PT pode estar definhando como o PSDB, porque ambos “pagaram para morrer”

Reprodução da Hora do Povo

Mario Sabino
Metrópoles

O PT pode ter o mesmo destino do PSDB, o seu maior adversário até 2014, e definhar a ponto de se tornar irrelevante? A resposta é sim. O PT é o PSDB amanhã. Está certo que, nestas eleições municipais, o partido saltou de 183 prefeituras para 251. Mas isso é muito pouco para o partido que está na presidência da República. Nas eleições de 2012, os petistas amealharam 651. Ou seja, está muito aquém do seu período de ouro.

No segundo turno, o PT disputará 13 prefeituras: em 4 capitais e 9 cidades com mais de 200 mil habitantes, patamar a partir do qual a lei obriga a que haja outra votação se nenhum candidato tiver obtido mais de 50% das preferências.

SEM MÁ VONTADE – Para não dizer que a conta embute má vontade, São Paulo seria a quinta capital, já que Guilherme Boulos, do PSOL, linha auxiliar nacional do PT, passou suado ao segundo turno. Guilherme Boulos está para Lula, assim como o Hezbollah está para o Irã: é candidato por procuração do chefão petista, tanto na alegria da vitória, como na tristeza da derrota.

O PSDB foi alvejado pela Lava Jato, mas a sua debacle se tornou visível desde que o partido se perdeu em disputas fratricidas pelo trono vacante deixado por Fernando Henrique Cardoso, deu espaço a oportunistas como João Doria e perdeu a identidade social-democrata, sem migrar com convicção para a centro-direita, espectro no qual se situa hoje a maioria dos brasileiros, na sua espessa névoa mental.

O PT vinha contornando o seu anacronismo ideológico por meio da fantasia (alegremente engolida pelos ingênuos) de que detinha o monopólio da ética, pela adoção do assistencialismo eleitoreiro massificado e, principalmente, graças à popularidade de Lula, com o seu carisma de amigo de bar.

NOVA REALIDADE – O assistencialismo eleitoreiro de massa deixou de ser prerrogativa petista e a Lava Jato queimou a fantasia ética do partido, além de abalroar a popularidade de Lula. Popularidade ferida também pelo surgimento do rival Jair Bolsonaro, populista como ele, mas de sinal trocado.

Lula venceu Jair Bolsonaro em 2024, mas por margem insignificante de votos, apesar de todos os desvarios cometidos pelo adversário durante o mandato presidencial, e com o sistema jogando todo o seu peso a favor do chefão petista, que foi ressuscitado não por questão de Justiça, mas de conveniência política.

Ressuscitou por aparelhos, já que passou a depender da rejeição a Jair Bolsonaro para se manter vivo politicamente, como se fosse o menos ruim para a democracia, e o seu partido se vê obrigado a entrar em concubinatos eleitorais por falta de quadros.

PRAZO DE VALIDADE – A paisagem é nítida: o envelhecimento cronológico do chefão petista é inexorável, embora os seus acólitos lhe atribuam divindade. A senilidade ideológica do PT também é indisfarçável, a sua base sindical desapareceu e os contínuos atestados de óbito do bolsonarismo assinados pela imprensa são desmentidos pela realidade. Até no Nordeste, bastião petista, o PL de Jair Bolsonaro se espraia.

O PT fenece e não há substituto para Lula, cuja árvore mais frondosa a crescer à sua sombra é Fernando Haddad, que tem o carisma de um prato de tabule.

O lulismo não contém necessariamente o petismo. Mesmo que Lula se reeleja em 2026, o que está muito longe de ser uma garantia, ao contrário do que pensa Gilberto Kassab, o seu partido continuará definhando, enquanto o Centrão cresce alimentado pela bufunfa das emendas parlamentares. É tudo só por dinheiro, e cada vez mais, desde que o tucano Fernando Henrique Cardoso comprou a emenda da reeleição e Lula instituiu o mensalão para conseguir votos no Congresso. Assim, PSDB e PT também pagaram para morrer.

Costa Neto, presidente do PL, já anuncia que apoiará Tarcísio na eleição de 2026

Valdemar Costa Neto, presidente do PL, em entrevista à Globonews

Costa Neto disse que só a anistia salvaria Bolsonaro

Vinícius Novais
Estadão

Valdemar Costa Neto, presidente do Partido Liberal, a sigla de Jair Bolsonaro, apontou que tanto Tarcísio de Freitas (Republicanos) quanto Eduardo Bolsonaro (PL) podem ser o nome da direita para 2026. “O primeiro da fila é Tarcísio, mas temos o Eduardo Bolsonaro também”, disse o político em entrevista à GloboNews nesta sexta-feira,11.

Eduardo Bolsonaro deve desempenhar um papel importante para o partido, segundo o presidente do PL. Costa neto argumentou que é necessário ter alguém com imunidade parlamentar para “defender o partido”. Mas, descartou a possibilidade do filho 03 de Bolsonaro assumir a presidência da sigla. “Precisamos do Eduardo num cargo em que ele possa defender o partido”.

A ANISTIA – Mesmo com o ex-presidente inelegível até 2030, Valdemar disse acreditar que Bolsonaro pode ser candidato em 2026 e explicou que o partido levará a anistia à pauta do Congresso Nacional. “Quando o Lula estava preso, vocês achavam que ele ia ser candidato?”, perguntou. Para Costa Neto, o bom desempenho do PL até agora nas eleições de 2024 se deve a Bolsonaro.

Mesmo assim, classificou Bolsonaro como temperamento “difícil” e disse que só convence o ex-presidente 10% das vezes. “Bolsonaro não é uma pessoa igual a nós. Não tem o nosso comportamento. A cada 10 [questões discutidas], se eu falar muito, eu consigo convencer uma”.

Para o presidente da sigla, o PL é um partido de direita, mas com alguns membros de extrema-direita. “Eu não sou de extrema, sou de direita. Tenho relação com o pessoal do PT, PSB, do PDT”, disse ao explicar que os mais extremistas se recusam a dialogar com outros partidos.

BOULOS DERROTADO – Sobre as eleições paulistanas, Costa Neto disse que aposta na transferência dos votos de Pablo Marçal (PRTB) para Ricardo Nunes (MDB).

“Não tem como os votos do Marçal não virem para o Nunes. Podem votar em branco ou anular votos, mas ninguém vota no Boulos”, afirmou.

Costa Neto atribui o apoio da direita a Nunes à participação de Bolsonaro no início de sua campanha. Mas afirmou que o presidente não é mais necessário. “A direita hoje se consolidou ao lado de Nunes. Essa eleição, na minha opinião, está tranquila, Bolsonaro já nem precisa trabalhar mais”, argumenta.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Costa Neto é um político corrupto, ex-presidiário e mestre em safadezas. Com a morte de Álvaro Valle, um grande parlamentar, culto e correto, de quem me tornei amigo quando atuávamos nos debates do programa Sem Censura, Costa Neto arranjou um partido para chamar de seu e abandonou essa chatice de disputar eleição. Ele já percebeu a força que Tarcísio de Freitas terá em 2026 e vai se aproximando dele. Não é a primeira vez que oferece o PL ao governador paulista, nem será a última. Costa Neto sabe que o próprio Lula terá enormes dificuldades para derrotar Tarcísio, se ainda estiver disposto a ser candidato a presidente em 2026, aos 81 anos, a idade que Joe Biden tem hoje. (C.N.)

Pacote contra STF seria inconstitucional e os ministros já pretendem derrubá-lo

Ética e Justiça Social | Proposta de Redação - Quack Redação | Enem e  Vestibular

Charge de Pat (Arquivo Google)

Teo Cury e Luísa Martins
da CNN Brasília

Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) avaliam que o pacote de medidas que restringem os poderes da Corte é inconstitucional e pode ser derrubado se eventualmente for aprovado. Os textos avançaram na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (9), quando a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou propostas e projetos que permitem ao Congresso sustar decisões do STF e que ampliam as hipóteses de crime de responsabilidade dos magistrados.

Os ministros afirmam, em conversas reservadas, que a Constituição exige que sugestões de reformulação das regras do Judiciário sejam apresentadas pelo próprio tribunal e enviadas ao Congresso. O vício de origem, como é chamado, impediria que mudanças nas atividades dos magistrados sejam propostas por deputados e senadores.

