Aproveitamento bestial de “A Santa Ceia” na Olimpíada merece uma boa vomitada

Vídeo: Santa Ceia com drags nas Olimpíadas desperta ira de parlamentares de direita - Super Rádio Tupi

Esta imagem é claramente inspirado em “A Santa Ceia”

Carlos Newton

Como sempre, os artigos de Luiz Felipe Pondé despertam polêmicas e sofrem elogios e críticas. Sempre os transcrevo com extrema satisfação, embora às vezes não concorde inteiramente com suas posições. Nesses anos todos, só tive uma divergência séria, e cheguei até a contestá-lo, quando o grande filósofo defendeu a tese de que é melhor para as famílias internar o idoso numa clínica geriátrica, do que cuidar dele em casa.

À época, eu estava cuidando de minha mãe (98 anos) e do irmão dela (93 anos) e tinha visitado as melhores casas de repouso do Rio, e a melhor era a Clínica da Gávea, onde ficou Cazuza, realmente espetacular, algo de Primeiro Mundo.

Mas não adianta o luxo e o atendimento, porque o idoso sempre se sente verdadeiramente abandonado. Por isso, fiz o contrário do que Pondé recomendava e me sinto bem assim, minha mãe morreu aos 100 anos e meu tio aos 97 anos.

A SANTA CEIA – Radicado desde jovem em São Paulo, depois de uma experiência num kibutz em Israel, o pernambucano Pondé tornou-se um pensador universal, num mundo desencontrado e carente de ideias e raciocínios.

Agora, ele causa polêmica por seus comentários ao aproveitamento da fabulosa “Santa Ceia”, de Leonardo Da Vinci, satirizada na abertura da Olimpíada por algum criativo copiador de mestres como Federico Fellini, Pier Paolo Pasolini, Marco Ferreri e Jean-Luc Godard.

Pra colocar mais fogo no debate, apresento a obra O Banquete dos Deuses, obra de Jan van bijlert em que Dionísio está se divertindo. Não lhes parece que a cena retratada nas

O diabo (à dir.) é o personagem principal

Quando surgiu a fortíssima reação mundial a esse exagero na liberdade de criação, os bestiais autores dessa contrafação tentaram se desculpar, alegando que o estranho vídeo não tem nada a ver com a obra de Da Vinci, e teria sido inteiramente inspirado na pintura “O Banquete dos Deuses” do holandês Jan Van Bijlert, criada no século XVII, na qual o diabo aparece dançando, como personagem principal.

BOA DESCULPA? – À primeira vista, até parece uma alegação procedente, mas é como remédio e precisa de bula para seu efeito ser entendido. Assim, a drag queen de resplendor na cabeça seria o deus grego Apolo, que está sentado ao centro da mesa e tem também um resplendor como auréola, vejam a que ponto de descaramento chegamos.

Já o espalhafatoso comilão que aparece nu, pintado de azul, representaria o deus Dionísio, ou Baco para os romanos, que mais adiante aparece no vídeo à frente da mesa, comendo um cacho de uvas.

O banquete dos deuses, pintura do teto do namoro e casamento de detalhe do fresco de Cupido e Psique de 57688 de Raffaello Sanzio Raphael

O verdadeiro “Banquete dos Deuses”, de Rafael, é genial

A desculpa é mais amalucada do que a própria criação. Primeiro, porque esse tipo de audiovisual nada tem a ver com Olimpíada, pois reproduz apenas uma festa no puteiro. Segundo, porque a base do vídeo é justamente a Santa Ceia, que aparece reproduzida no início e vai-se transfigurando para se transformar numa adulteração do verdadeiro “Banquete dos Deuses”, que é um afresco do mestre Rafael Sanzio, sobre o casamento de Cupido e Psique, pintado também no Renascimento, como “A Santa Ceia”, vejam como esses idiotas conseguem errar até na autoria dos quadros que dizem lhes servir de inspiração, valha-nos Deus.

