-fetiche, a Veja de 6 de setembro publicou uma matéria sobre o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa, mirando a Presidência da República em 2026.

“O roteiro prevê que as conversas com as legendas sejam intensificadas desde já”, diz a reportagem.

A conferir se tantas novidades estarão disponíveis como opção nas urnas daqui a dois anos.

Casa Branca se une a deputados contra a “censura prévia” implantada no Brasil

Karine Jean Pierre | News, Videos & More | BET

Porta-voz do governo Biden foi bem clara na afirmação

Carlos Newton

A mídia, que torce desesperadamente a favor do ministro Alexandre de Moraes, aprovando com louvor a implantação da censura prévia nas redes sociais, em processos sigilosos, que excluem devido processo legal, direito de defesa e possibilidade de recurso, noticiou timidamente a posição da Presidência dos Estados Unidos, expressada publicamente na noite desta terça-feira, dia 17.

Em coletiva de imprensa, a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, defendeu que os brasileiros “devem ter acesso” à rede social X (antigo Twitter), hoje suspensa no Brasil. A Casa Branca afirmou que todos devem ter direito a se manifestar nas redes sociais e que isso é uma forma de “liberdade de expressão”.

PERGUNTA GLOBAL – A porta-voz do governo dos EUA, Karine Jean-Pierre, deu a declaração em resposta a uma pergunta da jornalista da TV Globo em Washington, Raquel Krahenbuhl, a respeito da posição dos norte-americanos sobre o bloqueio do X no Brasil.

A repórter global Raquel Krahenbul comentou que o X está suspenso no Brasil há cerca de 20 dias (a plataforma começou a sair do ar em 31 de agosto de 2024) e perguntou qual é a visão da Casa Branca. Eis o que respondeu a porta-voz: “Acho que quando se trata de redes sociais, sempre fomos muito claros de que todos devem ter acesso às redes, é uma forma de liberdade, de liberdade de expressão”.

A porta-voz do governo da matriz USA fez esse reparo direto ao governo da filial Brazil, mas não comentou a decisão de dois deputados norte-americanos que apresentaram esta semana um projeto para proibir que ingresse em território americano qualquer autoridade estrangeira que submeta cidadãos americanos à situação de censura prévia, como no caso do X.

EFEITO MORAES – Se aprovada, a proposta pode barrar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes de entrar no país ou até mesmo deportá-lo, caso a legislação entre em vigor quando o magistrado esteja em solo americano.

De autoria da deputada María Elvira Salazar, da Flórida, e de Darrell Issa, da Califórnia, ambos apoiadores do ex-presidente Donald Trump, o projeto torna “inadmissíveis” e sujeitos à deportação “agentes estrangeiros” que venham a infringir o direito de liberdade de expressão por meio de censura a cidadãos dos EUA em solo americano, uma violação ao direito previsto de forma irrestrita pela primeira emenda da Constituição americana.

Enquanto isso, a TikTok chinesa luta para se manter nos Estados Unidos. Em abril deste ano, o Congresso americano aprovou uma lei que ordena o TikTok a vender sua operação no país ou deixá-lo. A empresa chinesa Bytedance, controladora do app, entrou com recurso e teve seus representantes ouvidos nesta terça-feira, dia 17. Eles reiteraram que não pretendem se desfazer da operação americana do TikTok, e por isso dependem de um resultado positivo na Justiça para se manter no país.

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P.S. –
Conforme previmos aqui na Tribuna, a bagaça da censura prévia nas redes sociais só dá certo em ditadura. Essa grande ideia do ministro Alexandre de Moraes faz com que a filial Brazil esteja costeando o alambrado da democracia, como dizia Leonel Brizola, que preferiu morar em Nova York quando foi perseguido pelos militares. (C.N.)

