Sabatinas ‘de verdade’: OAB-SP quer influenciar indicações ao STF

Maior parte da sociedade está fora da polarização acentuada, diz pesquisa

A falsa guerra ao “narcoterrorismo” e o truque da direita para pedir tutela externa

Missão, o mais novo partido, declara guerra ao PL e tenta liderar direita

Renan mira o eleitorado jovem e insatisfeito com o governo

Bruno Ribeiro
Folha

Com o registro aprovado pelo TSE na última terça-feira (4), o Missão, partido ligado ao MBL, pretende lançar candidatura à Presidência, mira governos estaduais e rejeita alianças com o bolsonarismo e com o Novo, ampliando a disputa partidária pelo eleitor brasileiro de direita.

“[Os partidos da direita] estão sendo oposição ao governo Lula lutando pela anistia [a Bolsonaro]”, disse à Folha Renan Santos, futuro presidente da sigla, ao comentar a aprovação do novo partido. Ele critica o que avalia como falta de propostas no campo ideológico. “Não somos a mesma direita que os caras.”

IMPEACHMENT – O MBL já havia rompido com Bolsonaro ainda durante seu mandato. Nas eleições para a presidência da Câmara em 2021, na pandemia de Covid-19, o deputado Kim Kataguiri (União Brasil-SP) lançou candidatura com a pauta única de impeachment do então presidente. Embates entre membros do MBL e bolsonaristas são frequentes nas redes.

Oficializado, Renan mantém críticas ao grupo e ao partido Novo. Ele diz que o Missão mira o público jovem descontente com o governo e identifica no eleitorado liberal-conservador espaço para crescer. “O Novo aposta nas ‘tias do Zap’ do Bolsonaro. A gente aposta no millennial pistola e na geração Z”, afirma.

“[Os bolsonaristas] estão sendo oposição ao governo Lula falando de anistia. Nós estamos falando de desfavelização e classificação de facções como terroristas [proposta defendida por Donald Trump]. O Nikolas [Ferreira] tem uma posição sobre desfavelização? Agora, depois de pautarmos o assunto”, diz o dirigente, citando o deputado do PL de Minas Gerais.

FORÇA NAS REDES – O termo “desfavelização” ganhou força nas redes com vídeos feitos com inteligência artificial que mostram favelas reurbanizadas. No Instagram, Renan associa o tema à “falta de autoridade do Estado para reprimir invasões”. A Folha procurou Nikolas e o Novo, mas não obteve resposta.

Renan afirma que o Missão buscará candidatos alinhados à agenda do grupo e que não pretende atrair nomes conhecidos de outras siglas. “Para receber alguém do centro ou da direita, o futuro candidato teria de se comprometer com nossa agenda e se retratar”, afirma.

Nas redes sociais e no YouTube, alguns integrantes do grupo têm destaque na defesa da agenda do MBL, como os influenciadores Paulo Cruz e Ricardo Almeida, e há expectativa que sejam alguns dos nomes a serem lançados. Nas páginas do grupo, o MBL declara ter 1.100 colaboradores.

DIREITA DIVIDIDA – Para o professor André Borges Carvalho, da UnB, a onda anticorrupção e a Lava Jato, que impulsionaram o MBL a partir de 2014, perderam força. Ele vê uma direita dividida entre bolsonaristas e um campo conservador pró-mercado.

“Lula, quando foi preso, conseguiu manter o controle do PT e tinha uma estrutura partidária com ele. O Bolsonaro não comanda o PL, nunca comandou”. Contudo, ele avalia que uma candidatura de direita viável ainda precisa buscar os votos do eleitor do ex-presidente.

Renan rejeita a avaliação de que a iniciativa pode favorecer a esquerda ao dividir a direita. “Se um cara está pensando isso, deve pensar que eu não deveria ter feito oposição a Bolsonaro no passado”, diz. “Vox populi não é vox Dei [a voz do povo não é a voz de Deus].” Ele também descarta acordos regionais com bolsonaristas. “Acho o Tarcísio um puxa-saco do Bolsonaro”, afirma.

FINANCIAMENTO – A coleta das 589 mil assinaturas foi financiada, segundo o grupo, por meio da venda de uma coleção de livros com propostas do partido. Renan preferiu não informar quanto arrecadou, mas estimou que o custo para cada assinatura enviada ao TSE ficou entre R$ 2 e R$ 3.

