Políticas públicas para salvar a Amazônia estão tendo efeito exatamente contrário

Cheia e chuva arrastam resíduos e formam 'tapete' de lixo em igarapé de  Manaus | Amazonas | G1

Em Manaus, a poluição dos igarapés já é revoltante

José Luiz Alquéres
Diário de Petrópolis

Em 1964, fui pela primeira vez a Manaus. Era uma cidade isolada. Fiquei hospedado no Hotel Amazonas, que conhecia de anúncios pitorescos na revista Reader’s Digest. Lá, ele aparecia como algo no meio da floresta, ao lado de uma arara, sugerindo um ambiente exótico e primitivo. Era um anúncio tão convincente que o pessoal do hotel costumava dizer que era comum turistas desembarcarem com aquela indumentária de ingleses a caminho de um safári.

A realidade era diferente: o hotel ficava numa rua central de Manaus, tipicamente um edifício urbano. O que ainda era primitivo era o interior do estado, como pude comprovar viajando numa “gaiola”, visitando comunidades ribeirinhas.

BRASIL GRANDE – Logo depois, começou aquela febre de Brasil grande. O asfaltamento da Belém-Brasília, rodovia Transamazônica, Perimetral Norte, Suframa, Basa, Zona Franca de Manaus, Sudam, agrovilas e um festival de iniciativas e alocação de subsídios que, desde então, vêm incessantemente destruindo os ambientes naturais.

Como era de se esperar, o subsídio, ao injetar dinheiro barato em uma economia frágil, atrai contingentes populacionais com custos de produção gravosos e alto potencial de destruição de ambientes naturais para a região que recebe tais subsídios.

Em 1970, seis anos após aquela primeira visita, lembro de ter constatado uma degradação perceptível nos ambientes urbanos, naturais e na própria população. No censo daquele ano, a região Norte já respondia por cerca de cinco por cento da população nacional.

SALVAR A AMAZÔNIA – Nos 50 anos subsequentes, o processo de degradação se acelerou, pois a sanha de direcionar subsídios para aquela região, cristalizada na Constituição de 88 e recentemente expandida, hoje já faz detectar mais de 25 milhões de habitantes na Amazônia legal, conforme tem apregoado o presidente da república e os políticos locais, muito animados em atrair, com a realização da COP 30 da ONU, recursos para “salvar a Amazônia”.

A Amazônia que receberá a conferência da ONU é, portanto, o mostruário de tudo que não se deve fazer em matéria de desenvolvimento ambiental. Certamente é a maior destruição já vista em uma época que, supostamente, a consciência ecológica deveria prevenir tal tipo de desastre.

Hoje, vivem na região cerca de 12,5% da população brasileira, um ganho estrutural muito significativo nos últimos 50 anos, mostrando que para lá se dirigem correntes migratórias internas do país.

CONTRABANDO – Por outro lado, isso em nada auxilia na inviolabilidade das nossas fronteiras, pois por essa região flui contrabando de toda sorte. As Forças Armadas, que nos últimos séculos haviam garantido nosso território, têm sido profundamente penalizadas por cortes de verbas.

O grande fotógrafo Sebastião Salgado, um dos maiores conhecedores da Amazônia e autor de um incomparável acervo fotográfico da natureza e das populações indígenas, costuma apontar em suas palestras que o mais importante trabalho de assistência às populações e controle de fronteiras é efetuado pelas Forças Armadas.

POLÍTICAS ERRADAS – É lamentável, por fim, constatar que esses males aos quais se somam o garimpo ilegal, a poluição dos rios, a escandalosa exportação de madeiras e tantos outros são consequências diretas ou indiretas de políticas públicas.

Essas políticas continuam vigentes, enriquecendo políticos locais e outros atores que concentram essa renda transferida através de subsídios, dos quais o mais recente capítulo é a sucessão de coincidências: Eletrobras vendendo térmicas para empresa Âmbar, medida provisória três dias após concedendo subsídios para a energia produzida por estas usinas e, na semana seguinte, a Âmbar compra a Amazonas Energia, destino final de mais de 10 bilhões de subsídios para indenizar energia e combustíveis pagos à Petrobras.

Essa conta recairá em todos nós, consumidores de energia do resto do país. Como vemos, em matéria de “greenwashing”, podemos ser campeões mundiais.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGImpressionante artigo, enviado por Mário Assis Causanilhas, demonstra como os sucessivos governos erram na gestão da Amazônia. E alegam que a estão salvando, igual à democracia. Reina a desfaçatez. (C.N.)

Bancada Agro tem viés de oposição, não importa quem esteja no governo

A agrônoma que venceu o preconceito na política e virou ministra da  Agricultura - Revista Globo Rural | Agro É Delas

Tereza Cristina diz que MST atrapalha a atuação do governo

Renata Agostini e Lauriberto Pompeu
O Globo

 Uma das principais lideranças do agronegócio no Congresso, a senadora Tereza Cristina (PP-MS) reconhece que o governo Lula mudou o tom com o setor. Em entrevista ao Globo, a ex-ministra de Jair Bolsonaro pondera, contudo, que a proximidade do PT com o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e a postura hostil no debate ambiental ainda são obstáculos para um maior aproximação com o setor.

A relação do governo Lula com o agronegócio segue difícil. Por quê?
A postura inicial do governo foi ruim. Houve falas hostis. Lula ter colocado o MST na pauta prioritária dele, voltando com negócio de invasão, dando uma conotação de que o MST era um movimento legal. Os produtores rurais não aceitam a insegurança que a invasão em terra produtiva traz. Mas tenho de reconhecer que eles (o governo) têm feito um esforço.

Foram dois Plano Safra com valores recordes. Isso ajudou
É um esforço que a bancada reconhece. Agora, é um setor que vem puxando a economia. O agro tomou uma dimensão que não tinha nos governos anteriores do presidente Lula. O governo se esforçou para colocar mais recursos.

O governo vê a bancada ruralista com predisposição para criticá-lo.
A bancada realmente tem viés de oposição maior. Eu tenho esse perfil do equilíbrio, do diálogo. Quando vou no ministro Fávaro (Agricultura) ou no ministro Haddad (Fazenda), sou muito bem recebida. Agora, algumas pautas precisamos alinhar. Temos um problema sério de invasões. Não é culpa do governo, mas ele também não se mexeu. O produtor do Brasil é o único que tem reserva legal privada compulsória, uma obrigação do Código Florestal. Ainda assim, vemos parte do governo atacando os produtores. Só 2% cometem crimes ambientais e colocam todos na mesma cesta. Os produtores se sentem mal com isso. Não vemos defesa lá fora do produtor rural.

Falta defesa do próprio presidente Lula?
Não sei dizer. Ele tem se esforçado ultimamente, ele mudou um pouco o tom dele.

Por que a senhora acredita que isso ocorreu?
Ele vê que para aprovar qualquer projeto na Câmara hoje é preciso a FPA. São mais de 300 deputados e eles têm votado de forma muito coesa. O senador é mais individualista que o deputado, mas (a frente) vem crescendo no Senado também. É uma questão de sobrevivência, o governo precisa estar mais junto.

As novas revelações da PF no caso das joias e da ‘Abin Paralela’ mudaram a imagem que a senhora tem de Bolsonaro?
Esse processo ainda está sendo analisado. Prefiro aguardar o encaminhamento da defesa do presidente. O presidente é um homem probo. Fui ministra dele. Ele nunca me pediu para nomear uma pessoa que não fosse boa. Então, não posso fazer ilações. Lula há algum tempo estava na cadeia. Não foi inocentado, mas os processos caíram e ele é hoje o presidente.

As revelações colocam em xeque a posição de Bolsonaro como principal líder da direita?
Para o eleitor bolsonarista, não. Eles confiam nele e acham que ele está sendo perseguido.

A senhora apoia o projeto de anistia para quem participou do 8 de Janeiro?
Tem muita gente que não ia fazer golpe nenhum. Claro que os que praticaram a quebradeira precisam ser punidos. Prenderam um monte de gente sem saber. Há injustiças e vamos ter de corrigir isso.

Essa PEC pode abrir espaço para blindar Bolsonaro de persecuções penais.
No 8 de Janeiro. Não estou falando de inelegibilidade.