RETALIAÇÃO – A leitura feita pelos ministros é a de que o avanço das propostas representa uma retaliação ao STF após a decisão que suspendeu a execução das emendas parlamentares por falta de transparência e de rastreabilidade.

A proposta considerada mais grave pelos ministros é a que permite a suspensão de decisões dos magistrados. A percepção é de que a iniciativa esbarra em uma cláusula pétrea – a da separação dos Poderes. Portanto, em caso de judicialização, possivelmente não passaria pelo crivo da Corte.

Tanto o presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, quanto o decano, ministro Gilmar Mendes, já afirmaram publicamente que a revisão de decisões da Corte não é compatível com a democracia.

INACEITÁVEL – Em novembro do ano passado, Barroso disse em um evento da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, que a proposta era “inaceitável” e remetia à “Constituição ditatorial de 1937”, da Era Vargas.

Gilmar Mendes também já afirmou que a PEC “não faz sentido, pois quebra a ideia da divisão dos Poderes”, e pediu “muitíssimo cuidado”. “Não passa por qualquer crivo de um modelo de estado de direito constitucional”, afirmou.

Barroso tem defendido que o Congresso Nacional é a arena adequada para este tipo de discussão, mas que gostaria que o Poder Judiciário fosse consultado para contribuir com o debate.

DEMOCRACIA – Auxiliares do presidente dizem que o ministro se preocupa em “mexer em time que está ganhando” – uma referência ao papel que a Corte exerceu ao longo dos últimos anos na defesa da democracia.

A Comissão de Constituição e Justiça, que deu sinal verde ao avanço das propostas nesta quarta, avalia a constitucionalidade e a admissibilidade das propostas, e não o mérito. Cabe ao colegiado somente dar aval ou não para o avanço dos textos na Câmara.

Depois de aprovadas, as propostas precisam ser analisadas por uma comissão específica, que ainda deve ser criada e instalada. Se passar na Câmara sem mudanças na comissão especial e no plenário, o texto poderá ir à promulgação.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Nada de inconstitucional. A doutrina tem clareza solar: “É legal qualquer ato que a lei não proíba”. E não existe nada na Constituição que proíba esse tipo de projeto. Inconstitucional, mesmo, é soltar criminoso condenado em segunda instância e limpar a ficha dele para ser presidente da República.

“Teremos 54 senadores para aprovar impeachment de Moraes”, prevê Flávio

Veja íntegra da entrevista de Flávio Bolsonaro | Metrópoles

Dois anos antes da eleição, Flávio faz previsão otimista

Guilherme Amado e Eduardo Barretto
Metrópoles

O senador Flávio Bolsonaro acredita que em 2027 a direita controlará 54 dos 81 integrantes do Senado, número suficiente para aprovar o impeachment de um ministro do Supremo. Em entrevista à coluna, Flávio disse que o objetivo é afastar o ministro do STF Alexandre de Moraes e interromper o que chama de “maluquices” do magistrado.

“Eu sempre falei que eu acreditava numa espécie de autorregulação do próprio Supremo contra esses arroubos absurdos, essas maluquices do Alexandre de Moraes. Por enquanto, ainda não aconteceu”, disse Flávio, acrescentando que o impeachment é “o último remédio amargo” para essa situação e tem condições de acontecer na próxima legislatura.

META DE 2026 – “Pelas contas que eu faço junto com outras pessoas muito experientes na política, a gente tem tudo para atingir um número de largada de 54 senadores dos 81 que vão exercer o mandato a partir de 2027”, afirmou Flávio Bolsonaro. Para o senador, o Supremo não “conseguiu botar Moraes de volta na caixinha”.

O número de senadores citado por Flávio, 54 dos 81, é o necessário para a aprovação do impeachment de ministros do STF. Trata-se do quórum mais alto em votações no plenário do Senado, maior até do que o mínimo para aprovar propostas de emenda à Constituição.

Cabe ao presidente do Senado iniciar a tramitação de um pedido de afastamento de um ministro do STF. O cargo é ocupado atualmente por Rodrigo Pacheco, que já rejeitou pelo menos dois pedidos de impeachment contra Moraes. O mais recente foi apresentado por Flávio e outros senadores bolsonaristas no mês passado. O outro foi assinado pelo então presidente Jair Bolsonaro em 2021. Na época, Bolsonaro prometeu também pedir o afastamento do ministro do STF Luís Roberto Barroso, mas recuou.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Sonhar ainda não é proibido nem paga imposto. O ministro Moraes não é unanimidade. Há muitos brasileiros que se orgulham do trabalho dele, embora aja de maneira claramente suspeita, desrespeitando os direitos dos réus e descumprindo a Constituição. Para os lulistas e simpatizantes, Moraes é um herói, porque se revela parcial e  persegue os bolsonaristas de forma canina e até caricata. Para quem realmente defende a democracia, porém, Moraes é um pesadelo que parece não ter fim. (C.N.)

Moraes faz gol contra Musk no início do jogo e os EUA processam a TikTok

A imagem mostra uma tela de dispositivo eletrônico com ícones de vários aplicativos. Os ícones incluem Facebook, Google, Reddit, Pinterest, TikTok, Instagram, LinkedIn, e outros. O fundo é escuro, destacando os ícones coloridos.

A guerra contra as “big techs” está apenas começando

Vinicius Torres Freire
Folha

O TikTok é projetado para viciar crianças, o que prejudica a saúde mental delas, bidu. Por isso, 13 governos estaduais dos Estados Unidos e o Distrito de Columbia estão processando a empresa de vídeos curtinhos. A descrição do problema no processo e as críticas ao algoritmo do TikTok fazem lembrar o funcionamento de muitas das maiores redes sociais e de plataformas de mídia, embora na ação judicial se dê ênfase à manipulação de emoções infantis. Mesmo assim, se o TikTok merece processo, seus pares também deveriam entrar na dancinha.

Além do mais, é mais fácil bater no TikTok, que vem da China, país com o qual os americanos travam guerra fria, comercial, tecnológica e cultural. Como se recorda, em abril o Congresso americano aprovou lei que determina o banimento do TikTok em janeiro de 2025, caso a empresa continue chinesa.

BIG TECHS – Ainda assim, a iniciativa dos estados americanos é mais um capítulo no combate de governos contra empresas gigantes de mídia social e similares. Por sua vez, a refrega jurídica é parte de um embate mais geral que envolve aquilo que se chama de “big techs”, conflito que, por ora, dado o tamanho do problema e do poder dessas companhias, ainda não foi muito além de escaramuças, regulações incipientes e multas.

Alexandre de Moraes obviamente não está só, como se pode notar. Em outro exemplo, neste ano o Estado francês prendeu o dono do Telegram, Pavel Durov, que mantém sob liberdade vigiada.

Moraes marcou um gol logo no início do jogo contra o X-Twitter de Elon Musk, que por ora parece ter aceitado o cumprimento de leis brasileiras. Por outro lado, com a liberação do acesso ao X-Twitter no país, Musk terá de volta meios para continuar sua campanha.

INÍCIO DO JOGO – Sim, trata-se de início do jogo. Além do poder imenso de que dispõe para fazer estrago, Musk vai firmando sua posição de combatente libertário na política digital do planeta. Seus negócios, sua mídia digital, suas tretas e sua posição de influenciador planetário são também plataformas para abalar instituições políticas nacionais, sem escrúpulos ou hipocrisias democráticas ou humanitárias, como ainda é o comportamento de tantos de seus pares.

Musk é um líder das celebridades plutocráticas que chamam de “libertária” a ideia de submeter Estados nacionais ao governo privado de empresas transnacionais. Obviamente, essa tentativa não é nova —na verdade, é recorrente em pelo menos meio milênio de capitalismo.

Desde que a democracia começou a se disseminar pelo mundo, em meados do século passado, é difícil de lembrar ataque tão descarado, no entanto.

GRANDE RICO – Parece fácil perceber a novidade e a profundidade do alcance de tal empreitada (global e envolve governos ricos) e do caráter explícito de ações e propaganda contra instituições de governo e Justiça.

Nova também é a capacidade de persuadir massas, de criar exércitos de fãs, que de certa forma já se comportam como súditos ou membros de um culto personalista da riqueza e, em particular, culto do grande rico. Se isso faz lembrar mentalidades e figuras importantes nas eleições brasileiras, não é por acaso.

