Atenção para os criativos ataques que vêm sendo feitos à Tribuna da Internet

Carlos Newton

Não satisfeitos em nos tirarem do ar com uma frequência impressionante, além de já terem invadido e corrompido nossos arquivos, os “inimigos da democracia” (vamos chama-los assim, para não fazer acusações) arranjaram mais uma maneira criativa de impedir a leitura da Tribuna da Internet, para evitar a leitura de nossos artigos, sempre com informações importantes e exclusivas, e dos comentários que provocam.

Em vários locais, especialmente em Brasília, quem acessa o blog encontra uma alerta em inglês, dizendo que a Tribuna da Internet estaria bloqueada para leitura, por estar contaminada por vírus e não ter segurança.

Essa é boa e ficamos orgulhosos, porque os ataques significam a importância que conquistamos na internet, como espaço independente e formador de opinião.

Se encontrarem dificuldade de acesso, que é conversa fiada, por favor entrem pelo endereço carlosnewton.com.br., onde seguimos sob signo da liberdade.

E vamos em frente, sempre juntos.

Ipec: novos resultados aferidos se somam a desgastes para o governo Lula

Educação é a única área da gestão com saldo positivo na avaliação

Pedro do Coutto

Pesquisa do Ipec revela um desgaste do presidente Lula em vários setores sob a sua administração. Importante é o sinal de alarme no convés do governo, sobretudo porque um dos setores que gera mais reclamações é o de alimentação.

Era esperado, pois a questão do consumo de alimentos é fundamental uma vez que acarreta um desembolso diário da população, sobretudo a mais carente, sem que os seus rendimentos avancem na mesma proporção. É preciso que o governo atente para esse aspecto e não fique apenas no debate sobre déficit zero sem levar em consideração a questão da fome.

QUEDA – Quase dois meses após a pesquisa Ipec mostrar que a avaliação positiva (soma de “ótimo e bom”) para o governo do presidente Lula da Silva caiu cinco pontos percentuais e chegou a 33%, novo levantamento do instituto, divulgado neste domingo, revela que o cenário segue desanimador para a gestão de Lula.

Além da baixa popularidade, o Ipec aponta que entre oito áreas da gestão de Lula, apenas uma, a educação, tem mais avaliações positivas que negativas. A população se mostrou preocupada e descontente especialmente com o controle da inflação e a condução das políticas de saúde e segurança pública.

Quando se trata do quesito “controle da inflação”, a população se demonstrou fortemente insatisfeita. Para 46% dos entrevistados pela pesquisa, o Palácio do Planalto tem atuação ruim ou péssima nesse quesito. Enquanto isso, com altas frequentes nos preços dos alimentos, somente 23%, consideram o controle da inflação bom ou ótimo e 27% avaliam como regular.

RECUPERAÇÃO – O desgaste do governo Lula viabiliza a possibilidade de formação de um panorama a ser percorrido pelos adversários com vistas às eleições de outubro. É possível que o governo recupere até lá parcelas do eleitorado, mas o que está causando insatisfação revelada pelo Ipec é a falta de cumprimento das promessas de campanha  que levaram Lula à vitória nas urnas.

Agora, novamente o problema se coloca e há divisões partidárias em vários pontos, afastando o PT de outras siglas na disputa como é normal em política. Em vários estados verifica-se que, por exemplo, o Psol tem uma posição e o PT outra. Realmente é um fator que deve preocupar o governo, inclusive porque na campanha municipal a linguagem utilizada não é uniforme como na presidencial.

Após as urnas, cabe ao governo recompor o que foi abalado ou destruído. Mas o problema fundamental continua o mesmo, que é a questão da recuperação do governo como um todo, indo ao encontro da sociedade e cumprindo metas indispensáveis.

Antônio Maria, com saudades do Recife, andava em busca do tempo perdido  

Carmem Miranda com o cronista de Copacabana, Antonio Maria. | Carmen  miranda, Portrait, Duran

Carmem Miranda era amga de Maria

Paulo Peres
Poemas & Canções

O jornalista, radialista e compositor pernambucano Antônio Maria Araújo de Morais (1921-1964), na letra de “Portão Antigo”, mostra a saudade de voltar ao lugar onde viveu. Este samba-canção foi gravado por Leny Eversong, em 1955, pela Copacabana.

PORTÃO ANTIGO
Antônio Maria

Quero voltar
Àquele portão antigo
Para buscar
Minha saudade,
Quero chegar de repente
Abraçar minha gente
Chorar de alegria
Depois entregar o cansaço
À rede macia do terraço.

Quando eu chegar
Na hora mais sossegada
Põe mais um prato na mesa,
Estou aqui
Hei de encontrar em seu olhar
A vida que perdi
Quero voltar para ficar,
Mais nada.

No Brasil, até Elon Musk é vítima de fake news, como mostra o portal UOL

Metrópoles não publicou que Elon Musk 'tirou' audiência da GloboLuccas Lucena
UOL São Paulo

O site Metrópoles não publicou que o empresário Elon Musk, dono do X (antigo Twitter), convocou os usuários a assistirem a Copa do Mundo pela rede social e que isso tenha tirado audiência da TV Globo.

Na verdade, o veículo publicou, em 2022, apenas que Musk convidou os internautas a assistirem o torneio pela rede social, sem mencionar a emissora.

O QUE DIZ O POST – “Elon Musk convoca usuários a ver a Copa do Mundo pelo Twitter e tirar audiência da Rede Globo”, diz o texto sobreposto à imagem, que apresenta uma matéria do Metrópoles.

Na imagem, Musk aponta para o logotipo da TV Globo, com a legenda escrita “Chora Globo”.

É uma fake News, porque Metrópoles não falou que Musk tirou audiência da Globo. Na mesma imagem compartilhada, há um link apontando qual é a url: “elon-musk-convoca-usuarios-a-ver-a-copa-do-mundo-pelo-twitter”.

NOTÍCIA DISTORCIDA – Ao fazer uma pesquisa simples no Google, o buscador exibe o texto do Metrópoles com o título: “Elon Musk convoca usuários a ver a Copa do Mundo pelo Twitter”.

Na reportagem, a emissora não é citada, apenas é comentado que “os usuários poderão acompanhar comentários de jornalistas, celebridades e ex-atletas que estiverem vendo as partidas pela TV”.

A postagem de Musk também não cita Globo. No X, o empresário apenas chamou os usuários a acompanharem a cobertura dos jogos da Copa do Mundo 2022 em tempo real.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Como se vê, nem mesmo Musk consegue escapar de uma tremenda fake News, como essa divulgada pelo UOL. O problema não é como evitar que isso aconteça, é como punir o infrator. Até hoje, em nenhum país do mundo existe legislação a respeito. Fala-se em lei da União Europeia, mas seus termos são genéricos, apenas dizem o que deve ser considerado fake News e nem falam em punições, porque isso cabe a cada país, e não à entidade multinacional. (C.N.)

Sem ter como se defender, Moraes só consegue ofender os empresários em geral

Ato contra indicação de Alexandre de Moraes reúne 300 no Rio | Exame

Única reação de Moraes foi chamar Musk de “mercantilista”

Carlos Newton

“Civilização? Sei bem o que significa isso, mas nunca consegui encontrar uma verdadeira civilização. Porém, se algum dia encontrar, sei que saberei reconhecê-la” – dizia o genial britânico Kenneth Clark, considerado o maior historiador contemporâneo. A rainha Elizabeth II era tão encantada com ele que o nomeou cavaleiro do Reino Unido aos 35 anos, algo absolutamente extraordinário. Depois virou Sir e em seguida Barão Clark de Saltwood, quando comprou um castelo normando para morar.

