Italo Nogueira e Fabio Serapião
Folha
A deputada estadual Lucinha (PSD) foi afastada do cargo nesta segunda-feira (18) pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro sob suspeita de atuar como um braço político de uma milícia na zona oeste da capital. Ela e uma assessoria são alvos da Operação Batismo, deflagrada nesta segunda pela Polícia Federal e pelo Ministério Público estadual. No total, oito mandados de busca e apreensão foram cumpridos pelos agentes nos bairros de Campo Grande, Santa Cruz e Inhoaíba, bem com no gabinete da deputada na Assembleia.
“As investigações apontam a participação ativa de uma deputada estadual e de sua assessora na organização criminosa, especialmente na articulação política junto aos órgãos públicos visando atender os interesses do grupo miliciano, investigado por organização criminosa, tráfico de armas de fogo e munições, homicídios, além de extorsão e corrupção”, afirmam a PF e o MP-RJ.
BUSCA E APREENSÃO – A PF apreendeu na casa da deputada R$ 148 mil em espécie, duas armas, celulares, computadores e documentos. Procurada, a Alerj afirmou que ainda não recebeu o comunicado do Tribunal sobre o afastamento da deputada Lucinha. “Assim que for informada, oficialmente, a Casa tomará as providências cabíveis com base na decisão judicial”, respondeu.
A deputada ainda não se manifestou. Em nota, o PSD-RJ afirmou que acompanha a operação pela imprensa e que aguardará o acesso aos autos para emitir posicionamentos adicionais.
“A Constituição Federal garante o direito à ampla defesa, ao contraditório e à presunção de inocência. Nos últimos anos, vários foram os casos em que o pré-julgamento causou enormes danos aos envolvidos em investigações. Assim, o partido aguardará o acesso aos autos para emitir posicionamentos adicionais. O PSD reitera seu compromisso com a ética e a transparência em todas as esferas.”
POLÍTICA DA ANTIGA – Lucinha está em seu quarto mandato como deputada, tendo exercido outros quatro na Câmara Municipal. Ela é mãe do secretário municipal de Envelhecimento Saudável, Junior da Lucinha, da gestão Eduardo Paes (PSD).
De acordo com as investigações, a deputada atuava em favor da maior milícia do estado, comandada por Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho. O grupo criminoso foi o responsável pelos ataques a ônibus e trem na zona oeste em outubro.
A decisão de afastamento foi proferida na quinta-feira (14) pelo desembargador Benedicto Abicair, do Órgão Especial, foro do TJ-RJ que analisa acusações contra deputados estaduais.
QUEBRA DE SIGILO – Além do afastamento do cargo, o magistrado determina a quebra de sigilo dos dados telefônicos e informáticos da deputada, a proibição de frequentar a Assembleia e de manter contato com investigados ou autoridades da segurança pública do estado.
O desembargador Abicair não concedeu ordem de prisão temporária da assessoria Ariane Afonso Lima, mas autorizou buscas em endereço a seu nome.
O nome de Lucinha e Ariane apareceram na investigação a partir da quebra de sigilo de Domício Barbosa de Sousa, acusado de integrar a milícia “bonde do Zinho”. Segundo a Procuradoria-Geral de Justiça, Domício encontrou Lucinha e a assessora pelo menos 15 vezes ao longo de 2021.
CINCO EPISÓDIOS – Segundo a decisão que afastou a deputada, os dados mostram cinco episódios que demonstrariam a interferência delas em favor do grupo criminoso.
Lucinha, chamada de “madrinha” por Domício, teria repassado data de visita do prefeito nos bairros em que atuam. Segundo o Ministério Público, a informação permitiu que o miliciano se programasse para retirar sua “tropa armada” das ruas.
A deputada também é suspeita de ter atuado em favor de que motoristas de vans cobrados pela milícia pudessem continuar circulando pela zona oeste. Os dados mostram também, segundo o MP-RJ, que Domício teria pedido à deputada, por meio da assessora, a realização de uma operação policial contra uma facção rival.
BONDE DO ZINHO – Lucinha é suspeita também de ter atuado em favor de milicianos do “bonde do Zinho” presos pela polícia. Segundo o MP-RJ, em novembro de 2021, Domício solicitou à deputada atuação em favor de criminosos presos em flagrante com armas, fardamento e veículo roubado.
A Procuradoria afirma que a deputada fez ligações e informou Domício sobre o fato da ocorrência ter se encerrado sem preso. De acordo com o MP-RJ, ela disse ao miliciano que “fez sua parte” e que “agora quebraria o telefone”, orientando que ele fizesse o mesmo.
O quinto episódio narrado se refere à suposta tentativa de interferir na nomeação do então comandante do 27º Batalhão da PM (Santa Cruz), tenente-coronel Eduardo Lopes.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Demorou, mas acabou acontecendo. A Polícia Federal e o MP conseguiram descobrir a ligação da deputada Lucinha. É apenas o primeiro caso. O número de políticos envolvidos com os milicianos é enorme. Ele formam a bancada do crime na Assembleia Legislativa. Lucinha é a primeira, mas essa fila precisa andar, porque há bairros praticamente inteiros sob domínio das milícias, que vão reagir à repressão. Parabéns à Polícia Federal e ao MP. (C.N.)
Só mesmo a Polícia Federal sob o comando do Ministério da Justiça e Segurança Pública e o Ministério Público Estadual conseguiriam ter sucesso contra as milícias.
Tem gente mais graúda do que a Lucinha que se beneficiam e se beneficiaram do apoio das milícias em suas eleições.
O Quartel – general das ditas ” milicias ” , fica dentro da própria ” Assembleia Legislativa do Estado RJ ” , extensivos aos ” tribunais do Estado do RJ ” isso é líquido e certo .
Gozado que nunca mais se denunciou políticos ligados ao tráfico… E são quase todos, viu? Pq a proteção? Será efeito Xandão do Pcc e agora Dino do CV?