Por obra ou omissão do reacionário Congresso brasileiro, a regulamentação de mídias sociais e “big techs” ainda está pelo caminho. A vitória de Alexandre de Moraes foi importante, mas é apenas um imenso esparadrapo em um problema que sangra muito.

X, a plataforma odiada por Moraes, volta a servir mais de 20 milhões de brasileiros

O X da questão

Charge de Júlio César Barros (Arquivo Google)

J.R. Guzzo
Estadão

O X, a mais populosa plataforma de comunicação do Brasil, volta enfim à atividade, depois de 40 dias de suspensão por ordem do ministro Alexandre de Moraes. É uma boa notícia, acima de qualquer outra consideração, porque tira o País do bloco de péssimas companhias onde esteve durante este tempo – Rússia, Venezuela, Irã, Turcomenistão e outras das ditaduras mais repulsivas do planeta, onde o X é proibido e a livre expressão é tida como crime contra a segurança do Estado. Fora isso, há controvérsias.

Analistas, comentaristas e especialistas “formaram maioria”, como se diz hoje, para definir a volta do X como uma vitória do ministro, da ordem pública e da soberania nacional – e uma derrota de Elon Musk, o controlador da plataforma. Alexandre de Moraes, por esse entendimento, foi atendido em todas as suas exigências. Musk, ao contrário, foi obrigado a recuar e cumprir todas as ordens que recebeu do ministro. Ficou sabendo que “isso aqui” não é uma “terra de ninguém”.

OUTRA CONCLUSÃO – Em outro modo de ver as coisas, e com base nos mesmos fatos, é possível chegar a uma conclusão diferente. O ministro, antes de sua briga com o X e desde sempre, é inimigo declarado das redes sociais em geral. Acha que elas são frequentadas basicamente por marginais. São um ambiente “tóxico”. São usadas para sabotar a democracia. Mais que tudo, não tolera a ideia de que 20 milhões de brasileiros tenham um instrumento, que ele não controla, para escrever e ler tudo o que lhes passa pela cabeça.

A situação ideal para o ministro, de acordo com o que ele mesmo diz a cada oportunidade que aparece, é que o X fosse embora do Brasil e nunca mais voltasse. (Já afirmou que o próprio telefone celular é uma ameaça social.) Seu problema, no fundo, não é propriamente o X, ou Elon Musk.

São aqueles 20 milhões de cidadãos que se manifestam ali, e as coisas que dizem, que de fato incomodam o ministro. Dentro da sua visão do mundo, é uma anomalia grave que as pessoas se sirvam das redes sociais para se informar e trocar ideias. Isso deveria ser, no fundo, uma atividade privativa dos veículos de comunicação que ele reconhece como tais.

OPINIÃO OPOSTA – Já os usuários do X têm uma opinião oposta à de Moraes. Têm preferido, cada vez mais, obter as suas notícias nas redes sociais, e não nos órgãos de imprensa tradicional. Mais: podem escrever ali tudo o que querem, e não podem escrever nada nos veículos de comunicação, mesmo porque não é para isso que eles existem. Agora, com o retorno do X, o cidadão vai voltar a fazer o que estava fazendo antes da proibição.

Os 20 milhões de brasileiros que queriam usar o X podem usar de novo. Moraes, que não queria que usassem nunca mais, aceita a volta da plataforma que odeia. Quem estaria mais satisfeito – o público ou o ministro? Quanto a Musk, está de volta ao lugar de onde queriam que ele fosse expulso. Pagou multas que não foram a punição de um erro, mas um ato de extorsão. Nomeou de novo um presidente para o X no Brasil. Mas está aí de novo – como sempre quis estar.

Musk conseguiu, durante 40 dias, expor ao mundo a censura, a violência e a ilegalidade fundamental do mais alto tribunal de justiça do Brasil. Ficou claro, pelo exame dos fatos, que não se recusou a “cumprir as leis brasileiras” – ao contrário, apenas contestou a ordem ilegal de aplicar censura no X. Nunca se recusou a ter um presidente no X no Brasil – apenas desfez a sua diretoria quando Moraes ameaçou prender os diretores. Pagou multas sem ter, como qualquer pessoa ou empresa, o direito à contestação.

NO MESMO LUGAR – Declarada a trégua nessa guerra, Moraes e Musk estão no mesmo lugar em que estavam 40 dias atrás. A questão a ser de fato considerada, no mundo das realidades, é se é o ministro ou se é Musk quem está gostando mais – ou qual dos dois está gostando menos.

O dono do X, obviamente, quis voltar ao Brasil. Se não quisesse, não teria voltado – bastaria mandar Alexandre de Moraes ver se ele está na esquina e continuar cuidando da sua vida, dos seus foguetes e dos seus bilhões. Moraes, ao contrário, não queria que o X voltasse.

O ministro, na verdade, nunca quis que o X tivesse chegado. Desenvolveu, com o tempo, uma fobia pessoal pelo empresário, mas o seu problema real é com a existência, pura e simples, de uma criação da tecnologia que coloca as pessoas diante da possibilidade concreta de exercerem a sua liberdade de palavra.

MAL EM SI – Moraes tem certeza, e não perde nenhuma ocasião para dizer isso, que a liberdade de expressão é um mal em si. Diz que é a favor, claro – mas na prática é contra em todas as decisões que toma.

O ministro não consegue, nunca, dizer a palavra “liberdade” sem mencionar automaticamente que ela é um perigo, pois pode ser “mal utilizada” etc. etc. Torna-se então, no seu entender, um valor “fascista”, uma arma para os golpistas de Estado e um engodo cujo propósito principal é espalhar “fake news”, “desinformação” e o discurso do ódio.”

Não existe no sistema mental de Moras a alternativa de punir, segundo determinam as leis, os que efetivamente cometem delitos através da liberdade de manifestação. Para combater os delinquentes, pune-se todos com o silêncio compulsório – como se, para evitar acidentes de trânsito, fosse proibido o uso do automóvel. É esse o começo, o meio e o fim da história do X no Brasil.

Triunfo eleitoral rendeu a Tarcísio a crise de ciúmes do clã Bolsonaro

após abandono de Bolsonaro

Tarcísio fatura com alta de Nunes nas últimas pesquisas

Josias de Souza
do UOL

A entrevista de Carlos Bolsonaro ao UOL exala um aroma de ciúmes. Num instante em que Tarcísio de Freitas molha a camisa por Ricardo Nunes, Carluxo decidiu insultar o eleitorado. Fez isso ao sustentar que os votos que levaram Nunes para o segundo turno vieram do seu pai, não do governador paulista. “Até porque”, disse Carluxo, “se meu pai apontasse e falasse: ‘ninguém escuta Tarcísio’, o Tarcísio não ia ter poder.”

A conclusão do filho do capitão é insultuosa porque acomoda o dono do voto no papel de gado, submetido a um coronelismo démodé. Quem manteve Ricardo Nunes na disputa, por pequena margem, não foi Bolsonaro nem Tarcísio. O prefeito deve a sobrevivência eleitoral ao eleitor. Os votos amealhados por Bolsonaro em 2022 perambularam livremente. Muitos caíram na arapuca de Pablo Marçal.

FEZ O OPOSTO – Quando tudo parecia perdido, Bolsonaro aconselhou Tarcísio a abandonar Nunes à própria sorte, sob pena de enterrar sua carreira política. O governador fez o oposto. Com a ralação dos atos de campanha e a pregação do voto útil, recuperou parte do eleitorado conservador cooptado por Marçal. A covardia de Bolsonaro foi tão escancarada que até Silas Malafaia notou. “Que porcaria de líder é esse?”, perguntou o pastor.

Além do zigue-zague de Bolsonaro, Tarcísio terá que aturar a crise de ciúme juvenil de Bolsonaro e dos seus filhos. De todas as enfermidades que intoxicam a política, o ciúme é a única que não tem remédio.

No caso de Bolsonaro, a coisa é mais grave, porque ele não conseguiu desenvolver nada que se pareça como amor-próprio. Num instante em que a direita discute alternativas para 2025, Bolsonaro desconfia até da imagem refletida no espelho. 