Clark era de família rica, mas trabalhava ininterruptamente, pesquisando e escrevendo obras notáveis. Morreu em 1983 sem conhecer a civilização. Se algum de seus discípulos continuar procurando, certamente não encontrará neste século, pois ainda estamos muito atrasados, apesar do desenvolvimento científico, bem mais rápido do que os avanço sociais.

EXEMPLO DA AMÉRICA – Vejamos os Estados Unidos, principal país do mundo e que tem mania de grandeza e gosta de ser chamado de América. Pode nossa matriz USA ser considerada civilização, enquanto houver a prisão de Guantánamo, com detentos sem direito a advogado?

E o racismo aparentemente invencível? Pode ser tida como civilizada uma nação onde policiais brancos matam negros por asfixia, no meio da rua? Ou com um candidato a presidente que sonha em construir um muro para evitar a passagem de latinos?

Bem, se não existe civilização na nossa matriz USA, quanto mais aqui na filial Brazil, onde ainda nem compreendemos direito o que significa liberdade de expressão. Aliás, na própria matriz a famosa Primeira Emenda hoje corre risco e há quem pretenda “interpretar” seus conceitos, como ocorre na Suprema Corte aqui na filial.

MUSK EM AÇÃO – Bem, ao investir contra a censura aqui na filial Brazil, o empresário Elon Musk acabou comprando uma briga feia também na matriz USA, e agora resolveu bancar uma campanha nacional em favor da preservação da Primeira Emenda.

Seria bom se fizesse o mesmo aqui na filial, para obrigar o Supremo a cumprir a Constituição, evitando esses exageros comandado por Alexandre de Moraes. Afinal, ninguém percebe que é uma insanidade considerar terroristas e julgar como tal todos os invasores da Praça dos Três Poderes, sem provas materiais? Muitos deles nada fizeram, estavam a passeio, digamos assim, como aquele morador de rua que ficou onze meses preso…

Também as investidas contra blogueiros, youtubers e usuários das redes sociais, sem denúncia da vítima, sem direito de defesa ao suposto infrator e sem decisão judicial, isso pode ser considerado democrático?

EXISTEM LIMITES – Não adianta alegar que o Supremo e o TSE estavam salvando a democracia, porque nada justifica uma ditadura do Judiciário. Agora, Musk tem de depor na matriz USA, perante o Comitê Jurídico da Câmara. E lá vai a imagem do Brasil descendo a ladeira, porque não há defesa para os desmandos de Moraes…

Nesta sexta-feira, como não teve como se justificar, Moraes alegou que Musk é um “mercantilista estrangeiro”. Caramba! Quer dizer que o simples fato de ser empresário estrangeiro é um crime ou algo desabonador aqui na filial? Ora, essa afirmação de Moraes mostra que está completamente desatinado, não tem como responder a argumentos simplórios de Musk, pois o mercantilista apenas tem dito que Moraes exerce censura, e isso é absolutamente verdadeiro.

O ministro brasileiro pensa (?) que tem o direito de “assinar de ofício”, sem pedido do Ministério Público, a remoção de postagens e o bloqueio de contas nas redes sociais, sem que tenha havido queixa ao Judiciário. Ele acha isso normal numa democracia? Deveria lembrar que “iura novit cúria” (o juiz conhece a lei), como diz o axioma fundamental do Direito Romano, e Moraes é professor e acaba de se doutorar…

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P.S.
1 Daqui para frente, vai ser uma humilhação atrás da outra. Moraes não tem como se defender e os demais ministros foram coniventes e o apoiaram o tempo todo. Agora, todos têm de fingir que não está acontecendo nada. Uma situação mais do que constrangedora.

P.S. 2 – E os mercantilistas brasileiros? Vão aguentar calados essa humilhação? Cade â Associação Comercial? E a Confederação do Comércio? Cadê esses desgraçados mercantilistas? (C.N.)

Bolsonarismo segue apostando na polarização e o lulismo agradece

Tribuna da Internet | Polarização, que é obra de lideranças, depende muito  do futuro incerto de Bolsonaro

Charge do Nani (nanihumor.com)

Sergio Denicoli
Estadão

Flopou ou não flopou? A discussão principal entre direita e esquerda nas redes, neste domingo (21), ficou centrada em um debate inócuo se o público presente na manifestação convocada por Jair Bolsonaro, em Copacabana, foi avassalador ou se revelou algum sinal de enfraquecimento do bolsonarismo. Cada lado impondo sua visão, na busca de exaltar ou rebaixar um movimento extremamente popular, de grande impacto, mas que tem se tornado uma novela arrastada, sem grandes novidades.

E no enredo dessa novela, o capítulo de hoje pareceu nitidamente repetido. Pessoas vestindo verde-amarelo, bradando pela liberdade, na tentativa de reduzir o impacto das investigações sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado no Brasil.

MAIS DO MESMO – Nada muito diferente do que se viu na Av. Paulista, no dia 25 de fevereiro, mas agora com menos brilho, uma vez que já não havia fatos novos de grande impacto.

O acontecimento mais relevante, destacado pelo ex-presidente em seu discurso, foi o posicionamento de Elon Musk contra Alexandre de Moares. Visando alimentar ainda mais a polarização, o empresário do X deu corda à ideia de que regulação das redes é tentativa de censura às vozes de direita. Mas mesmo esse episódio, exaustivamente falado nas últimas semanas, não era algo novo.

O evento deste domingo, portanto, ficou marcado pela simples necessidade de se manter em voga a polarização política. Algo plenamente corroborado pelo lulismo.

SEM TERCEIRA VIA – Enquanto o Brasil se foca em duas únicas forças de grande envergadura, não sobra espaço para novos atores que possam debater uma agenda mais racional e distante do fundamentalismo que alimenta os conflitos no ambiente online. Afinal, os algoritmos das redes sociais privilegiam os conflitos e amam o radicalismo, dando a ele voz e eco.

É um movimento onde uma hora a direita avança uma peça, mas logo a esquerda faz a sua jogada. Uma dança, ensaiada desde 2018, que segue no palco.

A plateia se movimenta em torno desse ritmo, mas parte do público que antes se empolgava com os brados ecoados está cansada, provavelmente porque, em uma guerra de forças equivalentes, a destruição de reputações atinge os dois lados.

CICLO REPETITIVO– O embate político, protagonizado pela direita e esquerda, parece ter se reduzido a um ciclo repetitivo, onde os eventos se desdobram com uma previsibilidade exaustiva, em uma saga interminável.

Não se falou em Copacabana sobre soluções para a economia, para a criminalidade que assola o País inteiro, para a educação.

E esse vazio de conteúdo ocorre porque, enquanto a política nacional continuar refém dessa polarização desgastante e estéril, o verdadeiro progresso e a busca por resultados eficazes para os desafios do país continuarão sendo adiados.

Musk usa Brasil para desgastar Biden e facilitar a volta de Trump ao poder

Elon Musk reativa conta de Donald Trump no Twitter; saiba o que motivou decisão

Elon Musk apoia Donald Trump e sabe fazer o jogo político

Roberto Nascimento

É triste constatar o verdadeiro motivo de os deputados do Comitê Jurídico da Câmara norte-americana publicarem documentos sigilosos da Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral do Brasil, de 2020 até 2024.

Não existe preocupação deles com a política brasileira. O interesse é prejudicar o governo democrata de Joe Biden e enfraquecer o presidente na disputa de poder contra o republicano Donald Trump, nas eleições de outubro deste ano.

QUESTÃO PARTIDÁRIA – O fato concreto é que o Comitê Jurídico é dominado por deputados do Partido Republicano, que são ligados ao empresário Elon Musk.

Ao aceitarem fazer uma parceria com o bilionário, eles não tinham qualquer interesse no Brasil. Apenas aproveitaram a oportunidade para enfraquecer Joe Biden, por apoiar o atual governo brasileiro, inclusive se manifestou contra o golpe tramado para melar as eleições de 2022.

Elon Musk também é republicano e está nessa jogada para derrubar o presidente democrata. Por isso, denuncia com tanta insistência uma suposta censura que estaria sendo implantada no Brasil, para deixar mal o presidente Biden, pelas boas relações que mantém com o governo Lula.

SEMPRE O LUCRO – Há também as razões empresariais. As empresas de Elon Musk mamam nas tetas do governo norte-americano, sim, têm contratos bilionários com estatais, como a NASA (Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço), para as viagens espaciais. Segundo um dos acordos, a NASA terá cinco missões espaciais com a SpaceX, empresa de Elon Musk. Desde o final de 2020 a SpaceX já recebeu cerca de US$ 5 bilhões por prestar os serviços.

Há outros contratos com empresas de Musk, numa vergonhosa teia de interesses políticos e comerciais, que explicam melhor esse súbito interesse de Musk pelo Brasil.

Não queremos nem aceitamos a censura que ele denuncia, assim como não aceitamos que o país seja usado no jogo sujo da política norte-americana.

Saudado em Copacabana, Musk alega que Moraes é contrário à democracia

PGR defende que representantes da X no Brasil sejam ouvidos sobre Musk | Rádio Cachoeira

Elon Musk está marcando presença na sua plataforma X

Levy Teles e Vinícius Valfré
Estadão

O empresário Elon Musk, dono do X, antigo Twitter, e da Tesla, voltou a criticar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes neste domingo, 21, após a manifestação em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, no Rio de Janeiro. Ele disse que Moraes é “contra a democracia”.

“Ele (Alexandre) é inimigo do povo e, portanto, da democracia”, escreveu Musk na rede social X em reação a um usuário que questionava por que não havia manifestações a favor do integrante do STF.

ONIPRESENÇA – Ainda que não estivesse presente no ato em Copacabana, Musk foi um dos mais saudados por políticos e manifestantes. A publicação respondida por Elon ainda exibia um cartaz do empresário ao lado de Bolsonaro com a mensagem “o povo brasileiro agradece! Elon Musk”.

O próprio Bolsonaro pediu aplausos para Musk, enquanto o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) discursou em inglês para ser ouvido pelo empresário.

Em outra publicação, o sul-africano respondeu a um usuário que disse que ele merecia muito crédito pela multidão reunida no Rio de Janeiro neste domingo. “Desejo o melhor para o povo do Brasil”, escreveu.

Por que há mais protestos e greves em governos de esquerda do que de direita?

Por que o MST assusta tanto? por Frei Betto - Vermelho

MST fica mais à vontade quando Lula e PT estão no poder

Bruno Boghossian
Folha

Num evento recente, Lula reconheceu que o governo enfrentava risco de greves e acrescentou: “A gente pode até não gostar, mas elas são um direito democrático dos trabalhadores”. Dias depois, seguiu roteiro parecido. Disse estar empenhado numa reforma agrária “sem muita briga” e fez um reparo: “Isso sem querer pedir para ninguém deixar de brigar”.

A ação de movimentos sociais e entidades de classe pode ser descrita como um produto de dois fatores: necessidade e oportunidade. A incidência de manifestações é maior quando há demandas que pressionam esses grupos e quando há abertura para que as reivindicações sejam feitas e levadas em conta.

GREVES E MST – Essas condições costumam determinar as circunstâncias em que movimentos têm atuação mais ou menos intensa em governos de esquerda ou de direita. Greves nas universidades e ações do MST no governo Lula, após quatro anos de Jair Bolsonaro, oferecem uma ilustração.

De maneira geral, protestos de grupos de esquerda ocorrem com mais frequência durante governos de direita (e vice-versa). Quando a esquerda está na oposição, seu poder de ação nos canais políticos tradicionais é menor. Nessas situações, formas de pressão fora desses meios passam a ter um valor maior.

Mas exceções são praticamente a regra nestes tempos.

HÁ DIFERENÇAS – Durante o governo Bolsonaro, a mobilização de movimentos de esquerda foi mais política e relativamente menos intensa nas reivindicações de classe. Como o ex-presidente desconsiderava esses atores e tornava muito mais baixa sua chance de sucesso, o grau de oportunidade também era menor.

No governo Lula, a ação tende a ser maior porque esses movimentos estão diante de um risco de repressão baixo e maior chance de sucesso, graças à simpatia do presidente por suas demandas.

Protestar também têm mais valor porque, hoje, os grupos de esquerda ainda são minoritários em outros foros, como o Congresso, e o governo tem pouco dinheiro no cofre para implementar políticas que os beneficiam.

Haddad vai para o céu, ao tentar fazer Lula curvar-se à realidade econômica

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), em evento no Palácio do Planalto, em Brasília

Haddad está sendo boicotado pelo PT e também por Lula

Demétrio Magnoli
Folha

Não existe almoço grátis. Lula sonha ter, ao mesmo tempo, aumento real de gastos públicos, inflação dentro da meta e juros baixos. Mas a economia é implacável: o Brasil só pode obter duas dessas três coisas. Fernando Haddad é o santo que, sob implacável “fogo amigo”, tenta persuadir o presidente a curvar-se à realidade econômica.

No início do governo, a expansão fiscal da PEC da Transição e a persistência de pressões inflacionárias exigiam uma política monetária apertada. O BC cumpriu sua missão, impondo a renúncia a juros baixos. Roberto Campos Neto tornou-se o bode expiatório perfeito para o Planalto e o PT, que tendem a identificar as leis econômicas à vontade de perversos especuladores “da Faria Lima”.

HADDAD EM AÇÃO – Foi então que entrou em cena Haddad, o prestidigitador, com seu arcabouço fiscal: a promessa de contenção dos gastos públicos. No fundo, a complexa geringonça não garantia equilíbrio fiscal nem, menos ainda, uma trajetória de redução da dívida pública. Entretanto, no horizonte de curto prazo, alterou as expectativas, propiciando a redução dos juros com controle inflacionário.

Efetivamente, era um programa de crescimento moderado da dívida pública, em troca do afrouxamento paulatino da política monetária. Os agentes econômicos entenderam a mensagem, mas abraçaram o mensageiro. Sem ele, concluíram, ninguém evitaria o aventureirismo fiscal de um presidente que acredita em almoço grátis.

Haddad, o equilibrista, não teve um único dia de sossego. A gradual redução da taxa de juros afastou Campos Neto da alça de mira e o discurso do negacionismo econômico voltou-se para o ministro da Fazenda.

BOICOTE PETISTA – Lula exibiu publicamente seu desprezo pela meta de déficit zero. Gleisi e companhia bombardearam uma “política fiscal contracionista”, exigindo a expansão acelerada dos gastos estatais e, portanto, um crescimento desenfreado da dívida pública.

Haddad, o mestre da conciliação, precisa criar espaço para investimento e, simultaneamente, curvar-se ao tabu lulista que impugna como “neoliberal” qualquer tentativa de reformar as despesas públicas obrigatórias.

Sem o direito de mexer em despesas que crescem inercialmente e representam 92% do Orçamento federal, o ministro da sofrência engajou-se na ingrata empreitada de obter receitas extraordinárias. Cavou fundo em busca de tesouros escondidos, garimpou o leito de rios inférteis – até, exausto, jogar a toalha.

TUDO INÚTIL – “Ano que vem em Jerusalém”: a meta de superávit de 0,5% do PIB foi transferida de 2025 para 2027 e a quimera de superávit de 1% ficou para 2028. O FMI e o mercado fizeram seus próprios cálculos, cravando déficits sucessivos até 2027. Na prática, o novo programa fiscal implica crescimento acelerado da dívida pública, que deve romper a barreira de 90% do PIB em 2026. Lula deixará uma bomba fiscal no colo do próximo presidente.

No ciclo petista anterior, abençoado por um céu global sem nuvens, a catástrofe fiscal demandou três mandatos. Ao contrário de Lula, Haddad sabe que, sob as nuvens plúmbeas que circulam pelo mundo, a janela do negacionismo feliz tornou-se mais curta.

Ele não quer ser Mantega – e não quer que Lula seja Dilma. Mas, à medida que sua palavra perde credibilidade, a política econômica transforma-se numa coleção de gestos reativos desconexos.

SANTIFICADO – Haddad vai para o céu, mesmo que seu corpo físico permaneça na Fazenda. Sem âncora fiscal eficaz, teremos que optar entre descontrole inflacionário e um novo aperto da política monetária.

O comando do BC troca de mãos no primeiro dia de 2025. O conselho de Campos Neto ao sucessor é “ter a firmeza de dizer não quando necessário”.

O impulso de Lula será indicar alguém incapaz de dizer-lhe não. Meu conselho ao novo timoneiro: estude a história recente da Turquia. Lá, o negacionismo econômico fabricou inflação, recessão e um espetacular fracasso eleitoral.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Como diz o escritor François Rabelais, há 500 anos, a ignorância é a mãe de todos os males, um ditado que Lula jamais aceitará. (C.N.)

Musk usa o Brasil como exemplo de censura à liberdade de expressão

Defensoria entra com ação de danos morais contra Musk e pede R$ 1 bi

Musk diz que só está defendendo o regime democrático

Deu no Poder360 

Elon Musk anunciou nesta quinta-feira que financiará uma campanha de assinaturas em apoio à Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos e a liberdade de expressão. O anúncio do bilionário foi feito depois de Katherine Maher passar a ocupar o cargo de CEO da NPR, a rádio pública do país.

Katherine Maher, em 2021, criticou o poder da legislação norte-americana afirmando que a principal dificuldade no combate à desinformação é a Primeira Emenda da Constituição dos EUA. Segundo a executiva, o texto – que protege a liberdade de expressão e opinião no país – torna “complicado” censurar informações prejudiciais.

MAIOR DESAFIO – “Do ponto de vista da regulamentação governamental, o principal desafio que vemos aqui é, é claro, a Primeira Emenda nos EUA, que é uma proteção bastante robusta dos direitos, tanto para as plataformas – o que eu acho realmente importante, que as plataformas tenham esses direitos para regular que tipo de conteúdo desejam em seus sites – mas também significa que é um pouco complicado lidar com alguns dos desafios reais de onde vem a má informação e os influenciadores que criaram uma verdadeira economia de mercado em torno disso”, disse Katherine Maher.

Em posição contrária, nos últimos dias, Musk tem criticado decisões de autoridades, inclusive do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, por supostamente cercearem a liberdade de expressão.

Ele acusou as “ações de censura contra representantes eleitos” feitas pelo ministro Moraes, de violarem as leis do Brasil. Por conta disso, o bilionário está sendo denunciado por intermediar as relações de conservadores norte-americanos com grupo grupos de “extrema-direita global”.  Em resposta, Elon Musk disse que, se apoiar liberdade de expressão é ser de “extrema-direita”, então ele acha que é.

CASO DA “NPR” – O jornalistaUri Berliner escreveu em 9 de abril o artigo “Eu estou na NPR há 25 anos. Eis como nós perdemos a confiança da América”. Nele, o profissional premiado e muito respeitado no setor faz um extenso relato sobre como a emissora de rádio adotou uma política de pautas identitárias e do universo woke depois que Trump venceu as eleições presidenciais de 2016.

Na quinta-feira (18.abr.2024), o editor sênior da NPR Uri Berline se demitiu. Ele havia sido suspenso em 12 de abril depois da repercussão do artigo.

A NPR é uma empresa de comunicação social sem fins lucrativos e mantida com dinheiro estatal (recursos dos pagadores de impostos nos EUA) e com doações diretas de seus ouvintes. Produz conteúdo que é compartilhado com centenas de emissoras locais norte-americanas.

PARTIDARIZAÇÃO – Com sede em Washington D.C., a NPR está presente em diversas cidades dos EUA e, até recentemente, era admirada pelo seu tom equilibrado. Mas, segundo Berliner, o ambiente de trabalho se transformou depois da eleição de Trump.

“Não existe mais um espírito de mente aberta [na emissora]”, declarou o jornalista. No artigo, Berliner também fala da mudança do perfil dos profissionais da NPR.

Em maio de 2021, na redação em Washington, sede da emissora, havia 87 eleitores registrados como democratas e zero como republicanos. Nos EUA, diferentemente do Brasil, quando alguém decide votar, é possível informar com qual partido se identifica.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A Primeira Emenda é um dispositivo sagrado, orgulho da democracia norte-americana, que agora é atacado por membros do Partido Democrata. Isso significa que Musk está travando uma briga enorme na matriz USA e usa o péssimo exemplo da filial Brazil para mostrar os males do desrespeito à liberdade de expressão. Ou seja, podemos comprar mais pipocas. (C.N.)  

Ao discursar, Bolsonaro insiste na anistia aos presos do 8 de janeiro e exalta Musk

Bolsonaro faz ato em Copacabana — Foto: Reprodução/TV Globo

Bolsonaro disse que Elon Musk é o mito da liberdade mundial

Por g1 Rio

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reuniu apoiadores na Praia de Copacabana, na manhã deste domingo (21). A manifestação aconteceu entre os postos 4 e 5. Os manifestantes começaram a chegar pouco depois das 8h. Bolsonaro saiu do hotel ali perto por volta das 10h10, subiu em um dos caminhões e fez um discurso de cerca de 35 minutos, iniciado às 11h26.

Neste horário, os manifestantes ocupavam as duas pistas da Avenida Atlântica na altura da Rua Bolívar, entre as ruas Xavier da Silveira e Barão de Ipanema – não foi divulgada estimativa de público.

O MITO MUSK – Em sua fala, Bolsonaro criticou o atual presidente Lula e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, citou Elon Musk como “mito” e um “homem que preserva a liberdade”, e voltou a defender a anistia para os presos pelos atos de 8 de janeiro – como já havia feito no ato na Avenida Paulista, em São Paulo, no fim de fevereiro.

“Quando eu estive com Elon Musk em 2022, começaram a me chamar de ‘mito’. Eu falei: Não – aqui, em 2022 – temos um mito da liberdade, Elon Musk”, disse, antes de pedir palmas para o bilionário, que tem usado sua rede social, o X (antigo Twitter), para atacar Moraes por suspender da plataforma contas de apoiadores de Bolsonaro.

O ex-presidente voltou a falar sobre as eleições de 2022, que perdeu para Lula, mas alegou ter havido fraude nas urnas, sem nunca apresentar provas. Desta vez, disse que “não estava duvidando” e que era uma “página virada”.

ELEIÇÃO LIMPA – “O que mais nós queremos é que o Brasil volte à sua normalidade, que possamos disputar eleições sem qualquer suspeição. Afinal de contas, a alma da democracia é uma eleição limpa onde ninguém pode sequer pensar em duvidar dela. Temos problemas hoje em dia. Façamos a coisa certa. Não estou duvidando das eleições, página virada”, disse.

O protesto foi convocado por Bolsonaro em meio a investigações das quais é alvo por suspeita de participação numa tentativa de golpe de Estado para permanecer no poder. O ex-presidente, ex-ministros e assessores e militares são alvos de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga essa tentativa de golpe.

Em fevereiro, durante ato na Paulista, Bolsonaro defendeu passar uma “borracha no passado” e anistiar os presos que teriam participado ou financiado os atos golpistas que culminaram no ataque contra as sedes dos três poderes em 8 de janeiro de 2023, em Brasília.

MAIOR FAKE NEWS – Durante a semana, Bolsonaro citou, por meio de sua rede social, que a manifestação era para dar continuidade ao ato realizado em São Paulo, em favor do estado democrático de direito e para falar sobre a “maior fake news da história do Brasil, que está resumido hoje na minuta de golpe” – o que ele repetiu em seu discurso neste domingo.

Além de Bolsonaro, discursaram o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto; a ex-primeira-dama, Michelle; os pastores Silas Malafaia e Marco Feliciano; a cubana nacionalizada brasileira Zoe Martínez; e os deputados federais Nikolas Ferreira e Gustavo Gayer – que discursou em inglês por um momento.

Também participaram, sem discursar, os filhos de Bolsonaro Carlos (vereador), Eduardo (deputado federal) e Flávio (senador); o deputado federal e ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem; o general Walter Braga Netto, e o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), entre outros.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Bolsonaro aprendeu a lição e está sendo mais comedido, devido à ameaça de ser preso. O ministro Moraes decretou uma série de exigências, inclusive o ex-presidente não pode falar com Costa Neto, presidente do PL, e como o general Braga Netto, que foi candidato a vice na eleição de 2022. (C.N.)

Costa Neto refaz cálculos para traçar plano eleitoral de Michelle Bolsonaro

Valdemar Costa Neto e Michelle Bolsonaro (ao fundo) em jantar do PL em Brasília

Costa Neto diz que Michelle será um fenômeno eleitoral

Rafael Moraes Moura e Malu Gaspar
O Globo

Apesar de as pesquisas internas do PL mostrarem que Michelle Bolsonaro teria uma eleição fácil para uma vaga no senado pelo Paraná, em caso de cassação de Sergio Moro (União Brasil-PR), a cúpula do partido – mais especificamente Valdemar Costa Neto, não considera que essa seria a opção mais inteligente, do ponto de vista estratégico.

Os cálculos de Valdemar para o destino político da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro seguem outra lógica, que tem a ver com a meta do partido de ampliar sua bancada no Senado Federal, que atualmente reúne 13 senadores, em 2026.

MUITA CHANCE – De acordo com as pesquisas internas, em caso de cassação de Moro e de uma eventual eleição suplementar no Paraná, Michelle largaria com vantagem. Mas para Valdemar faz mais sentido lançar a mulher de Jair Bolsonaro na disputa por uma cadeira no Senado só em 2026 – e pelo Distrito Federal, onde ela e o marido vivem.

No roteiro do presidente do PL, o melhor cenário para a legenda seria apoiar a candidatura do ex-deputado federal Paulo Eduardo Martins para ocupar a vaga de Moro, já que ele disputou o posto na eleição de 2022 e terminou em segundo lugar na acirradíssima corrida pelo Senado.

Martins obteve 1,67 milhão de votos, ante 1,95 milhão do ex-juiz da Lava-Jato. A diferença entre Martins e Moro foi de apenas 255 mil votos, num colégio eleitoral em que 8,4 milhões de votos estavam em jogo, o que anima os aliados a insistirem na nova candidatura.

OUTRA POSSIBILIDADE – Para Valdemar, Paulo Martins estaria com a eleição pavimentada em um cenário de cassação de senador do União Brasil, num estado tradicionalmente conservador, onde Bolsonaro obteve 62,40% dos votos válidos no segundo turno da última eleição.

Nesse caso, seria mais vantajoso lançar Michelle para o Senado por Brasília. Assim, resume um interlocutor do chefe do PL, o partido já garantiria duas vagas ao invés de uma – a de Martins no Paraná, e a ex-primeira-dama na capital federal.

Hoje, o PL já tem um senador pelo Distrito Federal, Izalci Lucas, que encerra o mandato em 2026 e poderia ser substituído por Michelle, por exemplo. O partido não tem nenhum senador pelo Paraná.

MAS HÁ RISCOS – A opção de Valdemar, porém, embute riscos. Há outros candidatos com apelo no eleitorado de direita que podem se lançar no estado do Sul, como o ex-senador Alvaro Dias e a mulher de Moro, a deputada federal Rosangela Moro (União Brasil-SP), que transferiu o domicílio eleitoral de São Paulo para o Paraná, também de olho no resultado do julgamento do marido.

No PT ainda há uma disputa interna pela primazia na candidatura entre a presidente nacional da sigla, a deputada federal Gleisi Hoffmann, e Zeca Dirceu.

O plano de Valdemar também pode enfrentar obstáculos em Brasília, onde o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), e a deputada federal Bia Kicis (PL-DF) também pretendem concorrer a uma cadeira pelo Senado em 2026. Com três nomes competitivos lutando pelos votos do mesmo segmento conservador, alguém teria que recalcular a rota e ceder na disputa pelas duas vagas.

JULGAMENTO DE MORO – Por 5 a 2, Moro foi absolvido na semana passada pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná das acusações de abuso de poder econômico, caixa 2 e uso indevido dos meios de comunicação durante o período de pré-campanha da eleição de 2022.

As ações contra ele foram propostas por PT e PL, que vão apresentar recursos.

O julgamento definitivo no TSE corre o risco de ficar para o segundo semestre deste ano, considerando toda a tramitação do caso na instância inferior, o TRE paranaense, o que inclui a publicação do acórdão e análise de recursos antes de as ações “subirem” para o tribunal superior.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Os cálculos de Valdemar Costa Neto estão furados, porque ele esquece um candidato fortíssimo – Deltan Dallagnol, que pode ser candidato pelo Podemos, caso Álvaro Dias não concorra. Deltan foi o mais votado para a Câmara, está cassado no TSE, mas não perdeu os direitos políticos. Aliás, todos esses cálculos podem não dar em nada, porque as acusações contra Moro são fracas e o ministro Benedito Gonçalves não está mais no TSE. É aquele ministro investigado pela Lava Jato, cujo filho gosta de se exibir mostrando as joias e roupas de grife que evidenciam enriquecimento ilícito. (C.N.)

