O presidente e o PT não se mostram capazes de aprender com seus erros?

A CHARGE DE DOZE POR CENTO REJEITANDO O PT – Blog do Robson Pires

Charge do Nani (nanihumor.com)

Hélio Schwartsman
Folha

Dizia-se dos Bourbons que eles nada esqueciam e nada aprendiam. Tenta-se agora imputar algo semelhante a Lula e ao PT. Declarações do presidente sobre a governança da Petrobras e da Vale e ingerências nessas empresas seriam a antessala do intervencionismo estatista que produziu a crise de 2014-15. Lula e o PT são incapazes de aprender com erros do passado?

A questão é complexa. Há vários tipos de aprendizado. Alguns deles vêm inscritos em nosso DNA. Um bom número de urbanitas que nunca viram uma cobra ao vivo morre de medo desses animais, expressando, ainda que exageradamente, uma experiência que foi útil à nossa espécie.

Existem outros aprendizados que, embora não tão automáticos, são relativamente fáceis de adquirir.

Ninguém precisa mais do que uma experiência negativa com o fogo para concluir que não é muito inteligente colocar a mão nas chamas. Aqui, a relação óbvia e imediata entre causa (fogo) e efeito negativo (dor) funciona como um professor quase infalível.

Mas, quando o intervalo de tempo entre a causa e a materialização do efeito é de anos ou depende de sutis interpretações estatísticas, caso da maioria dos dilemas sociais, ficamos mais perdidos que cachorro em dia de mudança.

APLAUSO DA CLAQUE – Aqui, a menos que você seja um expert na matéria, não há muita alternativa que não confiar em especialistas. E, se houver controvérsia entre eles, o que é normal em ciência, em especial as ciências sociais, surge espaço para as abordagens self-service, na qual você escolhe a interpretação que mais lhe convém.

Entre um ganho político fácil e uma incerta busca da verdade, não são poucos os que escolhem renunciar ao aprendizado para ficar com o aplauso da claque.

Essa é mais uma trágica evidência em favor da tese de Hugo Mercier e Dan Sperber de que a razão humana não evoluiu para nos fazer descobrir a verdade, mas para nos fazer vencer batalhas retóricas e justificar nossas atitudes.

Defesa de Bolsonaro alega que ele não assinou minuta nem pôs tropas nas ruas

Admirador de militares, monarquista: quem é o advogado de Bolsonaro no 'inquérito do golpe'

Bolsonaro com seu advogado, Paulo Amador Bueno

Mônica Bergamo
Folha

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados políticos e jurídicos decidiram se manter em silêncio na sexta-feira (15) para esperar que se assente a poeira levantada pelos depoimentos de ex-comandantes militares de seu governo. Mas eles já têm o discurso de defesa preparado.

O argumento central será o de que o ex-presidente pode até ter discutido com militares alternativas jurídicas e políticas para questionar as eleições presidenciais de 2022, já que sempre deixou claro duvidar da integridade das urnas eletrônicas. Mas tudo não teria passado de mero debate. E pensar, no Brasil, dizem, é um direito de qualquer cidadão.

SEM MOTIVOS – Bolsonaro, no fim das contas, não assinou a minuta do golpe que chegou a ser debatida nem deu ordens para que as tropas fossem para as ruas, afirmam.

Ou seja, sempre de acordo com bolsonaristas, não haveria ato concreto dele que poderia sustentar a acusação de que de fato tentou dar um golpe para permanecer no poder.

O ex-presidente, portanto, pode ser condenado politicamente e eleitoralmente. Mas juridicamente a acusação não se sustentaria.

VERSÃO DERRUBADA – Mas a narrativa de que nada havia sido sequer aventado para subverter a democracia, sustentada anteriormente, ficou comprometida depois dos depoimentos dos ex-comandantes à Polícia Federal, divulgados na sexta-feira (15).

O general Freire Gomes, que comandava o Exército, confirmou que Bolsonaro apresentou a minuta golpista aos chefes das Forças Armadas em dezembro de 2022.

Freire Gomes disse ainda que ele e o então comandante da Aeronáutica, brigadeiro Baptista Júnior, se colocaram contra o plano golpista.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A informação da colunista Mônia Bergamo está corretíssima. No Brasil e no mundo ninguém pode ser condenado por planejar crime, somente por executá-lo. O melhor exemplo é a tentativa de homicídio. É crime, mas somente se configura quando o autor tenta matar a tiro, facada ou outra maneira, mas erra o golpe e a vítima escapa. Neste caso, é crime de tentativa de homicídio. E não existe crime de planejar um homicídio. Mas com o Supremo que temos nos dias de hoje, tudo é possível, até mesmo inventar um crime que não se configurou. Depois a gente explica melhor esse assunto. (C.N.)

