Lula usa Galípolo como “corretor” para resolver o escândalo do Master

Começa a era Gabriel Galípolo no comando do Banco Central - NeoFeed

Galípolo tenta vender o Master, a pedido de Lula e Haddad

Carlos Newton

É preciso ser muito ingênuo, beirando a insanidade mental, para acreditar que o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, não tenha obedecido a ordem superior ao se dispor a mandar funcionar o Banco Central no feriado do Dia do Trabalho, nesta quinta-feira, para receber em Brasília o empresário Joesley Batista, da J&F Investimentos.

A surpreendente reunião, em início de feriado prolongado que os bilionários e as autoridades costumam dedicar ao convívio com as mulheres e filhos, demonstra não somente o extremado espírito cívico de Galípolo e Joesley, mas também a dedicação dos diretores de Fiscalização e Regulação da autarquia, Ailton Aquino e Gilney Vivan.

CHAMARAM A IMPRENSA – Poucos jornalistas foram avisados da reunião, para haver garantia que todas as matérias tivessem viés positivo, conforme ocorreu. Após o encontro, Ailton Aquino, diretor de Fiscalização, falou rapidamente com jornalistas.

Em resposta a uma pergunta de Adriana Fernandes, da Folha, que indagou se o Master era o tema do encontro em pleno feriado, Aquino não contestou a informação e disse que “a reunião foi boa”. Na agenda oficial do BC, o tema apontado para a reunião eram “assuntos institucionais”.

Sabe-se que no último dia 17 de abril, Joesley e seu irmão e sócio, Wesley Batista, já tinham se reunido em Brasília com Galípolo, em Brasília.

POSTURA EXECRÁVEL – Em qualquer país respeitável, a postura do presidente do BC seria considerada execrável e até motivo de demissão, pois não cabe à maior autoridade financeira negociar a venda de uma instituição pré-falida. Imagine-se o presidente do FED, Jerome Powell, intermediando a venda de um banco americano… 

Em casos como este a função do BC é fiscalizar a instituição (Banco Master) e fazer intervenção em caso de irregularidades ou iliquidez. E a intervenção funciona como uma recuperação judicial, que busca entendimento com os credores.

Se o resultado for positivo, o banco é devolvido a seus controladores. Em caso negativo, ocorre então a falência, que só atinge instituições privadas, porque os bancos estatais não podem falir e o governo assume todos os prejuízos.

BOAS NOTÍCIAS – O mais impressionante são as boas notícias. A imprensa amestrada anuncia que, além do Banco Regional de Brasília e da J&F dos irmão Batista, também o BTG Pactual, de Andre Esteves, estaria interessados em comprar o Master.

Bem, se a situação é assim tão promissora, que tal fazer um leilão comandado por Galípolo? Afinal, ele já atua como corretor e como presidente do BC, não custa nada acumular mais uma função.

É óbvio que, com essas atitudes e reuniões bizarras, Galípolo tenta acalmar o mercado e atender aos interesses do presidente Lula da Silva, que é íntimo dos irmãos Batista e quer ver resolvida essa situação.

RESULTADO INVERSO – Essa estratégia de Lula da Silva e Fernando Haddad, que tentam transformar Galípolo em corretor de transações nebulosas, tem efeito contrário ao pretendido. Ao invés de acalmar o mercado, aumenta a curiosidade sobre o último balanço auditado do Master, que não foi submetido ao Conselho do BRB e parece estar sob sigilo de 100 anos.

Com as notícias diárias sobre o estado do Master, é claro que está havendo uma corrida de correntistas, que tentam evitar prejuízos. Mas isso é um assunto tabu, que ninguém comenta, para não agravar a situação.

E o que chama atenção é o conluio. Essa reunião que jamais deveria ter acontecido teve a presença do corretor Galípolo, que não agiu como presidente do BC, e dos diretores de Fiscalização e Regulação, para garantir a Joesley Batista que sua holding não será incomodada caso aceite assumir o abacaxi do Master.

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P.S. 1 – 
O mais interessante deste imbroglio é que Lula passou dois anos perseguindo o então presidente do BC, Roberto Campos Neto, e agora não diz nada. O petista não percebe que, se o Master chegou a essa situação é porque a fiscalização do BC falhou e/ou Daniel Vorcaro cometeu ilegalidades. 

P.S. 2 – A situação faz lembrar o caso do pré-falido Banco PanAmericano, de Silvio Santos, que Lula mandou a Caixa Econômica comprar, em 2009. Poucos meses depois da absurda transação, o BC descobriu uma fraude de cerca de R$ 4,3 bilhões, e nada aconteceu a Silvio Santos, nem a Lula, nem aos dirigentes da Caixa. Ah, Brasil, mostra a tua cara!, como dizia Cazuza. (C.N.)

7 thoughts on “Lula usa Galípolo como “corretor” para resolver o escândalo do Master

    • Maria Fernanda Coelho, presidente da Caixa, pede demissão

      A Caixa não tem mais Maria Fernanda Coelho como sua principal executiva. Maria Fernanda anunciou sua saída do cargo durante reunião do Conselho de Administração da instituição na manhã desta quinta-feira (24).

      O real motivo da saída é o negócio feito pela Caixa com o Banco PanAmericano, fechado sob sua gestão. “[Maria Fernanda] foi responsável pelo caso mais desastroso feito pela Caixa nos últimos tempos”, disse a jornalista Míriam Leitão em seu blog, destacando que a executiva sempre se recusou a falar sobre o assunto.

      Vale lembrar que, depois da destituição da diretoria do PanAmericano após a fraude, Maria Fernanda foi eleita presidente do Conselho de Administração da instituição.

      Em novembro de 2009, após oito meses de negociação, a Caixa e o Panamericano assinaram um contrato para a venda de 35% da empresa financeira, até então do Grupo Silvio Santos, para a instituição federal.

      Rombo. Meses mais tarde, o Banco Central descobriu um rombo no balanço do banco, informação que vazou para o mercado em novembro de 2010. O valor, que começou em cerca de R$ 2,5 bilhões, chegou a R$ 4,3 bilhões, conforme o último resultado trimestral apresentado pelo PanAmericano.

      (…)

      InfoMoney, Negócios, São Paulo, 24/03/2011 10h29 Por Isabella de Abreu Silva

  1. Não devemos esquecer o caso do Banco Votorantim quando o Banco do Brasil adquiriu 49,99% do capital votante (equivalente a 50% do capital social) do Banco Votorantim em janeiro de 2009. A compra foi anunciada em 9 de janeiro e a transação foi finalizada após a aprovação do Banco Central.
    Governo Lula II

  2. Nesse Brasil varonil garantista ninguém é ladrão.
    Principalmente Dom Curro, aquele que jamais roubou uma maçã.
    Tudo dentro dos conformes, o dinheiro está saindo de onde tem que sair e entrando onde tem que entrar.

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