Crise climática chega a grandes cidades, mas continua a ser ignorada na eleição

Sem ação no nível local, esforços globais contra crise climática podem  fracassar - Combate Racismo Ambiental

As cidades serão as primeiras vítimas da crise climática

Bernardo Mello Franco
O Globo

Está difícil respirar nas maiores cidades do país. Em pleno inverno, o Rio registrou três dias seguidos de temperaturas acima dos 40°C. Em São Paulo, o calor se somou à poluição. A capital paulista teve a pior qualidade do ar entre 120 metrópoles monitoradas em todo o mundo.

A canícula fora de época testa a resistência dos cariocas. No início da semana, a cidade já havia se espantado ao ver o sol alaranjado. O fenômeno foi causado pela mistura de calor extremo, falta de chuvas e fumaça causada por queimadas.

CUIDADOS – Os paulistanos, que adoram listas, passaram a encabeçar o ranking internacional de poluição divulgado pelo site suíço IQAir. Médicos pediram para a população evitar a exposição ao sol e o esforço físico ao ar livre. No interior do estado, cidades anunciaram racionamento de água.

A crise climática que ameaça a Amazônia e o Pantanal chegou de vez aos grandes centros urbanos. Apesar do sufoco, o assunto parece inexistir nas eleições municipais. A maioria dos candidatos trata a emergência como um assunto menor, a ser tangenciado em debates e peças de propaganda.

No Rio, o tema pouco aparece no horário eleitoral. O prefeito Eduardo Paes dedica a maior parte do tempo a exaltar feitos e siglas de sua gestão. O delegado Alexandre Ramagem investe numa campanha sensacionalista sobre segurança pública, atribuição do governo estadual.

DESPREZO TOTAL – Em São Paulo, Pablo Marçal trata os alertas da ciência como “militância com o clima”. O prefeito Ricardo Nunes não verbaliza o mesmo discurso negacionista, mas sua administração já protagonizou um vexame público na área.

Em junho de 2023, a prefeitura escalou o secretário executivo de Mudanças Climáticas para um debate na OAB. Diante de uma plateia incrédula, Antonio Fernando Pinheiro Pedro declarou que “o planeta não será salvo por nós”. “Ninguém salva o planeta Terra. Geralmente ele se salva sozinho”, disse, para constrangimento geral.

A fala viralizou na internet, e Nunes demitiu o secretário no mês seguinte. Mas o episódio serviu para ilustrar o desdém com que a emergência é tratada nos municípios — a começar pelo mais populoso da América Latina.

CHORO DE DATENA – José Luiz Datena foi às lágrimas na sexta-feira, em entrevista à Folha de S.Paulo e ao portal UOL. “Para mim acabou a política”, lamuriou-se. “Eu tentei ajudar as pessoas a votar em mim. Até agora não consegui, o que eu posso fazer?”.

O choro antecipou o fim de uma campanha que não começou. Lançado pelo PSDB, o apresentador penou para convencer aliados e adversários de que seria candidato para valer. Depois viu o histriônico Pablo Marçal roubar o papel de outsider na disputa pela prefeitura.

O fiasco de Datena deve sepultar um velho mito das eleições paulistanas: a ideia de que ele seria um candidato imbatível a qualquer cargo público. Em queda livre no Datafolha, o neotucano agora aparece em quinto lugar, com míseros 6%.

Brasil suplica que a Europa não aplique agora sua lei que pune desmatamento

Desmatamento na Floresta amazônica

Protecionismo faz Europa restringir suas importações

Janio de Freitas
Poder360

Com São Paulo como a grande cidade mais poluída do mundo, e a Amazônia como maior emitente de gases poluidores no mundo, o governo não teria momento mais impróprio para seu apelo dramático ao conselho dirigente da União Europeia: não aplique a aprovada lei contra produtos de desmatamentos. O “pelo amor de Deus” ficou subentendido.

Em carta à UE na quarta-feira (11.set.2024), os ministros do Exterior e da Agricultura, Mauro Vieira e Carlos Fávaro, estimam que mais de um terço das exportações brasileiras para lá estariam sujeitas à exclusão. Perda grande do Brasil. Com base em cifras de 2023, seria em torno de US$ 15 bilhões.