Se Bolsonaro seguir inelegível, quem deve ocupar esse espaço?
Hoje, o nome mais falado é do governador Tarcísio de Freitas. Mas aparecem outros: Ratinho Júnior, Romeu Zema, Ronaldo Caiado. Lá na frente, precisaremos ter a maturidade para ver o melhor nome.

A senhora era opção de vice para Bolsonaro em 2022, mas Braga Netto foi escolhido. Em 2026, se for chamada, participará da chapa presidencial?
Está muito cedo, tudo isso ainda são conjecturas, mas se eu puder contribuir… Seja como candidata ou no processo, quero contribuir com o país. O nome mais consolidado (como candidato a presidente) é do Tarcísio de Freitas.

Michelle Bolsonaro está dentre as possibilidades?
Ela é super bem avaliada, carismática, tem apelo muito grande na direita. Está no páreo, sim.

O nome da direita em 2026 terá de passar pela bênção de Bolsonaro?
Sim, ninguém escapa disso. O apoio dele é fundamental para o nome se eleger.

Muitos falam que a corrida pela sucessão de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) no Senado já está definida a favor de Davi Alcolumbre (União-AP). Qual a sua avaliação?
Até agora não surgiu outro candidato.

A oposição vai apoiá-lo?
Tem a possibilidade.

A senhora é relatora da PEC que propõe mandatos para ministros do STF. Vai avançar?
Meu grupo técnico já fez um apanhado, olhamos vários países, as mais diferentes configurações. Já fiz um plano de trabalho. A ideia é votar antes do final do ano.

Pacheco se comprometeu a votar nesse prazo?
Sim, se comprometeu. Não tem afronta (ao STF). É uma modernização. Precisamos ter voto, meu relatório tem que ser bom, mas isso vai caminhar. Se vai parar na Câmara, eu não sei.

Kamala consolida candidatura, e o debate se volta para escolha de seu vice

A imagem mostra Kamala em pé atrás de um púlpito, fazendo gestos com as mãos enquanto fala. Ela está vestindo um blazer escuro e tem cabelo castanho. Ao fundo, há bandeiras dos Estados Unidos e um painel com a inscrição 'HARRIS for PRESIDENT'. Um fotógrafo está capturando a cena.

Aumento das doações demonstra o apoio dos democratas

Fernanda Perrin
Folha

Kamala Harris se consolidou nesta segunda (22) como a substituta de Joe Biden na disputa pela Casa Branca contra Donald Trump. Nenhum outro nome relevante do Partido Democrata veio a público desafiar sua candidatura, endossada pelo próprio presidente e pela maior parte da legenda.

O clima de triunfo era visível em seu primeiro discurso de campanha, feito no início da noite desta segunda no local onde até o último domingo (21) era a sede da campanha Biden-Harris. “O bastão está nas nossas mãos”, disse Kamala, que foi introduzida ao som de “Freedom”, de Beyoncé.

PELO TELEFONE – Joe Biden, isolado em Rehoboth Beach em razão da Covid-19, participou por telefone. O presidente agradeceu a equipe e disse que continuará “totalmente engajado” na campanha. “Eu estou de olho em você, menina. Eu amo você”, disse ele a Kamala.

Todos os 23 governadores democratas, incluindo cotados para a vaga de Biden como J.B. Pritzker (Illinois) e Gretchen Whitmer (Michigan), declararam apoio a Kamala. No Congresso, 181 dos 212 deputados e 41 dos 47 senadores fizeram o mesmo, segundo monitoramento feito pelo New York Times.

Um dos nomes mais importantes a vir a público apoiá-la nesta segunda foi a ex-presidente da Câmara Nancy Pelosi. A lendária líder democrata operou nos bastidores para que Biden desistisse, mas havia permanecido em silêncio no domingo sobre quem endossaria. “Tenho plena confiança de que ela nos levará à vitória em novembro”, afirmou em nota divulgada nesta segunda.

DOADORES DISPARAM – Tão importante quanto o apoio do partido é o de doadores: foram US$ 81 milhões nas 24 horas após Kamala lançar-se candidata – um recorde, segundo a campanha. A equipe diz que contribuíram com esse montante 888 mil pequenos doadores, sendo que 60% deles fizeram uma doação pela primeira vez neste ano.

A esse montante se somam os US$ 150 milhões levantados de grandes doadores pelo comitê de arrecadação (conhecido como PAC, na sigla em inglês) Future Forward, de acordo com o site Politico.

A demonstração de união dos democratas sucede semanas de conflitos internos em torno da candidatura de Biden, em que a imagem dividida do partido contrastou negativamente com o domínio total de Donald Trump sobre os republicanos na convenção nacional do partido, realizada na semana passada.

FALTA O VICE – Conforme Kamala se firma como a candidata democrata, a discussão se volta para quem será o vice na chapa do partido. Seguindo a estratégia clássica de alguém com perfil complementar, as apostas são um homem branco –preferencialmente de um estado-pêndulo.

Os principais cotados para vice, por ora, são os governadores Andy Beshear (Kentucky), Roy Cooper (Carolina do Norte), Josh Shapiro (Pensilvânia) e Pritzker. Outro nome citado é o senador Mark Kelly (Arizona), cujas credenciais de militar e astronauta reluzem aos olhos democratas.

“Eu quero que o povo americano saiba o que é uma pessoa do Kentucky e como ela se parece, porque deixa eu eu te dizer, J.D. Vance não é daqui”, afirmou Beshear em entrevista à MSNBC nesta segunda, em um ataque ao vice de Trump nascido em seu estado.

Não precisamos de políticos imbrocháveis nem que tenham tesão de 20 anos…

“Quem achar que o Lulinha está cansado, pergunte para a Janja”, diz Lula

Lula continua a ser o rei das declarações com baixarias

Becky S. Korich
Folha

Em 1991, o então presidente Fernando Collor de Mello declarou que tinha nascido com “aquilo roxo”, para enfatizar sua força e masculinidade. Sua “macheza” não foi suficiente para impedi-lo de ser triturado em um processo de impeachment.

Passados mais de trinta anos, nada mudou. Em 2022, Jair Bolsonaro repetiu cinco vezes o termo “imbrochável” para afirmar sua virilidade, em um discurso na Esplanada dos Ministérios durante a celebração do 7 de Setembro, sugerindo uma suposta potência sexual inabalável. Em maio de 2021, ele tinha ido ainda mais longe: “Fique tranquilo. Já falei que sou imorrível, imbrochável e também sou incomível”. Só faltou o inelegível nessa lista.

LULA TESUDO – Quando pensávamos que estaríamos livres do palavreado chulo e da retórica sexualizada, o Presidente Lula não se conteve: quis ser tão potente e viril quanto o seu antecessor. Recentemente, em um evento em São Paulo, fez questão de declarar que dispõe de uma tenacidade (sexual) de um jovem de vinte anos e ainda cometeu a indelicadeza de expor sua mulher:

“Quem achar que o Lulinha está cansado, pergunte para Janja. Ela é testemunha ocular. Quando eu falo que eu tenho 70 anos de idade, energia de 30 e tesão de 20, eu estou falando com conhecimento de causa”.

Em setembro do ano passado, antes mesmo do efeito Biden, Lula fez uma declaração no mínimo capacitista depois de passar por uma cirurgia: “O Ricardo Stuckert [fotógrafo oficial da Presidência] não quer que eu ande de andador. Ele já falou: ‘Não vou filmar você de andador’. Então significa que vocês não vão me ver de andador, de muleta. Vão me ver sempre bonito, como se eu não tivesse sequer operado.”

CORINTIANO – A gafe mais recente, em tom de piada com o que não se brinca, foi sobre a violência contra as mulheres que aumentam depois dos jogos de futebol, “se o cara é corintiano, tudo bem”. Isso está mais para uma conversa de bar entre machos do que uma declaração presidencial.

Ninguém precisa de garanhões insaciáveis no governo. Não precisamos de presidentes imbrocháveis, joviais, viris, imbatíveis; não são essas as “forças políticas” que vão fazer um país melhor.

Não nos interessa saber o nível de testosterona dos nossos dirigentes, não temos mais paciência nem estômago para as autoproclamações de virilidade – que mais nos dão a sensação de falta do que de plenitude.

