A lama que rola na campanha mostra a política em processo de degradação

A degradação da política é uma ameaça à democracia

Dora Kramer
Folha

O lamaçal que assola a disputa eleitoral em São Paulo à parte, mas ele incluído como símbolo do fenômeno de que falaremos a seguir, nosso ambiente político sofre acelerado processo de degradação e não é de hoje. Há pelo menos uns 20 anos o nível dos meios e modos na política vem baixando de modo permanente. Uma maravilha nunca foi, mas havia qualidade em meio a nichos de desqualificação nos partidos e no Congresso.

Tanto que a Constituição que nos rege, lembremos, foi elaborada, votada e aprovada por senadores e deputados há 36 anos. Em legislatura anterior, senadores e deputados rejeitaram o candidato à Presidência da ditadura e, antes disso, fizeram a Lei da Anistia. Imperfeita? Era o possível à época.

FRUTO DA POLÍTICA – A transição do regime autoritário para o Estado de Direito foi fruto da política, atividade sem a qual não se tem um país democrático. Portanto, a navegação em ondas de sentimentos antipolítica corresponde ao embarque no barco do autoritarismo.

Personagens que encarnavam esse figurino faziam sucesso pontual, mas acabavam sendo expelidos ou extintos por inanição. O que temos hoje é um cenário onde a exceção está em via de se tornar quase numa regra de mau espetáculo.

Assusta, embora não surpreenda, ver o circo mambembe exibido nos debates da eleição municipal da maior cidade do país. Se essa canoa virou foi porque deixaram ela virar.

CULPADOS – E nisso a culpa é coletiva: dos partidos em sua distorção de critérios para escolha de candidatos, do eleitorado em seu apreço pelo baixo entretenimento, dos políticos mais qualificados que se deixam levar e aderem ao deboche, mas também dos organizadores dos encontros em sua busca por audiência.

As cenas de ofensas e agressões se repetem no Parlamento, onde hoje não é mais fato raro reuniões de comissões e até sessões em plenário se transformarem em tablados de vale-tudo enquanto nos bastidores se administram balcões de negócios. Já disse e repito: não foi sempre assim.

Em nome da saúde da democracia urge que a política entre em processo de reabilitação, antes da degradação total.

6 thoughts on “A lama que rola na campanha mostra a política em processo de degradação

  1. Degradação paulatina e proposital oras pois… , nos lembraria Nhô Victor, meu saudoso contador de causos e avô materno:
    ”Os falastrões inesgotáveis transformaram as sessões dos parlamentos e as reuniões administrativas em prélios oratórios. Jornalistas audaciosos e panfletários cínicos atacam diariamente o pessoal administrativo. Os abusos do poder, finalmente, prepararão a queda de todas as instituições, e tudo será destruído pela multidão enlouquecida.

    Os povos estão mais escravizados ao trabalho pesado do que no tempo da servidão e da escravidão. É possível livrar-se de um modo ou de outro da escravidão e da servidão. É possível compactuar com ambas. Mas é impossível livrar-se da miséria. Os direitos que inscrevemos nas constituições são fictícios para as massas ; não são reais. Todos esses pretensos “”direitos do povo” somente podem existir no espírito e são para sempre irrealizáveis. Que vale para o proletário curvado sobre seu trabalho, esmagado pela sua triste sorte, o direito dado aos falastrões de falar, ou o direito concedido aos jornalistas de escrever toda espécie de absurdos misturados com cousas sérias, desde que o proletariado não tira das constituições outras vantagens senão as miseráveis migalhas que lhe lançamos de nossa mesa em troca dum sufrágio favorável às nossas prescrições, aos nossos prepostos e aos nossos agentes? Para o pobre diabo, os direitos republicanos são uma ironia amarga: a necessidade dum trabalho quase cotidiano não lhe permite gozá-los ; em compensação, tiram-lhe a garantia dum ganho constante e certo, pondo-o na dependência das greves, dos patrões e dos camaradas.