DIZ A CIÊNCIA – Os argumentos brasileiros são, nas circunstâncias, o que se poderia esperar. Nem sempre coincidentes, os números do desmatamento são favoráveis ao governo, com redução expressiva. Mas o que continua, e o provável é ir longe, dá razão à UE. É assustadora a ideia de que a floresta amazônica não mais existirá já na década de 2070, para isso bastando que a atual elevação da temperatura chegue a 2,5 graus.

Não é opinião de diletantes, “é uma conclusão da ciência”, adverte Carlos Nobre, climatologista de alto conceito internacional. Para o Pantanal, o futuro é ainda mais hostil: sem defesas urgentes, como disse há pouco a ministra Marina Silva, estará extinto daqui a uns 25 anos – o mesmo tempo por nós vivido de 2000 a hoje. Logo, quem queira pensar no futuro do Brasil deve considerar, para além dos seus desejos, também um território dilapidado pela incúria e pelo fogo criminoso.

Com regiões de secura marcadas pelos veios de passados rios. Mundos de aridez, de história esquecida. Assim são os desertos. O processo de desertificação está ativo no Brasil. O cerrado, lá no miolo do país, sofre um ataque sem reversão, do homem e da caatinga. Já ambiente desértico, a caatinga avança em todos os rumos à sua volta. E, ressalta Carlos Nobre, já um pedaço da Bahia, a oeste, desertifica-se sem resistência.

INCÊNDIO CRIMINOSO – A devastação, pode-se dizer, está institucionalizada. O incêndio criminoso é um dos seus modos de dominar. O custo de um combate vitorioso sobre essa realidade jamais seria admitido pela mentalidade dominante. A devastação se desenvolve exatamente por outros traços desta mentalidade. Mas o meio ambiente e, sobretudo, a Amazônia têm importância decisiva para a vitalidade do Ocidente, em especial, e do mundo.

A opinião de que os europeus apenas defendem o seu agronegócio, ao vetar importações, barateia demais o problema. Tudo nele é grave e merece reconhecimento. A Europa se defende, sim, porém não só ao seu agronegócio. Nem está desprovida de razões. O governo diz que o corte de importações “é punitivo”. Também pode ser visto como colaboração involuntária.

O Brasil precisa salvar-se do cerco que lhe fazem os mandantes de incêndios e desmatamentos criminosos. Atingi-los nos cofres pode suprir a insuficiência dos meios governamentais e a inação social. Seria medida em favor da integridade ambiental brasileira. Enquanto há tempo, tão pouco…

Alexandre de Moraes deve aguardar relatório oficial para decidir sobre X

Twitter voltou? Usuários relatam que app do X está funcionandoCarolina Brígido
do UOL

O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), deve aguardar um relatório da Anatel (Agência Brasileira de Telecomunicações) antes de tomar uma decisão sobre a queda do bloqueio do X no Brasil sem autorização judicial. Até o início da noite desta quarta-feira, dia 18, a Anatel não comunicou o fato oficialmente a Moraes.

Segundo integrantes do órgão, deve ser enviado um relatório ao STF para informar a situação. O ministro não deve tomar providências até isso acontecer.

ALGUMAS OPÇÕES – Ao analisar o caso, Moraes tem algumas opções – como, por exemplo, expedir uma nova ordem de bloqueio do X e multar os responsáveis por burlar a decisão tomada por ele de suspender o funcionamento da rede no país.

O X foi bloqueado em 30 de agosto porque a empresa de Elon Musk feriu a legislação brasileira ao não indicar um representante no país. A rede social também se recusou a cumprir ordem de Moraes para retirar do ar perfis disseminadores de fake news e de discurso de ódio.