Governo está correto na redução dos dividendos distribuídos pela Petrobras

Aos 66 anos, Petrobras pode deixar a elite estratégica do setor de petróleo  mundial - Rede Brasil Atual

Petrobras precisa ser o principal fator do desenvolvimento

André Roncaglia
Folha

A Petrobras está sob nova gestão e o mercado financeiro luta para manter sua “vaca leiteira”. A decisão do Conselho de Administração da empresa de reter lucros excedentes à regra de distribuição de dividendos não tem nada de voluntarista; ao contrário, busca resgatar a capacidade de planejamento da maior empresa do Brasil.

São constrangedoras, portanto, as piruetas retóricas de comentaristas na imprensa defendendo a primazia do acionista minoritário, como se fosse uma cláusula pétrea da governança corporativa. A banda não toca mais assim… no mundo!

ESTRATÉGIA ERRADA – A governança corporativa focada no extrativismo de curto prazo (resultados trimestrais) fragilizou as economias de mercado ao encurtar o horizonte de planejamento das empresas.

Segundo William Lazonick (University of Massachusetts Lowell), tal modelo produziu concentração de riqueza, desvirtuação da gestão corporativa, aumento da insegurança operacional – como o pavoroso caso da Boeing –, atrofia do ímpeto inovativo e esmagamento da classe média, a qual perdeu os bons empregos de colarinho azul para a insaciável cultura de corte de custos.

Ciente desses resultados, a mais influente associação de empresários dos EUA (Business Roundtable) anunciou, em agosto de 2019, “nova Declaração sobre o Propósito de uma Corporação”, assinada por 181 executivos, que prometeram “liderar suas empresas para o benefício de todas as partes interessadas – clientes, funcionários, fornecedores, comunidades e acionistas”.

GESTÃO MAIS HUMANA – Nesse novo modelo de governança, o interesse e a ansiedade do acionista por lucros trimestrais não dominam a gestão. Dilata-se o horizonte das ações corporativas, incorporam-se outros interesses e reconhecem-se custos que antes as empresas empurravam para a sociedade (poluição, tratamento de resíduos etc.).

A mudança surgiu em meio à crescente percepção de que o aumento da desigualdade de riqueza e a crescente concentração da propriedade dos ativos financeiros poderiam produzir distorções na alocação de capital.

A crise de 2008 e a pandemia escancararam a incapacidade do “capitalismo dos acionistas” em lidar com uma crise sistêmica. A paralisia generalizada da elite global em Davos em face da crise climática é exemplo destes descaminhos do grande capital.

NOVO CAPITALISMO – Dois prêmios Nobel de Economia, Joseph Stiglitz e Michael Spence, defenderam esse modelo de “capitalismo de interesses amplos” (stakeholder capitalism).

Para Spence, o arranjo “estabelece novos limites para a busca de retornos sobre o capital – limites que se destinam a proteger os cidadãos (funcionários, clientes mal informados, fornecedores, gerações futuras)” que, sem poder de mercado, não têm como se proteger. Stiglitz fez a ressalva de que o Estado deve disciplinar as corporações para que cumpram as promessas de mudança.

Exemplo desse novo paradigma corporativo, a petroleira estatal norueguesa Equinor também cortou os dividendos extraordinários distribuídos aos acionistas e o preço da ação caiu 7%. Lá, o Estado detém 67% das ações e sofre críticas por investir no “mercado pouco rentável” de energias renováveis e soluções de baixo carbono.

CASO DA PETROBRAS – Da mesma forma, a Petrobras deve direcionar as volumosas rendas de monopólio à transição energética. É inadiável que se reduza a distribuição de dividendos ordinários ao mínimo de 25% do lucro líquido (R$ 29,2 bilhões em 2023), estabelecido pela lei das S/As, em vez da atual regra de 45% do fluxo de caixa livre (R$ 72,4 bilhões em 2023).

Os acionistas majoritários da Petrobras são os mais de 200 milhões de brasileiros e brasileiras e rejeitam a interferência política dos acionistas minoritários, fixados em seu retorno financeiro de curto prazo.

É preciso colocar nossa mais estratégica empresa a serviço da reindustrialização, para o bem do Brasil.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGUm belo e necessário contraponto aos faniquitos nada republicanos e nacionalistas das Organizações Globo, sempre a serviço dos interesses multinacionais, digamos assim. Nesse ponto, os filhos de Roberto Marinho são muito piores do que o patriarca global. (C.N.)  

Depoimento de ex-comandante explode versão de Bolsonaro e complica a sua defesa

Depoimento de Gomes é tão grave quanto o de Mauro Cid

Pedro do Coutto

A situação de Jair Bolsonaro se complicou com o depoimento do general Freire Gomes, inclusive porque apesar de não haver indícios de fraudes nas eleições de 2022, o ex-presidente persistiu na tentativa de golpe. O problema agora é como o governo irá lidar com as próximas ocorrências diante das constatações reveladas no inquérito conduzido pela Polícia Federal.

Esse problema se revela como sendo fundamental porque militares resistiram e negaram qualquer apoio à tentativa golpista. O general Freire Gomes foi o primeiro do Alto Comando a negar qualquer procedimento contra a legitimidade das eleições. O militar revelou também que Bolsonaro estava de posse de uma minuta com conteúdo golpistas.