Malafaia promete aumentar críticas a Moraes ao discursar em Copacabana

Silas Lima Malafaia - Lideranças Políticas NEAMP

Malafaia diz que gravou video na hipótese de ser preso

Ana Gabriela Oliveira Lima
Folha

“Tocar em um líder religioso não é uma coisa fácil. A religião que eu sou representa 35% do povo brasileiro. Isso é um negócio muito gigante” – esta  mensagem dada pelo pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, em entrevista à youtuber Antonia Fontenelle no fim de fevereiro, revela uma das estratégias do aliado de Jair Bolsonaro (PL) para intimidar o STF (Supremo Tribunal Federal) nas investigações que envolvem o ex-presidente: fazer pressão blindado por seu status de líder religioso.

Depois de financiar manifestação na Paulista que admitiu ter sido planejada com essa finalidade, o pastor volta a protagonizar a organização de mais um ato a favor de Bolsonaro, desta vez em Copacabana, no Rio, neste domingo (21), e com a ameaça de subir o tom.

SINAL PREOCUPANTE – Para especialistas, a utilização da religião para pressionar a Justiça é sinal preocupante que testa a democracia. A estratégia anda lado a lado com a deslegitimação do STF sob o argumento de que “Supremo é o povo”, pensamento expresso recorrentemente por Malafaia.

“Se você botar o povo na rua, eles vão pensar umas três vezes [antes de prendê-lo]. E, se isso acontecer, o negócio vai ser feio”, disse Malafaia a Bolsonaro para convencer o político a promover a manifestação na Paulista, segundo relato feito pelo pastor em fevereiro.

A ideia, admitiu, era pressionar o STF em meio a contexto em que Bolsonaro havia sido intimado a falar sobre uma possível trama golpista para impedir a posse do presidente Lula (PT). Na mesma entrevista, Malafaia creditou ao fato de ser líder religioso a chance de poder ter uma postura mais combativa junto ao Supremo.

FAZ AMEAÇAS – “O povo é o Supremo poder de uma nação. Nada é superior a nível de poder em uma nação do que o povo. Quando um povo se manifesta, se submeta o poder Judiciário, o Legislativo e o Executivo”, afirmou.

Em outra entrevista no fim de março, desta vez para o canal Rádio+Brasil, Malafaia disse não ter medo de ser preso e ameaçou divulgar vídeos dele e de Bolsonaro em caso de prisão. “Tem um vídeo meu gravado na mão de algumas pessoas. Se me prenderem, amigo, a coisa vai ficar bonita ao contrário”, afirmou. “Até Bolsonaro tem vídeos gravados. Se for preso, vai ser solto. Aí os caras vão ver o problema que eles vão arrumar.”

Depois da repercussão, o pastor justificou que os vídeos aos quais fazia referência tinham a ver com sua autodefesa e não eram incentivo a “quebra-quebra, perseguição política ou golpe”.

CERTA INFLUÊNCIA – Questionado pela Folha, Malafaia afirmou que “o povo ter consciência de que é o supremo poder” não é prejudicial à democracia, mas sim àqueles que querem calar a população. O pastor também afirmou desconhecer pressão de líderes religiosos sobre o STF e disse que ele, como pastor, tem “certa influência”, mas não “toda a influência”.

Sobre os vídeos que ameaçou divulgar em caso de sua prisão ou de Bolsonaro, reafirmou que são uma precaução, uma vez que tem visto Moraes prender pessoas “sem nenhum motivo”. “E eu garanto para você que não é para incentivar a perseguição a autoridades, para quebrar o país. Eu sou democrata. Quem gosta de quebrar é a esquerda”, afirmou.

Malafaia disse também que se posiciona como cidadão e que há 40 anos conscientiza o povo evangélico. Afirmou que suas críticas a Moraes são embasadas na Constituição e que pretende trazer, na manifestação em Copacabana, novas denúncias envolvendo investigações contra Bolsonaro.

Extrema pobreza atinge menor nível já registrado, mas ainda há muito para se fazer

16,9 milhões de pessoas ainda vivem na miséria

Pedro do Coutto

O governo divulgou, edição de O Globo de ontem, que o avanço generalizado nos rendimentos médios dos brasileiros em 2023, que foi mais forte entre os mais pobres, levou a miséria ao menor nível da história, apontam cálculos do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV Social).

Ano passado, 8,3% da população, ou 16,9 milhões de pessoas, estavam abaixo da linha de extrema pobreza. Em 2022, 9,6% da população estava na condição de extrema pobreza, o equivalente a 19,5 milhões de brasileiros, segundo cálculos feitos a partir de dados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios Contínua (Pnad-C), divulgados nesta sexta-feira, pelo IBGE.

DESIGUALDADE – É necessário, porém, destacar que a desigualdade entre as faixas de renda continua. A extrema pobreza refere-se aos que passam fome, e na minha opinião acho que a queda desta não se mantém na realidade, pois dizer que o Bolsa Família alavancou faixas de pobreza para um patamar melhor é uma afirmação que gera dúvidas.

Mas, aceitando a informação publicada, verifica-se que ela é completada por um avanço da distribuição de benefícios governamentais. Não está assim transferindo renda, mas sendo abastecida por recursos financeiros da União. Dessa forma, identifica-se que não houve avanço entre uma transferência de renda do capital para o trabalho, pois no caso trata-se da transferência de recursos públicos para socorrer quem tem fome.

ATENDIMENTOS – A iniciativa é positiva, pois estamos diante de um quadro em que milhões de pessoas estão na faixa de extrema pobreza, o que implica em outros atendimentos essenciais que ainda não são vistos efetivamente. Para reduzir os problemas, seria necessário um acesso muito maior ao sistema de empregos. Verificar um número tão alto de pessoas nessa situação afeta profundamente o sentimento humanístico. Não há motivo ainda para comemorarmos de fato, embora tenhamos tido um avanço.

O problema maior, entretanto, é a dívida social. A população encontra-se mergulhada numa série de outras faces que aguardam soluções, como as questões do saneamento, do abastecimento de água, do atendimento médico, da educação, da segurança, entre outros. É preciso ver através dos números a realidade diária dessa imensa parcela da sociedade brasileira que merece uma vida digna e com acesso aos serviços públicos.

O salário médio, por exemplo, é muito baixo. Esse dado é muito importante, mais até do que a renda per capita, pois essa inclui todos os rendimentos divididos pela população. O problema, no fundo, é a distribuição de renda. Um tema que se repete, mas que agora ganha aspectos essencialmente relevantes.  O problema é um desafio para o governo e para todo o país.

Thiago de Mello, um poeta à procura das cores certas para trabalhar a primavera

Portal de Notícias do Jornal do PovoPaulo Peres
Poemas & Canções

O poeta amazonense Amadeu Thiago de Mello, no poema “Mormaço de Primavera”, chama atenção para os valores simples da natureza humana, principalmente, a esperança, porque, apesar dos pesares, devemos sempre continuar, mesmo que ainda seja difícil distinguir “o sujo do encardido,/ o fugaz, do provisório”, temos que avançar, temos que lutar, tendo em vista “que é preciso encontrar as cores certas/ para poder trabalhar a primavera”.