X está de volta? Usuários fazem memes com possível retorno de rede social###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O relatório da Anatel é importante para que se saiba o que realmente aconteceu, pois os serviços do X/Twitter não voltaram irrestritamente. Pelo contrário, apenas em algumas áreas. Para aumentar a confusão, não retornaram como X, mas como Twitter, que é a denominação original, antes de Elon Musk assumir a plataforma. Fica claro que não houve intenção de o X voltar. Por isso, é bom Moraes ouvir o ditador Maduro e tomar um chá de camomila. Se sair punindo adoidado aqui na filial Brazil, como é seu estilo, pode instigar ainda mais o pessoal da matriz USA, que já está com ele por aqui, como dizia “Seu Peru”, naquela época em que havia humor na TV. Agora, só resta “A Praça é Nossa”, do Carlos Alberto da Nóbrega, que já está com 85 anos e entrou na reta final, digamos assim. Em breve o humor também será proibido… (C.N.)

Provas de golpe orquestrado podem minar o projeto de anistia e barrar impunidade

Charge Clayton | Charges | OPOVO+

Charge do Clayton (O Povo/CE)

Carlos Pereira
Estadão

A defesa da anistia para os condenados pelos atos antidemocráticos do 8 de janeiro não passa de uma estratégia política para livrar Jair Bolsonaro, tanto pela decisão do TSE de declarar sua inelegibilidade por oito anos, como por eventuais condenações do ex-presidente pelo STF do seu envolvimento direto em uma suposta trama golpista.

Mas, como destacado em artigo de Pablo Ortellado, o grande receio é o de que a reprovação dos eleitores aos atos de 8 de janeiro esvaneça com o passar do tempo. O PL da anistia dos condenados ganharia assim maior viabilidade política no Legislativo, o que aumentaria as chances de perdão dos crimes cometidos pelos envolvidos.

O PLANO – Ortellado argumenta que seria fundamental que a justiça comprovasse que havia um propósito golpista na invasão dos três poderes. Bem como que tais ações, em conjunto com os bloqueios de rodovia e de acessos às refinarias e a derrubada das linhas de transmissão de energia foram coordenadas pelos líderes do movimento golpista, incluindo o ex-presidente. Algo, que, segundo Ortellado, não foi plenamente comprovado e/ou detalhadamente divulgado para a sociedade até o momento.

Entretanto, como mostrado em artigo “In court we trust? Political affinity and citizen’s atitudes toward court’s decisions”, escrito em parceria com André Klevenhusen e Lúcia Barros, a confiança dos eleitores brasileiros no Supremo não é livre de viés afetivo com o líder político que amam ou que odeiam.

O estudo revela que os eleitores de Lula, por exemplo, passam a confiar mais no STF quando condena Bolsonaro e/ou absolve Lula. O inverso também é verdadeiro em relação aos eleitores de Bolsonaro. A percepção de que o STF é politicamente motivado também obedece à mesma lógica. Além disso, a pesquisa indica que eleitores de Lula e de Bolsonaro acreditam na integridade dos seus líderes, mesmo quando ele é condenado pelo STF.

SEM SOLUÇÃO? – Portanto, é possível inferir que por mais que o Supremo forneça evidências de coordenação entre os eventos golpistas, a percepção do eleitor conectado afetivamente com Lula ou Bolsonaro sobre o STF provavelmente não mudará e a agenda da anistia dos condenados não necessariamente se enfraquecerá.

Entretanto, os eleitores que não votam em Lula nem em Bolsonaro, que representam um montante expressivo do eleitorado, não têm a sua confiança no STF alterada em função da sua decisão de condenação e absolvição de um ou de outro.

Portanto, a oferta de maiores evidências de coordenação da trama golpista pode fortalecer a decisão do Supremo e diminuir a viabilidade política do projeto de anistia que tramita no Poder Legislativo.

Piada do Ano! Queimadas são movimento contra o governo Lula, alegam os petistas

Esse fogo é criminoso”, diz Lula sobre incêndios pelo país | CNN BrasilPedro Venceslau
CNN Brasil

“Querem atribuir culpa dos incêndios aos produtores rurais”, disse o presidente da Frente Parlamentar do Agronegócio, deputado Pedro Lupion (PP-PR). À equipe da CNN, ele afirmou que, ao contrário, o setor foi o mais prejudicado pelos incêndios. Ele garantiu que o agronegócio é alvo de ofensiva de ambientalistas, após os incêndios simultâneos que afetam várias regiões do Brasil.