TRAMA – Após os esclarecimentos contundentes e depoimentos divulgados, o que poderá acontecer? O relator do caso no Supremo é o ministro Alexandre de Moraes, o que revela uma tendência clara de levar à condenação do ex-presidente da República e dos demais implicados na articulação do 8 de janeiro, sem dúvida alguma tramada claramente por Bolsonaro.

O tenente-brigadeiro do Ar Carlos de Almeida Baptista Junior, ex-comandante da Aeronáutica, em depoimento à PF afirmou que também contestou os ataques às urnas pelo ex-presidente. Nos próximos dias, o desenrolar dos fatos será encaminhado para uma etapa crítica, com episódios tão previsíveis quanto difíceis de serem avaliados. Como será o julgamento de Bolsonaro e de alguns comandantes é a pergunta que a lógica dos fatos conduz.

NEGATIVA –  O fato essencial é que só não houve golpe de Estado em face da negativa do comando militar. Tem que ser considerado também a posição do ex-ministro Anderson Torres que tinha em seu poder uma minuta do decreto golpista.

Torres quando se encontrou com Bolsonaro nos Estados Unidos foi também o homem que, nomeado secretário de Segurança de Brasília, transformou-se num agente importante na articulação que não deu certo. O problema agora, conforme dito, é verificar o que poderá vir nos próximos dias. O golpismo transformou-se em algo absolutamente absurdo e assim deverá ser julgado.

Supremo faz uma tremenda confusão ao punir “mentiras” dos entrevistados

Deputado propõe CPI da Censura para investigar decisões do STF - Municípios  em Revista

Charge do Nani (nanihumor.com)

Deu na Folha

A decisão do Supremo Tribunal Federal que permite a responsabilização de veículos de comunicação por declarações de entrevistados não é clara e certamente vai agravar o já caótico cenário da jurisprudência brasileira no tema da liberdade de expressão.

Em agosto de 2023, por maioria de votos, a corte condenou o jornal Diário de Pernambuco a pagar indenização por conta de acusações feitas por Wandenkolk Wanderley em entrevista. No julgamento, que se iniciou virtualmente, três ministros defenderam a condenação do veículo. As premissas dos votos eram bastante diferentes, o que, naturalmente, gerou três propostas de tese de repercussão geral muito distintas.

SEM FUNDAMENTOS – Na retomada do julgamento em novembro de 2023, o STF acabou fazendo uma colcha de retalhos: basicamente juntou as teses dos ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso. A sessão pouco revelou sobre as razões que fundamentaram essa tese.

Depois das duras críticas a esse julgamento, esperava-se que a redação final do acórdão, publicado no último dia 8 de março, redundasse em uma tese coerente e fundamentada. Contudo, as 99 páginas do documento apenas revelam que a causa que deu origem a essa discussão não estava madura para julgamento e muito menos para a fixação de uma tese tão importante.

A tese do ministro Moraes não faz distinção entre a publicação, pela imprensa, de conteúdo próprio e a publicação da voz de terceiros. Ora, mas era exatamente essa distinção que justificou o reconhecimento da repercussão geral do caso.

DESINCENTIVO – Ao ignorá-la, a tese impõe à imprensa, em relação ao conteúdo expresso por terceiro, os mesmos deveres de cuidado que possui na apuração de conteúdo próprio. Um desincentivo inédito, no ordenamento jurídico brasileiro, à publicação de entrevistas.

Entrevistas trazem para a arena pública o pensamento e a visão do entrevistado. Seu conteúdo, por si só, é a notícia. Se mentiras são ditas, é importante que se saiba que o entrevistado mente.

Exigir do jornalismo que previamente apure a veracidade de acusações para só então publicá-las é limitar a circulação de informações. Não é demais lembrar que a Constituição Federal tem um mecanismo previsto para restabelecer a verdade: o direito de resposta.

TESE DE BARROSO – A tese do ministro Barroso, apensada ao final daquela proposta pelo ministro Moraes, captura essa distinção.

Barroso afirma que a responsabilização da imprensa pelo conteúdo ilícito em entrevistas de terceiros apenas se justificará se “(1) à época da divulgação, havia indícios concretos da falsidade da imputação; e (2) o veículo deixou de observar o dever de cuidado na verificação da veracidade dos fatos e na divulgação da existência de tais indícios”.

Mas o que seriam os “indícios concretos da falsidade da imputação”? E, ainda, qual é o “dever de cuidado” que cabe à imprensa nesses casos?

SEM FUNDAMENTAÇÃO – Constatados os indícios de falsidade, a imprensa deve deixar de publicar a entrevista? Deverá privar o público de saber o que pensam certas personalidades públicas em função da falsidade das crenças dessas personalidades? Caso a publicação seja lícita, o que deverá acompanhá-la para que a imprensa não seja civilmente responsabilizada? O que será suficiente? E se a entrevista for ao vivo?

A tese acabou sem uma fundamentação própria, o que a torna ininteligível e abre margem para que seja tão livremente interpretada, que o único resultado possível será uma caótica aplicação pelas instâncias inferiores.