Datafolha em São Paulo: Nunes tem 55% e Boulos tem 33% no segundo turno

Diferença entre Nunes e Boulos no 1º turno foi de 25 mil votos

Pedro do Coutto

O Instituto Datafolha divulgou ontem a primeira pesquisa para o segundo turno da eleição municipal em São Paulo. Ricardo Nunes aparece com 55% dos votos na pesquisa estimulada, enquanto Guilherme Boulos tem 33% das intenções de voto.  O atual prefeito da cidade chegou ao segundo turno com 29,48%  e o deputado federal, por sua vez, teve 29,07%. A diferença foi de apenas 25 mil votos.

Segundo o levantamento, 84% dos eleitores de Pablo Marçal, que ficou em terceiro lugar na disputa, disseram que vão votar em Ricardo Nunes, que agora é nominalmente apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Apenas 5% das pessoas que votaram em Marçal declararam voto em Boulos no segundo turno.

VOTOS DE TABATA – A transferência dos votos recebidos pela deputada federal Tabata Amaral, que terminou em quarto lugar, vai 50% para Boulos, enquanto 33% dos eleitores dela migram para Nunes no segundo turno. O levantamento também mostra que 85% dos eleitores estão totalmente decididos a votar; outros 15% ainda podem mudar o voto. Os números são os mesmo entre os apoiadores de Nunes.

Já em relação aos eleitores de Boulos, 86% estão totalmente decididos, e 13% disseram que ainda podem mudar. Pelos números do levantamento, Boulos terá que mudar de estratégia para poder enfrentar esse novo cenário em que Nunes parece despontar com uma ampla vantagem, contando ainda com um apoio de vereadores de São Paulo.

TRANSFERÊNCIA –  Apesar da cúpula petista ter decidido transferir R$ 15 milhões para o 2º turno da campanha de Guilherme Boulos na capital paulista, a questão financeira não garante a estabilidade e as condições do candidato do Psol para chegar vitorioso nas urnas e conquistar a Prefeitura.

Claro que ainda há o debate entre os dois , com a possibilidade de apresentações de ideias e projetos. Porém, de qualquer forma, Boulos enfrenta um grande desafio.

No Rancho Fundo, a comovente brasilidade de Lamartine Babo e Ary Barroso

Cd Revivendo Ary Barroso, O Mais Brasileiro Dos BrasileirosPaulo Peres
Poemas & Canções

O radialista, músico e compositor mineiro Ary de Resende Barroso (1903-1964) e o advogado e compositor Lamartine de Azeredo Babo, na letra de “No Rancho Fundo”, falam das desilusões amorosas de um cantor humilde na cidade grande. O samba-canção “No Rancho Fundo” foi gravado por Elisa Coelho, em 1931, pela RCA Victor.

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NO RANCHO FUNDO
Lamartine Babo e Ary Barroso

No rancho fundo, bem pra lá do fim do mundo
Onde a dor e a saudade contam coisas da cidade
No rancho fundo, de olhar triste e profundo
Um moreno conta as mágoas tendo os olhos rasos d’água
Pobre moreno, que de tarde no sereno
Espera a lua no terreiro tendo o cigarro por companheiro
Sem um aceno ele pega da viola
E a lua por esmola vem pro quintal deste moreno
No rancho fundo, bem pra lá do fim do mundo

Nunca mais houve alegria nem de noite nem de dia
Os arvoredos já não contam mais segredos
E a última palmeira já morreu na cordilheira
Os passarinhos internaram-se nos ninhos
De tão triste esta tristeza enche de trevas a natureza
Tudo por que? Só por causa do moreno
Que era grande, hoje é pequeno para uma casa de sapê

Malafaia tem razão! Bolsonaro mostra ser uma porcaria de líder nesta eleição

Bolsonaro diz não acreditar que Adélio Bispo agiu sozinho | Brasil | Pleno.News

Envelhecido e apático, Bolsanaro parece estar aposentado

Carlos Newton

O destrambelhado e incontido pastor Silas Malafaia errou feio ao desmoralizar publicamente seu amigo Jair Bolsonaro, mas não há dúvida de que está cheio de razão. No caso, não se pode sequer argumentar que certas críticas deveriam ter sido feitas pessoalmente, em particular, como disse um dos filhos de Bolsonaro, ao falar em “roupa suja se lava em casa”, porque foi exatamente isso que o líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo tentou fazer, inutilmente.

É preciso lembrar que Malafaia mandou mais de 30 mensagens por WhatsApp, mas o amigo Bolsonaro nem se deu ao trabalho de responder. Foi uma temeridade do ex-presidente, que agora está pagando caro por esnobar o pastor. Nem é preciso conhecer Malafaia para saber que ele tem pavio curtíssimo e jamais aceitaria passivamente esse tipo de descortesia.

HIPOCRISIA – É claro que nenhuma amizade resiste a um desentendimento de tal proporção. Como dizia Roberto Carlos, daqui para a frente, tudo vai ser diferente. Embora o pastor tenha dito que tudo está superado e ele até pode fazer campanha para Bolsonaro, é claro que isso seria uma hipocrisia inaceitável de ambos os lados.

Em tradução simultânea, é claro que Malafaia está costeando o alambrado que Leonel Brizola mencionava, e até já encontrou uma abertura, que o próprio líder evangélico citou, ao tecer altos elogios ao governador paulista Tarcísio de Freitas, que não atendeu à recomendação de Bolsonaro sobre a possibilidade de dividir seu apoio entre Ricardo Nunes e Pablo Marçal.

Com muita habilidade, Tarcísio deu uma volta em Bolsonaro e mergulhou na campanha de reeleição do prefeito de São Paulo, que conseguiu surpreender ao chegar na frente, e agora as pesquisas já apontam sua vitória com 55% dos votos.

PORCARIA DE LÍDER – Malafaia tem razão em considerar Bolsonaro uma “porcaria de líder”. Embora seja pago para isso, o ex-presidente não pretende mergulhar na campanha do segundo turno. Até agora sua agenda só registra um dia em São Paulo, para prestigiar Nunes, e mais um dia em Belo Horizonte, para apoiar Bruno Engler (PL).

Já dissemos aqui na Tribuna que essa falta de disposição para a guerra mostra que Ernesto Geisel estava certo, quando afirmou ao jornalista Elio Gaspari que o capitão Bolsonaro era “um mau militar”. Agora, tornou-se também mau político.

Não lidera nada, embora seja pago pelo partido, junto com sua mulher Michelle, com R$ 45 mil mensais cada um, que vêm se somar às duas aposentadorias como deputado e militar, à renda dos alugueis dos quase R$ 20 milhões que tem em imóveis e ao rendimento dos R$ 17,2 milhões que recebeu do público em Pix, para pagar advogados, e que já estão chegando a R$ 19 milhões, uma bola de neve financeira. Como dizia Vinicius de Moraes, que maravilha viver!

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P.S.
Com tanta grana e tanta falta de garra política, Bolsonaro pode estar se aposentando antes da hora. Parece que a inelegibilidade levou o ex-presidente a uma antecipada brochura, digamos assim, embora ele continue fingindo uma disposição que não se vê na vida real. “Que porcaria de líder é esse?”, perguntou Silas Malafaia, mas ninguém consegue responder. (C.N.)

Eleição exibe multiplicação da direita e indica pouca chance à esquerda de Lula

Com 90% de obstrução nas artérias, Gleisi Hoffmann ganha declaração de Lindbergh antes de cirurgia: 'Bênção

Gleisi Hoffmann ainda alega que o PT está em “recuperação”

Bruno Boghossian
Folha

As eleições municipais nos grandes centros deram à direita uma demonstração de vigor num momento em que esse campo parecia ameaçado por uma fratura. A divisão ocorreu, mas havia eleitores suficientes dispostos a comprar mais de um produto do mesmo grupo. A disputa em São Paulo, em alguma medida, foi a amostra mais vistosa de um fenômeno que marcou corridas em outras capitais e grandes municípios.

Em determinadas praças, o bolsonarismo oficial foi às urnas com personagens radicais e foi desafiado por candidatos de direita com embalagens moderadas. Em outros casos, o contrário ocorreu.

EMBRULHO DA DIREITA – A capital paulista deu espaço para só uma dessas opções no segundo turno, não sem deixar claro que personagens com o embrulho da direita poderiam ser a escolha de quase 60% dos eleitores. O quadro da disputa exibiu uma consolidação da direita como preferência majoritária ou prioritária do eleitorado em importantes centros urbanos, que concentram populações expressivas e, em muitos casos, servem de motores regionais para grupos políticos.