    Sob a nossa direção, o povo destruiu a aristocracia, que era sua protetora e sua ama de leite natural, porque seu interesse era inseparável do interesse do povo. Agora que a aristocracia foi destruída, ele caiu sob o jugo dos açambarcadores, dos velhacos enriquecidos, que o oprimem de modo impiedoso.”
    https://www.islam-radio.net/protocols/indexpo.htm

  2. Por que só São Paulo. O Brasil é uma piada, está num processo de degradação acelerado. Lama é o que o stf fez e continus fazendo salvando corruptos e bandidos

  3. Eis a apátrida servilidade atuando em sua ativa e “ponti-ficada” multilateralidade, como “ser-vis” arregimentados, para tanto alçados, vem sendo sistematicamente “extraídos do meio=derrubados=desmoralizados=mortos=assassinados”, após suas missões em etapas, terem sido realizadas à contento, quando não premiados invariavelmente pela impunidade, por “anistias e indenizações”, ora pois e porque: ”
    “G. – Você quer dizer que os maçons têm de morrer nas mãos da revolução que tem sido provocada com a sua cooperação?

    R. – Exatamente. Você ter formulado uma verdade que é velada por um grande segredo. Eu sou um pedreiro, você já sabia sobre isso. Não é assim? Bem, vou dizer-lhe este grande segredo, o que eles prometem divulgar para um pedreiro em um dos graus mais elevados, mas que não é revelado a ele, quer no 25, nem o 33, nem o 93, nem qualquer outro nível elevado de qualquer ritual. É claro que eu sei disso não como um maçom, mas como alguém que pertence a “Them” …

    G. – E o que é?

    R. – Toda organização maçônica tenta atingir e criar todos os pré-requisitos necessários para o triunfo da revolução comunista; este é o objectivo claro da maçonaria; é claro que tudo isso é feito sob vários pretextos; mas eles sempre escondem-se por trás de seu slogan agudo bem conhecido. (Liberdade, Igualdade, Fraternidade -. Transl) Você entende? Mas desde que a revolução comunista tem em mente a liquidação, como uma classe, de toda a burguesia, a destruição física de todos os governantes políticos burgueses, segue-se que o verdadeiro segredo da alvenaria é o suicídio de maçonaria como uma organização e o suicídio físico de cada maçon mais importante. Você pode, é claro, entender que tal um fim, que está sendo preparado para cada pedreiro, merece plenamente o sigilo, decorativo e a inclusão de mais uma série whoie de segredos, com vista a esconder o real. Se um dia você vier a estar presente em alguma revolução futura, então não perca a oportunidade de observar os gestos de surpresa e a expressão de estupidez no rosto de algum maçom no momento em que ele percebe que ele deve morrer nas mãos de revolucionários. Como ele grita e quer que se deva valorizar seus serviços para a revolução! É uma visão em que se pode morrer … mas de riso.

    G. – E você ainda nega a estupidez inata da “burguesia”?

    R. – Eu nego-o na burguesia como classe, mas não em determinados sectores. A existência de manicômios não prova loucura universal. A Maçonaria é também um hospício, mas em liberdade.”

  4. No nosso caso a impunidade é a mãe da iniquidade.
    Quando os poderosos estão acima das leis nivela-se por baixo num arremedo de democracia.
    Devolver o roubo ao ladrão é o apodrecimento institucional.

  5. Democracia não é um bem por si só. Ela tem que ser desejada.
    A única clausula pétrea de uma constituição, deve ser a vontade do povo, que é o dono de tudo.
    Mas quando esse povo passa a estar descontente com a política e principalmente os políticos que o governa, deve ser atendido.
    Quando o povo exige seriedade na administração do estado e principalmente honestidade no trato com o dinheiro que lhe é arrancado sob forma de impostos, e não é atendido, alguma coisa estas errada e a maneira de administrar vai mal, tem que mudar, e povo soberano é quem deve indicar o caminho.
    Aquele papo do velho Churchill, de que democracia é o pior dos regimes, excetuando-se todos os outros, é conversa mole para boi dormir.
    Quando a própria democracia não funciona ou é fraudada, alguma coisa tem que ser feito.

  6. Um dos perigos da democracia é a vitória dos demagogos. Este ponto ultrapassamos há tempos, nos últimos 30 anos, com duas pequenas exceções (Itamar e Bolsonaro), um bando de ladrões e traficantes assumiu o controle do país para saquear os cofres públicos. Quem reclamar é perseguido, censurado e preso pelo ministro PCC.

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