Embargos de declaração devem dar ao Supremo uma nova oportunidade para reduzir essa confusão. Até lá, expressamente suspender a aplicação da tese por ora, atribuindo-se efeito suspensivo aos embargos, pode ser não só bom mas altamente recomendável.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGUm artigo interessante, escrito por Charlene Nagae, Clarissa Gross, Mônica Galvão e Taís Gasparian, fundadoras do Instituto Tornavoz. Mostra que o Supremo  confundiu a banda de Paraibuna com a bunda da paraibana. (C.N.)

Um poema de Machado de Assis à sua amada Carolina, pouco antes de perdê-la

MACHADO DE ASSIS se DESPEDE de sua ESPOSA - YouTubePaulo Peres
Poemas & Canções

O jornalista, crítico literário, dramaturgo, folhetinista, romancista, contista, cronista e poeta carioca Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908) é amplamente considerado como o maior nome da literatura nacional. O poeta escreveu “A Carolina”, este belíssimo soneto sobre o amor à sua mulher.

A CAROLINA
Machado de Assis

Querida, ao pé do leito derradeiro
Em que descansas dessa longa vida,
Aqui venho e virei, pobre querida,
Trazer-te o coração do companheiro.

Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro
Que, a despeito de toda a humana lida,
Fez a nossa existência apetecida
E num recanto pôs um mundo inteiro.

Trago-te flores, restos arrancados
Da terra que nos viu passar unidos
E ora mortos nos deixa e separados.

Que eu, se tenho nos olhos malferidos
Pensamentos de vida formulados,
São pensamentos idos e vividos.

Depoimentos de militares incriminam Bolsonaro, e não há mais como escapar

O que Bolsonaro quer ao escolher Braga Netto como vice

Braga Netto era o chefão, mas é Bolsonaro que levará a culpa

Carlos Newton

São quatro depoimentos de militares, com informações que se amoldam, montando uma trama sólida que incrimina Jair Bolsonaro na tentativa de golpe de estado. Primeiro, foi o tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens do ex-presidente; em seguida, o general de quatro estrelas Estevam Theóphilo; depois, o ex-comandante do Exército, Freire Gomes; e, por fim, o ex-comandante da Aeronáutica, brigadeiro Baptista Junior.

Mauro Cid e Estevam Theóphilo depuseram como investigados no chamado inquérito do fim do mundo, aquele que pretende prender todo mundo e não acaba nunca. Mas os ex-comandantes Freire Gomes e Baptista Junior participaram apenas como testemunhas, e há uma diferença quilométrica entre as duas situações.

NEGAR O ÓBVIO – Como dizem no jargão policial, agora é “batom na cueca”, as provas se avolumam e não adianta negar o óbvio. Em tradução simultânea, ficou absolutamente claro que houve um plano detalhado para anular a eleição de 2022 e deixar o petista Lula da Silva fora do poder.

As peças estão se encaixando à perfeição. Mostram que houve duas falhas definitivas na última mudança dos comandantes da Forças Armadas no governo Bolsonaro, executada a 31 de março de 2022, em pleno aniversário da revolução de 1964.

O verdadeiro comandante do golpe – já falamos isso 500 vezes aqui na Tribuna – era Braga Netto e não Bolsonaro. Com tod certeza, quem errou na avaliação de Freire Gomes foram Braga Neto e o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira. Na ocasião, eles escolheram entre os oficiais de quatro estrelas aqueles que mais demonstravam aversão a Lula.

AVALIAÇÃO ERRADA – Acertaram na mosca ao indicar o almirante Almir Garnier para a Marinha, mas deram um tiro no pé ao escolher o general Freire Gomes para comandar o Exército e o brigadeiro Baptista Filho para a Aeronáutica.

O mais importante, por óbvio, era ter à frente do Exército um general tremendamente antipetista, e Freire Gomes foi mal avaliado. Por mais que demonstrasse desprezo a Lula, o general Freire Gomes era um oficial exemplar e legalista. Somente participaria de um golpe (contra Lula ou qualquer outro presidente) se houvesse eleições manipuladas ou crime semelhante contra as instituições democráticas.

Assim, a deposição de Lula somente não ocorreu devido à nomeação de Freire Gomes. Embora fosse legalista, o brigadeiro Baptista Junior não teria como evitar o golpe sozinho e talvez fosse até levado a aderir, caso sofresse pressão do Alto Comando da Aeronáutica.

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P.S. 1 –
Além de ter errado na avaliação do general Freire Gomes, a dupla Braga Netto e Paulo Sérgio Nogueira cometeu outro grande erro, que foi fatal para impedir o golpe. Mas não vamos falar disso agora. Depois eu conto, como dizia meu grande amigo Maneco Müller, o “Jacinto de Thormes”. 

P.S. 2 – Nos depoimentos dos militares, poucas contradições. A mais importante é sobre as idas do general Estevam Theóphilo ao Alvorada. Ele foi duas vezes com o general Freire Gomes e uma vez sozinho, diz ele com autorização do então comandante  Freire Gomes, que não confirma essa versão. Mas como diz Roberto Carlos, isso são apenas detalhes. (C.N.)

