Lewandowski protesta contra Moraes ser barrado se for aos Estados Unidos

Ex-ministro 'garantista' do STF e próximo ao PT: a trajetória de Ricardo  Lewandowski, que assume o comando da Justiça

Lewandowski defende as decisões tomadas por Moraes

Heitor Mazzoco
Estadão

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, classificou como “intolerável” o pedido de congressistas dos Estados Unidos para barrar a entrada de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) no território americano, após os embates entre Alexandre de Moraes e o bilionário Elon Musk.

“As plataformas precisam obedecer às leis do País. Se querem funcionar no País, têm que obedecer, têm que estar enquadradas no ordenamento legal do País. Senão, não podem funcionar. Então, a ameaça de cassação de vistos ou de proibição de entrada (nos Estados Unidos) é absolutamente intolerável”, disse o ministro durante coletiva de imprensa em São Paulo, nesta sexta-feira, 20.

MORAES NA MIRA – A proposta de parlamentares do Partido Republicano dos Estados Unidos, divulgada nesta semana, ocorreu depois de o ministro Moraes suspender o X, antigo Twitter, em território brasileiro diante do descumprimento de determinações judiciais envolvendo a Corte Suprema brasileira para barrar perfis com suposto conteúdo falso.

A ameaça não se estende não apenas a Moraes, mas a seus pares, acusados de “ativamente erodir processos ou instituições democráticas”. “Nós respeitosamente apelamos para que o senhor [Anthony Blinken] negue qualquer aplicação para vistos dos Estados Unidos ou admissão [entrada] nos EUA, incluindo a revogação de qualquer visto existente no nome do ministro Alexandre de Moraes e os outros membros da Suprema Corte do Brasil cúmplices destas práticas antidemocráticas”, diz a carta dos deputados republicanos.

Lewandowski reagiu: “Todos que querem funcionar no Brasil, e nós cidadãos também que queremos atuar no Brasil, temos que obedecer a Constituição e as leis. É assim que funciona”, afirmou Lewandowski, que participou do seminário sobre impactos setoriais da inteligência artificial realizado pela Universidade de Santo Amaro (Unisa).

ATAQUE A MORAES – Uma das parlamentares envolvidas na proposta para barrar entrada de ministros brasileiros nos Estados Unidos é Maria Elvira Salazar que, em comunidade oficial, afirmou que Moraes é “vanguarda” de um ataque à liberdade de expressão. Ela mirou especialmente Moraes em suas críticas.

“O juiz da Suprema Corte do Brasil Alexandre de Moraes é a vanguarda de um ataque internacional à liberdade de expressão contra cidadãos americanos como Elon Musk. A liberdade de expressão é um direito natural e inalienável que não conhece fronteiras. Os aplicadores da censura não são bem-vindos na terra dos livres, os Estados Unidos”, afirmou a deputada.

Suspenso desde o final de agosto, a empresa de Musk cedeu nesta quinta-feira, 19, e apontou dois advogados como representantes do grupo no Brasil. A plataforma, inclusive, começou a bloquear perfis de bolsonaristas supostamente

Lewandowski disse também considerar importante a regulamentação do uso de inteligência artificial (IA) no País. O projeto tramita no Senado Federal sob relatoria de Eduardo Gomes (PL-SE) e deve ter texto final até dezembro. O ministro Lewandowski classificou a IA como perigosa para a democracia.

USO DA IA – “A inteligência artificial, obviamente, tem pontos extremamente positivos, porque incrementa a comunicação, faz o tratamento de dados complexos, propicia avanços na medicina, mas também ela apresenta riscos para a democracia, sobretudo com a disseminação de fake news na medida em que pode dificultar a comunicação entre eleitores, criar bolhas de pessoas que se comunicam entre si sem poder ter uma interlocução com o ambiente maior que é próprio da democracia, maneira que é muito importante que se regule um uso dessa ferramenta importantíssima”, disse.

Lewandowski defendeu ações judiciais (nas esferas cível e criminal) para pessoas que, comprovadamente, utilizarem IA para “fins escusos”.

“Sem responsabilizar a ação, evidentemente, não teremos controle”, disse. Entre as punições, multa e sanções criminais.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Não há nenhuma novidade na tentativa de os Estados barrarem a entrada de inimigos das liberdades democráticas. Os participantes do sequestro do embaixador americano Charles Elbrick no Rio de Janeiro, em 1969, até hoje estão proibidos de entrar nos Estados Unidos. Entre eles, o ex-deputado Fernando Gabeira. O ministro Moraes devia procurar Gabeira, que hoje é pacifista, e tomar umas lições de democraria com ele. (C.N.)

“Datena não tinha alternativa”, alega Bolsonaro sobre cadeirada em Marçal

Bolsonaro diz que "há distância muito grande" entre facada e cadeirada

Na entrevista, Bolsonaro criticou duramente Pablo Marçal

Mônica Bergamo
Folha

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta sexta-feira (20) que entendeu as razões de José Luiz Datena (PSDB), candidato à Prefeitura de São Paulo, para dar uma cadeirada em seu oponente Pablo Marçal (PRTB) durante o debate realizado pela TV Cultura, no domingo (15). “Essa bronca aí do Marçal com o Datena é lamentável, sob todos os aspectos. Mas o Marçal provocou o Datena o tempo todo, com questões, realmente, que mexeram com a honra do Datena”, disse o ex-mandatário, em entrevista à rádio Auriverde Brasil.

Bolsonaro ainda criticou o comportamento de Marçal em relação a seus adversários, afirmando que o autodenominado ex-coach lança mão de termos que nem mesmo ele usa.

PROVOCAÇÕES – “Eu vejo aí o Pablo Marçal com palavras esquisitas, ofensivas, chamando de apelido. Não é assim que a banda toca. ‘Vamos lá na pancada’, ‘vamos resolver esse assunto’, ‘frouxo’, não sei o quê, ‘covarde’, ‘omisso'”. É o que o Pablo Marçal usa o tempo todo, né? E usa certas coisas que eu jamais usei”, disse.

“A cadeirada que ele levou, se foi merecida ou não, cada um julga como bem entender. Não achei justa, mas como ser humano, eu entendi aí o Datena fazer aquilo. Não tinha mais alternativa. ‘Covarde’, não sei o quê [disse Marçal]. Outras acusações até que, segundo o Datena, levou à morte da sua sogra. Você não pode brincar com esse sentimento, meu Deus do céu, não pode”, completou o ex-presidente.

O candidato do PRTB provocou o apresentador nos blocos anteriores ao resgatar uma denúncia de assédio sexual contra Datena. O apresentador respondeu que o caso não foi confirmado pela polícia e acabou sendo arquivado pela Justiça. Disse ainda que o fato atingiu sua família e levou à morte de sua sogra.

COMPARAÇÕES – Durante a entrevista desta sexta-feira, Bolsonaro também se queixou das comparações feitas pelo próprio ex-coach entre a cadeirada, o atentado contra o ex-presidente dos EUA Donald Trump e a facada que levou em Juiz de Fora na campanha eleitoral de 2018.

“Quando compara com o tiro no Trump, compara com a facada em mim e ele numa maca, pelo amor de Deus. Eu não conhecia o Adélio, fiquei sabendo que existia depois da facada. Eu não provoquei o Adélio, e as imagens mostram claramente uma facada”, afirmou Bolsonaro, na entrevista à rádio Auriverde Brasil.

Megaincêndios na Amazônia aceleram possibilidade de colapso de seu bioma

Imagem aérea de uma área da Floresta Amazônica, onde fumaça densa se eleva do solo, indicando um incêndio florestal. A vegetação é predominantemente verde, mas há áreas desmatadas e árvores queimadas visíveis. Um rio serpenteia ao longo da borda da floresta, refletindo a luz do céu nublado e enfumaçado.

Incêndio na Terra Indígena Caiapó começou em agosto

Jéssica Maes
Folha

Um incêndio que começou em 8 de agosto já queimou mais de 67 mil hectares na Terra Indígena Kayapó, na região do Xingu, no Pará. Os dados são do programa Servir-Amazônia, da Nasa, que monitora a região com satélites. Com tamanho equivalente ao de Florianópolis, o megaincêndio é apenas uma das frentes de fogo na Amazônia. A classificação é usada para queimadas com mais de 10 mil hectares —algo que vem se tornando cada vez mais comum.

“Nós estamos entrando não só na era do fogo, mas na era dos megaincêndios. É bem catastrófico”, afirma Erika Berenguer, cientista sênior na Universidade de Oxford.

REDUZ A CHUVA – A pesquisadora conta que o primeiro megaincêndio no Brasil foi detectado em Roraima, em 1998, ano de El Niño, assim como 2023 e 2024 — este, um dos cinco mais fortes já registrados. O fenômeno prejudica a incidência de chuva sobre a Amazônia e é potencializado pelas mudanças climáticas.

“Num clima normal não era para a floresta estar queimando. Ela é muito úmida, o fogo naturalmente morre. Mas o que a literatura mostra é que, na amazônia como um todo, já houve um aumento de temperatura de 1,5°C em relação aos anos 1970”, explica a bióloga, referência nos estudos sobre impactos do fogo nas florestas tropicais.

De janeiro a agosto de 2024, mais de 1,77 milhão de hectares de floresta queimaram na Amazônia brasileira, de acordo com o MapBiomas. O número representa cerca de 33% do total atingido no bioma no período —outros 38% queimados são áreas de agropecuária, em sua maioria pastagens, e 30%, vegetação nativa não florestal.

QUASE DOBROU – Neste ano, a taxa de áreas de floresta impactadas pelos incêndios na Amazônia quase dobrou em relação ao mesmo período de 2023, quando representava cerca de 17% do total.

No último mês, foram registrados mais de 38 mil focos de incêndio no bioma, o maior número desde 2010. Em 16 dias, setembro já teve mais de 30 mil focos e ultrapassou os 26 mil registrados em todo o mês em 2023, de acordo com o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Essa mudança no perfil das queimadas evidencia o nível extremo de seca e gera preocupação de que a floresta se aproxime do colapso, destacam cientistas. “[Na seca,] a floresta fica mais inflamável e, se tem atividade de fogo perto dessa floresta mais inflamável, ela vai queimar mais”, afirma Ane Alencar, coordenadora do MapBiomas Fogo e diretora de Ciência do Ipam (Instituto de Pesquisa da Amazônia).

DEGRADAÇÃO – “Esse é o tipo de situação que pode acelerar um processo de degradação da floresta que vai ser difícil de recuperar”, diz Alencar. “Se essas condições continuarem, vamos antecipar o momento em que a floresta não consegue mais voltar a ser o que era antes.”

No chamado ponto de não retorno, devido ao avanço do desmatamento e da degradação, a Amazônia, que produz boa parte da água da qual ela mesma depende, não seria mais capaz de gerar chuva suficiente para manter suas características de floresta úmida. Isso levaria a uma alteração irreversível no bioma.

Estudos estimam que esse processo de savanização pode começar quando cerca de 25% da Amazônia tiverem sido destruídos. Não há consenso, porém, sobre qual seria exatamente o percentual mais crítico.

NÃO-RETORNO – “Nós estamos realmente muito próximos de um ponto de não retorno da amazônia, principalmente em toda a porção sul”, afirma Carlos Nobre, pesquisador sênior do Instituto de Estudos Avançados da USP. “Se continuarmos nessa trajetória por mais duas, três décadas, até 2050 a gente passará do ponto de não retorno”, diz o climatologista, que foi um dos responsáveis por cunhar o conceito.

Ele destaca que “a estação seca em todo o sul da amazônia, mais de 2 milhões de km², ficou de quatro a cinco semanas mais longa nos últimos 40 anos”, além de aproximadamente 20% mais seca. A região é uma das mais desmatadas do bioma.

Marina Hirota, cientista da Universidade Federal de Santa Catarina, que liderou um estudo sobre o tema publicado na revista Nature em fevereiro, pondera que “o ponto de não retorno sistêmico é muito difícil de aferir”. Ela o compara à falência múltipla de órgãos no corpo humano: diferentes pontos vão parando de funcionar, um de cada vez, até que o todo colapse.

INDICATIVOS – “O que temos observado é que existem pontos de não retorno locais. Por exemplo, no sudeste da Amazônia já tem um aumento de temperatura considerável e uma estação seca mais alongada”, diz. “Outro lugar que, neste momento, está passando por uma seca muito, muito extrema é o sudoeste, onde nascem os rios que alimentam o rio Solimões”.

Nessas e em outras regiões da Amazônia, a degradação é outro fator importante. Esse processo de enfraquecimento da floresta é, ao mesmo tempo, derivado da presença do fogo e um facilitador para as chamas se espalharem.

A mata degradada é aquela que perde as suas maiores árvores, seja pelo corte seletivo para uso da madeira, pela proximidade de áreas desmatadas ou pela própria ação do fogo, abrindo clareiras. Isso permite a entrada de mais vento e luz do sol, deixando o ambiente mais quente e menos diverso.

MORTALIDADE – “Quando o fogo entra em uma área na Amazônia, você tem a mortalidade de 50% das árvores, porque as espécies não são adaptadas ao fogo”, afirma Berenguer, acrescentando que as funções da floresta ficam extremamente prejudicadas.

Segundo a pesquisadora, enquanto uma floresta intacta armazena 300 toneladas de carbono por hectare, na degradada essa quantidade cai para uma faixa de 80 a 120. Estudo publicado na revista Science no ano passado mostra que 38% das áreas de floresta que ainda restam na Amazônia continental já estão degradadas.

Os cientistas também destacam que o aumento da temperatura do planeta devido às atividades humanas pinta um futuro propício para a ocorrência de cada vez mais fogo. “Esse é um grande desafio porque a gente não teve que lidar com isso antes”, diz Erika Berenguer. “O que nós vamos fazer para nos adaptar e evitar que tenhamos muitos 2024, para que 2024 não seja o melhor ano do nosso futuro?”

GRILAGEM – André Lima, secretário do Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática responsável pelas ações de controle do desmatamento, ressalta que, além dos impactos da seca extrema, o governo vê no aumento das queimadas em áreas de floresta na Amazônia um método de apropriação de terras públicas, em um momento em que o desmatamento teve redução significativa.

“O fogo está sendo usado como estratégia de desmatamento. Antes, se desmatava [primeiro] e queimava [depois] para eliminar o resíduo que atrapalha, sobretudo, a pecuária”, explica.

Lima também cita dois casos, da Floresta Nacional do Jamanxim (PA) e do Parque Estadual Guajará-Mirim (RO), em que já teriam sido identificadas ações de incêndios criminosos em reação à presença da fiscalização ambiental. Alencar, Berenguer e Hirota afirmam que só será possível saber com certeza se os incêndios florestais estão sendo usados como um método de grilagem após a temporada de queimadas, caso essas áreas sejam convertidas em pasto ou plantações.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É o fim da picada. Se o governo fiscalizasse, punisse e expulsasse os grileiros, o problema diminuiria muito, porque a floresta tem capacidade de regeneração. Primeiro, nasce a capoeira, uma vegetação com cerca de quatro metros de altura, e depois as árvores ressurgem. Mas o governo é omisso, ignorante e preguiçoso. Não é impossível salvar a Amazônia, ela se salva até sozinha. O que parece impossível é fazer o governo agir da forma correta. (C.N.)

Com a contratação de advogados, não há mais razão para manter o bloqueio do X

Alexandre de Moraes é alvo de outros seis pedidos de impeachment no Senado  | CNN Brasil

Agora falta Moraes restabelecer o X totalmente no país

Deu no Estadão

O X (antigo Twitter) indicou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que contratou dois advogados brasileiros para responderem processualmente pela plataforma no país: André Zonaro Giacchetta e Sérgio Rosenthal. A informação foi confirmada pelo ministro Alexandre de Moraes, relator dos inquéritos que levaram à suspensão da rede social no Brasil, em decisão proferida nesta quinta-feira (19).

Moraes ainda aguarda uma comprovação do X sobre a validade da representação legal e intimou os advogados a apresentarem, em até 24h, os documentos adequados para essa indicação.

“Não há qualquer prova da regularidade da representação da X Brasil em território brasileiro, bem como na licitude da constituição de novos advogados”, pontuou Moraes na decisão.

A falta de representação legal no Brasil foi o motivo que levou à suspensão do X, em 30 de agosto. Mais cedo, Moraes multou o X e a Starlink, ambas do empresário Elon Musk, em R$ 5 milhões por dia por burlar a suspensão da rede social no Brasil. Nesta quarta-feira, 18, a plataforma voltou a ficar acessível para parte dos usuários e a Anatel noticiou uma atualização do aplicativo que possibilitou o acesso.

ESPECIALISTA – O advogado André Zonaro Giacchetta atua em casos relacionados ao mercado de tecnologia, com expertise em temas de privacidade, proteção de dados e responsabilidade civil de plataformas de internet. Zonaro atuou como representante da 99 Tecnologia Limitada em uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) como Amicus curiae – parte designada para fornecer subsídios ao tribunal – que trata sobre a legalidade do transporte individual de passageiros por meio de aplicativos em tramitação no Supremo.

Em uma audiência pública no STF sobre a aplicabilidade do direito ao esquecimento na esfera civil, a ideia de um direito ao esquecimento que possibilite impedir, em razão da passagem do tempo, a divulgação de fatos ou dados verídicos em meios de comunicação, Zonaro defendeu que a discussão atinge o direito à liberdade de expressão dos cidadãos brasileiros.

Como representante do Yahoo! Brasil, o advogado afirmou que as ações judiciais costumam ser dirigidas aos provedores de serviço de internet e que deveriam ser dirigidas contra os autores do conteúdo publicado nas redes. Uma posição que corrobora as posições adotadas pelo bilionário Elon Musk.

Sérgio Rosenthal atua em outra área, é advogado criminalista com 30 anos de atuação profissional. Rosenthal é um dos advogados críticos aos métodos adotados pela Operação Lava Jato na condução das investigações que revelaram esquemas de corrupção em esferas do Estados e em empresas públicas. Em entrevista ao site Poder360, em março deste ano, o advogado afirmou que o Judiciário deve repudiar as irregularidades encontradas no decorrer da Lava Jato.

“Esses métodos de investigação que envolvem irregularidades, que envolvem decreto de prisão quando não há fundamento para isso, que envolvem atos arbitrários de autoridades, que envolvem a supressão de direitos dos investigados… Tudo isso deve ser sempre repudiado. É uma obrigação do Supremo Tribunal Federal, como é obrigação de qualquer autoridade judiciária defender os valores da nossa Constituição Federal”, disse.

Ao Conjur, em julho de 2021, Rosenthal criticou a distorção do uso dos instrumentos jurídicos, como prisão preventiva e deleção premiada, pelos condutores da Lava Jato.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Cai o último argumento de Moraes para manter a suspensão do X. Se Musk já aceitou cumprir as restrições, Moraes não tem mais justificativa, a não ser que esteja acometido de um grave caso de patologia de comportamento. Vamos aguardar. (C.N.)

PF indicia Jucá e os senadores Eduardo Braga e Renan Calheiros, por corrupção

PGR pede ao Supremo anulação do acordo de delação de ex-diretor da  Hypermarcas | Operação lava jato | G1

Delação da Hypermarcas foi autorizada por Edson Fachin

Aguirre Talento
Do UOL

A Polícia Federal indiciou os senadores Eduardo Braga (AM), líder do MDB no Senado, e Renan Calheiros (MDB-AL) nos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. O ex-senador Romero Jucá (MDB-RR) também foi indiciado. Eles são acusados de, em troca de pagamentos de propina, atuarem para favorecer no Congresso Nacional o antigo grupo Hypermarcas, atual Hypera Pharma, do ramo farmacêutico. Eduardo Braga e Renan Calheiros são aliados próximos do Palácio do Planalto. Braga atualmente é relator da reforma tributária no Senado. O filho do senador Renan, Renan Filho (MDB-AL), é o atual ministro dos Transportes do governo Lula.

Após seis anos de tramitação, o relatório final do inquérito foi enviado pela PF no mês passado ao STF (Supremo Tribunal Federal), sob sigilo. O relator do processo, ministro Edson Fachin, encaminhou o material à PGR (Procuradoria-Geral da República). A equipe do procurador-geral, Paulo Gonet, está analisando o material para decidir se apresenta denúncia contra os senadores.

LOBISTA DO MDB – O relatório final do inquérito diz que a antiga Hypermarcas pagou cerca de R$ 20 milhões para os senadores, por intermédio do empresário Milton Lyra, apontado pela PF como lobista intermediário do MDB.

Em contrapartida, os senadores teriam atuado em favor da Hypermarcas em um projeto de lei que tramitou no Senado nos anos de 2014 e 2015 sobre incentivos fiscais a empresas. A PF ainda aponta que o senador Renan indicou um nome para a diretoria da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), com o objetivo de auxiliar nos interesses do grupo empresarial dentro da agência.

Esse inquérito é um desdobramento da Operação Lava Jato e havia sido aberto em 2018, a partir da delação premiada de Nelson Mello, à época um dos diretores da antiga Hypermarcas. Ele admitiu que firmou contratos fictícios com empresas indicadas por Milton Lyra, sem prestação de serviços, com o objetivo de repassar os valores aos políticos. A PF também indiciou Milton Lyra sob acusação de lavagem de dinheiro. A parte da investigação sobre Romero Jucá foi entregue à Justiça Federal do Distrito Federal, porque ele não tem mais foro privilegiado.

REPACTUAÇÃO DE ACORDO – O processo teve diversas idas e vindas. A PGR chegou a pedir a rescisão da delação premiada de Nelson Mello apontando omissões em seus relatos com o objetivo de proteger os acionistas do grupo. Depois disso, foi feita uma repactuação e outros diretores aderiram ao acordo de delação, como o ex-presidente do Conselho de Administração, João Alves de Queiroz Filho.

Nos depoimentos, eles relataram que foram feitos pagamentos a operadores financeiros para repassar propina aos senadores do MDB com o objetivo de obter benefícios para o grupo empresarial em medidas provisórias em tramitação no Congresso Nacional.

A PF apontou que colheu provas corroborando os relatos dos delatores, como a comprovação de que não houve prestação efetiva de serviços das empresas que receberam os pagamentos e atos de ofício realizados em favor da empresa.

MUDANÇA DE NOME – Empresa com ações na Bolsa de Valores, a Hypermarcas decidiu mudar de nome em 2018, após os desgastes envolvendo as investigações da Lava Jato. A partir de então, passou a se chamar Hypera Pharma.

O fundador da empresa, João Alves de Queiroz Filho, até hoje é o acionista majoritário, mas se afastou do conselho de administração da companhia depois de ter sido alvo de uma operação da Polícia Federal por suspeitas de omissões no acordo de delação premiada de um dos diretores da empresa. Com isso, ele teve que confessar o conhecimento dos crimes cometidos e também assinar um acordo de delação.

A empresa atualmente produz diversas marcas populares no ramo farmacêutico, como anestésicos, antibióticos e anti-inflamatórios.

JUCÁ REPUDIA – A defesa de Romero Jucá afirmou que “repudia e repele o indiciamento recente no inquérito instaurado com base única e exclusivamente na delação premiada do executivo do grupo Hypermarcas”. Disse que ele colaborou com as investigações, prestou esclarecimentos e que a acusação é uma “tentativa de criminalizar a política”.

“É da natureza da função parlamentar a conexão com setores da sociedade, com empresários e grupos econômicos. Além do mais, contribuições legítimas para campanha política, dentro das regras eleitorais, com aprovação das prestações de contas do partido político pela Justiça Eleitoral, jamais podem ser consideradas como contrapartida de suposto ato de corrupção”, disse a defesa.

Procurados na noite desta quinta-feira (19) por meio de suas assessorias de imprensa, os senadores Eduardo Braga e Renan Calheiros não responderam. A defesa de Milton Lyra disse que não iria se manifestar por não ter obtido acesso ao relatório da PF.

Moraes anda com a cabeça nas nuvens e está precisando de um GPS mental

Kelson está no Ceará, sob a proteção do “Padim Cicero”

Eduardo Barretto
Metrópoles

A defesa de Kelson de Souza Lima, réu denunciado equivocadamente no 8 de Janeiro, afirmou ao Supremo Tribunal Federal que o ministro Alexandre de Moraes errou de novo ao determinar uma nova prisão de Lima em junho deste ano. Segundo o documento apresentado pela advogada na última terça-feira (17/9), Moraes oficiou o Estado errado ao cobrar informações do uso de tornozeleira eletrônica de Lima. Deu ordem a São Paulo, mas o réu mora no Ceará.

Na quarta-feira (18/9), Moraes deu cinco dias para a Procuradoria-Geral da República (PGR) opinar sobre o pedido de liberdade de Lima.

MORADOR DE RUA – Preso no 8 de Janeiro, Kelson de Souza Lima foi denunciado por associação criminosa e incitação ao crime. Segundo a defesa, Lima frequentou o acampamento golpista em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília porque estava em situação de rua e procurava comida e abrigo. O homem tem transtornos psiquiátricos, ainda de acordo com a advogada.

Dois meses depois, em março de 2023, Lima obteve liberdade provisória e passou a cumprir medidas cautelares, a exemplo do uso da tornozeleira eletrônica e da apresentação semanal à Justiça.

Em agosto do ano passado, Moraes acolheu um pedido da Defensoria Pública de Jundiaí (SP) e autorizou a mudança de Lima para Massapê (CE), no norte do Ceará. “Autorizo a alteração da área de monitoramento e, consequentemente, do juízo responsável pela fiscalização das medidas cautelares”, escreveu Moraes na ocasião.

NOVA PRISÃO – No meio deste ano, contudo, o ministro cobrou informações do estado de São Paulo sobre o uso de tornozeleira eletrônica de Lima, que cumpre pena no Ceará. Como a resposta do órgão paulista foi negativa, Moraes ordenou uma nova prisão de Lima em junho. Moraes afirmou que Lima agia com “completo desprezo pelo STF e pelo Poder Judiciário”.

“Nota-se que se trata de um claro equívoco”, afirmou a advogada de Lima, Tanieli Telles, ao pedir a soltura de seu cliente. A defensora também criticou Moraes por não ter pedido explicações à defesa antes de uma nova ordem de prisão.

Procurado, o STF afirmou que Moraes aguarda o parecer da PGR.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Com essas maluquices de prender dona de casa por crime de terrorismo, levando junto morador de rua e tudo o mais, depois implantando censura prévia em plena democracia, dava para notar que o ministro Alexandre de Moraes anda meio desarrumado das ideias. Agora, ao pedir informações a São Paulo sobre o morador de rua que ele próprio mandou para o Ceará, o excelentíssimo ministro mostra que está precisando de um GPS mental. Assim, vamos pedir a Elon Musk que empreste uma antena Starlink para Moraes conseguir se localizar no tempo e no espaço. (C.N.)

Crise ambiental no Brasil é exemplo da ganância que identifica o homem

Charge do Lute - 18/03/2022

Charge do Lute (Arquivo Google)

José

Perez

Li hoje nos jornais uma informação estarrecedora e que explica muita coisa errada que ocorre no Brasil. A presidente da Comissão de Meio Ambiente do Senado, Leila Barros (PDT-DF), denuncia que o órgão por ela dirigido recebeu apenas 100 mil reais para gastar com emendas parlamentares, enquanto a Comissão de Desenvolvimento Regional recebeu R$ 2,5 bilhões.

Sabemos que é um sonhado desenvolvimento regional que nunca acontece nem acontecerá. Recebe bilhões anualmente, que na prática não servem para nada, além da roubalheira de sempre, já que as desigualdades regionais só aumentam a cada ano.

ISSO É BRASIL – Aqui em Brasília sabe-se que o Ministério do Desenvolvimento Regional é um feudo do senador Davi Alcolumbre (União-AP), conhecido pelo codinome “Batoré”, cuja família domina o Amapá, onde se mete até no tráfico de drogas.

Temos um Ministério que se diz regional, mas que boicota sistematicamente os Estados mais desenvolvidos desse país que inclusive pagam a conta toda.

Os bilhões só vão para os grotões, onde o povo não tem capacidade de fiscalizar ou cobrar nada. Não é por mera coincidência que todos os governadores da Região Norte estão sendo processados. Alguns já foram inclusive indiciados. A Amazônia virou terra de ninguém. O Brasil está desandando à nossa frente.

AULA DE DAMATTA – Em seu artigo em O Globo, o antropólogo Roberto DaMatta vai sempre “direto ao ponto”, ao dizer que o país não sabe agir diante dos incêndios ou de outros problemas também graves. Estou relendo seu livro “O que faz o brasil, Brasil?” e recomendo a todos que por aqui vivem. O Brasil a meu ver não é um país e jamais será uma nação civilizada, com a maioria de seus habitantes apenas cumprindo um karma.

Nenhum governo fiscaliza desmatamento, que é bem diferente de queimada. O desmatamento visa a vender a madeira, enquanto a queimada é para renovar pastagem. O governo Lula abandonou a Amazônia, faz apenas uma ou outra intervenção contra garimpo e se encolhe, permitindo que o resto do mundo se revolte e a União Europeia nos ameaçasse com boicote às nossas exportações.

Mesmo assim, a Terra continuará girando no espaço a 107 mil quilômetros por hora, em meio à progressiva deterioração ambiental, por culpa da ganância desenfreada do ser humano. É só isso que importa agora.

Crise do centrão pode ser passageira e nada mudar na relação com o governo

Arthur Lira

Lira entrega o cargo em 2025, mas mantém o poder de influir

Bruno Boghossian
Folha

A fratura do centrão pode ser uma miragem, e a concorrência interna vai determinar se o próximo presidente da Câmara continuará montado num rolo compressor

Hoje, o poder de Arthur Lira se sustenta em dois números graúdos. O primeiro é a fortuna de R$ 30 bilhões em emendas destinadas aos deputados, valor que ele ajudou a inflar como presidente da Câmara. A segunda cifra é a bancada de 300 a 350 parlamentares que atuam de maneira coordenada, sob grande influência do líder do centrão.

A mudança de comando na Câmara, em fevereiro de 2025, envolve o controle dos dois ativos. O grupo vencedor vai trabalhar para preservar o cofre das emendas e gerenciar a distribuição do dinheiro. Já a liderança do bloco atravessa um momento delicado.

RACHA SUCESSÓRIO – A reviravolta produzida por Lira ao trocar o candidato à própria sucessão provocou um racha entre os partidos que dão as cartas na Câmara. O efeito imediato é a divisão desse centrão expandido. De um lado, o núcleo do bloco (PP, PL e Republicanos) se uniu rapidamente em torno do nome de Hugo Motta. De outro, ficaram o União Brasil, de Elmar Nascimento, e o PSD, de Antonio Brito.

A concorrência interna pôs em risco a unidade do grupo e sugeriu uma certa contestação à chefia de Lira. O presidente da Câmara preparava o apoio à candidatura de Elmar, mas farejou um risco de derrota e decidiu abraçar Hugo Motta. O deputado do União Brasil se sentiu traído e buscou uma aliança com o PSD.

A briga ganhou ares de autofagia. Com vencedores e vencidos, o centrão terminaria a eleição com um pedaço a menos. Mesmo que Lira conseguisse liquidar a fatura e levar Motta à presidência da Câmara, estaria à frente de um grupo menos coeso. Isso é o que dizem os rancores de hoje.

VAI SE UNIR – Cardeais do centrão que costuraram a entrada de Motta no jogo apostam que, cedo ou tarde, o grupo estará unido novamente. A fratura, afinal, reduz o poder de barganha dos dois lados, e este é um prejuízo que não vale o orgulho dos derrotados.

O desenrolar da disputa vai determinar se o próximo presidente da Câmara continuará montado num rolo compressor capaz de determinar o que é votado e aprovado no plenário.

O governo chegou a sonhar com uma ruptura capaz de destronar Lira e reduzir o tamanho do poder do centrão, mas pode estar diante de uma miragem.

Seca na Amazônia é um “sinal evidente” de mudança climática, adverte a ONU

Conselho de Segurança da ONU apoia segundo mandato para Guterres - Jornal O  Globo

Guterres, secretario da ONU, não está nada satisfeito

Jamil Chade
UOL, em Nova York

A seca que atinge a Amazônia tem uma relação direta com as mudanças climáticas. Pelo mundo, fenômenos extremos estão apontando para um impacto real dessas transformações no clima. O recado é do secretário-geral da ONU, António Guterres, que nesta semana é anfitrião para os principais líderes mundiais na Assembleia Geral. Ao responder ao UOL nesta quarta-feira, Guterres insistiu sobre o compromisso do governo brasileiro em reduzir o desmatamento.

“A seca na Amazônia é em larga medida causada pelas alterações climáticas”, disse. “Independentemente disso, o Brasil, naturalmente, sei que está totalmente comprometido com a preservação da selva amazônica, e com o evitar a desmatamento, com a deflorestação da Amazônia, mas os fenômenos a que estamos a assistir hoje são essencialmente de origem climática”, completou.

CÚPULA DO FUTURO – O presidente Lula da Silva desembarca no sábado em Nova York e participa, a partir de domingo, da Cúpula do Futuro. Trata-se de uma iniciativa da ONU para tentar revitalizar o sistema multilateral, em sérias dificuldades.

Para diplomatas estrangeiros e nacionais, os incêndios no país ameaçam sufocar a mensagem do presidente brasileiro, que iria usar os discursos na ONU para mostrar o compromisso do país com o clima, insistir sobre a queda do desmatamento e cobrar os países ricos para que cumpram suas promessas de financiar a transição nos países em desenvolvimento.

Antes de falar com o UOL, ao responder sobre outras crises e incêndios pelo mundo, o secretário-geral insistiu sobre o impacto das mudanças climáticas. “É absolutamente evidente que o agravamento dos incêndios em Portugal, o agravamento das cheias na Europa Central e Oriental, o agravamento das cheias na Nigéria e o conjunto de outros desastres que vemos multiplicar por toda a parte do mundo, tem uma relação direta com o agravamento da crise climática”, disse. “Hoje ninguém tem dúvidas a esse respeito. A crise climática é um fator multiplicador de todas as tragédias a que assistimos”, alertou.