EMPODERADOS – Homens “do poder” precisam aprender a ser homens “empoderados”. Aprender a não diminuir as mulheres para se sentirem grandes; a ficar calados quando o silêncio é mais precioso; a ser fortes a ponto de não precisar agredir para demonstrar força; a ser corajosos para assumir suas próprias falhas e, por que não, suas brochadas.

Homens públicos empoderados pensam antes de falar; não precisam gritar para serem ouvidos; conseguem ouvir vozes mais fracas; fazem de tudo para que as mulheres tenham as mesmas oportunidades, sem se sentirem ameaçados. Homens empoderados torcem por mais mulheres empoderadas.

O macho de verdade respeita as escolhas sexuais não só das mulheres como de todas as pessoas; não expõe sua intimidade (principalmente quando envolve a de outra pessoa); não precisa publicar no jornal suas peripécias sexuais; não tem medo de pedir ajuda quando precisa, de falar “eu não sei” ou “eu errei”.

PODE BROCHAR – Macho de verdade não tem medo de brochar. A política não é um palco para os homens reafirmarem sua masculinidade.

 Mas, infelizmente, o cenário político se tornou um campo especialmente atraente para os homens reforçarem seu status de masculinidade. Nesse contexto, as posturas e políticas masculinas refletem qualidades que podem ser consideradas relevantes nos domínios da segurança nacional e da política no geral.

Isso faz com que alguns homens se sintam impelidos a seguir um padrão implacável de masculinidade, para não correrem o risco de perder seu status de “homens de verdade”. É aqui que reside a masculinidade frágil.

OUTRAS QUALIDADES – A masculinidade real não se caracteriza pela agressividade e força, ela necessariamente inclui qualidades como civilidade, respeito e cuidado. Na política, que ainda é predominantemente composta por homens e onde o “mais forte vence”, os líderes masculinos devem reunir todas as suas forças para modelar essa versão mais positiva da masculinidade.

Para merecer o cargo, um líder precisa se adaptar às mudanças na mesma velocidade em que elas acontecem. Por mais que tente se superar, Lula se mantém como um homem de seu tempo, moldado por uma sociedade estruturalmente machista. Suas falas infelizes provam a dificuldade que tem para atualizar as referências sobre as mulheres e sobre o papel do homem de hoje.

Não é questão de idade, muito menos de virilidade. Para esse tipo de derrapada, não há Viagra que resolva.

Renúncia de Biden muda a dinâmica da eleição norte-americana

Harris sai à frente como favorita para assumir a candidatura

Pedro do Coutto

Sentindo a reação dos democratas, inclusive com o pronunciamento de Barack Obama ao New York Times, para que retirasse a sua candidatura à Presidência dos Estados Unidos, Joe Biden se afastou deixando um vazio a ser preenchido por Kamala Harris. Biden anunciou neste domingo a sua desistência à reeleição e apoio à vice-presidente. A decisão muda totalmente a dinâmica da eleição e pode representar um novo momento para o Partido Democrata.

Em um comunicado no X, Biden anunciou que cumprirá o seu mandato até janeiro de 2025. “Foi a maior honra da minha vida servir como seu presidente. E embora tenha sido minha intenção buscar a reeleição, acredito que é do melhor interesse do meu partido e do país que eu me afaste e me concentre exclusivamente em cumprir meus deveres como presidente pelo restante do meu mandato”, escreveu.

DEBATE – A crise na campanha de Biden começou no fim de junho, quando ele teve um mau desempenho em um debate contra Donald Trump. À época, a capacidade cognitiva do presidente foi colocada em dúvida. A decisão de Biden também pode ter sido influenciada pelo comportamento dos doadores de campanha, que começaram a se retrair após o debate.

Apesar de Biden não ser um homem dado a desistir dos obstáculos que surgem pela frente, nesse caso teve que ceder às fortes pressões. É um momento sem precedentes e a atenção se volta totalmente para o Partido Democrata. Kamala Harris é a favorita e a campanha de Trump já se prepara para essa possibilidade..

Pelo fato de ser vice-presidente, Kamala desfruta de uma legitimidade maior nesse momento. Mas o Partido Democrata não é homogêneo e uma coisa que o Biden tinha era que ele conseguia unir o partido inteiro.  Agora a bola está de novo com os democratas e este pode se tornar um momento de força para o partido.  Assim se escreve mais um capítulo da nação americana, símbolo da democracia e do compromisso com a realidade que se coloca novamente como um desafio a ser preenchido por uma candidata apta e capacitada.

Na poesia de Adélia Prado, está sempre amanhecendo na casa de seu pai

Não tenho tempo pra mais nada, ser... Adélia Prado - PensadorPaulo Peres
Poemas & Canções

A mineira Adélia Prado, vencedor dos principais prêmios de literatura em língua portuguesa neste ano, mostra neste poema que podemos sentir, a qualquer hora, um novo amanhecer que servirá para perpetuar os acontecimentos felizes daquele dia ou, caso contrário, para esquecermos o dia anterior.

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IMPRESSIONISTA
Adélia Prado

Uma ocasião,
meu pai pintou a casa toda
de alaranjado brilhante.
Por muito tempo moramos numa casa,
como ele mesmo dizia,
constantemente amanhecendo.

Entenda por que Obama não endossou Kamala ao saudar decisão de Biden

Obama faz piada e chama Biden de 'vice-presidente' durante visita à Casa  Branca | Jovem Pan

Obama sabia que Joe Biden não tinha mais condições

Glenn Thrush
The New York Times/Folha

Muitos dos principais políticos democratas endossaram a candidatura à Presidência dos Estados Unidos da atual vice, Kamala Harris, já no domingo (21), após o presidente Joe Biden anunciar que havia desistido da corrida pela Casa Branca. Mas uma presença imponente no partido estava visível e propositadamente ausente entre esses nomes: Barack Obama.

O ex-presidente ainda não apoiou publicamente Kamala. Na verdade, ele não a mencionou nenhuma vez no tributo afetuoso e cuidadosamente escrito a Biden publicado em sua conta no Medium logo após o presidente afirmar que não tentaria uma reeleição.

QUERIDO AMIGO – “Joe Biden tem sido um dos presidentes mais influentes da América, além de um querido amigo e parceiro para mim”, escreveu Obama. O ex-presidente escolheu Biden como vice em 2008 porque queria um companheiro de chapa mais velho, mais experiente, com “cabelos grisalhos” e ambições presidenciais futuras limitadas, disse ele na época.

“Navegaremos por águas desconhecidas nos próximos dias”, escreveu Obama na publicação. “Mas tenho uma confiança extraordinária de que os líderes do nosso partido serão capazes de criar um processo do qual surgirá um candidato excelente.”

Republicanos interpretaram isso como um desprezo. Mas pessoas próximas a Obama, que se posiciona como um estadista imparcial acima de esquemas partidários, disseram para não dar muita importância a isso —e afirmaram que ele não tinha nenhum candidato alternativo em mente quando decidiu não endossar Kamala imediatamente.

MESMA POSTURA – Obama adotou uma postura idêntica há quatro anos, quando os assessores de Biden o pressionaram por apoio nas primárias democratas antes que Bernie Sanders desistisse. A frase favorita de Obama na época era “Eu não quero influenciar a balança”.

Segundo pessoas próximas a Obama, endossar muito cedo agora também seria um erro político —alimentaria críticas de que a indicação de Kamala, caso aconteça, foi uma coroação em vez de um consenso possível já feito sob circunstâncias apressadas, já que as eleições são em novembro.

Em vez disso, Obama vê seu papel como o de ajudar a unir o partido rapidamente, assim que tiverem um candidato, disse uma pessoa familiarizada com o assunto.

OUTROS ASPECTOS – Há, no entanto, outras considerações pessoais que deixam mais visível a típica cautela de Obama.

Biden é um homem profundamente orgulhoso, e ele nunca perdoou completamente Obama por apoiar silenciosamente a ex-secretária de Estado Hillary Clinton na campanha de 2016. O atual presidente ainda acredita que poderia ter vencido o republicano Donald Trump naquele ano se tivesse tido a chance. Biden também não ficou satisfeito quando Obama lhe aconselhou a considerar ficar de fora em 2020, disseram pessoas de seu círculo.