Baptista Jr. mandou Heleno avisar a Bolsonaro que FAB rejeitava o golpe

General Augusto Heleno confirma depoimento à CPMI de 8 de Janeiro - Estadão

Augusto Heleno pegou o avião e foi avisar Jair Bolsonaro

Edoardo Ghirotto
Metrópoles

O ex-comandante da Aeronáutica, brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior, afirmou à Polícia Federal que o general Augusto Heleno, então ministro do Gabinete de Segurança Institucional, ficou “atônito” ao escutar a negativa do militar sobre participar de um eventual golpe de Estado.

Baptista Junior declarou, em depoimento, que conversou com Heleno sobre o assunto no dia 16 de dezembro de 2022, durante uma formatura do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA).

CONVERSA RESERVADA – Heleno participava da formatura do neto no ITA, mas havia sido chamado com urgência por Bolsonaro para uma reunião em Brasília.

O general, à época, comandava o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e havia pedido que Baptista Junior cedesse uma vaga no avião da Força Aérea Brasileira (FAB) que retornaria à capital federal.

O ex-comandante da Aeronáutica disse à PF que estranhou a urgência de uma reunião no fim de semana e, por isso, levou Heleno a uma sala reservada.

RECADO A BOLSONARO – Na conversa, o então comandante Baptista Junior declarou “de forma categórica ao general Heleno que a FAB não anuiria com qualquer movimento de ruptura democrática”.

E que, por não ter sido convidado para a reunião, solicitou a Heleno que “reafirmasse ao então presidente, Jair Bolsonaro, a posição da Aeronáutica”.

Heleno, segundo consta do depoimento, “ficou atônito e desconversou sobre o assunto”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Caramba! Eles falavam abertamente sobre o golpe, enquanto o povo estava empenhado em arranjar dinheiro para as compras de Natal… (C.N.)

Não é crime discutir minuta de decreto previsto na Constituição, diz Bolsonaro

Bolsonaro Foto colorida do ex-presidente Jair Bolsonaro, em Brasília - Metrópoles

Jair Bolsonaro segue uma linha de defesa bem estruturada

Paulo Cappelli
Metrópoles

Em depoimento à Polícia Federal (PF), o ex-comandante do Exército Freire Gomes afirmou que Bolsonaro apresentou três hipóteses para evitar a posse de Lula após a derrota eleitoral em 2022. Segundo o general, foram discutidas as implementações de Estado de Defesa e Estado de Sítio, além da decretação de uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO).

Procurado pela coluna, Bolsonaro afirmou que “não é crime” falar sobre o que está previsto na Constituição Federal. E sustentou que nenhuma das medidas foi levada adiante.

DISSE BOLSONARO – “Sobre o Estado de Defesa e o Estado de Sítio, precisa convocar um conselho com diversos integrantes. Para que fosse implementado, precisaria convocar o conselho, inclusive com presidente da Câmara e do Senado. E não teve nenhum conselho convocado. Aqui não é Hugo Chávez, Maduro. Dados os considerandos, quem dá a palavra final é o Parlamento. Já a Garantia da Lei e da Ordem não se pode fazer do nada. Tem que ter fundamento.”

“Não é crime falar sobre o que está previsto na Constituição Federal. Você pode discutir e debater tudo o que está na Constituição Federal. O que falam em delação, em depoimentos, é problema de quem falou. É uma narrativa idiota [dizer que houve crime]”, disse.

No caso do Estado de Defesa, é necessária a convocação do Conselho da República e do Conselho de Defesa Nacional. Ele é instituído por meio de decreto presidencial, que deverá indicar a sua duração, as áreas a serem abrangidas e as respectivas medidas coercitivas. No caso do Estado de Sítio, além de reunir os dois conselhos, a decretação é submetida pelo presidente da República ao Congresso Nacional.

Já a Garantia da Lei e da Ordem (GLO) é uma ação militar que reúne as Forças Armadas a partir de ordem do presidente. A medida é aplicada em graves situações de perturbação da ordem, quando as forças tradicionais não conseguem equacionar o problema.

AMEAÇA DE PRISÃO – Outro trecho contundente nos últimos depoimentos coletados pela PF está em uma fala do ex-comandante da Força Aérea Brasileira (FAB) Carlos de Almeida Baptista Júnior.

Ele disse que Freire Gomes ameaçou prender Bolsonaro caso o então presidente “atentasse contra o regime democrático por meio de alguns institutos previstos na Constituição”.

Bolsonaro disse não ter acessado o depoimento de Baptista Júnior e que só se manifestará após ter conhecimento da íntegra do referido relato, que já está à disposição, com sigilo quebrado por Moraes.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Bolsonaro tem cara de idiota, jeito de idiota, mas não é nada idiota quando precisa se defender. Sabe que planejar golpe não é crime. Seu problema será convencer o ministro Moraes e o Supremo, que são chegados a um contorcionismo para “interpretar” as leis. Na verdade, até agora não há nenhuma prova material contra Bolsonaro. Tudo é tipo minha palavra contra a dele. Enquanto isso, quem foi preso no 8 de Janeiro está pegando cadeia, num rigor tão excessivo que chegou a comover Elon Musk, que não demonstra maior interesse pela política brasileira. (C.N.)   

