Cabe a Lula e aos moderados encontrar um idioma para tratar com a oposição

Charge do dia: Oposição circular!

Charge do Tiago Recchia, (Gazeta do Povo)

Maria Hermínia Tavares
Folha

Os estudos sobre o populismo de extrema direita têm crescido na mesma medida do reconhecimento de sua presença perturbadora nas democracias atuais. Os especialistas divergem tanto em identificar suas causas quanto ao seu poderio de destruir os sistemas democráticos.

Concordam, porém, que líderes populistas promovem a polarização política afetiva e dela se nutrem. O que, por sua vez, torna mais crispada a livre competição por votos e mais difícil a construção posterior de convergências que facilitem a vida dos eleitos.

CASO DO BRASIL – A profunda fenda política aberta pela vitória de Bolsonaro e ampliada sob o seu infausto mandato é o tema da obra “Biografia do Abismo”, do cientista político Felipe Nunes e do jornalista Thomas Traumann, a caminho das livrarias.

Nutridos por uma fartura de pesquisas, sustentam que nos últimos anos a natureza da polarização mudou. A extrema direita bolsonarista alçou ao topo do embate político a defesa de valores próprios da vida privada —modelos de família, crenças religiosas, educação dos filhos— em detrimento de questões socioeconômicas mais aptas e gerar convergências, como o papel do Estado e o combate à pobreza.

Facilitou assim a decantação de identidades políticas de natureza afetiva e, por isso mesmo, virtualmente irredutíveis e inegociáveis.

REDES SOCIAIS — A explosão do uso e abuso das redes sociais, onde as informações circulam a jato em grupos homogêneos de opinião, só reforçou o processo pelo qual a polarização foi dando lugar ao enrijecimento de posições que os autores denominam “calcificação política”.

Ela teria extravasado da velha disputa pelos corações e mentes do eleitor para invadir relações pessoais e familiares, entre colegas de trabalho e até nas escolhas de onde fazer compras.

Entre os petistas raiz teria ocorrido algo semelhante, de tal forma que, segundo os autores, o conflito calcificado poderá ter vida longa.

DEPENDE DE LULA – Se depender da extrema direita, a tendência se manterá, pois só a beneficia. Mas, a julgar pelas sondagens, nada indica que os eleitores de Bolsonaro sejam todos feitos da mesma matéria rija e impermeável. Ou que o petismo puro-sangue seja majoritário. Até porque o seu mentor maior sempre foi pragmático e afeito a buscar consensos.

Assim, dependerá dele e dos moderados que se agrupam em torno do seu governo reconhecer as diferenças no campo adversário e encontrar o idioma comum do reconhecimento e do diálogo.

Em alguns casos, isso poderá levar à ampliação de espaços na administração federal. Ou, como se viu há pouco, à nomeação de um procurador-geral de passado conservador.

11 thoughts on “Cabe a Lula e aos moderados encontrar um idioma para tratar com a oposição

  1. O petismo puro-sangue é aquele que do mensalão e do petrolão?
    E o jornalista adjetivador de ideologias é que qual banda? É da banda da extremíssima esquerda, aquela dos peculatos e das maracutaias, tendo como Boss , o Barba aposentado por ter só nove dedos? Aquele que segundo Romeu Tuma era o dedo-duro do movimento sindical?