Em cidades com DNA claramente conservador, o desenho apareceu de forma ainda mais nítida. Goiânia e Curitiba, por exemplo, terão segundos turnos formados exclusivamente por candidatos de direita. Bolsonaro estará com os mais radicais.

A experiência da divisão interna oferece à direita algumas vantagens e um punhado de dilemas. A diversificação de candidaturas deu ao grupo, por exemplo, a oportunidade de renovar algumas lideranças – como no caso de Fortaleza, onde o bolsonarista de primeira geração Capitão Wagner (União Brasil) foi substituído por André Fernandes (PL).

CALCIFICAÇÃO – As fraturas ficaram expostas, e o comportamento dos líderes políticos ainda vai determinar como se dará a calcificação desse esqueleto.

O susto provocado por Pablo Marçal (PRTB) e o sucesso de candidatos mais estridentes tendem a dar um incentivo adicional a Bolsonaro e outros personagens para replicar dessas técnicas. A fabricação de personagens moderados e a aliança com produtos do centrão, como Ricardo Nunes (MDB), se tornam mais arriscadas.

O contrapeso pode ser apresentado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que bancou a candidatura de Nunes e tem uma chance de acompanhá-lo até a vitória.

MENOS ESPAÇOS – A multiplicação da direita reduziu ainda mais os espaços de uma esquerda que entrou na eleição desacreditada e saiu enfraquecida. As vitórias de João Campos (PSB) e de outros não petistas mostram que há caminhos alternativos. A ida de Guilherme Boulos (PSOL) ao segundo turno evitou um fracasso completo e manteve uma porta aberta, ainda que pareça estreita a esta altura, para uma redenção.

A vitória de Lula (PT) em 2022, com um impulso importante de cidades como São Paulo e Porto Alegre, acabou se tornando um ponto de contraste para o mau desempenho de candidatos de esquerda mesmo em capitais do Nordeste e para uma derrota amarga em Teresina, onde a vitória era dada como certa.

A relativa dificuldade de penetração desses partidos nas grandes cidades, especialmente nas periferias, reforça a fragilidade de suas marcas, as dificuldades de renovação e uma desconexão com um eleitorado que parece cada vez mais confortável em sair às ruas com um figurino conservador.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – O PT está se desmanchando na frente de Lula, enquanto Gleisi diz que está está em reorganização. É a Piada do Ano. (C.N.)

Elon Musk acha que OVNIs são novos aviões em teste pelas grandes potências

Elon Musk reveals what military sightings of UFOs really are - as he promises to share evidence of aliens on X | Daily Mail Online

Musk promete avisar se descobrir que há extraterrestres

Luiza Lopes
Site AH

O bilionário e CEO da SpaceX, Elon Musk, acredita que os supostos OVNIs (Objetos Voadores Não Identificados), vistos voando pelos Estados Unidos, não são vida extraterrestre, mas provavelmente “novos programas de armas” do governo, que são altamente confidenciais. Musk justificou a fala dizendo que ainda “não viu um corpo alienígena”

“Objetos voadores não identificados são uma coisa, mas sempre há um monte de programas confidenciais em andamento: novas aeronaves, novos mísseis e coisas assim”, afirmou em entrevista ao jornalista Tucker Carlson, transmitida no X (antigo Twitter).

‘SEM EVIDÊNCIAS’ – Musk revelou que enquanto estava no comando de sua empresa Space Exploration Technologies, “não viu nenhuma evidência de alienígenas”. “Há mais de 6 mil satélites em órbita e eles nunca tiveram que manobrar em torno de uma nave alienígena”, destacou.

No entanto, ele ressaltou que “há muitas coisas que não sabemos” e garantiu que, caso encontrasse evidências de vida extraterrestre, não esconderia essa informação do público. No segundo em que eu vir qualquer evidência de alienígenas, eu imediatamente postarei isso na plataforma X. Provavelmente será o maior post de todos os tempos”, disse.

Musk também disse que não acreditava que o governo escondesse informações sobre seres extraterrestres. Segundo ele, se soubessem da existência de alienígenas, o governo provavelmente os difamaria para justificar gastos militares.

EM SEGREDO – Ao apresentador, Elon explicou que os governos geralmente “trabalham em segredo”. Sendo assim, se estivessem desenvolvendo um novo tipo de aeronave, não poderiam admitir. Inclusive, no ano passado, quando o Starlink decolou, muitos moradores do Texas, no Estados Unidos, confundiram os satélites com OVNIs.

Em 2022, o Pentágono criou um portal para militares e funcionários relatarem avistamentos de OVNIs, investigando cerca de 300 ocorrências em um ano, informou o New York Post.

Alguns objetos apresentaram características incomuns, como alta velocidade e manobrabilidade fora do padrão, mas o relatório concluiu que nenhum desses fenômenos pode ser atribuído a atividades extra-terrestres.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Sobre o tema, há controvérsias praticamente insanáveis. E não será a opinião de Musk que há de dissipar a estranheza que existe em relação aos OVNIs, que insistem em continuar aparecendo, esses contatos imediatos de zero a terceiro graus vêm sendo relatados desde tempos imemoriais. (C.N.)

Na eleição, o PT de Lula conseguiu ficar atrás até do nanico moribundo PSDB

Nem PT, nem PSDB: cresce a "terceira via" no Brasil

Charge do Diogo (Arquivo Google)

Hélio Schwartsman
Folha

Acho que já dá para carimbar que a política brasileira entrou no centronoceno, época caracterizada pela dominância do centrão. Bolsonaro saiu-se um padrinho político mais eficiente do que Lula, mas os verdadeiros vencedores das eleições de domingo (6) foram partidos tradicionais não radicalizados como PSD, MDB e PP.

Essas três siglas fizeram as maiores bancadas de prefeitos —878, 847 e 743, respectivamente. Se considerarmos o número de vereadores eleitos, são os mesmos três partidos, mas em outra ordem: MDB, PP e PSD.

TAPAR O SOL… – Com um olhar caridoso, até dá para afirmar que o PT melhorou sua posição. A sigla fez 248 prefeitos, contra 179 em 2020. Mas isso seria tapar o sol com a peneira. Não há como negar que o PT e as esquerdas se saíram mal. A legenda de Lula ficou atrás até do moribundo PSDB.

Seus avanços estão concentrados em cidades menores do Nordeste. A esquerda, é fato, segue viva na disputa paulistana, mas Guilherme Boulos corre como azarão.

Já o PL de Jair Bolsonaro ficou em quinto lugar (510 prefeitos) e o ex-presidente mostrou força ao eleger alguns postes ou empurrá-los para segundos turnos. Mesmo assim, sai machucado do pleito, pois viu sua liderança na direita radical contestada por Pablo Marçal. E foi tão hesitante em seu apoio a Ricardo Nunes que sinalizou para potenciais aliados que não é um parceiro confiável.

E O CENTRÃO? –  Os resultados do centrão têm muito a ver com as alterações do balanço de forças entre Executivo e Legislativo federais. Nos últimos anos, parlamentares conquistaram mais poder e maiores nacos do Orçamento, distribuídos na forma de emendas. Interessante levantamento de O Globo mostrou que nas cidades mais beneficiadas por emendas Pix, a taxa de reeleição de prefeitos foi maior.

Tal rearranjo foi importante para repelir investidas autoritárias de Bolsonaro, mas vem com seu próprio quinhão de problemas. O centrão é altamente fisiológico e não tem projeto para o país. Seu poder cresce à custa da eficácia de ações governamentais. Para piorar, no Brasil é muito baixa a responsabilização política do Parlamento.

O que fez Marçal divulgar o laudo falso que fará com que seja punido?

Pablo Marçal

Marçal conseguiu atrasar 8 anos sua carreira política

André Marsiglia
Poder360   

O que vai acontecer com Pablo Marçal? Antes de responder a esta pergunta, vale uma anterior: o que aconteceu com Pablo Marçal (PRTB) para que divulgasse o laudo falso contra Guilherme Boulos (PSOL)? Como ninguém de sua equipe foi capaz de conter a estratégia suicida, ignorando que havia pela frente todo o 2º turno e, por trás, os olhos dos tribunais eleitorais?