Por fim, Obama queria que o domingo fosse sobre Biden, uma celebração de suas conquistas — e não se sente pressionado a agir precipitadamente, de acordo com um ex-funcionário da Casa Branca que fala regularmente com o ex-presidente.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Nada de novo no front ocidental. Em todas as relações humanas sempre há arestas e desentendimentos. Na política, então, o que há de controvérsias entre correligionários não está no gibi, como se dizia antigamente. (C.N.)

Generais mentiram ao depor sobre golpe, para não sujar as suas carreiras

Tribuna da Internet | Receio de golpe militar é patologia grave, da qual o Brasil não se livra

Charge do Alpino (Yahoo Notícias)

Carlos Newton

Comentamos, aqui na Tribuna da Internet, que a Polícia Federal está tendo dificuldades para fechar a investigação sobre o golpe de estado que o então presidente Jair Bolsonaro e o general Braga Netto pretendiam concretizar. O ponto fora da curva refere-se aos depoimentos dos principais chefes militares envolvidos – os generais Marco Antonio Freire Gomes, comandante do Exército, e Estevam Theofilo, que detinha o controle efetivo das tropas, como chefe do Comando de Operações Terrestres (Coter), o mais importante e estratégico cargo do Exército.

Até agora, a Polícia Federal não descobriu quem está mentindo ou se os dois generais estariam mentindo, o que seria mais grave ainda. E o que causa maior estranheza é que Freire Gomes e Estevam Theofilo ainda não tenham sido chamados a depor novamente.

REUNIÃO NO PLANALTO – As investigações sobre as articulações mostram que o golpe quase chegou a se concretizar, quando os três comandantes militares foram chamados ao palácio, para serem consultados pelo presidente Bolsonaro sobre a posição das Forças Armadas, caso houvesse a assinatura de uma medida drástica (estado de emergência, estado de sítio ou garantia da lei e da ordem) que anulasse a eleição de Lula.

0 comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, mostrou-se totalmente favorável, mas o comandante da Aeronáutica, Baptista Júnior, posicionou-se contra. A questão foi decidida pelo general Freire Gomes. Além de responder negativamente quanto à medida de emergência, aventou a possibilidade de o presidente Bolsonaro ser preso, caso tentasse anular a eleição de Lula. Tudo isso é conhecido e verdadeiro.

A posição do general surpreendeu Bolsonaro, porque ele e o general Braga Netto tinham escolhido a dedo e  nomeado para comandar as Forças Armadas justamente os oficiais mais inimigos do petismo. Assim, esperava que eles apoiassem incondicionalmente o golpe, como fez o almirante Garnier.

ALTO COMANDO – Acontece que nenhum oficial-superior manda no Exército Brasileiro. Quem decide essas situações-limites é o Alto Comando, formado por 16 generais, e a grande maior foi contra o golpe.

As investigações indicam, mas não provam, que o comandante Freire Gomes e o general Estevam Theofilo inicialmente eram a favor do golpe, caso as urnas estivessem fraudadas. O comandante levou o assunto ao Alto Comando, que não aceitou como argumento a suspeita às urnas eletrônicas, e fim de papo.

Assim, tudo indica que os dois generais estão mentindo, porque não querem sujar as biografias. E as posições deles favorecem Bolsonaro e Braga Netto, porque tumultuam o inquérito e evitam que as investigações tenham um desfecho.

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P.S. –
Não há explicação para o fato de o general Estevam Theofilo ter ido se reunir com Bolsonaro  sozinho, sem pedir autorização a seu comandante. E também não há explicação para o fato de o general Freire Gomes não lembrar se Theopilo depois foi à sua casa, à noite, para relatar o que acontecera na reunião com Bolsonaro. Em tradução simultânea, está claro que os dois generais estão mentindo descaradamente. E assim fica cada vez mais difícil concluir a investigação do inquérito do fim do mundo, aquele que começou há cinco anos e não acaba nunca.
(C.N.)

Santa Inquisição pretendia matar hereges medievais, acabou perseguindo mulheres

A Inquisição Medieval

A Inquisição Medieval foi um período de trevas sinistras

Luiz Felipe Pondé
Folha

Se fosse um religioso, o que não sou, minha total simpatia iria para esses hereges medievais, que se diziam os ‘bons homens’. Afinal, de onde surgiu o mal? Sei que é comum se descartar essa questão como sendo bobagem. Tudo é relativo, logo, não existe o mal nem o bem, nem o certo e o errado. Qualquer bom cético considera esse tipo de afirmação, quando feita de forma gloriosa, coisa de iniciante. A origem do mal sempre preocupou a filosofia e as religiões.

Eu posso, por exemplo, assumir que aquilo que chamamos de “o mal” nada mais seja do que a descrição aterrorizada dos efeitos da contingência cega sobre nós. Tese consistente e que, a propósito, o filósofo da religião Mircea Eliade, no século 20, dizia ser a causa primeira das religiões, “o terror da contingência”.

SAUDADES DE DEUS – A natureza do mal, enfim, a causa do mundo ser como é —um lugar de dor e morte— sempre foi objeto de reflexão no cristianismo. Se por um lado sinto saudades de Deus, como diz uma personagem no filme de Manuel de Oliveira “O Convento”, por outro, o Diabo me parece mais fácil de crer.

Vou dizer hoje para você que, se eu fosse um religioso, o que não sou, minha total simpatia iria para os hereges cátaros medievais, dos séculos 12, 13 e 14. Seu epicentro geográfico foi o sul da França e o norte da Itália, e seu primos, os bogomilos, eram dos Bálcãs, região da Bulgária e da Romênia.

Me parece que esses cristãos sombrios, em meio ao universo das teologias existentes, tinham razão sobre o mundo e os atormentados que nele habitam.

INQUISIÇÃO – A famosa Santa Inquisição foi sistematizada e posta em prática para matar os cátaros —e não, como pensa o senso comum feminista, para perseguir mulheres, apesar de que, claro, matou muitas mulheres, principalmente as cátaras. Bernardo Gui foi, talvez, o maior inquisidor envolvido nas fogueiras que queimaram os cátaros.

A palavra “cátaro” vem do grego “katharói”, que pode ser traduzido por “puros”. Eles nunca usaram o termo para si mesmos, mas a inquisição os chamou de cátaros, e assim ficou. Eles se referiam a si mesmos como “bons homens” e “boas mulheres”.

Seria impossível aqui entrar nos meandros sociais, políticos, econômicos e pastorais que a igreja cristã cátara significou. Apenas deixemos claro que reis e a igreja romana os perseguiram e mataram em guerras e fogueiras por quase três séculos.

CRIAÇÃO DO MUNDO – Concentremo-nos na sua teoria da criação do mundo. Mas, antes de tudo, que fique claro que a espiritualidade cátara se fundamentava numa experiência existencial evidente e não em mera filosofia, catequese ou escrituras sagradas. A experiência do mal se impõe como fato inquestionável no mundo e nos corpos.

Nossos hereges eram dualistas. Dualismo é uma teoria segundo a qual existem dois princípios criadores que atuam na realidade —portanto, não um deus único. Um principio da realidade visível e um da invisível. Matéria versus espírito ou alma, basicamente.

O dualismo na herança cristã antiga e medieval tem cauda longa. Desde os agnósticos nos primeiros séculos, passando pelos maniqueus persas pouco depois, até os bogomilos e cátaros na Idade Média, os dualistas cristãos acreditavam —e existem textos “revelados” sagrados deles que atestavam essa crença— que o mundo material foi criado por um deus mau e por isso existe a morte, o envelhecimento e a violência da natureza e do cosmos que esmaga todos os corpos.

DEUS BOM – Já o mundo invisível, imaterial e perfeito foi criado por um deus bom que enviou o Cristo, puro espírito, para nos pôr a par da tragédia.

Somos fruto dessa dualidade: um corpo precário que prende um espírito a princípio livre. Anjos que, na sua inveja de Deus, tombaram no abismo que é esse mundo físico. A reprodução era proibida a fim de negar ao Diabo mais vítimas.

