Elon Musk acata em outros países as ordens que descumpre no Brasil

No caso Marielle, o engavetamento era à base da propina

Lessa disse que policiais civis faziam inquéritos “sumir”

Pedro do Coutto

As declarações de Ronnie Lessa, assassino confesso da vereadora carioca Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes em 2018, apontam que policiais civis do Rio de Janeiro faziam inquéritos “sumir” caso alguém lhes pagasse R$ 50 mil.  

O caso assumiu um caráter terrivelmente impressionante, a partir do que ele acrescentou, deixando em péssima situação péssima a justiça do Rio, demonstrando os fortes indícios de corrupção. Lessa foi adido da Polícia Civil, ou seja, emprestado pela PM às delegacias.

CONTAMINAÇÃO – Durante o depoimento, o réu colaborador afirmou que as polícias do Rio “estão contaminadas há décadas”. “Talvez hoje, se tivesse uma intervenção, uma coisa séria, e aparecesse um cara para denunciar, provando que deu dinheiro a tantos delegados, ia ter que abrir concurso. Não ia ter espaço. Meia dúzia que iria se salvar. Essa é a realidade da Polícia Civil. E não é diferente da PM, não. É a mesma coisa”, apontou o ex-policial.

De acordo com Lessa, muitos inquéritos físicos foram incinerados. Nos últimos anos, os procedimentos foram digitalizados, mas isso não impedia os policiais de “tentar manipular o processo” e desviar o foco das investigações.

INFLUÊNCIA – Outro ponto levantado pelo colaborador foi a influência de políticos — como os irmãos Chiquinho (deputado federal) e Domingos Brazão (conselheiro do Tribunal de Contas estadual), acusados de serem mandantes do assassinato de Marielle e Anderson — para indicar ou retirar policiais de determinados postos e, assim, ajudar a encobrir seus crimes. No depoimento, Lessa também reiterou que os irmãos Brazão ordenaram a execução da vereadora.

Os pagamentos eram feitos em espécie de acordo com os pedidos que definiam os montantes. No caso do crime em questão, o mercado de forma surpreendente é que balizava os valores. Quase inacreditável. Pior ainda era a aceitação de tais fatos que extrapolavam todos os limites da ética. É preciso que sejam tomadas as providências imediatas. Mas foi feita a confissão e agora é aguardar os novos rumos deste caso lamentável.

Criminosos ambientais fora de controle, com focos de incêndio disparando no país

Mais de 800 pessoas deixaram suas casas em São Paulo

Pedro do Coutto

É simplesmente impressionante a questão das queimadas que partem de criminosos ambientais que não conseguem ser reprimidos ou evitados pelos governos. O número de focos de incêndio registrados nos primeiros oito meses do ano é o maior desde 2010 e 75% acima do computado no mesmo período no ano passado.

Este foi o mês de 2024 com mais focos de incêndio para 16 estados. Em São Paulo, foram registrados 3.480 pontos no mês, um recorde para o estado desde que os dados começaram a ser medidos, há quase três décadas. Minas Gerais também enfrenta incêndios, sobretudo no entorno de Belo Horizonte. A Polícia Federal já abriu 31 inquéritos entre Amazônia e Pantanal, e dois em São Paulo.

FORA DA CURVA – Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, acertou quando declarou que esta “é uma verdadeira guerra contra o fogo e criminalidade”, acrescentando que existe uma situação atípica: “Você começa a ter em uma semana, praticamente em dois dias, vários municípios queimando ao mesmo tempo. Isso não faz parte da nossa curva de experiência nesses anos de trabalho com fogo”. Com a mobilização do governo, a PF, por meio da Superintendência Regional de São Paulo, irá investigar a temporada de fogo.

Em Brasília, a fumaça foi provocada, segundo o Corpo de Bombeiros do DF, pelas chamas de São Paulo, mas também do Pantanal e da Amazônia. O presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, porém, diz que queimadas no entorno, na região de Cerrado, podem ter contribuído. Segundo ele, em São Paulo, há uma desconfiança de que houve uma organização, “pois os focos aconteceram praticamente no mesmo horário”.

ATENTADO – Trata-se de um verdadeiro e amplo atentado ao meio ambiente, promovendo um avanço no cenário de poluição, com características negativas atribuídas às ações criminosas. Prisões foram efetuadas, demonstrando que há um crime organizado atuando nessa faixa. O Ibama não tem conseguido evitar e agir contra os incêndios de forma rápida e segura, até mesmo porque as atividades são muito extensas e atingem grande número de comunidades.

Para se ter uma ideia do problema, o Ibama divulgou que as queimadas que estão sendo combatidas vão durar mais de dois meses. Uma calamidade que atinge terras férteis, agora incendiadas. Incrível o problema que se coloca nessa área da produção e ao mesmo tempo em um setor responsável pelo meio ambiente.

Após ataques de Israel ao Líbano, tensão no Oriente Médio chega ao limite

Homem observa ataque israelense na vila libanesa de Qsair

Pedro do Coutto

Novamente a tensão é sentida no Oriente Médio, quando dezenas de aviões de israelenses sobrevoaram o sul do Líbano, destruindo milhares de lançadores de mísseis do Hezbollah no que foi chamado de ataque preventivo. O ataque do domingo foi baseado, segundo autoridades israelenses, em informações de que o Hezbollah estava prestes a disparar milhares de mísseis no norte de Israel, bem como drones em um importante centro de inteligência ao norte de Tel Aviv, em retaliação à morte de seu comandante no último mês.

Israel declarou estado de emergência e fechou seu principal aeroporto por várias horas, com várias companhias aéreas estrangeiras cancelando voos. O Hezbollah respondeu disparando mais de 200 projéteis, de acordo com Israel, embora autoridades tenham dito que danos muito limitados foram causados.