O MBL surgiu há 11 anos, no rescaldo dos protestos de 2013, e elegeu representantes por outros partidos, como o União Brasil. O movimento foi abalado em 2022 após a divulgação de um áudio misógino do então deputado estadual Arthur do Val, o Mamãe Falei, que terminou cassado.

Deputado bolsonarista vira alvo da própria base ao criticar operação no Rio

Otoni disse que a operação foi “teatro espetacular”

Rayanderson Guerra
Estadão

Uma foto ao lado de deputados de esquerda no complexo de favelas da Penha e o posicionamento crítico à operação mais letal da história do País, com 121 mortos, foram suficientes para que o deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ), pastor evangélico, fosse tachado de “pastor comunista”. Desde que se posicionou contra o resultado da megaoperação na Zona Norte do Rio, o parlamentar passou a ser alvo de perseguição por militantes alinhados à direita.

Pastor da igreja Ministério Missão de Vida e apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na gestão do clã da zona oeste na Presidência, Otoni passou a ser perseguido nas redes sociais após dizer na Câmara dos Deputados que a operação na Penha e no Alemão foi “teatro espetacular” e, segundo ele, demonstrar empatia com as famílias dos mortos nos complexos de favelas.

LIVRE PARA DIALOGAR – “Eu sempre separo o que é direita e o que é a direita bolsonarista. Está ficando muito claro para as pessoas das comunidades que a direita não tem empatia ou preocupação nenhuma com quem vive a realidade da comunidade. É o que está parecendo. Eu sou deputado federal, vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos, e agora não posso mais aparecer ao lado de deputados de esquerda? Sou livre para dialogar”, diz.

De acordo com o parlamentar, “a direita está jogando as favelas no colo da esquerda” ao não demonstrar empatia e preocupação com os moradores de comunidades. Otoni defende o papel da igreja evangélica na “contenção da barbárie nas favelas”.

EMPATIA – “Podem me atacar, não há nenhum problema. O problema é que está ficando claro que, na verdade, a direita não tem empatia e preocupação com quem está na favela. É o que está parecendo. Se não quiserem agir por empatia ou por sinceridade, que haja inteligência. Hoje,70% da nossa cidade é tomada pelas comunidades. O bairro já virou comunidade. Assim a direita joga parte da comunidade no colo da esquerda”, afirma o deputado.

Otoni destaca que a igreja evangélica atua onde o Estado não chega. E afirma que, não fosse a religião, teríamos “barbáries muito maiores”.

“A igreja evangélica é o grande muro de contenção da barbárie. Dentro da comunidade, se não houvesse a igreja evangélica com a capilaridade, empatia, palavra humanizada, que ela tem, teríamos hoje barbáries dentro da comunidade muito maiores do que nós temos hoje. É ela que leva o social, que divide o pão dentro da comunidade”, diz Otoni.

“Acorda patativa, vem cantar, relembra as madrugadas que lá vão…”

Quem foi Vicente Celestino, voz famosa da música brasileira | VEJA SÃO PAULO

Celestino, o maior galã de sua época

Paulo Peres
Poemas & Canções

O cantor (tenor), ator e compositor carioca Antônio Vicente Felipe Celestino (1894-1968) lançou um estilo caracterizado pelo romantismo exacerbado, comovendo e arrebatando um grande público durante a primeira metade do século XX, através do teatro, do rádio, de discos e do cinema nacional.

Esta característica do romantismo embeleza a letra de “Patativa”, valsa de Vicente Celestino gravada pelo próprio, em 1937, pela RCA Victor. “Patativa” é o nome de uma espécie de pássaro existente no Brasil, que tem um canto muito bonito e variado. A partir do sucesso da valsa de Celestino, o termo “patativa” passou a ser atribuído às pessoas de bela voz.