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P.S.
Feitos esses esclarecimentos, vai daqui um abraço a Luiz Felipe Pondé, que era ateu, mas na terceira idade fez as pazes com a religião, de uma forma digna, sem os exageros dos carolas. (C.N.)

16 thoughts on “Aproveitamento bestial de “A Santa Ceia” na Olimpíada merece uma boa vomitada

  1. Quando a pessoa quer, enxerga até pelo em ovo. Talvez seja o caso dessa representação. Pessoalmente não percebi nenhuma alusão ao quadro da Santa Ceia.

    O autor disse que a peça representaria a festa dos deuses do Olímpio. “« Você nunca encontrará em mim nenhum desejo de zombar, denegrir nada », garantiu Thomas Jolly, diretor artístico da cerimônia, neste fim de semana, negando ter sido inspirado pela Última Ceia e alegando ter querido fazer de « um grande festival pagão ligado aos deuses do Olimpo »”.

    “Nas redes sociais, alguns também se referem à tabela A Festa dos Deuses, pintado por volta de 1635-1640 por Jan Harmensz van Biljert, com Apolo coroado presidindo à mesa e Baco em primeiro plano, guardado em um museu em Dijon (est de la France).

    A polêmica começou quando o show acabou, vozes da direita e da extrema direita expressando indignação em uma cerimônia « woke », com uma visão que « procura ridicularizar os cristãos », como a francesa Marion Maréchal ou o italiano Matteo Salvini.”

    https://www.lapresse.ca/sports/jeux-olympiques/2024-07-30/ceremonie-d-ouverture/les-critiques-des-conservateurs-et-des-religieux-fusent-toujours.php

      • Não, amigo Carlos, me desculpe por contraria-lo, mas agora você se enganou redondamente. No quadro do holandês o deus Baco é o que está sentado à esquerda, comendo um cacho de uvas. Quem tem pernas de bode (no quadro e na mitologia) é o deus Pã, o deus dos bosques, dansando ao som de sua flauta, e não o diabo, que não existe no quadro.. Mesmo porque o diabo, como o tentador que aparece na Bíblia para levar os humanos para a danação eterna, nunca fez parte da mitologia grega, onde os deuses não se dividem em entidades do bem e entidades do mal, mas têm caracteristicas muito mais próximas dos humanos, com seus acertos e suas falhas, seus vícios e qualidades.
        Me desculpe mas os franceses não satanizaram a festa da Olimpíada. Nem houve, em nenhum momento, desrespeito. Apenas, um acolhimento das diferenças, com a verve e espírito de provocação que é parte integrante da cultura francesa.

  2. Genial, Rafael Sanzio, chamado também de “príncipe dos pintores” pela perfeição e suavidade de suas obras, formou com Michelangelo e Leonardo Da Vinci a célebre tríade dos mais proeminentes artistas do Renascimento entre os séculos XIV e XVI.

  3. A EMENDA SAIU PIOR DO QUE O SONETO

    Fica parecendo o Presidente do STF ontem tentando uma mea-culpa dos erros do STF:

    “O Supremo anulou o processo contra um dirigente de empresa estatal que tinha desviado alguns milhões porque as alegações finais foram apresentadas pelos réus colaboradores e pelos réus não colaboradores na mesma data, sem que isso tivesse trazido nenhum prejuízo. Também acho que atrapalhou o enfrentamento à corrupção”,

  4. Queria ver eles fazerem encenação com Maomé gay.

    Atualmente dizem que aproximadamente 25% da população francesa é muçulmana Paris e outras cidades iam pegar fogo.

  5. Parem o mundo que eu quero descer. A Tribuna da Internet é para mim uma referência jornalística. Assim como filósofo Pondé na área do pensamento. Mas partir de agora tenho reavaliar meus conceitos. Por que os franceses fariam referência à Santa Ceia na abertura da Olimpíada? O que Jesus tem a ver com competições esportivas? A explicação dos organizadores me parece mas lógica.

    • Explicação mais lógica, Francisco Carlos? Eles disseram ter se baseado numa pintura que é grande destaque na arte satanista, que mostra o diabo se exibindo dançando com suas pernas de bode. E você acha isso uma explicação lógica? O que o satanismo tem a ver com a Olimpíada? Pense sobre isso, Pondé está certo.