Aliados dizem que não pode dar certo: ‘Padilha ri demais e Rui Costa não ri”

O presidente Lula conversa com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e com o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, durante reunião no Planalto

Lula, Rui e Padilha não falam a mesma língua, dizem aliados

Daniela Lima
GloboNews

“O (Alexandre) Padilha ri demais. O Rui (Costa) não ri. Não tem como dar certo. E pior: Tarcísio está surfando na pauta da segurança. Estou sinceramente preocupado.” A análise franca é de um aliado inconteste de Luiz Inácio Lula da Silva. Aliado há décadas, que participa dos debates sobre o governo e viu um declínio drástico no cenário político para o Planalto.

Este aliado não é o único. Diferentes setores do Congresso e do Judiciário falam em desarticulação política, falas descontroladas e pouco gesto na direção de aliados que deram base e forma à chamada frente ampla que levou à vitória de Lula.

JANTAR DE DIRCEU – Exemplos dessa falta de cuidado e de escuta a setores que não necessariamente só os do PT foram discutidos à exaustão no já mencionado pelo blog do Valdo Cruz no jantar de aniversário de José Dirceu.

“Frente ampla não é apenas colocar gente de outros partidos no governo. É executar um programa amplo. O Palácio é 100% PT”, relatou um ministro do Supremo.

Outro integrante da Corte já havia criticado a condução da comunicação, vê o governo criando ruídos, investindo em pautas sectárias que encobrem eventuais resultados práticos e positivos. Recentemente, o Instituto Fome Zero divulgou que 13 milhões de pessoas deixaram de passar fome em 2023. Foi há dois dias. Qual o tema da política? A PEC das Drogas, pauta da extrema direita.

CASO ALCOLUMBRE – “O MDB têm feito sucessivos acenos ao governo, acenos nunca retribuídos. O governo dialoga e prestigia, por exemplo, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Davi Alcolumbre. E qual a pauta dele? Ser o próximo presidente do Senado. Como? Usando a CCJ de palanque bolsonarista”, relata um emedebista.

Essa mesma fonte elenca questões que foram colocadas em pauta na comissão anos últimos meses: “Fim da saidinha, PEC das Drogas, projeto contra decisão monocrática do Supremo e, está na bala a votação de mandato de ministro. Todas pautas bolsonaristas. Parece que não foi o projeto de Lula o eleito, mas ele não reage”.

Rui Costa e Padilha têm sido muito criticados. No Senado, circula um apelido: “A República do Acarajé”. Costa é baiano.

ATÉ NO SENADO… – “Sabe o que acontece? O governo nunca teve problema no Senado. Começou a ter porque as pessoas perceberam que o que funciona com eles é o método Arthur Lira: pressão, pressão e cobrança. Então tá”, relata o emedebista.

Mas o Planalto não vê problema e até coloca panos quentes nas críticas. Diz que elas ajudam a azeitar as coisas e que há tempo para reverter o desgaste atual.

Golpe de estado à brasileira tinha agentes duplos e até agente triplo

Freire Gomes e Theophilo entram em contradição em depoimentos

Theophilo era agente triplo e Freire era um agente duplo

Deu no Poder360

O depoimento do ex-comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, à PF (Polícia Federal) entrou em contradição com o depoimento do general Estevam Theophilo, ex-chefe do Coter (Comando de Operações Terrestres).

Os documentos foram divulgados nesta sexta-feira (15.mar.2024) depois de determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), para quebrar o sigilo dos depoimentos sobre o suposto plano de golpe de Estado para manter Jair Bolsonaro (PL) na Presidência.

TRÊS REUNIÕES – À PF, o general Estevam Theophilo disse ter ido três vezes ao Palácio da Alvorada – residência oficial do presidente da República – depois do segundo turno das eleições de 2022.

Segundo ele, as três vezes em que compareceu no Alvorada foi a pedido de Freire Gomes, então comandante do Exército. O ex-chefer do Coter afirmou ainda que foi acompanhado de Freire Gomes em duas ocasiões. A única vez que teria ido sozinho, em 9 de dezembro de 2022, seria também por ordem do então comandante.

Na ocasião, Theophilo teria se encontrado a sós com Bolsonaro. De acordo com ele, o encontro foi para “ouvir lamentações” do então chefe do Executivo sobre o resultado das eleições.

OUTRA VERSÃO – No entanto, o depoimento de Freire Gomes não bate com a versão de Theophilo.

Ao ser questionado sobre a ida do general ao Palácio da Alvorada, o ex-comandante disse ter tomado conhecimento do encontro de Theophilo e Bolsonaro em 9 de dezembro por meio de áudio encaminhado pelo tenente-coronel Mauro Cid, então ajudante de ordens do ex-presidente.