PATATIVA
Vicente Celestino

Acorda patativa, vem cantar
Relembra as madrugadas que lá vão
E faz a tua janela o meu altar
Escuta a minha eterna oração

Eu vivo inutilmente a procurar
Alguém que compreenda o meu amor
E vejo que é destino o meu sofrer
É padecer, não encontrar
Quem compreenda o trovador

Eu tenho n’alma um vendaval sem fim
E uma esperança que hás de ter por mim
O mesmo afeto que juravas ter
Para que acabe este meu sofrer
Eu sei que juras cruelmente em vão
Eu sei que preso tens o coração
Eu sei que vives tristemente a ocultar
Que a outro amas, sem querer amar

Mulher, o teu capricho vencerá
E um dia tua loucura findará
A Deus, a Deus, minha alma entregarei
Se de outro fores, juro morrerei
Amar, que sonho lindo, encantador
Mais lindo por quem leal nos tem amor
E tu tens desprezado sem razão
A mim que choro e busco em vão
O teu ingrato coração.

Prisão de Bolsonaro pode virar importante bandeira para a direita

Prisão na Papuda poderia vitimizar o capitão reformado

Bela Megale
O Globo

Depois de usar a operação policial no Rio e a pauta da segurança pública para confrontar o governo Lula, bolsonaristas já estão de olho no próximo episódio que pode ter impacto na popularidade do presidente.

A avaliação de correligionários do PL é que a prisão em regime fechado de Jair Bolsonaro teria potencial de abalar a popularidade do governo Lula em apenas um cenário: se ele for enviado para um presídio convencional, como a Papuda, no Distrito Federal. Isso porque os bolsonaristas acreditam que a prisão numa cadeia poderia vitimizar o capitão reformado, principalmente por seu estado de saúde.

OFÍCIO – O governo do Distrito Federal enviou para Moraes um ofício com o pedido para que Jair Bolsonaro seja submetido à uma avaliação médica para atestar sua condição de ir para um presídio de Brasília e seu entorno.

Se Bolsonaro for mantido em prisão domiciliar ou ir para uma unidade do Exército ou da Polícia Federal, membros de seu partido não creem que haverá mobilização da base popular capaz de respingar em Lula.

Eles acreditam que a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes de punir Bolsonaro gradativamente — primeiro com a proibição de usar redes sociais e, depois, com a decretação da prisão domiciliar — contribuiu para que, após o trânsito em julgado da trama golpista, não haja manifestações com grande público nas ruas quando o ex-presidente passar a cumprir a pena.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGA jornalista nada comenta sobre o julgamento dos recursos (embargos infringentes), a ser feito na Segunda Turma, onde Bolsonaro tem maioria, com os votos de Luiz Fux, Nunes Marques e André Mendonça. Será um julgamento eletrizante, que pode “inocentar” Bolsonaro. (C.N.)

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Carlos Newton

O julgamento dos recursos de Jair Bolsonaro e dos demais acusados de envolvimento no golpe de Estado, concluído nesta sexta-feira, é considerado  uma mera formalidade, porque os embargos de declaração não têm poder modificativo, servem apenas para esclarecer alguma dúvida, geralmente são usados apenas para ganhar tempo, ao atrasar a publicação do acordão final para cumprimento da pena.

No seu caso, após a publicação da nova decisão, Bolsonaro e outros réus têm mais 15 dias para apresentar um recurso que realmente pode modificar a condenação – os embargos infringentes, que são apresentados quando não há unanimidade na decisão, como ocorreu com o ex-ministro José Dirceu no caso do Mensalão.

VERSÃO DE GILMAR – Por encomenda, a imprensa está divulgando apenas uma versão de bastidores, anunciando que seriam necessários dois votos conflitantes para possibilitar embargos infringentes. Alguns ministros, liderados por Gilmar Mendes,  estão informando a imprensa (mas sempre em off) que assim os recursos infringentes de Bolsonaro serão recusados de cara, devido ao entendimento de 2018, num julgamento de Paulo Maluf.

Na época,  o plenário considerou que esse tipo de embargo somente deve ser aceito se houver dois votos pela absolvição no julgamento da Turma, o que não foi o caso de Bolsonaro, que só teve um voto, de Luiz Fux.

Bem, em 2018 este foi o entendimento do plenário ao analisar o recurso infringente de Maluf, condenado por lavagem de dinheiro, corrupção e remessas ilegais ao exterior, quando prefeito de São Paulo. Mas na vida tudo muda…

ORÁCULO DE DELFOS – Os jornalistas engolem a versão de Gilmar Mendes,  como se ele fosse o Oráculo de Delfos, mas a realidade é um pouco diferente.