RETALIAÇÃO – Se o Hezbollah tivesse executado com sucesso um ataque a alvos no centro de Israel, a retaliação poderia causar uma guerra mais ampla na região.”Nossa esperança é que os eventos da noite passada não se transformem em uma escalada que leve a uma guerra regional”, disse o Conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, a repórteres na noite de domingo durante uma visita ao Canadá.

Ontem, Israel reabriu seu aeroporto e aliviou algumas  restrições, o que significa que não aguarda outro ataque tão breve. O porta-voz militar de Israel disse que não houve danos a nenhuma base militar israelense. As negociações no Cairo visando estabelecer um cessar-fogo em Gaza entre Israel e a milícia palestina Hamas começaram conforme planejado no domingo.

NOVAS CONDIÇÕES – Porém, depois que uma delegação do Hamas deixou o Egito na noite de domingo, Osama Hamdan, um porta-voz e líder do grupo, disse que Israel “estabeleceu novas condições para um cessar-fogo” e “ainda está procrastinando”, de acordo com uma declaração publicada na conta do grupo no Telegram. Em uma crítica à administração do presidente Joe Biden, ele disse que está “plantando falsas esperanças ao falar sobre um acordo iminente para fins eleitorais”.

As negociações devem continuar em “níveis mais baixos” nos próximos dias em um esforço para preencher as lacunas entre as partes. A tensão no Oriente Médio parece não ter fim e se arrasta desde 1948, gerando várias guerras ao longo dos últimos anos. Um cenário sem diálogos e que parece estar longe de um desfecho de entendimento.

Marçal desafia Justiça Eleitoral e cria ‘contas reservas’ para seguidores

Marçal aposta em ataques para se manter em evidência

Pedro do Coutto

Em São Paulo, o candidato Pablo Marçal resolveu apostar em manobras questionáveis para manter seus conteúdos nas redes sociais. Ocorre que a Justiça Eleitoral determinou a suspensão temporária dos perfis do candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PRTB, usados para monetização.

Cabe recurso ao Tribunal Regional Eleitoral-SP e o candidato disse que irá recorrer. A liminar foi concedida pelo juiz Antonio Maria Patiño Zorz, da 1ª Zona Eleitoral, após ação movida pelo PSB, partido da candidata Tabata Amaral. Na representação, a legenda solicita a abertura de um inquérito contra Marçal por pagar seguidores que distribuem cortes de seus vídeos nas redes sociais.

“CORTES” – “Destaco que não se está, nesta decisão, a se tolher a criação de perfis para propaganda eleitoral do candidato requerido, mas apenas suspender aqueles que buscaram a monetização dos ‘cortes’ por meio de terceiros interessados”, afirmou o juiz. No documento, ele ainda sustenta que “monetizar cortes” equivale a disseminar continuamente uma imagem “sem respeito ao equilíbrio que se preza na disputa eleitoral.”

Agora, após a suspensão temporária de suas redes, o influencer desafia a Justiça Eleitoral e começou a criar “perfis reservas” de uma série de contas em todas as redes sociais. Enquanto participava de motociata com apoiadores, neste sábado, as redes do candidato começaram a compartilhar uma série de imagens informando os novos perfis do ex-coach.

RESTRIÇÃO – A ideia é que, mesmo se o ele não conseguir reverter a decisão, ou se a restrição for expandida, Marçal mantenha uma presença digital, seu principal meio de comunicação, já que o candidato ficará de fora do horário eleitoral gratuito na Rádio e TV. As contas no Instagram, Twitter, Telegram, TikTok e Gettr já começaram a reunir, em poucas horas de divulgação, milhares de seguidores

Mesmo que as novas investidas de Marçal criem ainda mais problemas, no fundo da questão, talvez seja essa a sua estratégia, pois assim se mantém no foco dos noticiários, evidenciando-se também através de ataques e discursos pesados contra os seus adversários, muitas vezes pautados pela desinformação. Afinal, essa estratégia ofensiva, ao que tudo indica, o alavancou nas últimas pesquisas, levando-o a um avanço de sete pontos, ultrapassando até mesmo Ricardo Nunes.

“Chegou a hora de ajustar a política monetária”, diz presidente do Federal Reserve

Falas de Powell foram recebidas com otimismo no mercado

Pedro do Coutto

Com a decisão anunciada por Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Banco Central americano) de reduzir os juros, ao que tudo indica esta deve ser a política adotada principalmente pelo Brasil em função de perspectivas inflacionárias menores do que as atuais.

A taxa de juros, aliás, no Brasil, inevitavelmente serão menores do que as de agora, pois se durante o período de seu governo, o presidente Lula da Silva atacou Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, por manter os juros da Selic em um patamar elevado, fica claro que o seu sucessor à frente do BC, Gabriel Galípolo,  terá que seguir a tendência tratada por Lula. Caso contrário, estaria repetindo a política de seu antecessor.

EXPECTATIVAS – Jerome Powell, confirmou as expectativas de que ele daria indícios claros de que o ciclo de queda de juros nos Estados Unidos terá início em setembro, quando está prevista a próxima decisão de política monetária. No maior evento de banqueiros centrais do mundo, Powell afirmou que “chegou a hora de ajustar a política [monetária]” e que o ritmo dos cortes dependerá dos próximos dados econômicos.

Durante o discurso de Powell, as apostas em um corte de juros de 0,5 ponto percentual em setembro aumentaram, com investidores passando a precificar 32,5% de chance, ante 24% na véspera. O corte de 0,25 p.p. ainda é considerado o mais provável.