O ex-comandante disse que não partiu dele a ordem para que o general fosse até o Palácio da Alvorada. Freire Gomes afirmou que o áudio enviado por Cid dizia que a presença do general Theophilo havia sido solicitada pelo próprio Bolsonaro.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Como dizia Machado de Assis, a confusão é geral. Essa contradição entre os dois depoimentos não indica nada, porque no Brasil de hoje existe muito militar mentiroso, algo incomum tempos atrás. No presente caso, o que está provado é que Mauro Cid era agente duplo, servindo a Bolsonaro e a Freire Gomes. O próprio general Freire Gomes também agia assim, servindo a Bolsonaro e ao Alto Comando do Exército, ao mesmo tempo. E o general Estevam Theophilo era agente triplo, porque servia simultaneamente a Freire Gomes, ao Alto Comando e a Bolsonaro. Assim, quem pode levar a sério um golpe desse tipo? (C.N.)

Eleição em São Paulo será tão nacional quanto a loucura da política brasileira

Pesquisa para prefeito de SP: Boulos e Nunes aparecem tecnicamente  empatados; seguidos por Tabata Amaral em 3º

Tábata tenta quebrar a polarização, mas está muito difícil

Vinicius Torres Freire
Folha

É bem razoável especular que o resultado da eleição para prefeito de São Paulo venha a ser muito influenciado pelos padrinhos dos candidatos que ora lideram o Datafolha, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) e o prefeito Ricardo Nunes (MDB).

Para quem não se ocupa da política paulistana, diga-se que Boulos está no canto vermelho do ringue, apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo PT. Do lado amarelo, Nunes deve ter o apoio de Jair Bolsonaro — ou pelo menos assim o deseja.

DEGRADAÇÃO DO DEBATE – Mais do que “nacionalizada” em termos político-partidários, a disputa paulistana pode ser nacional também em termos de degradação do debate, do acirramento do que se chama de “guerra cultural” e da fofoca demencial ignara de redes sociais e de mensagens.

A pauta do Congresso deve aguçar o conflito e oferecer mais oportunidades para quem quer criar torrentes de lama e desinformação pelos “zaps”, onde tem se definido muita eleição brasileira desde 2018.

Nas pesquisas recentes de avaliação do governo federal e da situação do país, fica mais uma vez evidente que a maioria do eleitorado (uns 70%) racha em opiniões opostas sobre quase qualquer assunto, a depender do voto declarado na eleição presidencial de 2022. O Datafolha sobre a eleição paulistana dá mais indícios de quanto a disputa pode ser “nacionalizada”, nos termos já notavelmente degradados.

DIZ O DATAFOLHA – “O prefeito de São Paulo precisa ter o apoio do presidente da República para ser bem-sucedido?”, pergunta o Datafolha. Concordam 72% dos eleitores da cidade (43% “totalmente”, 23% “em parte”).

“A eleição para prefeito de São Paulo é uma continuação da eleição para Presidente da República de 2022?”. Sim, para 56% (26% “totalmente”, 30% “em parte”).

Para 63% dos eleitores, o apoio de Bolsonaro seria motivo de rejeição de um candidato a prefeito; por outro lado, 42% não votariam “de jeito nenhum” em um apadrinhado de Lula.

HAVERÁ INFLUÊNCIA – Não quer dizer, necessariamente, que um eleitor deixará de votar de fato em Boulos ou Nunes por causa de seus padrinhos, embora sejam fortes os indícios de que Lula e Bolsonaro terão influência no voto. Além do mais, a informação do eleitorado sobre os candidatos é escassa.

Por exemplo, 30% dos eleitores não sabem qual é o candidato preferido de Bolsonaro em SP (é Nunes) ou acham que o capitão vai apoiar Boulos (8%), Tabata Amaral (4%) ou Altino, do PSTU (4%).

Instados a mencionar o candidato preferido sem que seja apresentada uma lista de nomes, cerca de 60% dos eleitores não sabem citar o nome de quem escolheriam para prefeito.

ILUSTRES DESCONHECIDOS – Boulos é desconhecido ou quase isso para 44% dos eleitores (17% dos entrevistados não o conhecem e 27% “só de ouvir falar). Nunes, apesar de prefeito, é quase incógnito para 45% (15% o desconhecem, 27% só sabem do alcaide “de ouvir falar”). Tabata Amaral (PSB) precisa distribuir muito santinho virtual: 47% não sabem quem é; 23%, “só de ouvir falar”.

Como a desinformação é grande, pode-se argumentar que esses números da pesquisa, picados, podem dar em qualquer tipo de salsicha. Pode ficar ainda pior.

No Congresso, há debates tais quais a criminalização constitucional de porte de doses mínimas de maconha, por exemplo. A emenda vai ao plenário. Aprovada ou não, deve ser tema de zaps.

GUERRAS CULTURAIS – Comissões importantes do Congresso são ora comandadas pela extrema direita lunática. No que têm de muito esperto, farão ferver conversas sobre MST, “balbúrdia” e “ideologia de gênero” nas escolas e assemelhados. São temas das “guerras culturais”.