Se Gilmar Mendes, como presidente da Segunda Turma, recusar o embargo infringente de Bolsonaro, os três ministros dissidentes (Fux, Nunes e Mendonça) têm direito de recorrer e derrubar a decisão monocrática de Gilmar, que vai se desembeiçar em cena aberta.

Portanto, apesar do precedente de Maluf, o recurso terá de ser aceito pela Segunda Turma, por estar sendo apoiado pela maioria. Portanto, será analisado, irá à votação e deve inocentar Bolsonaro e outros integrantes do núcleo central do golpe, em placar de 3 a 2 (Fux, Marques e Mendonça, absolvendo, com Gilmar e Toffoli condenando).

EM JULGAMENTO –  Na presidência dos trabalhos, Gilmar vai enlouquecer de raiva, junto com Toffolli e os outros ministros petistas. É claro que ele vai citar à exaustão a decisão sobre Maluf e recorrer ao plenário, para que o processo seja julgado novamente, algo que jamais aconteceu na História do Supremo, e imaginem a confusão que isso vai dar, com pedidos de vista e outras chicanas. Isso porque, do julgamento em uma das Turmas, o recurso é sempre para a outra Turma e não para o plenário.

Nessa guerra de extermínio, é claro que Bolsonaro poderá acabar perdendo novamente, mas tudo isso vai demorar um tempo enorme, e  ele pode ser solto e beneficiado pela decisão da Segunda Turma, ficar viajando de lá para cá, fazendo campanha eleitoral para os candidatos de sua preferência.

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P.S.Enquanto estiver beneficiado pelo julgamento da Segunda Turma, Bolsonaro estará se defendendo também em outro importante recurso, contra a decisão do TSE que o tornou inelegível. Sabem quem é o relator? Chama-se Luiz Fux, que está consultando os astros para encontrar uma maneira de inocentar Bolsonaro. Comprem muita pipoca. (C.N.)


P.S. 2 –
Aproveitamos a oportunidade para agradecer ao grande advogado carioca João Amaury Belém, que nos enviou na íntegra o embargo de declaração já apresentado ao STF pela defesa de Bolsonaro. (C.N.).

Isenção do Imposto de Renda era promessa que Lula só cumpriu agora

Faixa de isenção: o imposto de renda e a ironia da vida real | Jornal de  Brasília

Charge do Baggi (Jornal de Brasília)

Vicente Limongi Netto

O Senado Federal mostrou, novamente, que trabalha com sentimento de brasilidade, colocando sempre em primeiro lugar o interesse público, ao aprovar por unanimidade a lei que isenta de Imposto de Renda de quem ganha até 5 mil reais mensais.

Relator da matéria na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e em plenário, o senador alagoano do MDB, Renan Calheiros, quatro vezes presidente do senado e do congresso, trabalhou com invulgar espírito público, isenção e patriotismo.

Calheiros frisou que a medida vai beneficiar milhões de trabalhadores.  Em Alagoas, salientou, 95% da população será beneficiada. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre também foi importante para a aprovação da matéria, facilitando, acelerando e garantindo a tramitação da proposta.

O tema foi promessa de campanha presidencial do candidato Lula da Silva. A isenção começa a vigorar a partir de janeiro de 2026.

PEGANDO CARONA – Já estava demorando. O falastrão Cesar Tralha começou as botar mangas de fora. Insiste em pegar carona em todas as matérias. Entra de pingente. Precisa travar a língua.

Discreta, como deve ser, Renata Vasconcelos já percebeu o Tralha fora do tom. Fica constrangida. Segura as pontas.  O formato do Jornal Nacional não é para observações candentes e conversas fiadas. William Bonner já faz falta.

Com Tralha a audiência do Jornal Nacional está sendo tragada pelos rios da Amazôna.  

GASTRONOMIA – O chamado Sistema S – SENAI (indústria), SENAC (comércio), SEBRAE (micros e pequenas empresas) e SESC (serviço social do comércio) – é completo: cuida de esporte, cultura, turismo, lazer e gastronomia.

O Senac do Distrito Federal vai abrir curso técnico de pizzaiolo com especialização na pizza napolitana. A primeira turma começa em março de 2026. O Senac decidiu investir em capacitação profissional para atender o mercado que cresce muito em Brasília.

São mil bares e restaurantes do ramo de pizzas, empregando mais de 90 mil trabalhadores. Brasília é o terceiro polo gastronômico do país.