Mesmo que a campanha não acreditasse no êxito da eleição municipal, Marçal poderia ser visto como alternativa para uma direita órfã de Jair Bolsonaro (PL), inelegível para as eleições presidenciais de 2026.

INELEGÍVEL – Se Marçal e sua campanha não conseguiram pensar nisso, certamente seus adversários pensarão, levando às últimas consequências o desejo de que perca seus direitos políticos e seja descartado das próximas eleições.

Mesmo que Marçal não tenha produzido o laudo, ou seja, que não tenha cometido o crime de falsificação, o TSE tem o entendimento de que a divulgação de informação falsa por redes sociais constitui o ilícito de “uso indevido dos meios de comunicação”.

O artigo 22 da Lei de Inelegibilidade (LC 64/90), historicamente, servia para coibir conglomerados de mídia de privilegiar seus candidatos preferidos, dando-lhes mais espaço e oportunidades, impactando no resultado das eleições. De uns anos para cá, o TSE passou a entender que a propagação de “desinformação” e “inverdades” nas mídias sociais caracteriza uso indevido dos meios de comunicação. Inicialmente, os julgados miravam disparos em massa de mensagens de aplicativos.

NOVO ENTENDIMENTO – Em seguida, o TSE começou a entender que falas de candidatos interpretadas como ataques ao processo eleitoral ou à democracia também se enquadravam. E foi assim que o deputado Fernando Francischini teve seu mandato cassado, em 2021, e Bolsonaro foi tornado inelegível, em 2023.

No caso de Bolsonaro, a questão é ainda mais controversa, pois foi entendido que suas declarações impactaram no resultado de eleição que ele não ganhou, o que obviamente é uma contradição.

No relatório de julgamento, constaram dois vídeos que tiveram 589 mil e 587 mil visualizações no Facebook e no Instagram, respectivamente. Mesmo havendo 156 milhões de eleitores aptos a votar, a Corte entendeu ter havido impacto significativo nas eleições.

HÁ EXAGEROS – Por aí, percebe-se que a condenação à inelegibilidade por uso indevido de meios de comunicação depende de critérios nada técnicos e é geralmente tomada com enorme exagero pelo TSE, abrindo um campo imenso para que afaste Marçal das eleições de 2026. O que o levou a divulgar o laudo, não sabemos. Mas sabemos o que vai acontecer com ele daqui para frente: será mais um da direita expulso de campo.

Os juízes não podem acreditar que os eleitores não sabem o que fazer com seu voto, e que seja sua função oferecer a eles um cardápio apenas com os pratos que entendem adequados. Se o Judiciário não confia no cidadão, torna-se difícil exigir que o cidadão confie no Judiciário.

A democracia plena pressupõe confiança mútua entre a sociedade e instituições. O tumulto causado por decisões agressivas não é menor nem melhor que o provocado por candidatos agressivos.

 

Bolsonaro enfim marca viagem a São Paulo para a campanha eleitoral com Nunes

Bolsonaro se manifesta após derrota de Pablo Marçal | Metrópoles

Bolsonaro tinha antecipado apoio a Marçal no 2º turno

Igor Gadelha
Metrópoles

Após inúmeras tentativas sem sucesso no primeiro turno, o ex-presidente Jair Bolsonaro finalmente marcou uma ida a São Paulo para participar de atos de campanha ao lado do prefeito Ricardo Nunes (MDB) no segundo turno. Em conversa com integrantes da campanha de Nunes, Bolsonaro disponibilizou o dia 22 de outubro, uma terça-feira, para estar na capital paulista ao lado do atual prefeito da cidade e candidato à reeleição.

A agenda exata ainda está sendo montada. A ideia da campanha de Nunes, no entanto, é que Bolsonaro cumpra tanto agenda de rua com o prefeito quanto grave para o programa eleitoral do emedebista na TV.

EM BELO HORIZONTE – Antes de São Paulo, Bolsonaro irá a Belo Horizonte para agenda com o deputado estadual Bruno Engler (PL), que disputa o segundo turno com o atual prefeito Fuad Nomand (PSD), nome apoiado por Lula.

Conforme a coluna noticiou mais cedo, a ida do ex-presidente à capital mineira está marcada para 19 de outubro. A agenda foi acertada pelo próprio Engler durante reunião com Bolsonaro em Brasília na quarta-feira (9/10).

No primeiro turno, embora tivesse oficialmente apoiando Nunes, Bolsonaro evitou gravar para o programa na TV do prefeito e participar de agendas de campanha ao lado do emedebista em São Paulo. A postura foi vista por aliados do ex-presidente como um temor de ele se indispor com o ex-coach Pablo Marçal (PRTB), que foi apoiado por grande parte da base bolsonarista.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Bolsonaro está demonstrando ser uma porcaria de líder, como disse o pastor Malafaia. Sua agenda com os candidatos no segundo turno, será de apenas um dia para cada um. Essa falta de disposição para a guerra mostra que Ernesto Geisel estava certo, quando afirmou a Elio Gaspari que o capitão era “um mau militar”. Agora, tornou-se também mau líder político. (C.N.)

Aquecimento, ocupação recorde na indústria e inflação acendem o sinal de alerta no País

Tribuna da internet: "O esquema internacional das dívidas públicas transforma os países em reféns", por M.L.Fattorelli - Auditoria Cidadã da DívidaAlvaro Gribel
Estadão

Inflação acelera e surpreende quem achava que deflação de agosto era o fim do problem, e o IPCA sobe 0,44% em setembro, praticamente dentro do esperado pelo mercado, e volta a se aproximar do teto da meta, de 4,5%. Quando o IBGE divulgou a deflação de 0,02% de agosto, muita gente desavisada interpretou o número como um sinal de que não havia mais problema de alta nos preços no Brasil. Governistas, petistas e economistas heterodoxos aproveitaram a deixa para criticar o Banco Central, que estaria mantendo os juros altos apenas para agradar aos rentistas e ao mercado financeiro.

Nesta quarta-feira, 9, saiu o IPCA de setembro, e a inflação voltou a acelerar, com uma alta de 0,44%. Como a taxa deste mês foi maior do que a de setembro do ano passado, o índice acumulado em 12 meses subiu de 4,24% para 4,42%, aproximando-se do limite máximo permitido pelo regime de metas, de 4,5%. Com a seca que ainda assola várias regiões do País, é grande a chance de o IPCA fechar o ano acima de 4,5%.

MESMA OPINIÃO – Para o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e seu próximo sucessor, Gabriel Galípolo, o estouro traria sentimentos duplos: por um lado, ficaria a frustração por terem falhado, mas, por outro, haveria o alívio por terem subido a Selic a despeito das críticas.

Na sabatina no Senado, Galípolo deu todos os sinais de que manterá a política monetária no caminho correto. Segundo ele, os juros vão permanecer contracionistas o tempo que for necessário até que a inflação volte à meta, de 3%.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, acertou quando disse que o aumento dos preços é provocado pela seca, que bate nos alimentos e na energia elétrica. E é verdade também que os juros não têm efeito sobre esses preços. A questão é que a economia brasileira é fortemente indexada, e essa indexação ficou maior neste mesmo governo, que recriou a política de valorização do salário mínimo atrelada à inflação passada e ao crescimento do PIB.

META OBSTADA – Quando há um choque temporário, a alta dos preços se espalha, dificultando o trabalho do Banco Central de levar a inflação para a meta. É sobre esses “efeitos secundários” da inflação que a política de juros atua, olhando sempre para frente.

De janeiro a agosto deste ano, último dado divulgado pelo Banco Central, a concessão de crédito livre, com juros definidos pelos bancos privados, subiu 15,9% em relação ao mesmo período do ano passado, quase o dobro do ritmo do crédito direcionado, com taxas subsidiadas pelo governo, via bancos públicos, que saltou 7,8%.

Como já mostrou o Estadão, a concessão de crédito não é o problema da economia. O nosso risco vem da política fiscal, que ainda não passa segurança de que conseguirá estabilizar a nossa dívida pública.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Alvaro Gribel foi ao ponto central e que regula tudo – a dívida pública. Não se pode brincar com ela, é preciso mantê-la absolutamente sob controle, para o Brasil não virar uma imensa Argentina. Mas Lula vive em ritmo de festa e não está nem aí. O futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, vai ter muito trabalho. (C.N.)