A propósito, esse dualismo existe no islã também. A etnia iazidi, chacinada pelo califado do Estado Islâmico no passado recente —ninguém deu a mínima bola na época—, partilha de cosmologia semelhante. Uma comunidade iazidi vive em paz na Armênia. Um anjo mau recebeu de Alá o direito de fazer o que quisesse conosco e com o mundo. Para os cátaros, esse anjo mau era o Diabo, claro.

Vivesse eu no sul da França ou no norte da Itália entre os séculos 12 e 14, provavelmente simpatizaria com os cátaros.

Objetivo do governo é haver pelo menos um grande cassino em cada Estado

Cassino no Casamento: um pouco de Las Vegas na sua Festa

A roleta ainda é o jogo mais popular dos cassinos

Lucas Schroeder e Henrique Sales Barro
CNN São Paulo

O ministro do Turismo, Celso Sabino, disse à CNN, nesta segunda-feira (15), que, uma vez sancionado o projeto de lei (PL) que legaliza os jogos de azar, o governo trabalha com a expectativa de haver um resort integrado por estado.

Resorts integrados são hotéis que oferecem uma ampla gama de serviços e instalações voltadas ao entretenimento dos hóspedes. E entre as instalações ofertadas, estão os cassinos.

INVESTIMENTOS – “Apenas um empreendimento vai mobilizar mais de R$ 1 bilhão para sua implantação. Nós pretendemos ter pelo menos um (resort integrado) em cada estado da federação”, afirmou Sabino em entrevista ao programa Bastidores CNN.

“Haverá estados que poderão ter mais de um, dado o seu tamanho territorial e população”, complementou o ministro.

Os resorts integrados, segundo o Sabino, permitirão que o Brasil “seja igual aos outros países do mundo que já permitem a exploração” de jogos de azar, como Estados Unidos, Uruguai, Paraguai e Argentina, que recebem brasileiros em busca da atividade.

RESTRIÇÕES – A aprovação desse projeto não vai permitir que qualquer pessoa entre em qualquer bodega e possa fazer jogos de azar. Só dentro daquele lugar (resort integrado) e dentro de uma área específica daquele local que vai poder ter jogo de roleta, jogo de baralho, jogo de dados…

O PL dos Jogos de Azar já foi aprovado pela Câmara dos Deputados – no primeiro semestre de 2022 – e, agora, tramita no Senado Federal.

Em discussão há mais de 30 anos, o projeto prevê, além de cassinos em resorts e hotéis de alto padrão, a legalização do jogo do bicho e de apostas em corridas de cavalo fora de hipódromos.

O QUE FALTA – Em junho, a proposta foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa. Agora, restam a votação no Plenário e, posteriormente, a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), já declarou que a votação deve ocorrer após o recesso parlamentar – que vai de 17 de julho a 1º de agosto. À CNN, Sabino defendeu que o processo pelo plenário ocorra já “nas primeiras semanas de agosto”.

“Fizemos um projeto bem amarrado, que conseguiu vencer as barreiras da Câmara. Imagino que os senadores da República terão também esse compromisso”, afirmou.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGEspera-se que não haja novos boicotes de todas as igrejas reunidas em coalizão. Já é hora de parar com essas criancices e deixar os adultos viverem suas vidas conforme desejarem. Aqui, você pode apostar em todo tipo de jogo pela internet. Chega de hipocrisia. (C.N.) 

Seus problemas acabaram! A GloboNews vibra com Kamala substituindo Joe Biden

Pesquisa indica que Kamala Harris poderia vencer Trump

GloboNews já tem pesquisa com Kamala na frente de Trump

Vicente Limongi Netto

O sol voltou a brilhar na agitada GloboNews. Passarinhos cantam nas janelas da redação. Os teclados dos computadores e tablets, que andavam tristes e insatisfeitos, irritados de ver o fogoso Donalt Trump com seu elegante esparadrapo na orelha, abandonaram a letargia. Agora dançam felizes, como criança que ganhou pirulito.

A música “Alegria, alegria”, de Caetano Veloso, é o oxigênio da esperança. Cantarolam pelos corredores da emissora “caminhando contra o vento, eu vou”. Com emoção e ternura contagiantes. Rapazolas e moçoilas contornam o vento e garantem que agora vai. Sem GPS é brabo saber para onde.

O ser humano é mesmo frívolo. Carregavam Joe Biden no peito, como Milton Nascimento embala os amigos. A ordem dos porra-loucas de veneta é tirar Trump do caminho. De repente, como um raio, a vice Kamala Harris agora é a bola da vez. A salvação da lavoura. Como leões esfomeados, levam a sorridente Kamala para o matar ou morrer, em novembro. O show da luxúria promete emoções nunca vistas. 

CRUZADA DO BEM – Incansável, a jornalista Ana Dubeux (Correio Braziliense – 21/07) prossegue na cruzada do bem, repudiando a escória de canalhas e covardes que agridem e até matam mulheres. Doentes de ciúmes, tomados por abissal ignorância, recalque e desprezo pela vida alheia.

A violência desses monstros cresce assustadoramente. Muitas mulheres vivem em pânico. Sabem que o estúpido com quem vivem pode de uma hora para outra, acabar com a vida delas. Deixam crianças sofrendo, sem esperanças de paz na vida. O álcool e as drogas são porteiras do inferno. É sabido que mulheres têm medo de denunciar que são agredidas. Quase diariamente. São tragadas pelo medo. O crápula pede perdão e levam as companheiras na conversa.

 Leis em defesa das mulheres são desencontradas e enchem páginas do computador. Na realidade, fracas e incapazes de conter a covardia. No duro mesmo, sem dó nem piedade, a solução é cadeia severa e exemplar para os assassinos de mulheres. Sem a tolice de audiência de custódia. Se o acusado tiver posses, sai flanando, cinicamente. Pronto para escolher a próxima vítima.

UM MAESTRO – O bom senso recomenda que o técnico Dorival Junior esteja acompanhando a boa forma, física e técnica do cerebral meia Paulo Henrique Ganso. Trabalhou com Ganso no Santos, sabe quanto ele pode render e produzir pelo time.

Contra o Cuiabá, Ganso mostrou que é como o vinho, quanto mais velho, melhor. Ganso é gênio. Descobre espaços que só ele e a bola conhecem. Altera e impõe o ritmo do jogo. Mantém a bola com o time. Mestre em passes curtos e longos. Orienta o time.

Deixou tontos os zagueiros mais o goleiro, com a primorosa deixada para o garoto Kauã marcar o gol tricolor.

Começou o embate entre Lula e Tarcísio  pela sucessão de 2026. Comprem pipoca…

A conciliação na política brasileira (por André Gustavo Stumpf) | Metrópoles

A amizade terminou e agora começa a pancadaria

Caio Junqueira
CNN

Os movimentos dos dois potenciais candidatos à Presidência em 2026 têm sido desde o começo de 2023 de aproximações e afastamentos. Mas uma manifestação da Advocacia-Geral da União (AGU) atacando o processo de privatização da Sabesp esquentou a relação entre Lula e Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo.

A AGU, ligada a Lula, reafirmou por escrito ao Supremo Tribunal Federal suspeitas do PT de que uma das principais bandeiras da gestão Tarcísio, a venda da Sabesp, tem irregularidades morais e éticas. Isso deflagrou um movimento de ataques de lado a lado nos bastidores.

OBRAS DE TARCÍSIO – Esse movimento cresceu ao longo do dia com outro episódio: a ida de Lula a São Paulo para anunciar obras que haviam sido formuladas por Tarcísio quando era ministro de Bolsonaro.

Lula convidou Tarcísio para o ato, mas Tarcísio não foi. E Lula atacou Tarcísio por ele não ter ido.

Os movimentos dos dois potenciais candidatos à Presidência em 2026 têm sido desde o começo de 2023 de aproximações e afastamentos. Mas tem ficado mais claro que, quanto mais a eleição presidencial de 2026 se aproxima, mais eles se afastam.

A possibilidade de Tarcísio de Freitas ser candidato ao Palácio do Planalto em 2026 e concorrer contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi avaliada na CNN pelo cientista político Rafael Cortez, professor do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP). Cortez explica que existe “o conflito em torno da privatização em si”, mas também há “os desdobramentos políticos eleitorais desse movimento”.