  2. O DIABO é que a maldita polarização política nefasta, radical e efervescente, pelo poder enxerga apenas votos, golpes, ditaduras e estelionatos eleitorais, e faz os diabos por eles e elas, à moda custe o que custar, sem noção, sem medição e sem mediação das consequências dos seus atos e atitudes. FATO esse que, p. ex., levou Lula a cunhar o seu famigerado “nós X eles” ? Criaturas conservadoras do sistema apodrecido, entendam, pelo amor de Deus, partir e despedaçar o cristal é fácil, qualquer idiota populista, mitomaníaco, é capaz de fazê-lo, o difícil, quase impossível, é juntar os cacos depois do fato consumado. Basta de mentiras. O fato é que feito traíras na lagoa você$, conservadores do sistema apodrecido, estão superados e fisgados pelos anzóis da RPL-PNBC-DD-ME, de modo que a farsa e a farra que vocês representam revelaram-se absurdamente inviáveis para o sucesso do país, da política e da vida saudável do conjunto da população e a saída mais inteligente e mais alvissareira possível, para o bem de todos e todas, é a rendição pacífica do sistema com prazo de validade vencido em prol da mega solução, via evolução. Lulismo e o bolsonarismo, e seus puxadinhos, “data venia”, que vão à merda com as vossas ambições de poderes pessoais e as vossas propagandas enganosas do tipo pega trouxas, até porque todos juntos e misturados temos uma Missão maior a cumprir, tal seja o sucesso pleno da Nação Brasileira, e não temos mais tempo a perder com loucuras partidárias e pessoais, por poder, dinheiro, vantagens e privilégios, sem limite$, que não levam a Nação Brasileira a lugar novo e alvissareiro nenhum. Basta, chega dos me$mo$, fora todo$, xô propagandas enganosas. Aliás, na seara política, de mentira, propaganda enganosa, alienante e anestésica em prol da conservação do sistema apodrecido, já basta a propaganda da globo que há 52 anos diz que estamos vivendo sob um novo dia de um novo tempo que já chegou, mas que, na verdade, no frigir dos ovos, exceto para os tais nó$ e ele$ cunhado pelo Lula, nunca chegou, posto que permanecemos todos e todas à mercê das promessas dos me$mo$ sobre um tal país do futuro que, sob a égide dos me$mo$, nunca chegou e nem chegará para o conjunto da população, todos juntos e misturados, não obstante a espera de 134 anos face às promessas vazias e propagandas enganosas do militarismo e do partidarismo, politiqueiro$, e seus tentáculos velhaco$, que operam à moda sócios-proprietários da república forjada, protagonizada e desfrutada pelos me$mo$, há 134 anos, ora dominada em grande medida por máfias de todos os tipos, públicas e privadas, como confessou, corajosamente, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, na ocasião da chacina dos médicos brasileiros no RJ. Basta. Chega dos me$mo$. Fora todo$. Que venha agora a Revolução Pacífica do Leão, a nova via política de verdade, com o megaprojeto próprio, novo e alternativo de política e de nação, o novo caminho para o novo Brasil de verdade, confederativo, com Democracia Direta e Meritocracia, a nova política de verdade, com Deus na Causa, que resolve o Brasil, a política e a vida do povo brasileiro para os próximos 500 anos, alicerçado na sustentabilidade, na estabilidade, na paz, no amor, no perdão, na conciliação, na união e na mobilização pela mega solução, via evolução, focada no sucesso pleno do bem comum do conjunto da população, porque basta de tanta embromação. https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2023/12/10/governo-lula-lanca-slogan-brasil-e-um-so-povo-apos-pt-defender-polarizacao-com-bolsonarismo.htm?utm_source=facebook&fbclid=IwAR0CvThU1-DrYyPnZyk3aEHEmfvPl6PhbYc4jmqMer2z9_hhEF23TrRzM9Y

  3. A autora, analisando um livro, resumiu bem o que está acontecendo. Concordo plenamente, mas talvez tenha faltado o ataque reiterado às instituições que resistem ao radicalismo.

    A extrema direita desvia o foco para costumes, religião. Muitos da esquerda, que a autora chama de petistas raiz, caem nessa armadilha, elegendo como prioritárias, as pautas identitárias.

    O pessoal mais moderado se dá conta que essas discussões não levam a nada e o que importa são as pautas socio econômicas. É isso que pode fazer o país melhorar.

    Os adeptos da social democracia são a maioria no país, mas essa essa ideologia está obliterada pela discussão de pautas, que só são úteis ao sistema reinante.

  4. Maria Hermínia Tavares
    Folha

    Os estudos sobre o populismo de extrema direita têm crescido na mesma medida do reconhecimento de sua presença perturbadora nas democracias atuais. Os especialistas divergem tanto em identificar suas causas quanto ao seu poderio de destruir os sistemas democráticos.

    Dona Hermínia, a senhora poderia ilustrar mais o artigo analisando o populismo da extrema esquerda, fale-nos um pouco sobre a esquerda argentária, aquela dos aloprados.

    “Ou que o petismo puro-sangue seja majoritário. Até porque o seu mentor maior sempre foi pragmático e afeito a buscar consensos.”

    Me parece que o petismo puro sangue está mais para cavalo paraguaio que para cavalo árabe.
    Seria o Mensalão e Petrolão um tipo de pragmatismo que busca consensos, por exemplo, comprar o Congresso seria buscar um consenso?
    E por ultimo não vou me arriscar a perguntar, perguntando, seria a senhora uma devota do experimento soviético?

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *