Pedro do Coutto
O apagão que atingiu o sistema cibernético mundial na última sexta-feira deve ter deixado rastros em matéria de prejuízos que não foram ainda calculados em toda a sua plenitude. O episódio atingiu computadores e afetou vários setores, incluindo o aeroportuário, serviços bancários e de saúde por todo o mundo. As principais companhias aéreas dos Estados Unidos cancelaram todos os voos. Problemas técnicos foram reportados em aeroportos da Europa, da Índia, de Hong Kong e Singapura.
No Reino Unido e na Austrália, algumas das principais redes de televisão ficaram fora do ar. O serviço de saúde foi afetado em países como Reino Unido e Alemanha, onde cirurgias chegaram a ser canceladas em dois hospitais. O mercado de ações, commodities e câmbio também foi afetado, com bolsas prejudicadas ao redor do planeta.
FALHA – Informações apontam que o problema está relacionado a uma falha em sistemas operacionais de uma empresa de segurança cibernética dos Estados Unidos com mais de 20 mil assinantes em todo o mundo e que presta serviço para a Microsoft. Segundo o CEO da empresa, houve uma interrupção nos serviços por conta de uma atualização no sistema.
Não é possível que um fato como esse, que mostrou a vulnerabilidade de um sistema conectado, não tenha deixado reflexos gigantescos. O noticiário deste sábado revela a volta à normalidade dos voos (que foram cancelados em diversos países), mas não focalizaram o montante das consequências deixadas em aberto para serem compensadas de alguma maneira.
As possibilidades para reaver os prejuízos causados a empresas ainda não são claras. Enquanto seus sistemas são gradualmente reestabelecidos, elas calculam as potenciais perdas relacionadas à paralisação de operações e as possibilidades de redução das perdas.
RESSARCIMENTO – No Brasil, logo pela manhã, o problema já estava resolvido, o que deve reduzir o caso de companhias brasileiras reivindicando o ressarcimento, normalmente feito por meio de créditos de desconto no pagamento em meses seguintes.
Os seguros não devem dar conta de amortizar as perdas, já que a maioria das apólices cibernéticas não cobrem responsabilidades decorrentes de falha do sistema, portanto, as exposições podem ser inferiores ao previsto. Nos próximos dias, as companhias ainda devem enfrentar ações de danos aos consumidores afetados pela paralisação. Ainda que sejam apenas contratantes dos serviços, não estão imunes a obrigações de ressarcimento.
Em nota à imprensa, o Procon-SP afirmou que “o Código de Defesa do Consumidor resguarda os direitos de quem eventualmente tiver prejuízos, bem como estabelece deveres para os fornecedores igualmente impactados, os quais precisam prestar aos seus clientes informações claras e precisas sobre quais as condutas mais adequadas que o consumidor deve adotar”. Em meios a todos os trâmites burocráticos, todos que tiveram prejuízos, provavelmente terão que aguardar por muito tempo para serem atendidos.