Guerra completou seu primeiro ano, e Netanyahu já pode trocar de pele

Netanyahu visita tropas israelenses na fronteira libanesa

Agora, Netanyahu pode aceitar uma negociação de paz

Wálter Maierovitch
Do UOL

Para muitos especialistas em geopolítica, geoestratégia e direito internacional, tudo está, em termos de tragédia, igual ao primeiro dia. Ou seja, o dia da inesquecível matança de 7 de outubro de 2023. E os que entendem não ter havido terrorismo, mas resistência, fingem esquecer que ocorreu um ataque armado contra civis inocentes, apanhados de surpresa e sem a mínima condição de reação.

Esse pessimismo dos especialistas baseia-se na ampliação do conflito, no número de mortes em Gaza e no Líbano, nos reféns ainda mantidos pelo Hamas e na perigosa guerra verbal entre o premiê israelense Benjamin Netanyahu e o aiatolá Ali Khamenei.

SIMBOLISMO – Khamenei voltou a portar e exibir metralhadora, num simbolismo que indica combate. Continuou a negar ao povo de Israel o direito de existir. Em outras palavras, quer tirar Israel do mapa. No particular, mantém inalterada a posição de Ruhollah Khomeini, líder da revolução iraniana de 1979, que derrubou Reza Pahlevi, o xá da Pérsia.

Por sua vez, Netanyahu colocou-se em falsos panos de libertador do povo iraniano, contra a ditadora dos aiatolás, que transformou o Irã numa teocracia xiita, com polícia de costumes reprimindo as mulheres que querem ser livres. Os mais otimistas nessas áreas trabalham com a constatada mudança na popularidade de Netanyahu. De tal maneira, passaram, nas análises, a acreditar numa paz não distante.

Tudo começou como guerra de defesa por parte de Israel, com apoio no artigo 51 da Carta Constitucional das Nações Unidas. E a legítima defesa é admitida pelo direito internacional público, o direito das gentes.

O INÍCIO – O Hamas, como se sabe, invadiu Israel e, em ação terrorista, matou 1.500 judeus e sequestrou 240 israelenses. Netanyahu restou apontado como o grande responsável pela tragédia, por ter deslocado as forças de fronteira com Gaza. Destacou as tropas, num novo arranjo, para a proteção de colonos invasores, com planos de ilegais e imorais assentamentos na Cisjordânia, terra palestina.

Para se manter no poder, Bibi, integrante do partido direitista Likud, aliou-se à direita radical, aos religiosos ortodoxos e aos supremacistas sionistas. Com efeito, Bibi reagiu ao terrorismo do Hamas, mas Israel excedeu-se na legítima defesa, de modo a descaracterizá-la.

Com isso, descumprindo resolução da ONU de proteção à população civil, Netanyahu virou autor de crimes de guerra e contra a humanidade. Mais ainda, mostrou-se ao mundo como um sanguinário e está sendo investigado pelo Ministério Público junto ao Tribunal Penal Internacional e responde a representação, proposta pela África do Sul, na Corte Internacional de Justiça.

ENTRA O HELBOLLAH – No dia seguinte ao terror do Hamas, o Estado de Israel, na região norte da Galileia, passou a ser continuadamente bombardeado pelo grupo xiita Hezbollah. O Hezbollah aprovou o ataque terrorista de 7 de outubro do Hamas e ampliou os bombardeios no norte de Israel, provocando êxodo de israelenses habitantes na região da Galileia: 60 mil deixaram as suas casas.

Novamente com apoio no direito de defesa, Netanyahu atacou o Hezbollah, em território libanês e na periferia, onde a organização mantinha o seu quartel-general. O IDF (força militar de Israel) começou a invadir o sul do Líbano para, segundo declarado, evitar ataques, afastar o Hezbollah para atrás da linha azul demarcada pelas Nações Unidas e ensejar a volta de 60 mil israelenses para as suas casas.

Mirar o ataque no Hezbollah, dado o quadro, era legítimo. Mas, na periferia atacada, além de parte do centro de Beirute e região leste libanesa, outros dois redutos do Hezbollah, estão civis, não participantes do grupo armado, ainda que xiitas de crença.

VÍTIMAS CIVIS – Voltou o problema de ataques às vítimas civis — e pouco interessa o credo religioso. Teremos, com relação a essa situação, amplos embates jurídicos e muitas teses em defesa de Israel, a entrar até a excludente do estado de necessidade, de sobrevivência.

Importante colocar, e esse é o objetivo deste comentário, a mudança de posição de muitos israelenses. Ou seja, não aprovam a atuação do governo Netanyahu em Gaza, mas aprovam referentemente ao Hezbollah.

Diante disso, a popularidade de Bibi cresceu exponencialmente. A ponto de Bibi já estar pronto para mudar de lado, deixando os extremistas da ultradireita. Netanyahu sabe bem que, para se manter vivo politicamente e permanecer primeiro-ministro, precisa mudar de lado. Até porque os radicais querem a ilegítima e ilegal anexação da Cisjordânia e não aceitam um Estado palestino.

ESTADO PALESTINO – Ao mudar de lado, abandonando os radicais, Bibi terá de buscar a paz e se empenhar para a criação de um Estado Palestino. Assim, parece que vem aí um novo Bibi Netanyahu.

Ele faz qualquer negócio para manter o poder. Os ventos internacionais sopram, com força de exigências para o fim da guerra, com paz e criação de um Estado palestino independente, autônomo.

Aqueles que apostavam numa nova Guerra dos Cem Anos, como aquela ocorrida em época medieval, envolvendo os reinos da Inglaterra e da França, já começam a mudar o foco e acreditar num novo Netanyahu. Que ele é camaleão, todos sabem, até a quipá na sua cabeça.

Esquerda tem menor votação do século e está perdida num mato sem cachorro

Esquerdas sobem na opinião pública; e a direita recua - por Pedro do Coutto  - Tribuna da Imprensa Livre

Charge do Duke (O Tempo)

Vinicius Torres Freire
Folha

Declínio começou em 2016, com choques políticos e econômicos e mudança social e cultural. Nesta eleição de 2024, a esquerda teve a menor votação para prefeito deste século, a menor pelo menos depois de 1996. Por esquerda entendem-se aqui PT, PSOL, PCdoB e partidos que estiveram, não raro, associados de alguma forma ao PT, como PSB, PDT, PV e Rede.

Não se recorreu a um “esquerdômetro” para classificar as legendas. Trata-se de partidos que podem ser chamados de “comunistas” por pastores furibundos e outras lideranças estridentes e militantes digitais da direita.

DIREITIZAÇÃO – Na eleição de 2000, os candidatos a prefeito da esquerda tiveram 26,6% do total dos votos. Essa proporção foi a 37,4% em 2012. Minguou para 27,2% em 2016, desidratação devida à queda dos votos no PT. A míngua continuou até os 19,6% deste ano.

Além da ascensão das direitas, houve também direitização profunda dos partidos desse espectro e daquilo que, por comodidade ou geografia espectral, se chama de centro. O PSD, o vitorioso desta eleição, tenta ocupar a vaga ociosa do centro e até recolhe espólios do PSDB (o centro que o PT chamava de direita). A julgar pelas lideranças, o PSD parece um PFL algo mais ameno.

A direita agora se orgulha de dizer seu nome, explicita programas ditos conservadores; associa-se de corpo, alma e bolso a nomes como Jair Bolsonaro (PL). De resto, para muito eleitor, esquerda passou a ser anátema. Além da “polarização”, mais circunstancial, grandes mudanças culturais, sociais e econômicas parecem ter criado eleitorado mais ideológico, por assim dizer.

PROPORÇÃO DE VOTOS – Note-se que os números acima se referem à proporção de votos, não de candidatos eleitos. A tendência para o número de prefeituras conquistadas é a mesma, embora a proporção de prefeitos seja menor. A esquerda, o PT em particular, tinha grandes votações em grandes cidades, como São Paulo, onde, claro, poderia eleger apenas um nome.

Em 2000, a esquerda elegeu 11% dos prefeitos. No pico de 2012, 27,2%. Agora, deve ficar com menos de 14%. Em 2004, 2008 e 2012, o PT teve quase 17% do total nacional dos votos para prefeito. Os demais partidos de esquerda cresceram mais, nestes anos. Neste 2024, o PT teve 7,8%, ligeira recuperação do fundo do poço de 2016 (6,6%).

