Elio Gaspari
O Globo/Folha
O bilionário Elon Musk definiu-se em 2020, depois que foi acusado de ter colaborado com um golpe na Bolívia e respondeu, por escrito: “Nós daremos golpes contra quem quisermos. Lidem com isso!”. O dono do X desobedece ordem da Justiça brasileira, debocha do Supremo Tribunal Federal e insulta o ministro Alexandre de Moraes. Faz tudo cobrindo-se na pele de cordeiro de um defensor da liberdade de expressão. Não o é. É um golpista ao estilo dos americanos que derrubavam governos na América Central no início do século 20.
A liberdade de expressão defendida por Musk é a manutenção na rede de mentiras e difamações. O juiz americano Oliver Wendell Holmes já ensinou que ela não protege quem, falsamente, grita fogo num teatro cheio.
Desde que o X foi tirado do ar, o ministro Alexandre de Moraes tomou uma série de outras medidas. Pode-se discordar de todas e de cada uma, mas elas poderão ser revogadas pelo Judiciário que Musk desrespeita. Multar em R$ 50 mil um brasileiro que recorre à gambiarra do VPN é um exagero. Bloquear as contas do Starlink, um bendito provedor de internet em regiões remotas, porque pertence ao grupo empresarial de Musk, contaminou o debate. Ex-promotor e ex-secretário de Segurança de São Paulo, Moraes nunca foi juiz, nem precisava sê-lo, mas sua formação valoriza reações impetuosas.
Quem conhece o Supremo acha que, se ele precisasse tomar todas essas providências, poderia fazê-lo aos poucos. A cereja desse bolo queimado foi colocada quando anunciou-se que sua decisão seria submetida ao Supremo Tribunal.
ENTRE DOIS JUÍZES – Imagine-se uma conversa entre um juiz americano e um brasileiro:
— A decisão foi homologada pelo Supremo Tribunal?
— Foi, por unanimidade.
— Votaram os 11 ministros?
— Não. Só quatro.
— Mas eles não são 11?
— A votação deu-se na Primeira Turma do Tribunal.
— As turmas foram criadas pela Constituição?
— Não.
— E quem decidiu mandar o caso para a Primeira Turma?
— O ministro Alexandre de Moraes.
— Quem a preside?
— O ministro Alexandre de Moraes.
Se for bem educado, o juiz americano muda de assunto, como fazem seus colegas quando os brasileiros explicam que um precatório é uma dívida do governo, reconhecida pelo Judiciário, que não é paga.
NO PLENÁRIO – Se o litígio fosse levado ao plenário, o mundo não acabaria. Na pior das hipóteses, votariam contra Moraes os ministros Nunes Marques e André Mendonça, nomeados por Bolsonaro. Mesmo que não se queira conhecer a opinião de Nunes Marques, ouvir André Mendonça não é perda de tempo.
A posição de Elon Musk é indefensável por si mesma. A partir do momento em que o ministro Alexandre de Moraes resolveu comandar sua carga da cavalaria ligeira, Musk foi ganhando simpatias. Primeiro, a do sujeito que por algum motivo precisava recorrer ao VPN. Depois, a do cidadão que só liga o seu trator conectando-se pela Starlink. Finalmente, o litígio atingiu o incauto que esperava uma decisão do Supremo e foi obrigado a conformar-se com a da Primeira Turma.
O Judiciário brasileiro já não vive um de seus melhores momentos. Não precisa piorar.
Descobriu a pólvora. “O judiciário brasileiro já não vive um de seus melhores momentos”.
É um gozador.
Eu gostaria de acompanhar a maioria, mas não tenho como concordar com o linchamento nacional do ministro Alexandre, pautado pelo ícone da moral, bons costumes e ética jornalística e jurídica Glenn Greenwald e por um agitador oportunista, conspirador e empresário aético estrangeiro, simplesmente pela omissão oportunista de seus algozes do fato dê que a Lei desconhece, por suas novas formas, muitos dos crimes de injúria, difamação, incitação ao ódio e subversão do estado de direito espalhados nas redes sociais e na mídia, diante do que é lícito e louvável uma ação mais discricionária da Justiça. Há controvérsias? Deve haver! Mas o que não pode haver é uma potência econômica estrangeira atacando leis e interesses nacionais de um país soberano defendida por “patriotas “nacionais, ou melhor, traidores da Pátria..
Só um completo idiotia acredita nessa baboseira de que o Musk deu um golpe de Estado na Bolívia.
Só por esse comentário já sabemos que o resto é só porcaria.
Todas as decisões do STF são ilegais. Não há base legal nenhuma para o processo contra o X, a não ser o ego dos ministros.
Sr. Walsh, entendo que para chamar Elio Gaspari de completo idiota, de muito embasamento e informação.
Precisa-se
Meu, quando a censura e a perseguição política do 57F incomoda até mesmo um velho stalinista como o Gaspari, é por que o negócio tá muito feio.
Um Velho na Janela , lembra-se das espionagens e gravações criminosas que Glenn Greenwald ” defensor dos bons costumes , honradez , ética jornalista e jurídica , cometeu contra os agentes públicos em envolvidos no combate e investigações a corrupção , o dito cujo estava foragido dos EUA , por cometer os mesmos crimes que o ” endeusou e notorizou ” no Brasil , tanto é verdade que o deputado David (companheiro BR ) fora aos EUA , como seu representante .
Não sei dizer se Glenn Greenwald , já pode voltar aos EUA sem ser preso .
Lembro perfeitamente da carreira do impoluto jornalista americano merecedor de um Pulitzer de ética, aquele ferrenho defensor da Lava Lula e crítico feroz da Lava Jato, hoje, inexplicavelmente, paladino da direita tupiniquim.
Contra os velhos estalinistas não existe remédio ou cura, são useiros e vezeiros em usar diatribes vernaculares para dourar a pílula.
Parece que Moraes tem os podres dos outros ministros como arma de chantagem para mandar e desmandar sem ser questionado. Agora imaginem se batizarem alimentos e bebidas com altas doses de Viagra,será que o resto do STF o serviriam e o obedeceriam?
Gente! Esse pessoal ainda falando em velhos stalinistas, patriotas não conseguem encontrar melhor justificativa para seu conservadorismo de privilégios e insensibilidade social?