“A inflação diminuiu significativamente, o mercado de trabalho não está mais superaquecido, as condições do mercado de trabalho estão menos apertadas do que aquelas que prevaleceram antes da pandemia, a oferta está normalizada e o balanço de riscos mudou”, disse Powell que também demonstrou maior preocupação com o mercado de trabalho.

RISCO – Segundo ele, o risco inflacionário diminuiu, enquanto o risco de desemprego cresceu. “As vagas de desempregado voltaram aos níveis pré-pandemia, e as condições do mercado de trabalho estão menos apertadas do que antes da pandemia, em 2019, quando a inflação estava abaixo de 2%. É improvável que o mercado de trabalho seja uma fonte de inflação no curto prazo”, afirmou.

Nos Estados Unidos, a queda dos juros está muito vinculada à inflação prevista para os últimos 12 meses de 2% ao ano. No Brasil, a inflação prevista é de 4%, mas que, em relação proporcional aos juros, sinaliza uma mudança irreversível. Não é possível que os juros americanos baixem naquele país e não tenhamos reflexo na política monetária brasileira.

As falas de Jerome Powell foram recebidas com otimismo no mercado, com as bolsas de valores estendendo o movimento de alta. Também houve reações no mercado de câmbio, com o dólar perdendo valor frente a diversas moedas do mundo. No Brasil, o dólar caiu pouco mais de 1,3%, sendo negociado a R$ 5,514.

IBGE: número de idosos cresce e população do país vai diminuir a partir de 2042

Projeções mostram um país completamente diferente em 2070

Pedro do Coutto

As novas projeções populacionais divulgadas pelo IBGE com base no Censo 2022 mostram que a população brasileira está envelhecendo mais rapidamente do que se esperava e vai começar a diminuir em 2042, e chegará a 2070, último ano da projeção, com menos habitantes do que temos hoje: 199,2 milhões, contra os 203 milhões atuais. A faixa etária de 60 anos para cima será a maior a partir de 2042, chegando a 2070 representando quase 40% da população.

Segundo a secretária Nacional de Planejamento do Ministério do Planejamento e Orçamento, Virgínia de Ângelis, os dados impõem desafios aos governos nos próximos anos. Segundo ela, as mudanças na demografia vão pressionar não só o regime de aposentadoria, mas os serviços de saúde e educação.

IMPACTO – “A mudança na curva demográfica do Brasil impacta profundamente a prestação de serviços de saúde, educação e o sistema previdenciário. Também incide sobre o tamanho e a composição da população economicamente ativa e deve afetar a distribuição da população nas regiões brasileiras”, afirma, em nota.

Segundo ela, o resultado da pesquisa do IBGE requer um planejamento de longo prazo, integrando diversas políticas públicas: “A resposta a esses desafios requer um planejamento de longo prazo capaz de integrar e orientar diferentes políticas públicas – sociais, de emprego, renda, produtividade, previdência e infraestrutura”, acrescentou.

DESPESA  – O levantamento conclui que o fenômeno previsto acarretaria uma despesa previdenciária acima do possível porque o INSS estaria afetado com essa situação. Porém, está equivocada a conclusão e a projeção de especialistas sobre a questão.

O que deve preocupar o governo é o fato de que é preciso que se tenha desenvolvimento capaz de assegurar emprego para os jovens. Funcionando em pleno emprego e com o desenvolvimento da economia, a contribuição para a Previdência Social aumenta na mesma proporção.

Não é o envelhecimento populacional que afeta as contas públicas, mas a falta de desenvolvimento econômico e o pleno emprego. Não adianta criar um caráter alarmista sobre dados que podem estar sendo tratados de forma parcial, sem a devida conjugação de todos os fatores envolvidos.

Obama faz discurso a favor de Kamala Harris: “Sim, ela pode”

O ex-presidente resgatou um slogan da própria campanha

Pedro do Coutto

A convenção do Partido Democrata está sendo marcada por atmosfera de otimismo partidário, reforçado pelo discurso do ex-presidente Obama que empolgou as manifestações nesta semana. Nota-se uma disposição da candidata Kamala Harris fora do comum e que deixa longe as ações republicanas contidas num limite comum.

Barack Obama e a ex-primeira-dama Michelle Obama discursaram na terça-feira na convenção em apoio à candidatura Kamala Harris à Presidência. Os democratas fizeram da contagem dos votos dos delegados para Kamala Harris uma celebração da diversidade americana; cada estado do seu jeito. Kamala, que fazia um comício no estado de Wisconsin, apareceu no telão para agradecer a festa de confirmação do nome dela como candidata do Partido Democrata à Presidência.

ATAQUES – Michelle disse que ela e Obama sofreram os mesmos ataques que Trump tem feito contra Kamala: “A visão de mundo dele, limitada e estreita, o fazia se sentir ameaçado pela existência de duas pessoas trabalhadoras altamente qualificadas e bem-sucedidas, que por acaso são negras. Ficar reiterando mentiras feias, misóginas e racistas é uma muleta para a falta de ideias e soluções reais que, de fato, ajudariam a melhorar a vida das pessoas”. Em referência a um slogan da campanha de Obama de 2008, afirmou:“América, a esperança está de volta”.

No momento mais esperado da noite, o ex-presidente Barack Obama subiu ao palco e lembrou que, há exatos 16 anos, ele era a pessoa com um nome diferente a aceitar a indicação para ser o candidato do Partido Democrata à presidência dos Estados Unidos. Obama elogiou o presidente Joe Biden por defender a democracia americana em um momento de grande perigo e criticou a forma como o Partido Republicano se rendeu a Donald Trump.

LIDERANÇA – “Quando o outro partido virou um culto à personalidade, precisávamos de um líder que fosse firme, unisse as pessoas e fosse altruísta o suficiente para fazer o que há de mais raro na política: deixar de lado as próprias ambições pelo bem do país”, afirmou.