      Abs.

      CN

      • Amigo Carlos, me desculpe novamente, mas a pintura nada tem a ver com “arte satanista”, como eu tentei mostrar no comentário acima. O deus Pã, deus dos bosques, sempre foi mostrado na iconografia grega como um homem da cintura para cima e um bode da cintura para baixo, que toca sua flauta e dansa à sua música junto com os espíritos dos bosques. Foi o contrário, a iconografia cristã que se apossou da representação grega do fauno para personificar o diabo, isso, já na Idade Média, muito tempo depois.
        E o quadro do holandês não representa, de modo algum “uma festa no puteiro”. Examine uma reprodução em bom tamanho que você poderá identificar que todos os personagens são deuses gregos, À esquerda estão Minerva, Diana, Marte e Vênus acompanhados do Cupido. Flora, a deusa da primavera, está por trás deles. Apolo coroado (coroa representada pelo resplendor na cabeça da drag queen na apresentação – nada a ver com a auréola de Cristo na Santa Ceia) com sua lira preside o centro da mesa. Hércules aparece com sua clava e Netuno com seu tridente. Na direita, Eris coloca o pomo da discórdia sobre a mesa.

        • Bem, amigos, diria Galvão Bueno, eu gostaria de concordar com vocês, mas a realidade dos fatos me impede de fazê-lo.

          O verdadeiro e divino “Banquete dos Deuses” foi pintado por Rafael Sanzio. Mais de 100 anos depois, quando a fama de Rafael corria mundo, o invejoso pintor holandês Jan van Bijlert, que tinha talento, mas não tinha caráter, resolveu criar uma contrafação nada divina, parodiando com o mesmo título não somente o “Banquete dos Deuses” de Rafael, como também “A Santa Ceia”, de Da Vinci.

          Tanto isso é verdade que Jesus Cristo, que não foi está presente no original “Banquete dos Deuses”, aparece retratado pelo holandês, no centro da mesa, e é o único com a auréola divina.Ou seja, o holandês parodiou os dois, ao mesmo tempo – Da Vinci e Rafael.

          Quanto ao corpulento dançarino de pernas de bode, não pode ser identificado como deus Pã, que jamais deixaria de levar sua flauta a uma festa desse tipo. Na época da pintura (por volta de 1630) já era o Diabo que passara a assumir as pernas de bode.

          Por fim, quando me referi a uma “festa no puteiro”, é porque as mulheres que estão na pintura do holandês e agora são identificadas como “deusas”, estão sendo assediadas por dois meros soldados, que nada têm de deuses.

          Apesar dessa realidade, se vocês insistem em aplaudir esse endeusamento de drag queens em plena Olimpíada, para discordar de Luiz Felipe Pondê, eu desisto e atiro a toalha, concordando em que o vídeo francês é uma obra de arte impecável e que não representou um desrespeito ao Cristianismo.

          Abs.

          CN

          • Carlos, amigo, o primeiro “soldado” de que você fala é a deusa Minerva (ou Palas Atena), deusa da sabedoria, representada geralmente pelos gregos de capacete e lança. E o segundo, logo depois de Diana, deusa da caça, é Marte, o deus da guerra, com seu capacete emplumado, levantando um brinde a Vênus, deusa do amor, que segura Cupido, apresentado como o garotinho alado…
            Você sabe que muito o admiro e o respeito imensamente, mas aqui você embarcou na conversa fiada do Pondé (quem eu também gosto de ler, mas que como historiador e conhecedor de arte é um bom filósofo)…
            E quanto ao deus Pã, só porque os religiosos da idade das trevas copiaram sua aparência para o diabo, não significa que ele deixou de ser quem era, ou será que Walt Disney, lá por 1940, quando o representou assim na obra prima de filme que foi “Fantasia” estava também sendo satanista?

            Mas também vou deixar por aqui que essa conversa já vai longe… Um abraço do amigo Mano

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