UM NOVO PACTO – Uma das apostas da ONU, neste ano, é a adoção de um documento apontando para uma reforma profunda do sistema internacional e o estabelecimento do clima como um dos pilares desse compromisso dos governos. Mas, com governos profundamente divididos, o documento com o ambicioso nome de Pacto do Futuro apenas faz referências a compromissos já assumidos, indicando meramente a intenção de intensificar os trabalhos. Para alguns dos negociadores climáticos do Brasil, o texto é “muito fraco”.

Para Guterres, “será trágico” se o pacto não for aprovado. “Não podemos criar um futuro adequado para nossos netos com sistemas criados para nossos avós”, argumentou. “A Cúpula do Futuro é um primeiro passo essencial para tornar as instituições globais mais legítimas, eficazes e adequadas ao mundo de hoje e de amanhã. Ela não pode falhar”, completou.

Ainda que a pauta da cúpula vá no mesmo sentido defendido pelo Brasil — de transformação das instituições internacionais — alguns aspectos da declaração final viraram motivos de preocupação ao governo Lula e outros países em desenvolvimento: a insistência de países ricos em vincular a crise climática como uma ameaça à segurança internacional.

GRANDE RISCO – O temor brasileiro e de outras delegações é de que a questão climática possa ser eventualmente transformada em uma questão de segurança, com medidas que poderiam ameaçar inclusive a soberania nacional. Para o Itamaraty, ao dar esse tratamento, o pacto minimizaria as causas das mudanças climáticas, se limitando a tratar apenas de seus efeitos.

Tradicionalmente, o governo brasileiro vem insistindo que cabe aos países industrializados pagar e arcar com a responsabilidade pelas transformações causadas no planeta. Para os emergentes, a crise não é apenas resultado de uma ação recente, mas de décadas de um modelo de produção.

O Brasil também vê com hesitação a incorporação do tema ambiental na agenda do Conselho de Segurança. O Itamaraty considera que o órgão não conta com instrumentos para lidar com as causas das mudanças climáticas e poderia inclusive esvaziar a legitimidade de mecanismos da ONU onde, de fato, o tema ambiental é tratado.

Sujeira sem fim nos igarapés de Manaus: 2,5 mil toneladas de lixo em junho

Esgotos e sujeira sem fim poluem os igarapés de Manaus

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É preciso advertir mil vezes e morrer repetindo: Se o Brasil não parar o desmatamento ilegal, as queimadas e a poluição, a Amazônia acaba sendo internacionalizada. Manaus despeja seus esgotos no rio, sem tratamento. Os igarapés viraram canais de esgoto e lixo. Às vezes, tenho vergonha de ser brasileiro. Nenhum prefeito ou governador se interessa. Dizem que o problema é tão grave que deve ser resolvido pelo governo federal. São políticos nauseabundos. (C.N.)

Cadeirada mostra que o maior problema  é a exaustão dos eleitores com a política

Cadeira: a nova ferramenta de debate! | Jornal de Brasília

Charge do Baggi (Jornal de Brasília)

J.R. Guzzo
Estadão

O calamitoso debate que acaba de se ver entre os candidatos à Prefeitura da maior, mais rica e mais moderna cidade do Brasil deixou as classes culturais indignadas com as cenas de sarjeta ali exibidas, e com os responsáveis por elas. Condena-se severamente o candidato que deu cadeiradas ao vivo no adversário – ou então defende-se o seu “direito de legítima defesa da honra”, como alegavam antigamente os advogados de defesa dos maridos traídos.

Condena-se o candidato que recebeu as cadeiradas, pelos insultos que fez ao opositor. Condena-se os partidos que lançaram um e outro na disputa pela prefeitura de São Paulo.

FIM DA PICADA – Tudo isso é muito razoável, mas deixa de lado o que provavelmente está no coração do problema: como e porque a eleição para escolher o prefeito da cidade tida como a mais civilizada do Brasil foi acabar desse jeito?

É isso o que São Paulo tem de oferecer aos eleitores – não haveria, entre os 9 milhões de pessoas aptas a votar e receber votos no município, nada um pouco melhor? Tem de haver, pela lei das probabilidades e pela lógica elementar. Mas o que se está vendo na vida real é a exaustão absoluta do eleitor com a política “normal”. O que aparece, então, é a política anormal.

Zero por zero, por que não mais um zero? – e que não enche a paciência do eleitor com “programas de governo”, “políticas públicas”, “planejamento” e outras mentiras contadas com boa educação?

TUDO ERRADO – O fato indiscutível é que os candidatos descritos como absurdos só existem porque um número cada vez maior de eleitores não respeita, não se interessa e não acredita nos candidatos “aceitáveis” – os oriundos das estruturas políticas que estão aí. Para resumir a opera: dá para alguém levar a sério uma atividade em que o senador Rodrigo Pacheco, por exemplo, é tido como “importantante”?

Nem se fale do resto. Há o chefe de governo que promete combater as queimadas do Brasil em Nova York – denunciando a “crise do clima” como culpada pela incompetência terminal de seu governo no trabalho mínimo de prevenção aos incêndios. Há a clara percepção que o País é governado, nos mais diversos níveis, por fugitivos de uma colônia penal.

Há o STF que proíbe 20 milhões de brasileiros de se expressarem no X – e que devolve aos corruptos confessos os bilhões de reais que pagaram em multas para não serem presos.

HÁ ALGO PIOR – Há o ministro que assediava mulheres. Há os ministros que usam dinheiro público para construir estradas em suas fazendas.

Por que qualquer dessas coisas, e todas as outras iguais a elas, seria melhor do que as cadeiradas? Por que as mentiras ditas pelos candidatos a prefeito de São Paulo seriam piores que as mentiras ditas pelo presidente da República? Porque tantos eleitores não têm mais nenhuma paciência com os candidatos tidos como “sérios”?

O Brasil bem pensante põe a culpa nas deficiências do eleitorado. Só está interessado no seu bem-estar pessoal. Não pensa num “projeto de país”. Fica vendo coisa na internet, em vez de ler e ouvir os analistas políticos. Pode ser. Se for, vai ser preciso importar de fora um outro eleitorado.

STF e governo usam queimadas para driblar Congresso e ter verba extra

Presidente Lula mobiliza ministros por aprovação de Dino ao STF, dizem  fontes | CNN Brasil

Flávio Dino libera verbas ao governo que não existem

William Waack
CNN Brasil

O governo assinou uma medida provisória liberando cerca de meio bilhão de reais para combater incêndios e queimadas. Diante da extensão da tragédia, o dinheiro talvez seja pouco e, de qualquer maneira, já chega tarde. Por isso, seu significado é muito mais político, embora, na prática, toda ajuda seja bem-vinda. O Supremo está dando cobertura para uma prática recorrente do Executivo, que alguns chamam de atalhos fiscais e outros de contabilidade criativa, mas com o mesmo resultado: dar um jeito de driblar as amarras fiscais

O dinheiro tinha sido autorizado por um ministro do Supremo, Flávio Dino. Em jogada bem-vinda pelo Executivo, o Judiciário disse que essa grana não conta para efeitos de equilíbrio fiscal, ou seja, é uma licença para gastar, já que no orçamento não havia mais espaço.

SEM CONSTRANGIMENTO – É esdrúxulo que um ministro do Supremo agora diga o que está ou não está no arcabouço fiscal. Mas o chefe do Executivo e seu ministro da Fazenda não pareciam sentir qualquer constrangimento. Ao contrário, davam a impressão de satisfação com o Judiciário se metendo no Executivo, pois, assim, não precisaram ir ao Congresso pedir a abertura de crédito extraordinário para combater queimadas.

Na verdade, na questão das queimadas, o Supremo está dando cobertura para uma prática recorrente do Executivo, que alguns chamam de atalhos fiscais e outros de contabilidade criativa, mas com o mesmo resultado: dar um jeito de driblar as amarras fiscais — que já são frouxas.

A necessidade de mostrar serviço diante das queimadas virou um problema urgente de imagem para o governo. A contabilidade criativa também vai virar problema, só que vai demorar um pouquinho mais.

Elon Musk anuncia serviço gratuito da Starlink que todo celular poderá usar

Guerra declarada! Elon Musk diz que pode 'aniquilar' Bill Gates caso ele aposte novamente contra uma de suas empresas; entenda a polêmica - CPG Click Petroleo e Gas

Musk dará gratuidade a todas as ligações de emergência

Viny Mathias
Do IGN

Com a Starlink, Elon Musk pretende oferecer uma conexão de Internet de qualidade graças a uma rede de satélites posicionados na órbita baixa da Terra. Em todo o mundo, dezenas de milhares de pessoas usam o Starlink para se conectar à Internet onde qualquer outra forma de rede não consegue chegar. A solução também é utilizada em zonas de guerra ou áreas fortemente afetadas.