MORMAÇO DE PRIMAVERA
Thiago de Mello

Entre chuva e chuva, o mormaço.
A luz que nos entrega o dia
não dá ainda para distinguir
o sujo do encardido,
o fugaz, do provisório.
A própria luz é molhada.
De tão baça, não me deixa sequer enxergar o fundo
dos olhos claros da mulher amada.

Mas é com esta luz mesmo,
difusa e dolorida,
que é preciso encontrar as cores certas
para poder trabalhar a Primavera.

A crise já se delineia. E agora?  Como faremos para financiar a dívida? Será via inflação?

Inflação, juros e crescimento

Charge do Alves (Arquivo Google)

José Antonio Perez

Em quase tudo nessa vida, para dar certo, tem que haver continuidade. É preciso traçar projetos muito bem elaborados, metrificados, quantificados, com avaliações periódicas de resultados para eventuais mudanças de rumo, porque o cenário nacional é instável e o internacional, pior ainda.

Por exemplo, preparem os bolsos, porque o petróleo certamente irá subir. Irä e Arábia Saudita são os maiores produtores e no Oriente Médio e a torneira pode fechar. A Petrobras já trabalha com defasagem, mas agora não terá mais como segurar os preços dos derivados por aqui.

AUTOSSUFICIÊNCIA  –Por isso, a Petrobras precisa trabalhar para manter a autossuficiência não só na extração, mas também na capacidade de refino, para evitar importações e impedir a influência dos combustíveis importados na inflação, que sempre ameaça e prejudica nossa economia.

Aqui no Brasil, os cidadãos não conseguem fazer relação entre causa e efeito. Só o que importa é “picanha com cerveja”, repetem aleatoriamente, imitando o grande líder.

Na verdade, o brasileiro  já nasce devendo, embora os sucessivos governos procurem ocultar essa realidade. Está ficando difícil financiar e rolar essa dívida trilionária, que chegará a 86% do PIB, segundo o FMI.

ERROS CRUCIAIS – Primeiro, aumentamos muito nossa carga tributária (entre 9 e 10%). Depois, deixamos crescer exponencialmente nossa dívida bruta, que era bilionária antes da era FHC para trilionária hoje em dia, um aumento em bola de neve, segundo o ex-ministro Paulo Guedes, que conseguiu dois anos seguidos de superávits primários (2021 e 2022), é preciso reconhecer.

E agora,  como faremos para financiar a dívida? Será via inflação? Certamente, porque já estamos no limite do endividamento e a sociedade não aguenta mais tanta  espoliação. Já vimos esse filme antes.

Para aprovar seus projetos, daqui para frente a fatura a ser paga à Câmara de Arthur Lira será inédita e astronômica, certamente. Os deputados vão sugar o sangue ou arruinar a vida de Lula e do PT. O criador de Lira foi Eduardo Cunha, e o deputado alagoano aprendeu depressa.

Com Toffoli e Moraes, Brasil está sendo desmoralizado como um “pária jurídico”

Gilmar Fraga / Agencia RBS

Charge do Gilmar Fraga (Gaúcha/Zero Hora)

J.R. Guzzo
Revista Oeste

Tinha de acontecer, mais cedo ou mais tarde — e é óbvio que acabou acontecendo. O Supremo Tribunal Federal tantas fez para proteger a corrupção no Brasil, mas tantas, com tanta arrogância e tão pouco caso com o decoro mínimo esperado de sua conduta, que conseguiu enfim chamar a atenção do mundo para o que estão fazendo aqui.

Um ano atrás a porção da comunidade internacional que se considera mais civilizada e mais apta a decretar regras de comportamento para as demais festejava a “vitória da democracia” no Brasil. Que sorte para o planeta, não? O perigo do “populismo de direita” foi derrotado. O amor venceu. O Brasil “voltou”.

TOFFOLI EM AÇÃO – Não contavam com a astúcia do ministro Dias Toffoli. Em apenas um ano, com a sua inédita sucessão de sentenças em favor da ladroagem e dos ladrões, ele conseguiu demolir toda essa conversa. Eis o Brasil, por sua conta, colocado entre os párias do mundo — os países sem lei, sem códigos morais e sem vergonha que fazem parte da face escura da humanidade.

A destruição do STF como uma casa de respeito já era obra avançada, com o teto e as paredes no chão, pela atuação do ministro Alexandre de Moraes. Ele, com o STF atrás de si, aboliu os direitos civis que estão na Constituição para instalar uma ditadura penal no Brasil — aberração que transformou o Supremo em delegacia de polícia destinada a reprimir adversários políticos do regime atual.

Mais dia, menos dia, a sua vez vai chegar. Moraes tem tudo para acabar no noticiário da imprensa internacional como uma dessas figuras de Terceiro Mundo que aparecem, de tempos em tempos, como sucessores de Idi Amin quando o ditador entrava em sua personalidade de magistrado.

INSEGURANÇA TOTAL – Mas Toffoli chegou antes. A insegurança jurídica criada nos últimos anos pelo STF, na qual ninguém sabe qual é a lei que está valendo hoje, superou as fronteiras da violação às garantias democráticas e mergulhou de cabeça no bas-fond da roubalheira do Erário. Aí já ficou demais.

É como o sujeito que em vez de tirar o calção de banho dentro da piscina, para ninguém ver, sobe no trampolim para mostrar a todo mundo que está nu.

A verdade sobre o alto Judiciário no Brasil, conhecida aqui dentro, mas escondida nesse tempo todo pela mídia internacional de primeira linha, veio à luz do sol da pior maneira possível para o STF. O Financial Times de Londres, que funciona como um boletim de comportamento para governos e nações de todo o mundo, publicou uma exposição 100% objetiva, competente e arrasadora sobre a atual disparada da corrupção no Brasil — e o papel essencial que Toffoli e o STF exercem nesse conto de horror.

LEITURA DE NÍVEL – É muito ruim, porque o Financial Times está entre a meia dúzia de veículos de imprensa que são lidos em salas de diretoria, reuniões de ministros do Primeiro Mundo e os gatos mais gordos da alta burocracia global. É acompanhado nos departamentos de marketing e pelos fiscais mais severos da obediência ao politicamente correto. Enfim, para resumir a ópera: está entre as leituras preferidas da turma de Davos que deixa Lula, a ministra Marina e a direção do PT sempre tão agitados.

Pior que tudo, talvez, uma matéria publicada ali serve como uma espécie de “liberou geral” para a elite da mídia globalizada. Saiu no FT? Então pode sair em qualquer lugar.

]Está tudo ali. A anulação da multa de R$ 10 bilhões da J&F e de R$ 3,8 bilhões da Odebrecht que, por força de acordo judicial, as duas empresas se comprometeram a pagar para seus diretores não serem presos pelo crime de corrupção ativa. Toffoli, sozinho, cancelou as duas, de modo que os réus confessos nem foram para a cadeia nem pagaram o que tinham de pagar.

BRASIL DESMORALIZADO – É citado o relatório da Transparência Internacional que rebaixou o Brasil em dez posições na lista dos países mais corruptos do mundo em 2023, sua pior colocação desde 1995 — e que cita nove vezes o nome de Toffoli.