Direita avança, ameaça o governo e põe favoritismo de Lula em xeque

Charge desta sexta-feira, 30 de maio de 2025.

               Charge reproduzida do Arquivo Google

Eliane Cantanhêde
Estadão

Após as 121 mortes na operação policial do Rio, acusada de chacina pela esquerda, aplaudida pela direita e apoiada pela sociedade, segundo as pesquisas, a oposição se realinhou e ganhou novo ânimo e a bandeira da insegurança para superar a dependência de Jair Bolsonaro e enfrentar o favoritismo de Lula para 2026. O ambiente político, já tão instável, sofreu mais um solavanco.

Lula, que vinha deslizando na pista eleitoral praticamente como candidato único, deve se preparar para fortes obstáculos no Congresso, onde não se fala mais de anistia ou dosimetria para Bolsonaro, mas a pauta saiu da economia, prioritária para o governo, e desabou na segurança, solo fértil para a direita.

FIM DA FESTA – Tudo caminhava para um fim de ano festivo para Lula, mas pode terminar 2025 com a derrota acachapante da PEC da Segurança no Congresso e entrar o ano eleitoral enfrentando a CPI das organizações criminosas, comandada pela oposição e focada em martelar que a esquerda “defende bandido”, é “contra a polícia” e “conivente com o tráfico”. E esquecendo que foram os Bolsonaro que deram a maior comenda da Alerj para um miliciano preso, sanguinário e depois morto pela polícia.

Qual um Dom Quixote, o ministro Ricardo Lewandowski usa a PEC como sua lança desde o início da sua gestão na Justiça, mas seus moinhos não são de vento, são concretos, ou de concreto, começam na Casa Civil, estendem-se pelos estados e assentam-se no Congresso — contra a PEC.

AÇÃO CONJUNTA – Segundo o ministro, o ponto central é dar maior cobertura legal para a atuação federal contra o crime organizado e garantir o compartilhamento de informações e o esforço conjunto de União, Estados e municípios.

Não é essa, porém, a percepção dos governadores de oposição nem do próprio relator da PEC a Câmara, deputado Mendonça Filho (UB-PE).

Para ele, a proposta concentra o comando da segurança pública em Brasília e precisa de “mudanças profundas”. Com essa posição do relator, uma base precária, o Centrão dando as cartas, a direita e boa parte da sociedade querendo sangue, a PEC tende a virar do avesso. Do outro lado, o governo parece tonto, sem saber o que dizer, como reagir.

 

VITÓRIA DO CRIME – Na CPI, que vai correr em paralelo, o que menos interessa é que a escalada espantosa da violência é uma derrota de décadas, da direita e da esquerda e de governos, uns atrás dos outros.

Os únicos vitoriosos são o PCC, o CV e seus filhotes. A verdade não importa. CPIs sempre miram no governo de plantão, principalmente se ele está em vantagem para a eleição seguinte.

Presidente do Senado e “amigão” de Lula, Davi Alcolumbre foi rápido no gatilho e deu o start da CPI, que deverá Flávio Bolsonaro, Sérgio Moro, Magno Malta e até Marcos Do Val, o esquisitão que se diz da SWAT, conta histórias mirabolantes e está de licença.

CONSÓRCIO DA PAZ? – Os governadores que aplaudiram Cláudio Castro e a centena de mortes no Rio criaram um consórcio que pode ser tudo, menos “da paz”, e serão decisivos para os rumos da PEC, da CPI e do tabuleiro de 2026, com a direita se livrando de Bolsonaro e ganhando o próprio rumo.

E o Governo de Lula? Bem, desta vez está às voltas com um dilema: como compatibilizar o discurso histórico de Lula e do PT com a posição majoritária do eleitorado na prioritária e explosiva área da segurança pública?

Moraes autoriza general acusado de planejar atentado contra Lula a fazer o Enem

Fernandes está preso provisoriamente em uma unidade militar

Márcio Falcão
Gustavo Garcia
G1

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), atendeu  a um pedido da defesa do general da reserva Mário Fernandes e autorizou a saída do militar da unidade em que está preso para realizar as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) nos dias 9 e 16 de novembro.