Mas o bilionário não pretende parar por aí. À medida que a SpaceX continua a enviar satélites ao espaço em um ritmo constante, a empresa está atualmente desenvolvendo um novo serviço, chamado Starlink Direct to Cell. Este destina-se a funcionar com satélites dedicados, que criam uma rede 4G via satélite. Isto significa que quando esta rede for ativada, qualquer pessoa com um smartphone equipado com 4G poderá conectar-se a ela.

VAI DEMORAR – Será um serviço gratuito oferecido pela Starlink, mas a implantação desta nova rede de satélites levará tempo. No entanto, a SpaceX já planeja oferecer o Starlink Direct to Cell com o serviço de texto a partir deste ano. Segundo o próprio site, recursos de ligações e IoT devem chegar em 2025.

No momento, Elon Musk não mencionou o posicionamento de preço planejado para o Starlink Direct to Cell. Porém, o que o bilionário anunciou no X é que um recurso do serviço será gratuito: ligação de emergência. Segundo o próprio Musk, essa gratuidade será mundial, mas antes estará sujeita à aprovação de cada governo, é claro.

“Após consideração cuidadosa, a SpaceX Starlink fornecerá acesso gratuito a serviços de emergência de telefonia móvel para pessoas em perigo. Isto se aplica em todo o mundo, sujeito à aprovação dos governos dos países. Não podemos imaginar uma situação em que alguém morra porque se esqueceu ou porque não conseguiu pagar”, anunciou Musk no X.

GRATUIDADE – A forma como Elon Musk anunciou a notícia faz parecer que ele decidiu, no intervalo de alguns minutos entre os posts, que esse recurso deveria ser gratuito para a segurança de todos. Resta saber quando essa opção gratuita estará disponível.

Recentemente, a Starlink virou o centro das atenções no Brasil. Após o bloqueio do X no país, Elon Musk estava usando a tecnologia de satélite para burlar a suspensão, mas depois o bilionário recuou da decisão, conforme informamos aqui no IGN Brasil.

Mas agora o X e a Starlink foram multados novamente, porque o sinal do X voltou em alguns locais.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGSensacional a matéria enviada por José Guilherme Schossland. Espera-se que Musk ganha cada vez mais dinheiro, porque ele faz o que os governos deveriam fazer. Essa gratuidade universal da emergência realmente é uma maravilha. E a SpaceX agora se prepara para resgatar os dois astronautas que a NASA esqueceu no espaço. São notícias boas, num inferno de notícias ruins. Entre Musk e Moraes, estou com Musk e não abro. Censura, aqui, não! (C.N.)

Juros farão explodir a dívida pública, desmoronando esse arcabouço fiscal     

Juros sobre juros: como afetam finanças e investimentos – Blog Capital Research

Sem corte de gastos, os juros sobem e a dívida dispara

Vinicius Torres Freire
Folha

Um ano depois de começar a baixar a Selic, o Banco Central começou a dar ré, o que era previsível desde as confusões de abril e maio deste ano. A Selic baixara de 13,5% para 10,5% ao ano. Nesta quarta-feira (18), foi a 10,75%. Sendo otimista, chega a 11,5% no início de 2025. Pelo andar atual da carruagem, vai a 12%. No comunicado em que anunciou a Selic maior, mais seco do que de hábito, o BC não disse mais nada de interesse maior. Melhor assim. Menos confusão.

O que pode contribuir para que a Selic volte a cair logo? O preço do dólar baixar, em parte graças ao aumento da diferença de taxas de juros nos EUA e no Brasil (a “Selic” deles caiu meio ponto percentual também nesta quarta). Nesta quarta, o dólar já ficou menos salgado, mas a taxa de câmbio anda volátil e difícil de prever, para variar.

COMMODITIES – É preciso que o preço das commodities, soja, milho, trigo, petróleo, fique por onde está — se cair muito mais, cria outros problemas: menos crescimento, menos receita para o governo. Com o preço do barril na mesma e dólar menos salgado, a Petrobras teria mais motivos para baixar o preço dos combustíveis. Seria bom também que chovesse, o bastante para evitar prejuízos nas lavouras e termos preços melhores de eletricidade. Mas, infelizmente, ainda não sabemos fazer a dança da chuva.

Mais importante, seria essencial que Lula 3 apresentasse um plano de bons remendos no arcabouço fiscal, desculpem a obviedade tediosa — ou revoltante, no caso de quem é convicto de que déficits e dívida crescente são irrelevantes. Fernando Haddad, petista, de esquerda, acha que não é irrelevante.

A situação das contas federais não deve mudar grande coisa em 2024 e 2025. Mas um plano de contenção do aumento de gastos em Previdência, saúde e educação, para 2026 e além, teria algum feito imediato. Facilitaria muito a vida de Gabriel Galípolo, futuro presidente do BC. Aliás, é o plano que está na cabeça de todo o mundo na direção do BC, inclusive dos nomeados por Lula. A Selic, taxa de curtíssimo prazo, afeta as taxas dos demais prazos nos negócios do mercado, do atacadão de dinheiro, onde se define o custo dos empréstimos para o governo, o piso das taxas de juros para a economia inteira. Mas não as determina.

ARCABOUÇO – Desde abril, as taxas de prazo superior a dois anos já estavam em nível mais alto do que em agosto de 2023, quando a Selic começara a baixar. A mexida na meta fiscal de 2025, a falação ignara da maioria do governo sobre déficit e juros, as confusões nas mensagens do BC e rolos na finança mundial elevaram os juros na praça, é tedioso lembrar. Como os donos do dinheiro grosso temem, na prática, que o arcabouço fiscal vá rachar em algum momento (2026?), cobram mais (juro maior), por conta.

Lula 3 vai apresentar um plano de remendo ou reforma do arcabouço? Só vendo para crer. Se o fizesse até o início do ano político de 2025, daria contribuição relevante para um crescimento mais estável e para a contenção da dívida.

O país cresce mais do que quase todo o mundo esperava. A inflação está fora da meta, mas algo contida, estável e, para padrões brasileiros, baixa. Mas as taxas de juros (atenção para o plural) estão em níveis teratológicos. Vão levar a dívida do governo a níveis assustadores, dado, de resto, que não haverá superávit primário nas contas públicas tão cedo. Isso não vai prestar.

Moraes força a barra e multa também a Starlink, que nada tem a ver com isso

Moraes usou TSE para investigar aliados de Bolsonaro e sustentar decisões,  diz jornal

Moraes declarou guerra a Musk, sem raciocinar antes

Caio Junqueira
CNN Brasil

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, voltou a determinar a aplicação de uma multa diária de R$ 5 milhões à Starlink e ao X por descumprimento da ordem de suspensão da rede no país. A decisão saiu na noite desta quarta-feira (18).

Porém, nesta manhã, alguns perfis do X, que tinham a determinação de bloqueio, e que Elon Musk havia se recusado a acatar, amanheceram restringidos. É o caso, por exemplo, do blogueiro Allan dos Santos.

O Supremo Tribunal Federal monitora a situação para verificar se, de fato, todos os perfis que contemplam a decisão de Moraes foram bloqueados.

Procurado, o STF não se manifestou.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Como sempre, o ministro Alexandre de Moraes entra em cena arrebentando a lei. Ao invés de multar apenas a plataforma X, o inquieto magistrado está multando também a Starlink, que é uma empresa de conteúdo completamente diverso, que nada tem com as redes sociais, salvo a distribuição. Ao invés de acalmar a situação, Moraes vai deixar a Casa Branca e o Capitólio ainda com mais raiva dos destemperos do ministro brasileiro, que descumpre as leis do país e o Direito Internacional com a maior sem-cerimônia. (C.N.)

Musk provoca Moraes após X ficar acessível no Brasil, citando “magia”

“Uma magia bem avançada é indistinguível da tecnologia”

Caique Lima
DCM

O bilionário Elon Musk, dono do X (ex-Twitter), provocou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após a rede social voltar a funcionar para alguns usuários no Brasil. A plataforma foi suspensa por ordem do magistrado no fim de agosto por descumprimento de medidas judiciais.

Em seu perfil na rede social, Musk escreveu: “Qualquer magia suficientemente avançada é indistinguível da tecnologia”. O post foi feito na madrugada desta quarta-feira (dia 18) após a plataforma driblar o bloqueio imposto pelo STF.