O artigo revela a destruição dos sete anos de luta contra a corrupção feita pela Lava Jato. Cita os 2,2 mil anos de sentenças de prisão anulados em favor dos 165 ladrões condenados. Menciona a anotação que o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos fez sobre a ladroagem da Petrobras nos governos Lula-Dilma — segundo os americanos, o maior caso de propina já registrado na história.

Revela aos leitores mais qualificados do mundo que Toffoli foi advogado do PT antes de ser nomeado por Lula para o STF. E Informa que o ministro Cristiano Zanin foi advogado pessoal do mesmo Lula.

PERDA TOTAL –  É um desastre com perda total. “Graças às decisões de Toffoli, o Brasil tornou-se um cemitério de provas de crimes que geraram miséria, violência e sofrimento humano”, diz o Financial Times, citando o texto da Transparência Internacional. “O país está se tornando cada vez mais, aos olhos do mundo, um exemplo de corrupção e de impunidade.”

O jornal informa também qual foi a reação do ministro diante do relatório: mandou investigar criminalmente a entidade, com base numa notícia patentemente falsa, e já enterrada há muito tempo, sobre ilegalidades imaginárias que teria praticado no Brasil. É uma das regras de ouro da filosofia penal do já citado Idi Amin.

“Nós aqui temos liberdade de expressão”, dizia ele. “O que não podemos garantir é a liberdade de quem se expressa.” É o puro STF do Brasil de hoje, só que de efeito real equivalente a três vezes zero. A Transparência Internacional tem sede em Berlim. Não pode ser indiciada, desmonetizada ou presa por Alexandre de Moraes e sua Polícia Federal. É uma perfeita palhaçada. A tempestade que se anuncia.

No Brasil, a briga entre os três Poderes é só para dramatizar o creme chantilly

Independência e harmonia entre os Poderes

Charge do Nani (nanihumor.com)

Mario Sabino
Metrópoles

A imprensa está excitadíssima com o que chama de briga entre os três poderes. Eu chamo a briga de acerto entre os poderes. Entendo os meus colegas: é preciso cobrir a política brasileira, não tem jeito, e os atores da peça às vezes se ameaçam mutuamente quando alguém resolve emperrar o esquema que vinha funcionando perfeitamente.

É só quando a realidade concreta entra em jogo, apenas para servir de objeto de escambo.

Alguém resolve emperrar não pelo bem do país — que país? –, mas para ver se consegue aumentar o próprio cacife no toma lá, dá cá habitual. Aumentar o próprio cacife significa diminuir o do outro, mudando o que a esquerda gosta de chamar de correlação de forças.

COM CHANTILLY – Briga entre poderes me lembra uma cena que presenciei em uma famosa e movimentada sorveteria de Roma. Ao ser atendido por um dos atendentes que servia os sorvetes, o cliente pediu um de chocolate, café e creme. O atendente perguntou, como de hábito na Itália, se o sorvete era com ou sem cobertura de chantilly. O cliente respondeu que era com chantilly.

— Entendi: chocolate, café, creme, sem chantilly.

— Não, não, eu pedi com chantilly!

— Eu sei, senhor, foi só para dramatizar…

É preciso dramatizar, portanto, tanto da parte dos políticos, como da imprensa. Como nesse enfrentamento de Arthur Lira com Lula e com o PT, no qual o STF entrou de cambulhada por ser alvo da direita, que não suporta mais os transbordamentos de certos ministros do Supremo.

ABUSO DE AUTORIDADE – Até as tampas com o governo do PT, que tirou o emprego de um primo seu no Incra a pedido do MST e não quer que o próximo presidente da Câmara seja aliado seu, Lira ameaçou abrir investigação sobre abuso de autoridade das excelências do STF, como quer a direita, para mandar recado a Lula, que tem no tribunal o seu maior aliado político.

Os ministros ficaram apreensivos e recorreram ao presidente para ver o que podia ser feito, e um deles foi até o parlamento para um olho no olho com Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, e com o presidente da Câmara rebelde.

Lira conta também com outros itens no seu pacote de maldades, expressão usada em Brasília que costuma me causar bocejos. Ameaça, assim, dificultar a vida do governo Lula — como se o governo Lula já não se dificultasse por si só.

PARA DRAMATIZAR – É um repetição, perceba você, da mesma história de sempre. A única novidade, e reconheço que não de pouca monta, é que agora a briga inclui o Judiciário, que virou poder político.

Mas são todos brasileiros, graças a Deus, e tudo deverá se resolver como sempre, pelo menos neste momento em que o caos econômico ainda está em seus primeiros anúncios. O esquema só sofre abalo real quando o dinheiro começa a faltar para todo mundo. Aí, então, é preciso mudar para que tudo volte a ser como sempre foi, tal como ocorreu no caso do impeachment de Dilma Rousseff, para usar exemplo recente.

Se não houver fator novo, o que seria muito surpreendente, essa briga entre poderes vai acabar em sorvete com chantilly. O sorvete sem chantilly foi só para dramatizar, senhor.

Insatisfação com ministro Padilha na Articulação Política agora atinge o PT

O que políticos do PT dizem sobre Padilha e Lira nos bastidores | VEJA

Padilha está criando problemas,,sem encontrar soluções

Bela Megale
O Globo

A insatisfação com o ministro da Secretaria das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, chegou ao seu próprio partido. Integrantes da cúpula do PT e membros da bancada da legenda na Câmara passaram a criticar a maneira como o ministro tem exercido seu papel de articulador junto ao Congresso.

Petistas afirmam que falta uma postura mais institucional de Padilha no tratamento com o Parlamento. A avaliação é que o ministro tem adotado, com frequência, uma “conduta militante”, o que prejudica sua atuação junto aos congressistas.

SÓ ATRAPALHA – Na semana passada, ele postou um vídeo com a ministra Anielle Franco, irmã de Marielle, após a Câmara manter a prisão do deputado federal Chiquinho Brazão, acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora. Petistas avaliam que gestos como esse não ajudam em seu papel de articulador do governo junto aos parlamentares.

As críticas a Padilha se acirraram após a escalada da crise com presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que chamou o ministro de “incompetente” e “desafeto pessoal”. Lira atribui a Padilha a disseminação da versão de que ele atuou para que a Câmara votasse pela soltura do deputado Chiquinho Brazão. Lira nega ter se envolvido no tema.

Após as ofensas, o presidente Lula dobrou a aposta e disse que “só por teimosia, Padilha ficará muito tempo no cargo”.

LULA EM AÇÃO – Uma semana depois, o petista decidiu entrar em campo para tentar estancar a crise. No almoço desta sexta-feira com ministros do núcleo político e líderes do governo, Lula decidiu que marcará reuniões com Arthur Lira, presidente da Câmara, e como Rodrigo Pacheco, do Senado.

O foco é buscar evitar derrotas e retaliações do Congresso.

A cúpula do PT avalia que o modelo em que o ministro da Casa Civil, Rui Costa, negocia com Lira, enquanto Padilha trata com os líderes partidários, não funciona. Como informou O Globo, a leitura no partido é que essa divisão pode criar problemas, especialmente, em projetos que ainda estão em fase de comissões, pois há interesses diversos dentro do próprio governo.