De acordo com as investigações, o militar do Exército elaborou, em novembro de 2022, logo após as eleições presidenciais, um plano para matar Lula, Geraldo Alckmin e Moraes, que à época presidia o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O planejamento faria parte de trama para dar um golpe de Estado.

ESCOLTA – Conforme a decisão de Moraes, Mário Fernandes poderá sair do Comando Militar do Planalto, onde está preso provisoriamente, e se deslocar, nos dias de prova, para a Universidade de Brasília (UnB), para realizar o Enem. O deslocamento será feito com escolta policial e os agentes deverão agir de forma “discreta” e “sem ostensividade no uso de armas”. Após a realização dos testes, o militar deverá voltar à unidade militar em que está custodiado.

No pedido encaminhado a Alexandre de Moraes, a defesa de Mário Fernandes afirmou que o militar tem interesse em fazer o Enem com o objetivo de “progressão educacional e profissional” também como possibilidade de diminuição de uma eventual pena, caso seja condenado pelo STF.

NÚCLEO 2 – Mário Fernandes é réu do núcleo 2 da trama golpista, ao lado de outras cinco pessoas. O julgamento desse grupo está previsto para começar no dia 9 de dezembro.

“O estudo, mesmo que de forma autodidata, como é o caso da preparação para o Enem, é um fator de ressocialização e deve ser prestigiado. A aprovação no exame autoriza a remição de pena, independentemente de o custodiado já ter concluído o ensino médio anteriormente”, afirmam os advogados do general.

Cármen Lúcia vota, recurso de Bolsonaro é negado, mas o processo não acabou

charge carmem lucia boa | Jornal Ação Popular

Charge da Pryscila (Arquivo Google)

Davi Vittorazzi e Gabriela Boechat
CNN Brasil

A ministra Cármen Lúcia, do STF (Supremo Tribunal Federal), acompanhou o relator Alexandre de Moraes e votou nesta sexta-feira (7) para rejeitar o recurso apresentado pela defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Com o voto da ministra, a Primeira Turma tem unanimidade para manter a condenação do ex-chefe do Executivo.

A defesa do ex-presidente contestava, nos embargos de declaração, pontos do acórdão que condenou Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão por liderar o plano de tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

PRAZO PREVISTO – O julgamento dos recursos dos condenados do núcleo 1 começou nesta sexta (7) e encerra oficialmente na próxima sexta (14), mesmo com todos os votos definidos.

A ministra Cármen Lúcia seguiu o entendimento do relator Alexandre de Moraes para considerar que todos os argumentos dos advogados já haviam sido discutidos pela Primeira Turma, seja na análise das preliminares e no mérito do julgamento.

Segundo Moraes, os argumentos da defesa no recurso reproduzem apenas “inconformismo” com o desfecho do julgamento, sem apresentar de fato situações de omissões e contradições.

NO ÚLTIMO DIA – A defesa do ex-presidente apresentou embargos de declaração no último dia do prazo antes do processo entrar em trânsito em julgado, em 27 de outubro. No recurso, os advogados alegam “injustiças”, “erros” e “equívocos” no julgamento.

Cármen também julgou improcedentes os recursos apresentados pelas defesas de Alexandre Ramagem, Almir Garnier, Anderson Torres, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Souza Braga Netto.

O único condenado do núcleo 1 a não apresentar recurso foi o tenente-coronel Mauro Cid. O processo dele entrou em trânsito em julgado e Cid já começou o cumprimento de pena, desde a última segunda-feira (3).

QUATRO MINISTROS – A Primeira Turma do STF é composta atualmente por quatro ministros: Moraes, Cármen Lúcia, Flávio Dino (presidente do colegiado) e Cristiano Zanin. Neste caso, continua sendo necessário três votos para haver maioria para negar ou acolher os recursos.

A fase de análise de recursos sobre o acórdão de julgamento antecede a declaração de trânsito em julgado (quando não se cabe mais nenhum recurso). Após essa etapa, o relator poderá determinar o cumprimento de penas dos condenados.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Calma, minha gente! O julgamento ainda não está terminando. O trânsito em julgado só acontece quando não há mais possibilidade de recursos. A partir da próxima sexta-feira, dia 14, as defesas de Bolsonaro e dos demais réus têm 15 dias para apresentar mais um recurso – desta vez, os importantíssimos embargos infringentes, que serão julgados pela Segunda Turma, com outro relator. Existe um precedente em contrário, no caso de Paulo Maluf em 2018, mas se Gilmar Mendes, como presidente da Turma, rejeitar liminarmente os embargos, caberá recurso aos três ministros que apoiam Bolsonaro (Fux, Marques e Mendonça) e então a Segundo Turma vai inocentar o ex-presidente. Fiquem ligados.  (C.N.)

