
Quanto mais eles brigam, é melhor para a América Latina
Jamil Chade
do UOL
Dividida e enfraquecida, a América Latina se transforma em uma zona de disputas de potências internacionais na busca por mercados, influência e matérias-primas. Documentos europeus obtidos pelo UOL revelam que China, EUA e a UE não disfarçam a ambição sobre a região — nem o temor de que rivais possam controlar o continente.
A disputa promete ser feroz nos próximos anos, com o governo de Donald Trump convencido a recuperar seu “quintal”, enquanto Xi Jinping acolherá presidentes de toda a região em duas semanas. Admitindo que perderam oportunidades, os europeus alertam sobre o risco de que sua tradicional presença no continente seja reduzida e planejam ações para não ficar de fora da disputa pela América Latina.
DIZ O ESTUDO – Elaborado para dar subsídios aos debates no Parlamento Europeu, um informe técnico de fevereiro de 2025 confirma: “A região [latino-americana] tem importância estratégica para o futuro da economia global devido à sua abundância de recursos e matérias-primas essenciais, como o lítio e o cobre.”
A grande preocupação se refere aos avanços feitos pela China e à resposta dos EUA sobre a região. “Em apenas duas décadas, a China passou de um ator insignificante a uma força dominante na América Latina, ao lado dos EUA e da União Europeia. As previsões sugerem que, até 2035, a China poderá até mesmo ultrapassar os EUA como o parceiro comercial mais importante da América Latina”, destaca o relatório.
O documento também constata que, nos últimos anos, “a China está fortalecendo suas relações políticas com a região, principalmente por meio do fórum Celac (China-Comunidade dos Estados da América Latina e do Caribe)”.
MARCANDO PRESENÇA – Em 2024, o presidente chinês Xi Jinping fez sua sexta visita à região desde 2013. Entre 2013 e 2024, ele visitou a região mais vezes do que os presidentes Obama, Trump e Biden juntos.
Xi aproveitou sua recente participação em grandes cúpulas na América Latina para atualizar o acordo de livre comércio com o Peru, inaugurar obras e elevar a parceria estratégica entre o Brasil e a China.
“Isso resultou na assinatura de 37 atos internacionais em áreas como comércio, investimento, energia, mineração e finanças”, observa o levantamento.
INFRAESTRUTURA – Para os europeus, uma das principais ações da China foi incluir a América Latina, a partir de 2018, em sua vasta estratégia de desenvolvimento de infraestrutura global — a Iniciativa Cinturão e Rota.
“Um exemplo recente de investimento estratégico chinês na região é o megaporto de Chancay, no Peru, que pode ser um divisor de águas na logística do subcontinente, pois redirecionará o comércio entre a América Latina e a Ásia, contornando o Atlântico e o Canal do Panamá”, explica.
Desde 2018, a China assinou quase mil acordos bilaterais com países da América Latina para facilitar e promover o comércio, o investimento e a cooperação em uma ampla gama de setores.
POLO ESTRATÉGICO – De acordo com os europeus, um dos principais motivos pelos quais a China está expandindo sua presença na América Latina é “garantir seu fornecimento de matérias-primas essenciais e reforçar seu domínio global em tecnologias estratégicas e emergentes”.
Para a UE, “a negligência de outros permitiu que a China se estabelecesse rapidamente como um importante participante na América Latina”.
“Os EUA e a UE negligenciaram a América Latina por muito tempo. Alguns analistas atribuem a perda da posição exclusiva dos EUA e da UE na região a políticas externas desatentas, ao crescente ceticismo interno em relação aos acordos tradicionais de livre comércio, e à incapacidade de monitorar as implicações de segurança da crescente presença da China no hemisfério ocidental”, afirmou.
TIRO NO PÉ – Para os europeus, porém, o risco é de que a ação agressiva da Casa Branca sob Donald Trump na região seja um tiro no pé.
“As ações recentes do governo Trump com o objetivo de combater a influência da China na América Latina, podem, inadvertidamente, fortalecer ainda mais a posição da China na região, como foi visto durante o primeiro governo Trump”, alertou.