COMO ESCUDO – O X mudou o registro de seus servidores, segundo o jornal O Globo, usando um novo software conhecido como “proxy reverso”, que atua como um “escudo”.

A publicação de Musk é a adaptação de uma frase do escritor de ficção científica Arthur C. Clarke, autor de “2001: Uma Odisseia no Espaço”, que disse: “Qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível da magia”.

A empresa de Musk contratou a Cloudfare, que oferece serviços do tipo a mais de 23 milhões de empresas no mundo, incluindo grandes empresas e bancos brasileiros. Com a ferramenta, o X consegue criar obstáculos para o bloqueio à rede social no país, mesmo com ordem da Justiça.

NOVO BLOQUEIO – Basílio Rodríguez Perez, conselheiro da ABRINT (Associação Brasileira dos Provedores de Internet e Telecomunicações) aponta que “o X passou a funcionar com um novo software, que não está mais usando os IPs da rede social, mas da Cloudflare”.

O especialista afirma que não é “simples de bloquear” novamente a rede social e que uma nova suspensão da rede social só poderá ser realizada se restringir “uma série de serviços legítimos e necessários” que usam o sistema da Cloudfare.

Tarcísio e Zema abrem conversas sobre formar uma chapa contra Lula em 2026

Tarcísio é o nome mais forte da direita em 2026, diz Zema

Tarcísio é o nome mais forte da direita em 2026, diz Zema

Thiago Prado
O Globo

Na semana passada, quando ainda não havia a cadeirada histórica de José Luiz Datena (PSDB) em Pablo Marçal (PRTB), os jornalistas Octavio Guedes e Fabio Zanini atribuíram a três “Ts” o avanço de Ricardo Nunes (MDB) nas pesquisas. Ambos falaram em TV e Tarcísio de Freitas, mas definiram a terceira letra de forma diferente. Na GloboNews, Guedes destacou a tropa de Nunes, ou seja, a máquina de vereadores e obras ligada à prefeitura de São Paulo. Na Folha, Zanini falou sobre o conceito “Tchau, Bolsonaro” e os benefícios para o emedebista de não aparecer na campanha eleitoral tão vinculado ao ex-presidente.

Hoje vamos falar sobre o primeiro T, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que entrou de cabeça na campanha pela reeleição do prefeito da capital de olho na disputa de 2026. Por mais que negue a intenção de ser candidato a presidente contra Lula daqui a dois anos, todos os seus movimentos miram a possibilidade de lançar-se ao Planalto. Em julho, ouvi os donos dos seis dos maiores institutos de pesquisa sobre o projeto Tarcísio presidente e eles divergiram sobre a hipótese de ele abandonar a reeleição.

TARCÍSIO-GEMA – No início do mês, o presidente do Partido Novo, Eduardo Ribeiro, esteve no Rio acompanhado de Romeu Zema, em mais uma etapa das viagens que ambos estão fazendo pelo Brasil para nacionalizar a imagem do governador de Minas Gerais. Em um restaurante peruano ao lado do Copacabana Palace, Ribeiro me confirmou a informação publicada pelo jornalista Robson Bonin, da coluna Radar, de que há uma articulação pela chapa Tarcísio-Zema no grupo de governadores de Sul e Sudeste, que se reuniu pela última vez na casa do senador Ciro Nogueira.

Nascido em Santa Catarina, estado-símbolo da direita brasileira atualmente, o presidente do Novo admite que não liga mais para a relação que fazem do partido com o bolsonarismo. “Parei de me incomodar com isso”, admite Ribeiro, lembrando que essa agenda era de João Amoêdo, que o antecedeu no comando da sigla.

E como convencer o bolsonarismo de que a chapa “café com leite” (referência ao protagonismo político de lideranças de São Paulo e Minas Gerais entre 1898 e 1930 na República Velha) é uma boa ideia? O presidente do Novo lembra os números de 2022: Bolsonaro ficou a 2,13 milhões de votos de diferença de Lula no país, sendo que nas 853 cidades mineiras a margem da vitória do petista foi de apenas 40.650 eleitores. “Fazer a virada em Minas com o apoio de Zema é garantir a vitória da direita”, afirma Ribeiro.

JÁ EM CURSO – Pela construção da chapa, apurei depois que o Novo está disposto a retirar a pré-candidatura ao governo do professor Matheus Simões, vice de Zema, para apoiar o senador bolsonarista Cleitinho Azevedo, do Republicanos. A relação com a família do parlamentar já existe. Desde o ano passado, o prefeito da cidade de Divinópolis, Gleidson Azevedo, irmão de Cleitinho, é filiado ao Novo.

Na última sexta-feira, a desorganização da esquerda na estratégica Minas Gerais foi tema do podcast A Hora, dos jornalistas José Roberto de Toledo e Thais Bilenky. É justamente por isso que a direita está animada para virar o jogo no estado tão relevante para as vitórias presidenciais do PT no século. “Rodrigo Pacheco, colocado como candidato a governador pelo Lula, não tem mostrado muito apetite para essa disputa”, disse Bilenky. “Dá para entender. Ele foi eleito como senador anti-Dilma, ou seja, com voto antipetista. É uma contradição”, completou Toledo.

Terminei a conversa com o presidente do Novo pedindo informações sobre Bernardinho, o candidato-fetiche da Zona Sul do Rio, cuja candidatura pelo partido é sempre especulada, entra ano, sai ano. “Falei para ele que 2026 é a última chance”, concluiu.

E BARBOSA? – A propósito, sobre candidatos-fetiche, a Veja de 6 de setembro publicou uma matéria sobre o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa, mirando a Presidência da República em 2026.

“O roteiro prevê que as conversas com as legendas sejam intensificadas desde já”, diz a reportagem.

A conferir se tantas novidades estarão disponíveis como opção nas urnas daqui a dois anos.

Crise climática chega a grandes cidades, mas continua a ser ignorada na eleição

Sem ação no nível local, esforços globais contra crise climática podem  fracassar - Combate Racismo Ambiental

As cidades serão as primeiras vítimas da crise climática

Bernardo Mello Franco
O Globo

Está difícil respirar nas maiores cidades do país. Em pleno inverno, o Rio registrou três dias seguidos de temperaturas acima dos 40°C. Em São Paulo, o calor se somou à poluição. A capital paulista teve a pior qualidade do ar entre 120 metrópoles monitoradas em todo o mundo.

A canícula fora de época testa a resistência dos cariocas. No início da semana, a cidade já havia se espantado ao ver o sol alaranjado. O fenômeno foi causado pela mistura de calor extremo, falta de chuvas e fumaça causada por queimadas.

CUIDADOS – Os paulistanos, que adoram listas, passaram a encabeçar o ranking internacional de poluição divulgado pelo site suíço IQAir. Médicos pediram para a população evitar a exposição ao sol e o esforço físico ao ar livre. No interior do estado, cidades anunciaram racionamento de água.

A crise climática que ameaça a Amazônia e o Pantanal chegou de vez aos grandes centros urbanos. Apesar do sufoco, o assunto parece inexistir nas eleições municipais. A maioria dos candidatos trata a emergência como um assunto menor, a ser tangenciado em debates e peças de propaganda.

No Rio, o tema pouco aparece no horário eleitoral. O prefeito Eduardo Paes dedica a maior parte do tempo a exaltar feitos e siglas de sua gestão. O delegado Alexandre Ramagem investe numa campanha sensacionalista sobre segurança pública, atribuição do governo estadual.

DESPREZO TOTAL – Em São Paulo, Pablo Marçal trata os alertas da ciência como “militância com o clima”. O prefeito Ricardo Nunes não verbaliza o mesmo discurso negacionista, mas sua administração já protagonizou um vexame público na área.

Em junho de 2023, a prefeitura escalou o secretário executivo de Mudanças Climáticas para um debate na OAB. Diante de uma plateia incrédula, Antonio Fernando Pinheiro Pedro declarou que “o planeta não será salvo por nós”. “Ninguém salva o planeta Terra. Geralmente ele se salva sozinho”, disse, para constrangimento geral.

A fala viralizou na internet, e Nunes demitiu o secretário no mês seguinte. Mas o episódio serviu para ilustrar o desdém com que a emergência é tratada nos municípios — a começar pelo mais populoso da América Latina.

CHORO DE DATENA – José Luiz Datena foi às lágrimas na sexta-feira, em entrevista à Folha de S.Paulo e ao portal UOL. “Para mim acabou a política”, lamuriou-se. “Eu tentei ajudar as pessoas a votar em mim. Até agora não consegui, o que eu posso fazer?”.