Primeira Turma do STF tem maioria para rejeitar recurso e manter condenação de Bolsonaro

Investigados por vender sentenças seguem recebendo supersalários no MS

Desembargadores ganharam mais de R$ 1 milhão cada

Por Rayssa Motta
Fausto Macedo
Estadão

Os desembargadores Alexandre Aguiar Bastos, Marcos José de Brito Rodrigues, Sideni Soncini Pimentel e Vladimir Abreu da Silva vêm recebendo remunerações muito acima do teto previsto na Constituição mesmo afastados há um ano das funções no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJ-MS). O Estadão pediu manifestação do tribunal sobre os pagamentos.

Os magistrados estão fora de seus gabinetes desde outubro de 2024 por ordem do Superior Tribunal de Justiça. Eles são investigados na Operação Ultima Ratio por suspeita de venda de sentenças. A Polícia Federal já informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que considera ter encontrado provas suficientes para a abertura de um processo criminal contra os desembargadores. Todos negam irregularidades.

SUPERSALÁRIOS – Sideni Soncini Pimentel é dono dos contracheques mais altos. O desembargador ganhou R$ 1.507.453,21 de remuneração bruta no período de afastamento, entre novembro de 2024 e setembro de 2025. Os dados de outubro ainda não estão disponíveis no Portal da Transparência. Após descontos de praxe e de contribuições previdenciárias, ele recebeu em conta R$ 1.123.108,89 líquidos, uma média de R$ 102,1 mil por mês.

Marcos José de Brito Rodrigues aparece na sequência, com uma remuneração bruta de R$ 1.481.795,83 ou R$ 1.150.150,17 líquidos, o que lhe rendeu média salarial de R$ 104,5 mil mensais. No período de afastamento, Vladimir Abreu da Silva teve uma remuneração bruta de R$ 1.462.501,06 ou R$ 1.131.305,99 líquidos, uma média de R$ 102,8 mil por mês.

Por último, o desembargador Alexandre Aguiar Bastos ganhou R$ 937.444,66 de salário bruto. Com os descontos, ele recebeu na conta R$ 706.267,95, o que corresponde a R$ 64,1 mil mensais.

CONTRACHEQUES INFLADOS – Apesar de não estarem exercendo qualquer função há exatamente um ano, os desembargadores de Mato Grosso do Sul sob suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro tiveram seus contracheques inflados por verbas recebidas a título de direitos pessoais, indenizações e direitos eventuais – benefícios pagos além do subsídio base (R$ 41.845,49).

A Constituição limita o salário dos servidores públicos ao que ganham os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), hoje R$ 46,6 mil de remuneração bruta, mas os pagamentos fora do teto são autorizados administrativamente pelos tribunais.

NEGOCIAÇÕES – Por ordem do ministro Cristiano Zanin, do STF, os magistrados estão proibidos de acessar os prédios do Tribunal de Justiça e os sistemas de processos e também não podem manter contato com servidores da Corte. A Polícia Federal suspeita que os desembargadores negociaram decisões e pagamentos por meio de familiares.

As suspeitas envolvem sobretudo filhos dos magistrados, em sua maioria advogados, que segundo a PF usaram os escritórios para receber propinas sem chamar a atenção dos órgãos de investigação.

PL mineiro continua indefinido, à espera de Bolsonaro escolher candidatos

Legenda não sabe se lança candidatos próprios ou compõe alianças

Érika Giovannini
O Tempo

Apesar do otimismo de alguns parlamentares na disputa por uma vaga ao Senado Federal, o Partido Liberal (PL) em Minas Gerais enfrenta um impasse que precisa ser resolvido antes de definir os nomes que entrarão nessa briga: como será o papel da legenda na corrida pelo Executivo estadual. Até o momento, o partido não lançou candidatura própria ao governo de Minas nem firmou aliança com os principais nomes da direita no estado – Mateus Simões (PSD) e Cleitinho (Republicanos).