Para Cortez, “como o Tarcísio é a bola da vez para representar eventualmente o bolsonarismo, em 2026, organizando um projeto rival ao do presidente Lula, todo o movimento entre esses dois nomes vai ganhar uma repercussão política para além da temática específica”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Em tradução simultânea, a luta pela sucessão de Lula agora começou de verdade. Chegou ao fim a sessão tapas e beijos. Daqui em diante, será pancadaria pura. Podem comprar a pipoca. (C.N.)

Na primeira aparição pública, Kamala faz a defesa do legado de Joe Biden

Kamala aproveitou um evento e iniciou sua campanha

Fernanda Perrin
Folha

Em sua primeira aparição pública após tornar-se candidata à vaga democrata na disputa pela Casa Branca, Kamala Harris fez uma defesa do legado de Joe Biden, dizendo que o presidente conseguiu mais em quatro anos do que a maioria de seus antecessores fez em oito.

A declaração ocorre um dia após o octogenário desistir de tentar sua reeleição, após forte pressão interna do próprio partido, que duvidava cada vez mais da sua capacidade de derrotar Donald Trump. Ao anunciar sua saída, Biden endossou Kamala para substituí-lo na chapa do partido.

SEM PARALELO – “O legado de Joe Biden nos últimos três anos e meio não tem paralelo na história moderna”, afirmou a vice-presidente durante um evento na Casa Branca na manhã desta segunda (22) com times da Associação Atlética Nacional Universitária. “Em um mandato, ele já superou o legado da maior parte dos presidentes que serviram dois mandatos.”

Em seguida, Kamala repetiu declarações que já havia feito em uma nota circulada no domingo, afirmando que conheceu Biden primeiramente por meio de seu filho Beau, morto em 2015, quando os dois trabalhavam juntos na Califórnia.

“As qualidades que ele reverenciava em seu pai são as mesmas que vi todo dia em nosso presidente. Sua honestidade, integridade, compromisso com sua fé e sua família. Seu grande coração e o profundo amor pelo nosso país”, afirmou. “Somos profundamente gratos pelo seu trabalho pela nossa nação”, completou.

GESTO ALTRUÍSTA – O discurso é semelhante ao repetido por outros integrantes do partido desde que Biden anunciou sua saída da campanha. Em notas e entrevistas, democratas descrevem a decisão do presidente como um gesto altruísta e heróico.

A narrativa contrasta com tentativa semelhante feita entre republicanos em relação ao seu candidato, Donald Trump. Desde que sofreu uma tentativa de assassinato, há pouco mais de uma semana, o empresário vem sendo retratado por aliados como um herói. Em um comício no último sábado, Trump chegou a dizer que levou um tiro pela democracia.

Kamala é filha de um professor jamaicano e de uma pesquisadora de câncer indiana que se conheceram durante um protesto por direitos civis na Califórnia, nos anos 1960 —ambos faziam doutorado na Universidade de Berkeley. O nome da vice-presidente, em hindi, significa flor de lótus, como ela afirma em seu livro de memórias “The Truths We Hold – An American Journey” (2019). A pronúncia correta é “Kâmala”, com a sílaba tônica no “Ka”, e não “Kamála”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É impressionante o apoio da mídia ao partido Democrata. Se depender da imprensa, Trump terá de fazer um esforço enorme para derrotar Kamala Harris. Tudo indica uma eleição duríssima. (C.N.)

Maior entrave ao desenvolvimento do país é o despreparo do Congresso e dos politicos

Sessão Congresso

Baixo nível dos congressistas retarda o desenvolvimento

Janio de Freitas
Poder360

É quase ininteligível que uma nação com o desenvolvimento dos Estados Unidos fosse entregue à direção de um ser tão inadequado quanto Donald Trump. E esteja ameaçada de repetir o desatino. Guardadas as proporções, o Brasil de Bolsonaro, a Venezuela de Maduro, a Argentina de Milei, apesar de tudo, não justificam tamanho desprezo do destino.

A evolução dos sistemas de escolha política percorre os séculos em quase imobilidade. No decorrer dos 5.000 anos de reflexão a respeito, e historicamente perceptível, nada mudou menos do que as formas do poder político.

ILUSÃO DE INOVAÇÕES – Das transformações de nomenclatura é que veio a ilusão de inovações, boas e más. Tirano, por exemplo, denominava o chegado ao poder meio fora da regra, mesmo que meio pacífico, e fosse bom ou mau governante. As palavras ficam, os sentidos se movem.

O mundo mudou muito nos últimos 2 séculos, e a política não se atualizou. Precisa evoluir para modos mais verazes e mais capazes de compor as instituições de condução dos países.

Os brasileiros não têm o direito de aspirar a tanto. Antes, precisamos que a política aqui seja menos subdesenvolvida. Menos de costas para o país. Menos vista como caminho fácil para saciar voracidades pessoais e grupais.

FALHAS POLÍTICAS – O Congresso brasileiro não pode deixar-se ver como contrário, no mínimo indiferente, às necessidades e interesses predominantes na população. Fake news eleitorais são mentiras para enganar o eleitorado, mas o Congresso mantém o veto (ainda de Bolsonaro) a punições para disseminadores dessas mentiras, que são crimes.

O projeto de reforma tributária, trabalhosa elaboração esperada há décadas, sofreu na Câmara desfiguração imoral, para favorecimento a setores e grupos empresariais, e em prejuízo dos cidadãos comuns e do cofre público.

A crescente incidência do câncer é agora constatada também entre jovens. O Congresso, porém, derrubou o veto de Lula à transferência da liberação de agrotóxicos, doada na Lei do Veneno ao Ministério da Agricultura: o ministério dos adeptos do agrotóxico é que passa a controlá-lo.

DÍVIDAS E FUNDOS – Criado na Câmara, o perdão para as dívidas dos partidos é aprovado lá com apoio inclusive do PT, que só de Fundo Eleitoral leva R$ 620 milhões: o conjunto de partidos leva fantásticos R$ 4,9 bilhões, com os 10 maiores partilhando R$ 4,2 bilhões.

E é de cassinos mesmo que o Brasil precisa, como aprovado pela Câmara e a caminho de prevista aprovação no Senado?

Congressistas, aliás, dispõem de duas maneiras de ganhar alto com o jogo de cassino: uma, antes da votação do projeto liberador; outra, depois, se tiver sorte na roleta. “Orçamento secreto”, dinheiro do Orçamento para prefeitos, parentes e pagamento de repetidas viagens ao exterior.

TUDO É DIFÍCIL – E para o governo tudo é dificultado, tudo exige negociações, até que entregue cargos e ministérios ou libere verbas de destinação indicada por um congressista. Aí estão uns poucos exemplos, muito poucos, do que precisa acabar.

O Brasil precisa do Congresso, os cidadãos precisam do Congresso.

É preciso adotar inovações que melhorem o nível médio dos eleitos para o Congresso. Que o façam olhar para fora e não para dentro dos seus desejos pessoais. Precisa-se, é indispensável, que a política fique menos subdesenvolvida.

Muitos analistas políticos passaram a se comportar como meros pregadores

Charge do Zé Dassilva: Debate presidencial - NSC TotalDemétrio Magnoli
Folha

“Não rir, nem lamentar, nem odiar, mas compreender”. A prescrição de Spinoza, que serviu como guia para os intelectuais públicos, saiu da moda. Na era das redes sociais, os intelectuais públicos desistiram de decifrar os fenômenos políticos, dedicando-se à tarefa banal de exprimir indignação moral perante suas bolhas ideológicas.

De analistas, tornaram-se pregadores. Daí, o pequeno escândalo provocado por meus comentários, aqui e na GloboNews, sobre a ascensão da Reunião Nacional (RN) francesa.

RÓTULOS POLÍTICOS – Num passado menos envenenado, rótulos políticos serviam para descrever fenômenos dinâmicos. A atual RN, de Le Pen, emanou de um longo processo de revisões históricas e dramáticas cisões internas que ainda não se concluiu.

Nessa trajetória, renunciou às suas raízes, fincadas na França de Vichy, para aderir à narrativa gaullista da França da Resistência. A estratégia permitiu-lhe capturar a maior parte do eleitorado da centro-direita tradicional, relegando o velho partido gaullista a um gueto. A extrema direita tornou-se direita nacionalista.