O choro antecipou o fim de uma campanha que não começou. Lançado pelo PSDB, o apresentador penou para convencer aliados e adversários de que seria candidato para valer. Depois viu o histriônico Pablo Marçal roubar o papel de outsider na disputa pela prefeitura.

O fiasco de Datena deve sepultar um velho mito das eleições paulistanas: a ideia de que ele seria um candidato imbatível a qualquer cargo público. Em queda livre no Datafolha, o neotucano agora aparece em quinto lugar, com míseros 6%.

Brasil suplica que a Europa não aplique agora sua lei que pune desmatamento

Desmatamento na Floresta amazônica

Protecionismo faz Europa restringir suas importações

Janio de Freitas
Poder360

Com São Paulo como a grande cidade mais poluída do mundo, e a Amazônia como maior emitente de gases poluidores no mundo, o governo não teria momento mais impróprio para seu apelo dramático ao conselho dirigente da União Europeia: não aplique a aprovada lei contra produtos de desmatamentos. O “pelo amor de Deus” ficou subentendido.

Em carta à UE na quarta-feira (11.set.2024), os ministros do Exterior e da Agricultura, Mauro Vieira e Carlos Fávaro, estimam que mais de um terço das exportações brasileiras para lá estariam sujeitas à exclusão. Perda grande do Brasil. Com base em cifras de 2023, seria em torno de US$ 15 bilhões.

DIZ A CIÊNCIA – Os argumentos brasileiros são, nas circunstâncias, o que se poderia esperar. Nem sempre coincidentes, os números do desmatamento são favoráveis ao governo, com redução expressiva. Mas o que continua, e o provável é ir longe, dá razão à UE. É assustadora a ideia de que a floresta amazônica não mais existirá já na década de 2070, para isso bastando que a atual elevação da temperatura chegue a 2,5 graus.

Não é opinião de diletantes, “é uma conclusão da ciência”, adverte Carlos Nobre, climatologista de alto conceito internacional. Para o Pantanal, o futuro é ainda mais hostil: sem defesas urgentes, como disse há pouco a ministra Marina Silva, estará extinto daqui a uns 25 anos – o mesmo tempo por nós vivido de 2000 a hoje. Logo, quem queira pensar no futuro do Brasil deve considerar, para além dos seus desejos, também um território dilapidado pela incúria e pelo fogo criminoso.

Com regiões de secura marcadas pelos veios de passados rios. Mundos de aridez, de história esquecida. Assim são os desertos. O processo de desertificação está ativo no Brasil. O cerrado, lá no miolo do país, sofre um ataque sem reversão, do homem e da caatinga. Já ambiente desértico, a caatinga avança em todos os rumos à sua volta. E, ressalta Carlos Nobre, já um pedaço da Bahia, a oeste, desertifica-se sem resistência.

INCÊNDIO CRIMINOSO – A devastação, pode-se dizer, está institucionalizada. O incêndio criminoso é um dos seus modos de dominar. O custo de um combate vitorioso sobre essa realidade jamais seria admitido pela mentalidade dominante. A devastação se desenvolve exatamente por outros traços desta mentalidade. Mas o meio ambiente e, sobretudo, a Amazônia têm importância decisiva para a vitalidade do Ocidente, em especial, e do mundo.

A opinião de que os europeus apenas defendem o seu agronegócio, ao vetar importações, barateia demais o problema. Tudo nele é grave e merece reconhecimento. A Europa se defende, sim, porém não só ao seu agronegócio. Nem está desprovida de razões. O governo diz que o corte de importações “é punitivo”. Também pode ser visto como colaboração involuntária.

O Brasil precisa salvar-se do cerco que lhe fazem os mandantes de incêndios e desmatamentos criminosos. Atingi-los nos cofres pode suprir a insuficiência dos meios governamentais e a inação social. Seria medida em favor da integridade ambiental brasileira. Enquanto há tempo, tão pouco…

Alexandre de Moraes deve aguardar relatório oficial para decidir sobre X

Twitter voltou? Usuários relatam que app do X está funcionandoCarolina Brígido
do UOL

O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), deve aguardar um relatório da Anatel (Agência Brasileira de Telecomunicações) antes de tomar uma decisão sobre a queda do bloqueio do X no Brasil sem autorização judicial. Até o início da noite desta quarta-feira, dia 18, a Anatel não comunicou o fato oficialmente a Moraes.

Segundo integrantes do órgão, deve ser enviado um relatório ao STF para informar a situação. O ministro não deve tomar providências até isso acontecer.

ALGUMAS OPÇÕES – Ao analisar o caso, Moraes tem algumas opções – como, por exemplo, expedir uma nova ordem de bloqueio do X e multar os responsáveis por burlar a decisão tomada por ele de suspender o funcionamento da rede no país.

O X foi bloqueado em 30 de agosto porque a empresa de Elon Musk feriu a legislação brasileira ao não indicar um representante no país. A rede social também se recusou a cumprir ordem de Moraes para retirar do ar perfis disseminadores de fake news e de discurso de ódio.

X está de volta? Usuários fazem memes com possível retorno de rede social###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O relatório da Anatel é importante para que se saiba o que realmente aconteceu, pois os serviços do X/Twitter não voltaram irrestritamente. Pelo contrário, apenas em algumas áreas. Para aumentar a confusão, não retornaram como X, mas como Twitter, que é a denominação original, antes de Elon Musk assumir a plataforma. Fica claro que não houve intenção de o X voltar. Por isso, é bom Moraes ouvir o ditador Maduro e tomar um chá de camomila. Se sair punindo adoidado aqui na filial Brazil, como é seu estilo, pode instigar ainda mais o pessoal da matriz USA, que já está com ele por aqui, como dizia “Seu Peru”, naquela época em que havia humor na TV. Agora, só resta “A Praça é Nossa”, do Carlos Alberto da Nóbrega, que já está com 85 anos e entrou na reta final, digamos assim. Em breve o humor também será proibido… (C.N.)

Provas de golpe orquestrado podem minar o projeto de anistia e barrar impunidade

Charge Clayton | Charges | OPOVO+

Charge do Clayton (O Povo/CE)

Carlos Pereira
Estadão

A defesa da anistia para os condenados pelos atos antidemocráticos do 8 de janeiro não passa de uma estratégia política para livrar Jair Bolsonaro, tanto pela decisão do TSE de declarar sua inelegibilidade por oito anos, como por eventuais condenações do ex-presidente pelo STF do seu envolvimento direto em uma suposta trama golpista.

Mas, como destacado em artigo de Pablo Ortellado, o grande receio é o de que a reprovação dos eleitores aos atos de 8 de janeiro esvaneça com o passar do tempo. O PL da anistia dos condenados ganharia assim maior viabilidade política no Legislativo, o que aumentaria as chances de perdão dos crimes cometidos pelos envolvidos.

O PLANO – Ortellado argumenta que seria fundamental que a justiça comprovasse que havia um propósito golpista na invasão dos três poderes. Bem como que tais ações, em conjunto com os bloqueios de rodovia e de acessos às refinarias e a derrubada das linhas de transmissão de energia foram coordenadas pelos líderes do movimento golpista, incluindo o ex-presidente. Algo, que, segundo Ortellado, não foi plenamente comprovado e/ou detalhadamente divulgado para a sociedade até o momento.

Entretanto, como mostrado em artigo “In court we trust? Political affinity and citizen’s atitudes toward court’s decisions”, escrito em parceria com André Klevenhusen e Lúcia Barros, a confiança dos eleitores brasileiros no Supremo não é livre de viés afetivo com o líder político que amam ou que odeiam.

O estudo revela que os eleitores de Lula, por exemplo, passam a confiar mais no STF quando condena Bolsonaro e/ou absolve Lula. O inverso também é verdadeiro em relação aos eleitores de Bolsonaro. A percepção de que o STF é politicamente motivado também obedece à mesma lógica. Além disso, a pesquisa indica que eleitores de Lula e de Bolsonaro acreditam na integridade dos seus líderes, mesmo quando ele é condenado pelo STF.

SEM SOLUÇÃO? – Portanto, é possível inferir que por mais que o Supremo forneça evidências de coordenação entre os eventos golpistas, a percepção do eleitor conectado afetivamente com Lula ou Bolsonaro sobre o STF provavelmente não mudará e a agenda da anistia dos condenados não necessariamente se enfraquecerá.

Entretanto, os eleitores que não votam em Lula nem em Bolsonaro, que representam um montante expressivo do eleitorado, não têm a sua confiança no STF alterada em função da sua decisão de condenação e absolvição de um ou de outro.

Portanto, a oferta de maiores evidências de coordenação da trama golpista pode fortalecer a decisão do Supremo e diminuir a viabilidade política do projeto de anistia que tramita no Poder Legislativo.