Obama resgatou outro slogan da própria campanha, “Sim, nós podemos”, com uma pequena adaptação para Kamala: “Sim, ela pode”. E também falou sobre como vê a sociedade americana de hoje: “Vivemos em uma época de tanta confusão e rancor, com uma cultura que valoriza as coisas que não duram: dinheiro, fama, status, curtidas. Corremos atrás da aprovação de estranhos nos nossos celulares. Construímos todo o tipo de muros e cercas à nossa volta e depois nos perguntamos por que nos sentimos tão sozinhos. Não confiamos muito uns nos outros porque não dedicamos tempo a nos conhecermos. E, com esse espaço entre nós, os políticos e os algoritmos nos ensinam a caricaturar uns aos outros, a trollar uns aos outros e a temer uns aos outros”.

REFLEXO – É claro que a visão de uma vitória nas urnas reflete-se nos componentes do partido que tem o êxito bem próximo de sua realidade. O Partido Democrata, ao que parece, está numa arrancada para o sucesso nas urnas. Vale destacar que não foram ainda explorados os erros baixos ao longo do governo Donald Trump, a começar pela tentativa de golpe em 2020 que deixou a opinião pública mundial perplexa.

A carga negativa que Trump carrega é demasiadamente pesada, envolvendo vários casos que já estão na justiça. Trump tem tantos fatos contra si que é difícil que o quadro possa se inverter até novembro. O otimismo está do lado democrata.

Governo, Supremo e Congresso fecham acordo sobre emendas parlamentares

Representantes dos Três Poderes se reuniram para discutir emendas

Pedro do Coutto

Finalmente, o Governo, o Congresso e o Supremo chegaram a um acordo para estabelecer critérios para as emendas parlamentares. Os pontos do acordo foram divulgados em nota conjunta dos Três Poderes. As emendas parlamentares deverão seguir novos critérios de transparência, rastreabilidade e correção, como já havia determinado o STF.

Pelo acordo negociado nesta terça-feira entre os Três Poderes, as emendas PIX ficam mantidas com pagamento obrigatório, mas passam a ter um projeto e a identificação do destino. A prioridade é para obras inacabadas, e tudo com supervisão do Tribunal de Contas da União. As demais emendas individuais também ficam mantidas como obrigatórias. Os critérios para a liberação dos recursos deverão ser fixados pelo governo e pelo Congresso em até dez dias.

BANCADA – As emendas de bancada – que são coletivas das bancadas estaduais ou regionais – passam a ser destinadas a projetos de infraestrutura em cada estado e no Distrito Federal. A definição tem que ser pela bancada e não mais por um parlamentar individualmente. As emendas de comissão – das comissões permanentes de cada casa do Congresso – terão que ser destinadas a projetos de interesse nacional ou regional, de comum acordo entre governo e Congresso.

O presidente do Supremo, ministro Luís Roberto Barroso, afirmou que foi uma construção coletiva de soluções possíveis. “Foi um consenso muito importante que precisamos avançar, inclusive com nova legislação, sobre a qualidade do gasto. O país está precisando com urgência de uma nova lei que discipline essa matéria de finanças públicas de uma maneira geral. As nossas preocupações eram de natureza constitucional e institucional quanto à transparência, rastreabilidade e correção da aplicação desses recursos. E quanto a esses pontos, eu acho que nós chegamos a um acordo satisfatório”, afirmou

EMENDAS – O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, ressaltou a importância das emendas parlamentares:”São um instrumento democrático e muito importante de concepção do Orçamento. O Orçamento não pertence exclusivamente ao Poder Executivo. Ele pertence ao Brasil e é feito tanto pelo Executivo quanto pelo Legislativo”.

Ele acrescentou ainda que chegaram a cogitar até o fim das emendas PIX, mas decidiram mantê-las.”Houve também um entendimento e compreensão geral de que essa modalidade de transferência especial pode ser muito útil à execução orçamentária do Brasil, sobretudo para situações em que há obras inacabadas. Fugir da burocracia para permitir que haja efetiva execução das realizações nacionais nos nossos mais de 5,5 mil municípios é algo que interessa à coletividade, interessa à sociedade”.

Os pagamentos das emendas parlamentares continuarão suspensos, conforme decisão anterior do Supremo. Governo e Congresso terão até dez dias para concluir os detalhes técnicos do que foi acertado na reunião, incluindo o limite orçamentário. Uma vez resolvido o impasse, caberá ao relator das ações, o ministro Flávio Dino, rever a suspensão.

Campos Neto revela que o Banco Central esteve muito perto de intervir no câmbio

“Nunca houve um espírito de equipe tão grande”

Pedro do Coutto

Numa entrevista de página inteira a Miriam Leitão, Roberto Campos Neto afirmou que o Banco Central esteve perto de intervir no mercado de câmbio para conter as elevações verificadas, mas depois desistiu da ideia. Miriam Leitão indagou a respeito da alta dos juros, e Campos Neto afirmou que “A gente sempre disse que se fosse necessário subir os juros, subiria, mas não lembro de ter falado de alta de juros. O mercado já vinha colocando um pouco de expectativa de alta na curva. Mas não depende só do mercado, precisa olhar o cenário daqui para frente. A economia está forte, parte do mercado de trabalho está forte, a inflação em 12 meses bateu 4,5%, mas vai cair um pouco, e os próximos números vão ser melhores.”

Segundo Campos Neto, há indícios de que o mercado de trabalho forte está começando a afetar serviços, mas que isso ainda não está evidente. “Por outro lado, sobre a economia americana há agora a percepção de que haverá desaceleração organizada. Os economistas não estão prevendo alta ( de juros) para este ano, mas o mercado sim. É importante ter calma, ter cautela nos momentos de muita volatilidade”, acrescentou.

PATAMAR – O mercado de câmbio foi considerado como um fantasma por Roberto Campo Neto, mas, segundo ele, as coisas voltaram ao seu patamar aceitável, não sendo preciso um ato de impacto no mercado que poderia gerar efeitos difíceis de prever.

“Esse fantasma tinha três razões. O medo de que a desaceleração nos EUA fosse ser muito mais forte. Esse fantasma desapareceu. Outra razão era que uma parte grande do mercado financeiro mundial estava `fundiado´ em iene, ou seja, tinha a perspectiva de que, no Japão, a taxa de juros ia ficar baixa para sempre, de que era fácil pegar dinheiro emprestado lá para aplicar em outros lugares. Esse movimento foi desmontado em mais ou menos 50% a 60%, já não tem mais o mesmo peso. O mercado começou a ter uma preocupação muito grande sobre a relação entre EUA e China, com medo de uma desaceleração global”, destacou.

INTERVENÇÃO – Sobre a possível intervenção no mercado de câmbio, o presidente do BC disse que houve a discussão se, em alguns momentos, deveria-se vender câmbio ou não. “A curva longa de juros estava subindo muito e uma das coisas que a gente aprendeu aqui é que tem que fazer intervenção quando tem disfuncionalidade no mercado. A gente olhava a liquidez no câmbio e achava que não. Olhava a precificação do câmbio com outras variáveis do Brasil e achava que não. Mas quando olhava a desvalorização do câmbio, tinha sido bastante rápida naquele período. Então gerou um debate, a gente preferiu esperar. Teve momentos que a gente estava preparado para intervir de fato”, disse Campos Neto.

Ele afirmou ainda sobre ter sido criticado pela camisa que usou na campanha presidencial passada que hoje teria feito diferente, destacando que “o voto é um ato privado”. “Acho que, no fim das contas, a autonomia e a independência se fazem pelo que eu fiz ao longo do tempo no Banco Central. Fizemos a maior alta de juros no período eleitoral dos países emergentes”, destacou.

Por fim, Campos Neto  frisou que não se lembra do tempo em que esteve no cargo de um grupo de diretores do banco estar tão coeso. “Acho que isso é sinal de que a transição para o meu sucessor será marcada pela tranquilidade”, finalizou.

Golpe das criptomoedas em SC: Quadrilha movimenta quase R$ 1 bilhão no Brasil

Charge do Iotti(gauchazh.clicrbs.com.br)

Pedro do Coutto

No Brasil, mais uma vez, surge um esquema de corrupção com as operações financeiras digitais. Na última semana, a Polícia Civil de Santa Catarina deflagrou a Operação Cripto Farsa, contra o golpe de falso investimento em criptomoedas. Quatro estados brasileiros foram alvo de um total de oito mandados de busca e apreensão.

A investigação começou com a denúncia de uma idosa que sofreu um golpe de falso investimento em criptomoedas em Lages, na Serra catarinense. A vítima registrou boletim de ocorrência após investir R$ 90 mil na compra de bitcoins e nunca receber o lucro prometido ou o reembolso do investimento.

GOLPE – Além de fazer vítimas em Santa Catarina, os investigados aplicaram o golpe das criptomoedas em diversos cidadãos no Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul. A polícia ainda constatou que os golpistas envolvidos no esquema movimentaram mais de R$ 900 milhões nos últimos anos.

Durante as buscas, foram apreendidos diversos aparelhos eletrônicos, entre computadores e telefones celulares, além de farta documentação que comprova a prática dos crimes. Os documentos e equipamentos eletrônicos serão analisados para dar seguimento às investigações e identificar os demais envolvidos.

O mais irônico é que o sistema de criptomoedas vem sendo anunciado pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, como um avanço nas relações financeiras internacionais. Verifica-se agora uma sequência de armadilhas na fixação de valores irreais em aplicações. É impressionante o impulso brasileiro para a fraude, bastando para isso que surja um sistema novo de investimentos.

INVESTIGAÇÃO – A moeda digital vinha sendo destacada como um progresso, pois o crédito das operações era imediata. Agora o BC abriu investigação para identificar os responsáveis pelas operações que apresentaram valores superestimados para transações financeiras.

A perplexidade dá lugar à investigação no mercado, ficando evidente que o superfaturamento foi uma peça chave para que essas fraudes se desenrolassem. Quem paga isso é o mercado brasileiro, como sempre acontece. Pessoas físicas ou jurídicas contribuem para que as fraudes se realizem. Quando são identificadas já é tarde.

O adeus a Silvio Santos, o mais popular apresentador da TV brasileira

O apresentador estava internado desde o início de agosto

Pedro do Coutto

Foi grande a manifestação de todos os órgãos da imprensa sobre a passagem de Silvio Santos, o mais popular apresentador de televisão que a cultura brasileira já conheceu, destacando a sua trajetória singular.

Silvio Santos foi camelô nas ruas do Rio, um popular locutor de rádio e apresentador de TV antes de fundar sua própria emissora, o Sistema Brasileiro de Televisão, que desafiou por décadas a liderança da rival Globo. Silvio também flertou com a política e chegou a se lançar à Presidência da República em 1989, mas a candidatura foi impugnada pela Justiça eleitoral.

OPÇÃO – O nome artístico Silvio Santos surgiu quando a carreira no rádio e televisão virou uma opção para o vendedor aumentar seus lucros. Assim, Silvio, depois da parceria com Manoel da Nóbrega, estreou nas telas em 1962, no programa Vamos Brincar de Forca, na TV Paulista. No ano seguinte, estreou o Programa Silvio Santos, que, desde 1963, está no ar no país.

Para Maurício Stycer, biógrafo do apresentador e autor do livro Topa Tudo Por Dinheiro, Silvio buscou a televisão e o rádio como uma maneira de ampliar os negócios e conseguir o próprio canal. Percebendo o sucesso da empreitada, Silvio Santos decidiu dobrar a aposta e passou a lutar para criar uma rede de televisão.

SBT – O sonho começou em 1976, quando o general Ernesto Geisel, um dos presidente do período da ditadura militar, concedeu ao comunicador a TVS (TV Studios) do Rio de Janeiro. Quase cinco anos depois, em 1981, Silvio Santos fundou o SBT. O Globo, neste domingo, editou um caderno especial focalizando em Silvio Santos e durante todo o dia de sábado a Rede Globo permaneceu no ar com a sua programação voltada para a vida do apresentador.

Foi sem dúvida uma trajetória fantástica marcada pelo êxito absoluto a cada passo. Foram ouvidas integrantes da classe artística à qual ele pertencia e personalidades de todos os setores, inclusive da política. O presidente Lula da Silva ressaltou o papel de Silvio Santos como um exemplo de alguém que partiu de uma classe pobre para chegar ao auge do sucesso. Inúmeras pessoas destacaram a sua gratidão por aquele que à frente do programa dominical conseguiu levá-los a uma posição de plena relevância no cenário artístico.

Foi uma escalada registrada em caráter excepcional. Todas as homenagens que lhe foram dirigidas são justas e refletem uma posição humana que parte do reconhecimento para configurar toda a nossa gratidão.

Em confronto com o Congresso. o Supremo mantém suspensão de emendas

Dino interrompeu repasse de emendas impositivas

Pedro do Coutto

O panorama político do país está, sem dúvida, afetado pela decisão do Supremo Tribunal Federal que, por unanimidade, 11 votos a zero, decidiu manter a decisão individual do ministro Flávio Dino que suspendeu a execução das emendas impositivas de deputados federais e senadores ao Orçamento da União. A decisão também valida a suspensão das chamadas “emendas Pix”.

Na última quarta-feira, o ministro Flávio Dino decidiu que os repasses das emendas impositivas deverão ficar suspensos até que os Poderes Legislativo e Executivo criem medidas de transparência e rastreabilidade das verbas. Esse tipo de emenda obriga o governo federal a enviar os recursos previstos para órgãos indicados pelos parlamentares.

MOTIVAÇÃO – A decisão foi motivada por uma ação protocolada na Corte pelo PSOL. O partido alegou ao Supremo que o modelo das emendas impositivas individuais e de bancada de deputados federais e senadores torna “impossível” o controle preventivo dos gastos.

O ministro entendeu que a suspensão das emendas é necessária para evitar danos irreparáveis aos cofres públicos. Pela decisão, somente emendas destinadas para obras que estão em andamento e para atendimento de situação de calamidade pública poderão ser pagas.

“EMENDAS PIX” – No início deste mês, Dino suspendeu as chamadas “emendas Pix”. Elas são usadas por deputados e senadores para transferências diretas para estados e municípios, sem a necessidade de convênios para o recebimento de repasses.O ministro entendeu que esse tipo de emenda deve seguir critérios de transparência e de rastreabilidade. Pela mesma decisão, a Controladoria-Geral da União (CGU) deverá realizar uma auditoria nos repasses no prazo de 90 dias.

Mas a questão não terminou ainda, pois o Congresso tem colocado em pauta um projeto de emendas constitucionais que efetivamente colide com a decisão do Supremo e dá nova forma para o problema. De um lado, portanto, temos o Supremo mantendo a suspensão do pagamento das emendas e de outro temos uma investida do parlamento para anular a decisão da Corte Suprema, estabelecendo uma nova confusão legal.

O presidente Lula, apesar de distante do choque, será por ele atingido, uma vez que torna-se difícil administrar o país em meio aos confrontos envolvendo o STF e o Congresso Nacional. Afinal de contas, quem tem a chave do cofre é o Executivo. Logo, qualquer decisão contrária levará Lula a um impasse: ou atende ao Congresso ou coloca-se ao lado do Supremo Tribunal Federal. É difícil governar assim. Falta sensibilidade à classe política para conviver com o regime atual e com o fortalecimento do Poder Judiciário.

Maduro e María Corina Machado já descartaram realização de nova eleição

Lula ainda não reconhece Maduro como presidente eleito da Venezuela

Lula ainda não reconhece Maduro como presidente eleito da Venezuela |  Agência Brasil

Maduro sabe que está devendo uma explicação, diz Lula

Pedro do Coutto

O presidente Lula reafirmou, nesta quinta-feira, que ainda não reconhece a reeleição do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. Segundo o chefe do Executivo, os dados e as atas eleitorais devem ser apresentadas para comprovar os resultados das eleições. O presidente venezuelano, no poder desde 2013, já foi diplomado pelo Conselho Nacional Eleitoral do país para novo mandato a partir de janeiro de 2025.

“Eu sempre digo o seguinte: não é fácil e não é bom que um presidente da República fique dando palpite sobre a política de um presidente de outro país. Mas nós queremos que o Conselho Nacional, que cuidou das eleições, diga publicamente quem é que ganhou. Porque até agora ninguém disse quem ganhou. Ele [Maduro] sabe que está devendo uma explicação para a sociedade e para o mundo”, afirmou.

IRREGULARIDADES – Lula destacou ainda que os enviados do país para acompanhar o pleito na Venezuela em 28 de julho, o assessor de Assuntos Internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, e Audo Faleiro, não observaram irregularidades no dia das eleições. As confusões, diz Lula, começaram quando Maduro declarou ter ganhado e o candidato Edmundo González também.

De acordo com o Conselho Nacional Eleitoral, o atual presidente recebeu 51,2% dos votos, enquanto Edmundo González, principal candidato da oposição, obteve 44%. A oposição, no entanto, sustenta que González recebeu 70% dos votos. As atas ainda não foram divulgadas. “Tem que apresentar os dados por algo que seja confiável, O Conselho Nacional Eleitoral, que tem gente da oposição poderia ser. Mas ele não enviou para o Conselho, mas para a Justiça”, afirmou Lula.

ESFORÇOS – O presidente também mencionou os esforços do Brasil juntamente com outros países, como Colômbia e Venezuela, para “encontrar uma saída”. Ele propõe, entre outras medidas, governo de coalizão, critérios de participação de todos os candidatos ou a criação de um comitê eleitoral suprapartidário.

Ao que tudo indica, será preciso esperar uma solução para o desfecho. Uma alternativa seria a realização de novo pleito com a supervisão internacional, mas isso Maduro se recusa, pois ele sabe que foi derrotado. O impasse continua. Caso Lula reconhecesse a vitória de Maduro perderia pontos preciosos e prestígio dentro do Brasil. E isso, definitivamente, ele não quer.

Taxação em plano de previdência deixado como herança avança na Câmara

Pelo texto, quanto maior a herança, maior a alíquota

Pedro do Coutto

A Câmara dos Deputados aprovou um projeto que permite a taxação da previdência privada no momento da transferência aos herdeiros. Tal projeto é absurdo, sobretudo porque remete aos estados a possibilidade de fazer tal transferência aos que nada contribuíram. A herança é sempre uma decisão dos que contribuíram para os planos de previdência sem prever taxação alguma.

O texto aprovado pelos deputados estipula a cobrança do Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD), o imposto sobre herança, nos planos de previdência privada, como PGBL e VGBL. Enquanto no VGBL o Imposto de Renda incide apenas sobre os rendimentos, no PGBL, o imposto incide sobre o valor total a ser resgatado ou recebido sob a forma de renda. A proposta estabelece, porém, que investidores que ficarem mais de cinco anos no VGBL, a contar da data do aporte, serão isentos. Já o PGBL será tributado independentemente do prazo.

COBRANÇA – O secretário Extraordinário de Reforma Tributária do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, defendeu a medida, apesar de o governo ter retirado a cobrança do texto encaminhado ao Congresso. A tributação, porém, foi retomada pela Câmara. A minuta do projeto de lei elaborado pela equipe econômica previa a cobrança do imposto de herança sobre a previdência privada.

Com a repercussão negativa, principalmente nas redes sociais, a cobrança foi retirada do texto – sob determinação do presidente Lula da Silva. É injusta e ilegítima a forma com que o projeto de lei estabelece. São coisas do Brasil. Em última análise, pode-se esperar o veto por parte do presidente Lula da Silva. É incrível como se fazem as leis no país.

APOIO – Marcelo Freixo anunciou seu voto em Eduardo Paes. Principal nome da esquerda carioca nas últimas duas décadas e notório adversário de Paes, Freixo afirma que fará campanha este ano para o prefeito. Não só: o ex-PSOL e PSB reforça a necessidade de uma vitória no primeiro turno — que, na visão dele, passa por levar o eleitorado de esquerda ao candidato à reeleição — e defende que Paes concorra ao governo do estado em 2026.

“Em 2012, quando concorri contra ele, o Eduardo representava a direita. Hoje há outra configuração política no país e no Rio. A extrema direita e a direita estão fora do projeto do Eduardo. A candidatura dele, hoje, configura o campo democrático. O que vai derrotar a extrema direita no Brasil não é a esquerda, é essa aliança do campo democrático”, afirmou.

Delfim Netto, a figura mais atuante na economia brasileira em todos os tempos

Delfim foi ministro da ditadura e interlocutor da esquerda

Pedro do Coutto

Morreu Delfim Netto, a figura mais atuante na economia brasileira e também no plano social dos períodos da ditadura militar que se sucederam desde o governo Costa e Silva até João Figueiredo. Uma interrupção foi no governo Geisel em que foi nomeado embaixador de Paris.

Delfim Netto foi um dos economistas mais poderosos do País e também uma das figuras mais complexas da história brasileira. Atuou como ministro do regime militar nos governos dos generais Costa e Silva, Emílio Garrastazu Médici e João Baptista Figueiredo, foi deputado federal e também um dos principais conselheiros de presidentes petistas e de empresários.

PIB – A economia, entre 1967 e 1973, anos mais violentos da ditadura, esteve sob o seu comando quando o Produto Interno Bruto cresceu 85% e a renda per capita dos brasileiros, 62%. Delfim personificou o milagre brasileiro  que culminou mais tarde na crise do endividamento externo brasileiro. Em quatro anos, saiu 18 vezes na capa da revista Veja e era a figura do governo mais presente nas páginas dos jornais. Nenhum outro ministro concentrou tanto poder como ele.

Sob o comando de Delfim, o país investiu em grandes obras de infraestrutura, como a Ponte Rio-Niterói e a nunca terminada rodovia Transamazônica. Para reduzir a inflação, ele manipulou os preços dos alimentos: sabia exatamente quais gêneros entravam no cálculo do índice feito pela Fundação Getúlio Vargas, apenas no Rio, e dava um jeito de aumentar a oferta desses produtos na cidade, derrubando os preços.

INFLUÊNCIA – Delfim não só testemunhou, como influenciou alguns dos momentos mais marcantes da história do Brasil. Estava presente e votou a favor, no dia 13 de dezembro de 1968, quando o general Costa e Silva baixou o Ato Institucional número 5, decreto que acabou com liberdades políticas e deu poder de exceção a governantes para punir arbitrariamente os inimigos do regime. Viu a hiperinflação, a redemocratização, participou da Constituinte, criticou o Plano Real, ajudou o PT a chegar ao poder.

Mesmo com mais de 90 anos, Delfim continuava contribuindo com o debate econômico e não parou de se atualizar: seguia estudando e produzindo artigos acadêmicos, em sua antiga máquina de escrever Olympia. Foi um homem muito inteligente com grande vocação para o poder e com isso marcou a sua passagem no tempo como uma pessoa de talento e assim será lembrado.

Acidente aéreo em Vinhedo e a necessária idenficação das causas

Equipes trabalham após queda de avião da Voepass em Vinhedo

Pedro do Coutto

A queda de um avião turboélice ATR-72 operado pela companhia aérea regional Voepass na última semana em uma área residencial em Vinhedo, interior de São Paulo, matando todos os 62 passageiros a bordo, reacende uma disputa que se arrasta por anos ainda sem solução.

Investigadores recuperaram a caixa-preta do avião, que contém gravações de voz e dados de voo, e um relatório preliminar deve ser apresentado em 30 dias, conforme informou o chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) neste domingo.

CÉU LIMPO – A aeronave estava voando normalmente, quando parou de responder às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo, e o contato com o radar foi perdido.Vídeos do acidente mostram que o céu estava aparentemente limpo quando o avião começou a girar em um movimento circular incomum.

Anthony Brickhouse, especialista em segurança aérea dos Estados Unidos, disse que os investigadores irão analisar aspectos como o clima e verificar até que ponto os motores e controles estavam funcionando corretamente, para ajudar a identificar o que causou a perda de controle.

Vídeos do acidente analisados por especialistas em aviação levaram alguns a especular que havia gelo acumulado no avião. Na sexta-feira, a Voepass disse que o gelo era previsto nas altitudes em que o avião estava voando, mas que deveria estar dentro de um nível aceitável.

GELO – Conforme publicado pela CNN, o engenheiro aeronáutico brasileiro e investigador de acidentes Celso Faria de Souza disse que, a julgar pelo vídeo, tem quase certeza de que o gelo causou o acidente. Os aviões ATR-72 já tiveram problemas com formação de gelo, com um acidente em 1994 no Estado norte-americano de Indiana matando 68 pessoas após o avião não conseguir se inclinar devido ao acúmulo de gelo.

Após esse incidente, a fabricante ATR aprimorou seu sistema de degelo.Em 2016, na Noruega, um ATR-72 enfrentou problemas devido ao acúmulo de gelo no avião, mas o piloto conseguiu retomar o controle.

SEGURANÇA – Há os que não veem culpa na empresa e os que pregam a responsabilidade. Não é questão de excesso de passageiros, mas de segurança de voos. Não é a primeira vez que isso acontece. A possibilidade de acumulação de gelo sobre as asas dos aparelhos é uma realidade dos tempos não tão remotos assim nas empresas de aviação.

É uma situação extremamente crítica que leva à necessidade de uma limpeza permanente e aí entra a responsabilidade. É preciso medir de quanto em quanto tempo as manutenções são feitas.  Os responsáveis da companhia tinham que ter isso em mente, afinal estavam transportando passageiros para uma ida sem volta. As investigações têm que encontrar responsáveis diretos ou indiretos  do acidente fatal.

Brasil fecha a Olimpíada abaixo da meta, mas desta vez as mulheres brilharam

Rebeca Andrade é a maior medalhista da história do Brasil

Pedro do Coutto

Encerrada a Olimpíada de Paris, com vários recordes quebrados, a pergunta que se pode fazer é: até onde vai o limite humano? Nas competições, especialmente as de velocidade, os resultados foram impressionantes, sobretudo nas provas de cem metros rasos. O evento foi marcado por um espetáculo de superação e empenho pela vitória.

Entre celebrações, conquistas improváveis e decepções, o Brasil encerrou a sua participação com 20 medalhas no total, sendo três ouros, sete pratas e dez bronzes. Os números ficam abaixo das últimas edições se levarmos em consideração o total de medalhas de ouro.

RECORDE – Nas Olimpíadas de Tóquio e Rio de Janeiro, o Brasil bateu seu recorde ao subir no lugar mais alto do pódio em sete oportunidades. Antes, o recorde era de Atenas 2004, quando cinco medalhas douradas foram garantidas pela delegação brasileira. Em outras edições os números eram mais modestos, com três medalhas no máximo.

Em 24 participações na história olímpica, o Brasil deixou de ganhar medalha de ouro em 10 edições: Paris 1924, Los Angeles 1932, Berlim 1936, Londres 1948, Roma 1960, Tóquio 1964, Cidade do México 1968, Munique 1972, Montreal 1976 e Sydney 2000.

Neste ano, o Brasil marcou um ponto importante. Pela primeira vez na história, as mulheres conquistaram mais medalhas que os homens para o país. Os resultados do ciclo olímpico inteiro já indicavam que isso iria acontecer. Das 20 medalhas, 12 foram delas, sete deles e uma mista, na competição do judô por equipes.

ORGULHO – Com isso, o Brasil termina os Jogos Olímpicos Paris 2024 com muitos motivos para se orgulhar, sobretudo diante do desempenho feminino, com medalhas inéditas, passando pela reafirmação de ídolos que entraram no patamar de maiores nomes brasileiros das modalidades e por desempenhos nunca antes conquistados.

Entre tantas performances de destaque, temos que ressaltar, é claro, a maior de todas, a ginasta Rebeca Andrade, que virou ícone mundial ao ser reverenciada por Simone Biles no pódio, e a maior medalhista da história do Brasil, com seis pódios no total. Glória eterna aos atletas brasileiros.

Inflação de 12 meses chega a 4,5% e alcança o teto da meta para este ano