A direita nacionalista é reacionária, xenófoba e islamofóbica, como a extrema direita, mas subordina-se às instituições democráticas. A RN só desistiu do chamado à deportação em massa de imigrantes para concentrar-se no objetivo principal: cancelar o princípio do “direito do solo”, instituído pela Revolução Francesa, substituindo-o pelo “direito do sangue”.

MUTAÇÃO DE LE PEN – Não é pouco: o “direito do solo” funciona como limitação constitucional das erupções de xenofobia e racismo. Os pregadores, que preferem rir, lamentar e odiar, nem tentam explicar a mutação da RN. No lugar disso, apelam ao pensamento mágico, alegando que tudo não passa de uma operação de camuflagem.

Seria, igualmente, mera camuflagem a mutação histórica do PT, de partido anticapitalista que rejeitou assinar a Constituição de 1988 para o atual partido de esquerda engajado na busca da governabilidade?

O PT chegou ao Planalto porque mudou. A RN atingiu o umbral do poder pelo mesmo motivo, o que a torna mais – não menos! – perigosa para os direitos humanos e a coesão social da França.

FRANÇA ETERNA – A ascensão do partido de Marine Le Pen ameaça consumir a “França de 1789” na fogueira da “França eterna”. Já o partido original, extremista, de Jean-Marie Le Pen, produzia apenas ruídos, por vezes sonoros, nas franjas da sociedade francesa.

Não é prudente traçar paralelos superficiais entre a Europa e os EUA – ou o Brasil. O Maga, movimento de Trump que tomou de assalto o Partido Republicano, é um fenômeno extremista, como atesta a contestação violenta à eleição de 2020. O bolsonarismo pertence à extrema direita, como prova a trama golpista que se desenrolou entre dezembro de 2022 e o 8/1 de Brasília.

Na Europa, porém, os partidos da direita extremista, como a Afd alemã ou o Vox espanhol, permanecem circunscritos à periferia política. O perigo iminente mora nos partidos que se moveram para a direita nacionalista, como o Fidesz, de Orbán, o Irmãos da Itália, de Meloni, e a RN francesa.

ANALISTA E PREGADOR – O analista concentra-se nas mutações e nas nuances; o pregador, na caricatura bruta que serve à sua causa. Os arautos do bolsonarismo só sabem utilizar os rótulos comunista e socialista (ou o que, na sua febre infantil, imaginam serem variações, como “liberais globalistas”).

Já os intelectuais de esquerda, também prisioneiros do teatro das redes antissociais, reconhecem apenas neonazismo e fascismo (ou extrema direita, que tratam como sinônimo dos anteriores). Uns e outros comportam-se como influencers, investindo no mercado da propaganda.

O jovem pastor Pedro, conta-nos Esopo, acostumou-se a fazer troça com os habitantes da aldeia, gritando “lobo!” para atrair a ajuda deles. No dia em que o lobo emergiu da floresta, ninguém deu-lhe atenção – e lá se foi seu rebanho. Pedrinho, pare de representar.

Lula supera Bolsonaro em declarações que ofendem as minorias, e a esquerda se cala

Lula tem 45% e Bolsonaro 33% no primeiro turno, aponta Quaest | Metrópoles

Bolsonaro e Lula disputam o troféu Asneira do Ano

Deu no Estadão

A defesa dos direitos das minorias, em tese, é universal. Todos, sem exceção, devem respeitar mulheres, negros, homossexuais, indígenas e outros tantos grupos, conforme preconizam as cartilhas de direitos humanos e os manuais de bom comportamento. Os ativistas da chamada esquerda “identitária”, aquela que superou a luta de classes e investe na afirmação política de grupos ultraminoritários, são particularmente dedicados a essa defesa, exercendo o papel de vigilantes do discurso alheio para flagrar o que, em sua opinião, fere a sensibilidade desses grupos.

Ninguém escapa da fúria censória desses zelotes. Apenas um cidadão brasileiro está livre do “cancelamento”: é o presidente Lula da Silva.

SALVO-CONDUTO – Diga a barbaridade que disser – e como ele diz! –, Lula não será repreendido pelos esquerdistas. Parece ter salvo-conduto para dar declarações machistas, homofóbicas e capacitistas à vontade.

A última do demiurgo petista foi num evento no Palácio do Planalto, em que ele, a propósito de uma pesquisa segundo a qual a agressão doméstica a mulheres aumenta em dias de jogos de futebol, declarou que, “se o cara (que agride mulher) é corintiano, tudo bem”. Mal se ouviram críticas de petistas a essa blague lamentável; as escassas reprimendas vieram na forma de sussurro obsequioso. Afinal, Lula é uma ideia.

As grosserias de Lula são tratadas por seus devotos como “gafes” ou “deslizes”. Desrespeitou a própria mulher, Janja, ao dizer que ela poderia atestar o vigor sexual que comprovaria sua disposição para seguir na política apesar da idade.

OUTRAS GROSSERIAS – Afirmou, ao anunciar medidas de socorro ao Rio Grande do Sul, que uma máquina de lavar roupa é “muito importante” para as mulheres. A uma beneficiária do Minha Casa Minha Vida que aos 27 anos tem cinco filhos, Lula perguntou: “Quando é que vai fechar a porteira?”.

Numa cerimônia dedicada a pessoas com deficiência, o presidente disse que Janja o instruiu a escolher bem as palavras porque “essa gente tem a sensibilidade aguçada”. Noutra ocasião, declarou que “afrodescendente gosta de um batuque de um tambor”. E tudo isso apenas neste ano.

Nada disso é trivial ou desimportante. Lula é presidente da República e, como tal, representando o Estado brasileiro, deve servir de exemplo de compostura e respeito.

BOLSONARO, TAMBÉM – Ainda estão frescas na memória as inúmeras declarações ultrajantes de Jair Bolsonaro, na condição de presidente, a respeito de diversas minorias, e isso mereceu justa condenação.

Recorde-se ainda a enorme proporção que teve o movimento “Ele Não”, liderado por mulheres, para protestar contra a candidatura presidencial de Bolsonaro, em 2018, em razão de suas seguidas ofensas.

Não se trata, aqui, de avaliar o grau de desfaçatez de um e de outro, como se Lula e Bolsonaro estivessem a disputar um certame de cafajestagem. Ambos merecem a mesma admoestação por parte de todos os que prezam a civilidade, mas sobretudo daqueles que fazem da defesa das minorias a causa de suas vidas. Ou então a causa não vale nada.

Lula ficou arrasado com desistência de Biden, porque pode se repetir com ele

Lula queria seguir o exemplo de Biden, mas ficou complicado

Carlos Newton

Foi um péssimo final de semana no eixo Planalto/Alvorada, com a cúpula do governo acompanhando com apreensão o aumento da pressão sobre o presidente americano Joe Biden, até ele não aguentar mais e jogar a toalha.

A desistência do Biden de concorrer à reeleição neste domingo (dia 21) foi uma tragédia para Lula da Silva, que se espelhava no exemplo do presidente norte-americano para tentar a reeleição em 2026, quando completará 81 anos antes do segundo turno, a mesma idade que Biden tem hoje.

VOLTOU ANIMADO – Quando esteve em visita oficial aos Estados Unidos, Lula voltou animado, porque o próprio Biden lhe revelara que seria candidato, apesar da idade e da decadência física e mental.

Neste domingo, o Planalto se transformou num deserto de homens e ideias, como diria Oswaldo Aranha, um estadista de verdade, que Getúlio Vargas, enciumado, não permitiu que fosse candidato em 1945 e apoiou o Marechal Eurico Dutra, que não tinha a menor vocação ou preparação para governar.

E os jornalistas ligavam sem parar para o Alvorada e para os chefes da Secretaria de Comunicação, mas não encontravam ninguém para ser entrevistado. Lula, então, ficou totalmente fora do ar.

PERDA TOTAL – Além de prejudicar a própria candidatura de Lula em 2026, aumenta a chance de que o partido Republicano possa voltar ao poder com nova vitória de Donald Trump.

A volta de Trump à Presidência dos Estados Unidos prejudica claramente as relações diplomáticas e comerciais com o Brasil, em especial nas questões ambientais, com imigrantes e na política regional.