“Há uma tentativa de atribuir culpa ao agro pelos incêndios, mas os mais prejudicados somos nós. Tem muita narrativa equivocada sendo difundida”, disse o parlamentar.

Ainda segundo o líder da Frente Parlamentar, as críticas que relacionam o setor aos incêndios partem sobretudo dos ambientalistas inconsequentes, que não se interessam pela” verdadeiras causas do problema. “Os ambientalistas não aceitam nosso protagonismo no Congresso”, disse Lupion. Entidades do setor, como a Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja), lançaram campanhas esclarecedoras nas redes sociais em defesa dos produtores.

TEORIA CONSPIRATÓRIA – Auxiliares diretos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) levantam a suspeita, em conversas privadas, de que a intensificação das queimadas possa ser resultado de um movimento orquestrado contra o governo.

Segundo fontes do Palácio do Planalto, há uma possibilidade de que os incêndios tenham sido provocados intencionalmente e idealizados por um pequeno grupo de pessoas.

A desconfiança do governo é que os incêndios têm sido iniciados por mandantes, que ordenam, à distância, onde os focos de queimada devem começar. A suspeita é que pessoas espalhadas por diferentes estados estejam envolvidas na execução dessas ações a mando desse grupo, mas as investigações ainda estão em andamento para identificar os responsáveis e as verdadeiras motivações por trás das queimadas.

CLIMA SECO – Os incêndios florestais se intensificaram em agosto, devido ao clima seco, contabilizando 10.328 focos, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O instituto também registrou, no mês passado, o maior em número de ocorrências de incêndios na base histórica do Inpe, que iniciou as medições em 1998.

No Planalto, a preocupação é muito grande, em função da crise nacional e também por que o fogo já consumiu mais de 700 hectares do Parque Nacional de Brasília , afetando o clima na capital, que é muito seco.

E Lula diz que os incêndios são criminosos, de que quer destruir o governo e o país.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É importante que todos possam falar, mas Lupion não pode desconhecer que muitos produtores rurais tocam fogo no pasto para renová-lo. Quanto à suspeita do governo, que aventa a hipótese de ser um movimento orquestrado contra Lula e o PT, é só mais uma Piada do Ano. (C.N.)

Depois de “vítima” de cadeirada, Marçal volta a fazer papel de valentão…

Foto mostra Pablo Marçal, homem branco de cabelo preto, barba por fazer e camisa escura, gesticula com o dedo em riste. Sua mão e antebraço estão enfaixados.

Com a mão enfaixada, Marçal investe contra Nunes

Bruno Boghossian
Folha

Durou pouco a ilusão de que seria possível trazer a eleição de São Paulo de volta ao mundo real. No primeiro debate após a cadeirada de José Luiz Datena em Pablo Marçal, alguns candidatos acreditaram que o trauma abriria caminho para fazer da campanha uma discussão sobre preparo e equilíbrio. O devaneio evaporou ainda no primeiro bloco.

A permanência da disputa no reino da grosseria é um oferecimento do próprio ex-coach. Marçal provou que tem talento para se manter como protagonista e tentou ditar o tom deste momento pós-cadeirada. Dobrou a aposta no conflito e nas ofensas aos adversários. Quase todos os outros candidatos caíram no golpe.

PICADEIRO – O debate RedeTV!/UOL sugere que pouca coisa é capaz de romper a lógica da campanha paulistana. Guilherme Boulos e Ricardo Nunes ensaiaram uma fala pacificadora para tentar evidenciar a fábrica de perturbação instalada no comitê de Marçal. Tabata Amaral teve ainda mais habilidade para tirar proveito do contraste com o ex-coach. Nada disso, no entanto, foi capaz de isolar de vez o candidato do PRTB ou impedir que o circo fosse reinstalado. Em pouco tempo, todos estavam de volta ao picadeiro.

