Mario Sabino
Metrópoles
O Supremo Tribunal Federal tornou-se definitivamente um poder político, embora esse papel não esteja previsto na Constituição Federal da qual ele é o maior guardião. O presidente do STF e outros ministros do tribunal participam de lançamentos de programas de governo, fazem discursos políticos e dão entrevistas nas quais emitem opiniões políticas. Eles até viajam como se fossem políticos, no sentido de que acham que não precisam prestar satisfações a ninguém.
A depender de quem é o inquilino do Planalto, os ministros o ajudam ou o atrapalham na sua relação com deputados e senadores, ao emparedar o Congresso ou impedir que o presidente exerça com liberdade as prerrogativas do seu cargo.
PROCESSOS DE ÓDIO – Eles também se atribuíram o papel de defender a democracia sem serem provocados como previsto constitucionalmente. Abrem processos de ofício nos quais podem ser ao mesmo tempo vítimas, investigadores e julgadores.
O poder político do STF é tão evidente que já nem mais tentam disfarçar os acordos que se tecem sobre quaisquer julgamentos nos quais os ministros são juízes. Veja-se, por exemplo, o caso do senador Jorge Seif, do PL de Santa Catarina.
No TSE, tudo apontava para a sua cassação por abuso de poder econômico nas eleições de 2022, mas o julgamento foi suspenso na última hora depois que Tarcísio de Freitas entrou em cena.
TROCA-TROCA – De acordo com o que se lê nos jornais, sem que houvesse qualquer desmentido e como se fosse a coisa mais natural do mundo, Tarcísio de Freitas conversou com Alexandre de Moraes para escolher um aliado do ministro para a Procuradoria-Geral do Estado de São Paulo. Em troca, Alexandre de Moraes preservaria o mandato de Jorge Seif.
Uma evidência apontada por jornalistas de que houve conversas entre o governador e o ministro é que o relator do caso no TSE, amigo de Alexandre de Moraes, mudou de posição três vezes em menos de um mês. Ao final, decidiu-se adiar a coisa toda para que se pudesse “realizar mais diligências”.
Outro julgamento importante sobre a cassação do senador Sergio Moro, também acusado de cometer abuso econômico. A imprensa dizia que era líquido e certo que ele seria cassado por motivos políticos.
MUDOU TUDO – Pois motivos políticos no sentido inverso agora apontam para a sua absolvição, porque Alexandre de Moraes estaria em fase de recuo tático em relação à direita.
Será feita justiça se Sergio Moro tiver o seu mandato preservado pelo TSE. Mas o ponto é outro. O ponto é que, para o bem ou para o mal, o Poder Judiciário não poderia se guiar por razões que não fossem as estritamente previstas na lei.
Entre o mundo ideal e o mundo real, contudo, não há conexões. O STF se tornou um poder político, e este é um caminho sem volta. Não era, mas virou a coisa mais natural do mundo, Besteira é não viver a realidade, como cantava Cássia Eller.
Claro com os bundoes qye temos no senado e na câmara, isso era previsível
Vejo como pacífica concessão entre partícipes de uma mesma e global “idéia”!
Quem banca, determina e cobra gradativo cumprimento de etapas da mafiosa e khazariana agenda!
Eles se atribuíram o papel de donos do país, da nação, do estado brasileiro.
Na França absolutista o rei sol bradava “O estado sou eu”. No Brasil da democracia relativa eles bradam ” Eu sou a constituição”.