Sem falar que o retorno de Trump à Casa Branca favoreceria o discurso da extrema direita no mundo e fortaleceria aqui no Brasil o ex-presidente Jair Bolsonaro, de quem é aliado.

Obama foi fundamental para fazer Joe Biden desistir de sua candidatura

Biden ficou irritado com Obama por pressão para desistir de campanha

Pedro do Coutto

Nos Estados Unidos foi para o espaço a candidatura de Joe Biden, principalmente depois que foi divulgada a opinião do ex-presidente Barack Obama de que Biden deveria se retirar da disputa. Pessoas próximas  afirmaram que ele ficou ressentido com o que considerou ser uma campanha orquestrada por líderes democratas para que ele desistisse da candidatura à Presidência americana.

Biden não passou recibo e desprezou a deputada Nancy Pelosi, ex-presidente da Câmara dos EUA, a principal instigadora. Também não citou o ex-presidente Barack Obama que, segundo ele, estaria agindo como um “mestre de marionetes” nos bastidores democratas.

A lista de políticos democratas que pediam para que Biden desista da corrida presidencial não parava de crescer e 34 congressistas do partido pediram publicamente para o presidente encerrar sua candidatura à reeleição.

ANÚNCIO – O presidente elogiou a vice-presidente Kamala Harris, que manteve a fidelidade a ele, e disse que vai apoiá-la para ser a candidata substituta.

Suas palavras foram bem recebidas e imediatamente começaram a aumentar as doações à campanha democrata e as manifestações de apoio à indicação de Kamala Harris, que será submetida ao partido.

Na última semana, Obama disse em privado a aliados que Joe Biden precisava considerar seriamente sua viabilidade como candidato à reeleição e que as chances de vitória do atual ocupante da Casa Branca tinham diminuíram. Mas o desconforto entre Obama e Biden não é de agora.

RESSENTIMENTO – Segundo o The New York Times, o atual presidente guarda rancor desde que Obama gentilmente o desencorajou de concorrer à Presidência em 2016, direcionando a indicação democrata para Hillary Clinton, que perdeu para Donald Trump. Antes de ser presidente, Biden foi vice de Obama ao longo de seus dois mandatos na presidência, de 2009 a 2017.

Com esse episódio, Biden ficou inviabilizado, pois ninguém pode ser candidato de um partido na medida em que um dos maiores representantes da legenda já deixa claro que não o apoia integralmente. Enfim, são coisas da política e temos que ir em frente aguardando o próximo passo do partido dos Democratas.

Caía a tarde feito um viaduto, e um bêbado trajando luto me lembrou Carlitos…

O Bêbado e A equilibrista - João... - Samba Choro Partituras | Facebook

Bosco e Aldir, na dureza daqueles tempos

Paulo Peres
Poemas & Canções

O desabamento de parte do viaduto da Av. Paulo de Frontim, na Tijuca (RJ), numa tarde de sábado em 21/11/1971, inclusive com muitas vítimas fatais, foi um acidente em plena ditadura fez o psiquiatra, escritor e poeta Aldir Blanc invocar o seu infindo veio poético para escrever “O Bêbado e a Equilibrista” com seu grande parceiro João Bosco. Mais do que um clássico tornou-se um hino na época da ditadura e da anistia, que foi gravado por Elis Regina.

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O BÊBADO E A EQUILIBRISTA
João Bosco e Aldir Blanc

Caía a tarde feito um viaduto
E um bêbado trajando luto
Me lembrou Carlitos…

A lua, tal qual a dona do bordel
Pedia a cada estrela fria
Um brilho de aluguel

E nuvens!
Lá no mata-borrão do céu
Chupavam manchas torturadas
Que sufoco!
Louco!
O bêbado com chapéu-coco
Fazia irreverências mil
Pra noite do Brasil.
Meu Brasil!…

Que sonha com a volta
Do irmão do Henfil.
Com tanta gente que partiu
Num rabo de foguete
Chora!
A nossa Pátria
Mãe gentil
Choram Marias
E Clarisses
No solo do Brasil…

Mas sei, que uma dor
Assim pungente
Não há de ser inutilmente
A esperança…

Dança na corda bamba
De sombrinha
E em cada passo
Dessa linha
Pode se machucar…

Azar!
A esperança equilibrista
Sabe que o show
De todo artista
Tem que continuar…

Lula já não tem como propagar que na Venezuela há “democracia até demais”

Maduro afirma que se não for reeleito Venezuela cairá em “banho de sangue”Merval Pereira
O Globo

Mesmo que Maduro não fosse seu candidato preferido, o presidente Lula estaria agora mais empenhado do que nunca na sua vitória, para não ter que enfrentar o dilema de quem se mete a apoiar ditadores: evitar o “banho de sangue” prometido pelo ditador venezuelano em caso de derrota. Caso ela venha, o que não parece impossível a esta altura, o presidente brasileiro, que se diz um democrata, terá que intervir para que a Venezuela não se torne uma ditadura escancarada.

Não que Lula não apoie ditaduras, como mostra seu comportamento com Cuba, ou Nicarágua. Esses três exemplos, aliás, são de países que fizeram revoluções de esquerda para afastar governos autoritários de direita, presumidamente para defender o povo explorado. No que foram apoiados entusiasticamente em determinado momento histórico. Agora são eles os ditadores de esquerda que exploram o mesmo povo.

ENRASCADA – De heróis passaram a vilões, e colocam governos como o de Lula em uma enrascada: como dizer-se um democrata quando os amigos se tornam ditadores.

Lula, sem ter o que dizer diante da ameaça de Maduro de que sua derrota poderá gerar “um banho de sangue”, saiu-se com essa: “Eles que elejam quem eles quiserem”. Como assim, se os principais líderes oposicionistas da Venezuela estão presos ou impedidos de disputar a eleição presidencial? Mesmo assim, o oposicionista que sobrou, Edmundo Gonzales, tem chances reais de vencer as eleições, e por isso Maduro espalha suas ameaças dias antes do pleito.

O assessor especial de Lula para assuntos internacionais, Celso Amorim, que hoje assume o papel que um dia já foi de Marco Aurelio Garcia quando Amorim era o chanceler brasileiro, tentou amenizar a fala de seu malvado preferido, dizendo que Maduro se expressou mal ao falar em “banho de sangue”, quando queria se referir à luta de classes. Mesmo que tivesse sido um ato falho, revelaria o que Maduro pensa da “luta de classes”, uma associação da guerra como a continuidade da política por outros meios, como já disse Clausewitz.

ESTÁ DIFÍCIL – Fica cada vez mais difícil para o governo brasileiro sustentar que na Venezuela há “democracia até demais”, como já disse Lula. Uma frase como a dita por Maduro elimina qualquer possibilidade de classificá-lo como “um democrata”, ou seu governo como uma “democracia”.

O “banho de sangue” prometido, quando as pesquisas eleitorais mostram a oposição com praticamente 60% dos votos, pode vir a ser uma desculpa para adiar as eleições do dia 28, o que escancararia o caráter simplesmente simbólico da ida às urnas, pois o resultado contrário ao governo não seria aceito.

Já o fato de não ser possível a Maduro organizar uma eleição em que ele não correria chance de perder, como fazem outras ditaduras pelo mundo, já é sinal de sua fraqueza política. Se saberá qual a fortaleza militar quando se aproximarem as eleições, e as pesquisas continuarem a prever uma vitória da oposição, longe de um empate técnico.

PRAGMATISMO – É certo que o pragmatismo na política externa é incontornável, por isso a chamada maior democracia do mundo, os Estados Unidos, se submetem a uma relação assimétrica com a Arábia Saudita, por exemplo, tendo dado imunidade ao ditador Mohammad bin Salman, acusado pelo assassinato do jornalista Jamal Khashoggi.

Mas, pelo menos, os órgãos de inteligência dos Estados Unidos desvendaram o caso e divulgaram relatórios, e nunca nenhum dirigente americano garantiu que a Arábia Saudita era uma democracia.

É compreensível que o governo brasileiro, qualquer governo que se guia pelas regras internacionais, precise manter sua liderança na América do Sul, mas para tal não é preciso assumir as vergonhosas ações das ditaduras.