Segundo interlocutores, a incerteza ocorre em meio à dificuldade de comunicação direta com Jair Bolsonaro (PL), em prisão domiciliar desde abril e cuja influência continua determinante para a escolha. Além da indefinição do nome para o cargo majoritário, há divergências internas sobre a disputa pelo Senado, já que haveria muitos interessados para apenas duas vagas.

NOMES PRÓPRIOS – Algumas lideranças defendem que o PL leve nomes próprios para ambas, outras defendem uma composição. Enquanto isso, quem está de olho na cadeira no Legislativo federal vai defendendo seu terreno e buscando a bênção do ex-presidente.

Há duas semanas, o deputado estadual Cristiano Caporezzo (PL) esteve com Bolsonaro e, após o encontro, anunciou publicamente que teria recebido o aval do ex-presidente para disputar uma das vagas ao Senado. Na ocasião, Caporezzo afirmou que Bolsonaro havia dito que o PL lançaria dois mineiros à Casa Alta. “O presidente Bolsonaro afirmou que serão duas vagas para o Senado por Minas Gerais e, certamente, uma dessas será minha”, declarou.

INDICAÇÕES – O deputado federal Eros Biondini também acredita que apenas candidatos do partido serão indicados às duas cadeiras disponíveis para Minas no Senado. “O cenário tem mudado muito de tempos em tempos. Hoje eu acredito que os dois candidatos seriam próprios do PL”.

Em contrapartida, na segunda-feira passada, o presidente estadual do PL, deputado federal Domingos Sávio, disse que o partido indicará dois nomes, mas não necessariamente ambos da legenda. “O que é absolutamente certo é que o PL indicará ao menos um candidato próprio”.

Segundo o dirigente, a possibilidade de composição e candidatura própria do PL sempre foi considerada pelo ex-presidente. “Legalmente, pode lançar dois do mesmo partido? Pode. Estrategicamente? Se você olhar as eleições históricas, não lembro de lançarem dois nomes dos partidos e terem êxito. O processo de composição é sempre usado”, ressaltou.

UM CANDIDATO – Essa leitura foi reforçada por dois interlocutores da legenda. Um deles avaliou que o PL “terá de abrir mão de uma cadeira, porque duas vagas ao Senado enfraquecem o partido na disputa pelo governo do estado”. Outro foi direto: “No fundo, o PL quer apenas um candidato ao Senado”.

O presidente da sigla em Minas revelou ainda que o ex-presidente tem sido “generoso” com todos os interessados na Câmara Alta que o visitam, dando “a sensação de indicação a todos”. No entanto, ele enfatizou que nem o ex-presidente, nem seus “porta-vozes” declararam publicamente quem ou quantos serão os indicados. “Temos que esperar”, declarou Domingos Sávio, que também recebeu, em agosto, a “bênção” do ex-presidente para a disputa. Só neste ano, dos sete que estariam cotados para o Senado, três visitaram Bolsonaro para articular suas candidaturas.

Os múltiplos castelos de areia na poesia de Olegário Mariano

FCO-3066 - Retrato do Poeta Olegário Mariano | Obras | PortinariPaulo Peres
Poemas & Canções

O diplomata, político e poeta pernambucano Olegário Mariano Carneiro da Cunha (1889-1958) revela que a fantasia, a esperança, as palavras de amor, os beijos e a fatalidade podem ser somente “Castelos de Areia”.

CASTELOS DE AREIA
Olegário Mariano

— Que iluminura é aquela, fugidia,
Que o poente à beira-mar beija e incendeia?
— É apenas a criação da fantasia: —
São castelos na areia.

Andam, tontas de sol, brincando as crianças
Como abelhas que voaram da colmeia.
Erguem torreões fictícios de esperanças…
São castelos na areia.

Ao canto de um jardim adormecido:
“Por que não crês no afeto que me enleia?
E as palavras que eu disse ao teu ouvido?”
— São castelos na areia.

E o tempo vai tecendo, da desgraça,
Na roca do destino, a eterna teia.
— “E os beijos que trocamos?” — Tudo passa,
São castelos na areia.

Coração! Por que bates com ansiedade?
Que dor é a grande dor que te golpeia?
Ouve as palavras da Fatalidade:
Ventura, Amor, Sonho, Felicidade,
São castelos na areia.