Marçal decidiu insistir no jogo baixo depois de perceber que a tática da vitimização talvez não tivesse o efeito que ele esperava. Em vez de transmitir a imagem de um candidato corajoso, que chega a ser agredido por falar coisas inconvenientes, o ex-coach corria o risco de passar uma imagem de fragilidade.

Na mudança de rota, Marçal teve que operar uma transformação constrangedora: em pouco mais de 24 horas, passou do paciente agonizante dentro de uma ambulância ao valentão que jura não se intimidar e ainda repete acusações contra seu agressor.

NÃO PODIA MUDAR – O ex-coach não tinha muitas alternativas. O repertório de Marçal é limitado ao barulho que ele é capaz de produzir. Firmar um pacto de civilidade e agir como um candidato a prefeito normal deixaria sua campanha numa desvantagem considerável.

Isso não significa que a corrida ficará exatamente onde estava antes da cadeirada. O vexame da agressão e a reação de Marçal vão forçar o eleitor a decidir se o tumulto já foi longe demais.

Deputados americanos apresentam projeto que barra ida de Moraes aos EUA

A Conversation with Rep. Darrell Issa on US–South Asia Relations | Hudson Institute

Darrel Issa diz que EUA não aceitam a censura prévia

Igor Gadelha e Gustavo Zucchi
Metrópoles

Bolsonaristas estão comemorando, nos bastidores, um projeto de lei protocolado nesta segunda-feira (16/9) por dois congressistas dos Estados Unidos. A proposta teria como um dos alvos o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. O projeto foi apresentado pelos deputados republicanos Maria Elvira Salazar e Darrell Issa e prevê que qualquer autoridade estrangeira que promova censura contra cidadãos americanos não seja aceita nos Estados Unidos.

Segundo os congressistas, um dos motivos do projeto seria o fato de Alexandre de Moraes ter determinado a suspensão do X no Brasil. Para eles, a decisão do magistrado seria uma violação dos direitos do bilionário Elon Musk.

ATAQUE INTERNACIONAL – “O ministro do Supremo Tribunal Federal do Brasil Alexandre de Moraes é a vanguarda de um ataque internacional à liberdade de expressão contra cidadãos americanos como Elon Musk”, disse Salazar em seu site oficial.

Dono do X em todo o mundo e de outras empresas, como a Starlink e a SpaceX, Musk nasceu em junho de 1971 na África do Sul, mas se tornou cidadão canadense na juventude e hoje tem cidadania americana.

De acordo com a deputada, “os agentes da censura não são bem-vindos na terra da liberdade, os Estados Unidos”. Para ela, o projeto serviria como um “aviso” para autoridades estrangeiras que tomarem decisões contra americanos.

“Todos nós estamos cientes do abuso de poder por parte do Supremo Tribunal Federal no Brasil, que está atacando Elon Musk e bloqueando o acesso ao X, uma empresa americana de capital fechado. Mas os direitos de liberdade de expressão dos americanos também estão sob ataque em todo o mundo, e em muitos países que talvez não esperássemos”, declarou Darrell Issa.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O deputado republicano, ao mencionar outros países, referia-se Austrália, que está propensa a adotar um tipo de censura prévia, como já fez o Brasil, tendo Alexandre de Moraes como responsável pela censura. Como dizia Delcio Lima, essa bagaça não vai acabar bem. (C.N.)

O “conforto” de Lula é a “miséria” da República, no protagonismo de Dino

Tragédia humana: Flávio Dino arrastou 400 mil maranhenses para a miséria em  5 anos - Daniel Matos

Reprodução do Arquivo Google

Deu no Estadão

O ministro novato Flávio Dino claramente não entendeu que o assento no Supremo Tribunal Federal (STF) não lhe confere poder ilimitado para agir sob qualquer pretexto – poder este do qual nenhuma autoridade dispõe na República. Dino não pode acordar num belo dia, por exemplo, e, ao tomar conhecimento de que mais da metade do País está coberta por uma espessa nuvem de fumaça, determinar o que o governo federal deve fazer para combater as queimadas na Amazônia e no Pantanal.