A tendência do total de votos da esquerda nas eleições para deputado federal é também a mesma, embora a baixa tenha sido bem menos pronunciada: 21,2% dos votos em 1998, pico de 36,6% em 2010 e 25,5% em 2022.

ACEITAÇÃO – Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deixou o poder em 2010 com cerca de 80% de nota “ótimo/bom” nas pesquisas. Pouco antes do junho de 2013, Dilma Rousseff tinha mais de 60% de nota máxima, recorde-se.

A Lava Jato, a campanha pela deposição de Dilma e a Grande Recessão (2014-2016) são marcas do começo da queda esquerdista. A disseminação de internet e mídias sociais, especialidade da ultradireita, e a nova classe média que ascendeu sob Lula ajudaram a formar um novo espírito antiesquerdista, que tomou parte da crescente, mas minoritária, população evangélica também (mas não só). Até o sucesso econômico e cultural do agro e o poder de novas elites econômicas do comércio e dos serviços devem ter pingado nesse caldo.

Com escassas novas lideranças, sem mote novo, alheia aos espíritos do tempo, com capilaridade ainda menor no Brasil profundo dos centrões, estigmatizada, sem novas articulações, bases ou redes sociais, a esquerda está em um mato sem cachorro. Sobra Lula.

Após a eleição, o Congresso já começa a mandar recados diretos ao Supremo

Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprova proposta que limita decisão  monocrática no STF

Comissão de Constituição e Justiça da Câmara saiu na frente

Francisco Leali
Estadão

De volta ao Congresso depois de dedicar o último mês à tentativa de eleger aliados nas eleições municipais, os deputados inauguraram a retomada das votações na Câmara dando prioridade a alvo particular: o Supremo Tribunal Federal. A mais importante comissão da Casa legislativa aprovou nesta quarta-feira duas Propostas de Emenda Constitucional (PEC) e dois projetos.

A primeira PEC impede ministros do STF de concederem liminar para barrar a eficácia de leis aprovados pelo Parlamento. A nova regra chancelada pela Comissão de Constituição e Justiça estabelece que não pode haver decisão de apenas um magistrado para se contrapor a projeto referendado por deputados e senadores. As chamadas decisões monocráticas também não poderão anular atos dos presidentes da Câmara e do Senado. O texto ainda tem caminho a percorrer na Casa e não se sabe se será a passo de lebre ou cágado.

TEM LÓGICA – O olhar leigo pode até ver alguma lógica na PEC. Afinal, como um ministro sozinho da Corte Suprema pode se sobrepor ao Congresso inteiro? Na balança entre pesos e contrapesos, liminar monocrática pode soar como um direito do Judiciário que desequilibra a relação entre os Poderes.

Embora no discurso oficial, quem propõe essa mudança queria dar a aparência de que busca o reequilíbrio, a intenção aqui é bem outra. Boa parte dos congressistas faz fila para colocar um freio na atuação do Supremo. Veio da Corte a decisão de pôr fim ao esquema do orçamento secreto, secando a fonte de distribuição de recursos sem transparência que irriga as bases eleitorais dos parlamentares, como revelou o Estadão.

No ímpeto de dar o troco, outras propostas foram aprovadas. Há outra PEC, também votada nesta quarta-feira. E ela parece oficializar o desbalanceamento na relação entre Legislativo e Judiciário. Dá aos parlamentares o direito de ser a última voz e anular, com votação de 2/3, decisões do plenário do Supremo. A proposta inverte a lógica do que se entende da repartição dos poderes, quando se admite que aos magistrados é concedido o direito de fazer o último ajuste, quando todo mundo erra.

SURGEM DÚVIDAS – Haverá, claro, quem pergunte: “E quando o STF erra, quem corrige?”. O texto da Constituição, aprovado em 1988, não concedeu esse direito aos congressistas. Na época não era imaginável que o Supremo seria protagonista da política, como ocorre hoje, e o tribunal está sendo cobrado.

A mesma CCJ da Câmara aprovou também dois projetos. Esses têm alvo ainda mais específico: o ministro Alexandre de Moraes e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Os textos criam uma nova regra para pedidos de impeachment de magistrados do Supremo. Moraes já tem um lote contra si. E Pacheco segue sem despachar. Os projetos ditam que o presidente do Senado terá 15 dias para decidir. Se negar, o caso pode ser votado por quorum mínimo de senadores, para forçar a abertura de processo.

Na CCJ, a oposição manda. Mas o Centrão entrou como fiador das propostas. O interesse contrariado de parlamentares, seja ele relacionado ao bolso ou a motivos republicanos, tenta dizer aos ministros: “daqui vocês não passam”. O recado pode receber em troca resposta jurídica com magistrados considerando projetos que avançam em seus poderes inconstitucionais.

Esses ministros do Supremo fazem por merecer algum respeito da sociedade?

Nesta quarta, o STF pode expedir desastrada decisão contra o combate à  corrupção - Flávio Chaves

Charge do Bier (Arquivo Google)

Conrado Hübner Mendes
Folha

Ministros do STF têm nos submetido a uma relação abusiva. Pedem adesão ao seguinte contrato: “Eu, ministro do STF, ignoro restrições éticas à minha conduta. Aberto a convites para novas amizades, ignoro ideias de imparcialidade objetiva e de conflito de interesses. Frequento a feira livre dos desejos e afetos. Ignoro colegialidade e institucionalidade e uso de meus poderes individuais pelos critérios que, sozinho, defino. Ignoro críticas, injustas implicâncias”.

Também sozinho, escolho se e quando o país vai decidir uma urgência constitucional. Escolho até se prefiro negociar a julgar. Sempre que do meu gosto, sonego o plenário e denego explicação à cidadania. Não presto contas da minha inércia, minha agenda ou minha eventual promiscuidade. Respeite minha vontade monocrática. Não devo publicidade dos meus rendimentos extras. Respeite minha privacidade.

Eu e minha coragem viabilizamos as eleições de 2022. Salvamos a democracia, portanto. Mas podemos não estar a fim de salvá-la na próxima. Depois dessa façanha, mais abusado ainda vou ficar. Se me cortejar e me chamar para reuniões no além-mar, recompenso com minha companhia, meu tempo e minha palestra improvisada sobre o Brasil. Meus impressionismos sociológicos valem o quanto pesam.

Concedo escuta a todes —indígenas, ativistas, trabalhadores. Mas janto e socializo, mesmo, só com os empregadores. Ou você está comigo ou é meu inimigo. Meu inimigo não, inimigo do STF. Assine aqui.

NINGUÉM ACEITA – Enquanto isso, do outro lado da Praça dos Três Poderes, extremistas e o centrão esperam a primeira oportunidade para fechar o STF. Sabemos haver muitas formas de fechar o STF sem fechar a porta do prédio.

No Congresso Nacional, tramitam projetos para que o legislador se dê o poder de revogar decisões do STF e a interpretação constitucional dissonante configure crime de responsabilidade. Dois caminhos para um único destino: impedir que um STF forte e legítimo possa controlar leis e práticas que violem a Constituição e perpetuem violência e sofrimento. Como o orçamento secreto e a usurpação de terras indígenas, por exemplo.

O Congresso não quer aperfeiçoar o STF. Apenas ameaçar e receber deferência em contrapartida. Ainda que haja outros arranjos possíveis de proteção da Constituição em democracias, as propostas quebram o modelo constitucional brasileiro de separação de poderes.

OUTRAS REAÇÕES – Os mesmos legisladores propõem também restringir decisões monocráticas. Inadvertidamente, justo por limitar poder individual de ministros, podem contribuir para fortalecer a instituição do STF. Sem querer, ajudariam o STF a fazer mais e melhor.

A liberdade monocrática, contudo, ao fragilizar a corte, agrada interesses. Um ministro sozinho é mais capturável. Argumentam que o STF não responderia a urgências sem liminares monocráticas. Afirmação empiricamente falsa. Houvesse suficientes ministros do STF comprometidos com a instituição do STF, o plenário conseguiria responder a urgências de modo mais inteligente.

A conduta anti-institucional de ministros está do jeito que o diabo gosta. O centrão, que joga a democracia brasileira numa relação abusiva desde sempre, emplacou representantes lá dentro. De Roma a Londres, de Lisboa a Nova York, o lobby empresarial, político e advocatício os hospeda.