De acordo com o documento europeu, Trump tomou medidas que muitos países da América Latina consideram “inamistosas”. Por exemplo, os EUA suspenderam — e ameaçaram eliminar — muitos de seus programas de assistência externa, deportaram migrantes de volta para a Colômbia, afirmaram que retomariam o Canal do Panamá, alegando que ele era operado pela China, e impuseram mais tarifas comerciais.
RELAÇÃO CRESCENTE – “Além do fato de o governo dos EUA ter obtido alguns possíveis sucessos de curto prazo na limitação da influência do país asiático, as indicações são de que a relação da China com a América Latina continuará a crescer”, diz o informe para o parlamento.
O relatório prevê que um volume de transações sem precedentes, acompanhado por maiores investimentos e fluxos financeiros, aumentará ainda mais a importância econômica do país asiático para os países da região. “Até 2035, a China e os EUA competirão pela posição de principal parceiro comercial da América Latina”, alerta o documento, dizendo que, para a Europa, o Brasil, o Mercosul e América Latina são “mais estratégicos que nunca”
O informe alerta para a urgência da Europa em lidar com a ofensiva dos EUA e da China na América Latina, principalmente votando a aprovação de um acordo comercial com o Mercosul.
MATÉRIAS-PRIMAS – “Para a UE, que precisa urgentemente de um suprimento diversificado de matérias-primas essenciais para navegar na transição limpa e digital de sua economia, a América Latina é agora mais estrategicamente importante do que nunca”, diz.
“A conclusão do acordo com o Mercosul testará o compromisso da UE de aprofundar a parceria com a América Latina. Espera-se que o Parlamento Europeu vote a proposta durante sua atual legislatura”, frisa o documento.
A UE chegou a um acordo político sobre a parceria em 6 de dezembro de 2024, mas sua implementação continua incerta devido à oposição de alguns países-membros da UE, como a França e a Polônia. Enquanto isso, a China, cada vez mais vista pela UE como concorrente e rival sistêmica, está pronta para solidificar ainda mais seus laços econômicos com a América Latina, especialmente com o Mercosul, lembra o documento.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Uma constatação importante. Em tradução simultânea, fica provado que o economista Carlos Lessa e o consultor Darc Costa (presidente e vice do BNDES), junto com o diplomata Samuel Pinheiro Guimarães (secretário-geral do Itamaraty) tinham razão quando priorizaram as relações com a América Latina, em 2003. Mas o então presidente Lula da Silva não entendeu nada e demitiu Lessa, por causa de uma briga com Palocci, Na sequência, Darc pediu demissão, Guimarães foi cuidar da vida, e a estratégia está sepultada desde então. É decepcionante, não? (C.N.)
EUA e Europa descuidaram do Brasil. É tarde demais agora, a China já é dominante no país.
A incursão mais importante da Rússia (Leste Europeu) no Brasil, por exemplo, foi há três décadas com os veículos Lada
A Lada entrou no mercado brasileiro no início dos anos 1990, com a abertura da importação de veículos realizada pelo governo Collor.
A Lada fez sucesso com seus modelos de carros compactos, fabricados pela empresa estatal AvtoVAZ, que eram mais baratos e robustos, e chegou a ter mais de 120 revendas no Brasil.
“Barba”, o apátrida “desmontador”, agente khazariano!
O BRASIL / SÓ VAI MORALIZAR SEUS VALORES EM UMA SOCIEDADE / QUANDO A LAVA JATO VOLTAR A OPERAR DENTRO DO JUDICIÁRIO BRASILEIRO. QUE SAUDADE DE VER A LAVA JATO PRENDENDO OS GRANDES TUBARÕES.
O Brasil é um grande produtor de banana.
A China vai nos empurrar um monte de ching ling, e nós, a banana neles.
E a Argentina?
Eu tinha uma arrelia com os manos por causa do Peron, do Maradona e do Papa Bergolho.
Agora, gosto por causa do Carlos Gardel e seus tangos e do Astor Piazzolla e seu bandoneon, Messi e do presidente Milei.