Um canto de amor ao Brasil que se tornou eterno e jamais será esquecido

Tribuna da Internet | A paixão jovem de Gonçalves Dias, quando a amada  estava entre menina e mulherPaulo Peres
Poemas & Canções

O advogado, jornalista, etnógrafo, teatrólogo e poeta romântico maranhense Antônio Gonçalves Dias (1823-1864) é o maior fenômeno de intertextualidade da cultura brasileira.

A “Canção do Exílio” escrita em 1843, em Coimbra, onde o poeta estudava, transformou-se num ícone múltiplo. Representa, antes de tudo, a saudade (e a idealização) da terra natal, um sentimento universal e sem idade. Além disso, tornou-se a expressão do nacionalismo num país que acabara de conquistar sua independência política.

Canto singelo de louvor à pátria, a canção é o poema mais citado na literatura e na música popular brasileira. De quebra, trouxe para nosso imaginário a figura do sabiá, pássaro também identificado com a nação brasileira. Gonçalves Dias já o via como uma referência mítica, além do substantivo comum. Tanto que escreve o sabiá com inicial maiúscula.

CANÇÃO DO EXÍLIO
Gonçalves Dias

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso Céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossas vidas mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar – sozinho, à noite –
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá

2 thoughts on “Um canto de amor ao Brasil que se tornou eterno e jamais será esquecido

  1. Canção do Exílio, o nosso Hino Nacional nº 2. bem que pode ser cantado como o nº 1. Um idiota, um certo mendes, fez uma paródia. Abominável.

  2. Como esquecer da Canção do Expedicionário?

    Os versos de Almeida, na versão completa do poema, trazem referências ao Hino Nacional Brasileiro, a versos do poeta Gonçalves Dias e da obra de José de Alencar, além de menções a canções bastante populares, como Meu Limão, Meu Limoeiro, Luar do Sertão, Feitio de Oração, Casinha Pequenina, Casa de Caboclo.

    Da Segunda Guerra Mundial às Forças de Paz da ONU, até ao esporte e à empreitada em outras terras, levando o Brasil no peito, quando vivenciado com garra.

    Joelho no peito, moral elevado.

    Quem já teve a honra de vestir a farda, sente orgulho ao bradar o sentimento do guerreiro pela pátria querida:

    “Você sabe de onde eu venho?
    Venho do morro, do engenho
    Das selvas, dos cafezais
    Da boa terra do coco
    Da choupana, onde um é pouco
    Dois é bom, três é demais
    Venho das praias sedosas
    Das montanhas alterosas
    Dos pampas, do seringal
    Das margens crespas dos rios
    Dos verdes mares bravios
    Da minha terra natal
    Por mais terras que eu percorra
    Não permita, Deus, que eu morra
    Sem que volte para lá
    Sem que leve por divisa
    Esse V que simboliza
    A vitória que virá
    Nossa vitória final
    Que é a mira do meu fuzil
    A ração do meu bornal
    A água do meu cantil
    As asas do meu ideal
    A glória do meu Brasil
    Eu venho da minha terra
    Da casa branca da serra
    E do luar do meu sertão
    Venho da minha Maria
    Cujo nome principia
    Na palma de minha mão
    Braços mornos de Moema
    Lábios de mel de Iracema
    Estendidos pra mim
    Ó minha terra querida
    Da Senhora Aparecida
    E do Senhor do Bonfim
    Por mais terras que eu percorra
    Não permita, Deus, que eu morra
    Sem que volte para lá
    Sem que leve por divisa
    Esse V que simboliza
    A vitória que virá
    Nossa vitória final
    Que é a mira do meu fuzil
    A ração do meu bornal
    A água do meu cantil
    As asas do meu ideal
    A glória do meu Brasil
    Você sabe de onde eu venho?
    É de uma Pátria que eu tenho
    No bojo do meu violão
    Que de viver em meu peito
    Foi até tomando jeito
    De um enorme coração
    Deixei lá atrás meu terreno
    Meu limão, meu limoeiro
    Meu pé de jacarandá
    Minha casa pequenina
    Lá no alto da colina
    Onde canta o sabiá
    Por mais terras que eu percorra
    Não permita, Deus, que eu morra
    Sem que volte para lá
    Sem que leve por divisa
    Esse V que simboliza
    A vitória que virá
    Nossa vitória final
    Que é a mira do meu fuzil
    A ração do meu bornal
    A água do meu cantil
    As asas do meu ideal
    A glória do meu Brasil
    Venho do além desse monte
    Que ainda azula no horizonte
    Onde o nosso amor nasceu
    Do rancho que tinha ao lado
    Um coqueiro que, coitado
    De saudade já morreu
    Venho do verde mais belo
    Do mais dourado amarelo
    Do azul mais cheio de luz
    Cheio de estrelas prateadas
    Que se ajoelham deslumbradas
    Fazendo o sinal da cruz
    Por mais terras que eu percorra
    Não permita, Deus, que eu morra
    Sem que volte para lá
    Sem que leve por divisa
    Esse V que simboliza
    A vitória que virá
    Nossa vitória final
    Que é a mira do meu fuzil
    A ração do meu bornal
    A água do meu cantil
    As asas do meu ideal
    A glória do meu Brasil”

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