Nem muito menos cabe a ele dizer de onde hão de vir os recursos para custear as ações, como Dino fez no dia 15 passado, ao “autorizar” a abertura de créditos extraordinários para essa finalidade.

MAU EXEMPLO – Outra hipótese, não menos problemática, é que Dino possa pensar, talvez se mirando no mau exemplo de alguns de seus colegas veteranos na Corte, que está normalizado o fato de um ministro do STF imiscuir-se em temas que não lhe são afeitos, como é o caso da definição e implementação de políticas públicas para lidar com a tormenta climática.

Seja como for, a decisão monocrática do sr. Dino indica que essa bagunça institucional instalada no Brasil dificilmente será arrumada até que a vaidade, as opiniões pessoais e as agendas políticas de indivíduos investidos do múnus público sejam postas de lado diante da premente necessidade de recobrar o decoro e a institucionalidade no País.

Como o Estadão antecipou que o ministro o faria, Dino deu aval à abertura de créditos extraordinários, “a critério do Poder Executivo”, a fim de bancar os gastos do governo com o combate às queimadas. Ou seja, com uma canetada, Dino permitiu a criação de mais uma exceção às regras do maltratado arcabouço fiscal, autorizando a criação de dinheiro mágico, ou seja, inexistente no planejamento oficial, com o evidente propósito de evitar que o presidente Lula da Silva incorra em crime de responsabilidade.

CHEIRO DE QUEIMADO – Quando sentiu o cheiro de queimado e acordou para o problema, entendendo que talvez fosse melhor agir como um presidente da República, Lula se deu conta de que não dispunha de recursos orçamentários para combater os incêndios sem cortar outras despesas do Orçamento da União, o que o petista, como é notório, reluta em fazer por cacoete ideológico, em muitos casos, ou por interesses político-eleitorais, em outros.

Nesse sentido, a decisão de Dino soa como música para os ouvidos de um presidente tíbio na defesa do meio ambiente, a ponto de Lula ter feito chegar ao público a informação de que estaria “confortável” com o protagonismo de seu ex-ministro da Justiça e Segurança Pública na definição de medidas a serem adotadas para debelar os focos de incêndio País afora. Evidente que está, pois o vácuo de governança deixado pelo Executivo orna com a vaidade e o voluntarismo de um juiz que jamais deixou de ser político – e que foi indicado ao STF por Lula exatamente por isso. Logo, o “conforto” de Lula, que nada fez para evitar o pior e agora terceiriza responsabilidades para quem não as tem, é a miséria da República.

POPULISMO – Cheio de brios, disposto a apagar com tinta de caneta as queimadas que consomem a Amazônia e o Pantanal, Dino, por sua vez, não tem perdido uma oportunidade de chamuscar a Constituição com um populismo que seria apenas compreensível fosse ele um político stricto sensu, mas é inconstitucional e antirrepublicano sendo ele quem é. Para justificar o injustificável, Dino chegou a comparar os incêndios – criminosos em sua maioria – às enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul, como se o governo Lula da Silva não tivesse recebido inúmeros alertas ao longo deste ano sobre o descontrole das queimadas e os riscos trazidos pelo clima seco, enquanto as chuvas que caíram sobre os gaúchos eram absolutamente imprevisíveis naquele volume.

Para coroar a desordem, as decisões de Dino têm sido proferidas após audiências de “conciliação”, como se o STF fosse mero mediador ou órgão consultivo, no âmbito de uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) que, pasme o leitor, já foi julgada pelo plenário da Corte em março deste ano, mas que Dino, sabe-se lá por que, ainda mantém sob seu poder – e sem ser contestado.