O caldo pode engrossar mais, até pelo aumento da tensão: Bolsonaro pode ser denunciado ou se tornar réu por sua série de cometimentos.

A conversa sobre buraco de rua vai deixar saudade.

Fuga de Mossoró desmoraliza sistema de segurança e o governo fica apático

A fuga no presídio de Mossoró

Fuga dos chefões comprova que esse sistema não funciona

Merval Pereira
O Globo

A fuga do presídio de Mossoró em si foi uma derrota do governo, porque mostrou que o sistema federal de presídios, tido como inexpugnável, na verdade não existia. Os presos fugiram cavando buraco na parede. Além disso, há indicações de que os dois fugitivos estão recebendo ajuda da facção criminosa à qual pertencem e estão conseguindo fugir da força especial e de todos os aparatos policiais colocados em busca deles.

Está demonstrado que o governo federal não tem preparo para manter isolados estes bandidos perigosos. Esta fuga faz com que todo o sistema federal seja colocado em dúvida, o que é muito ruim para o governo.

FRACASSO PERIGOSO – Os líderes mais temíveis das facções ficavam nestas prisões tidas como inexpugnáveis, e era um castigo que os assustava. Agora não assusta mais, sabem que não funciona. É um fracasso perigoso para o sistema federal de segurança.

Segurança pública é um problema sério e nenhum governo quis enfrentá-lo de frente. Todos evitam a questão, transferindo a responsabilidade para os governos estaduais. Já não é mais possível fazer isto, porque a segurança pública está em colapso há muito tempo no país inteiro.

Há áreas onde quem domina são o tráfico de drogas e as facções criminosas, com ramificações internacionais. É um assunto que o governo deve olhar de frente, não tem como fingir que não existe. Nossas fronteiras são vulneráveis e nossos bandidos já têm conexões com bandidos internacionais. É necessário federalizar este combate.

​Amigos a admiradores se unem para comemorar os 92 anos de Bernardo Cabral

Discurso do Senador Bernardo Cabral durante o Lançamento da Revista Bicentenário da Independência do Brasil organizado pelo IAB e OAB – FCCE

Cabral permanece como um exemplo de homem público

Vicente Limongi Netto

Todos são unânimes ao destacar a impressionante carreira de Bernardo Cabral, como jurista, ex-deputado, ex-senador, ex-ministro da Justiça, ex-presidente da OAB, especialmente como relator da Constituinte, que recebia tanta pressão de todos lados, que teve de trabalhar refugiado na Gráfica do Senado, só aparecendo no Congresso para as principais reuniões e votações.

O general Agenor Homem de Carvalho, um dos melhores amigos de Bernardo Cabral, lembra que o general Leônidas Pires Gonçalves, ex-ministro do Exército no governo Sarney, costumava afirmar que as Forças Armada tinham uma dívida de gratidão a Bernardo Cabral pelo seu extraordinário trabalho como relator da Constituição.

“Apesar de cassado pelo Governo Militar e pressionado constantemente por incontáveis colegas no Congresso, jamais permitiu que houvesse vingança contra com os militares no novo texto constitucional”, diz Homem de Carvalho.

AMIGO DE VERDADE – “Minhas relações de amizade com Bernardo Cabral são muito próximas, não somente porque somos do mesmo estado e da mesma cidade, Manaus, como também morávamos na mesma rua. Então, brincamos dizendo que já são mais de 100 anos de relações de amizade. Ele sempre se destacou como aluno na Faculdade de Direito, e eu entrei depois dele, bem depois”, revela José Roberto Tadros, presidente da Confederação Nacional do Comércio (CNC), acrescentando:

“Foi orador da sua turma, fez concurso para juiz. Passou, depois desistiu, quando percebeu que a vocação era a política e tornou-se jornalista. Enfim, tudo que ele exerceu na vida sempre foi um sucesso. E, por último, culminou em ser relator da Constituição Cidadã de 1988”, afirma Tadros.

Já o ministro Marco Aurélio Mello, ex-presidente do Supremo assinala que “é sempre oportuno homenagear homens públicos com folha de serviços prestados. Bernardo Cabral honrou os cargos ocupados, contribuindo para a vinda de dias melhores. Elegância ímpar, cultivador de predicado em desuso, a solidariedade. Admiradores festejam sua trajetória, e eu parabenizo meu bom amigo.”

CARREIRA BRILHANTE – Ao celebrarmos os 92 anos de vida de Bernardo Cabral, é com imenso respeito e admiração que prestamos homenagem à sua carreira brilhante como homem público. Sua dedicação incansável ao serviço do país em diversos cargos é um testemunho vivo de sua honestidade, competência e compromisso com os princípios da justiça e da democracia. Sua carreira, marcada por uma atuação exemplar, inspira gerações a seguir um caminho de integridade e amor à Pátria”, diz Valmir Campelo, ex-deputado, ex-senador e ministro aposentado do Tribunal de Contas da União.  

“Bernardo Cabral é um patrimônio nacional pela brilhante trajetória de homem público, jurista e orador de referência. E com a grandeza de um compromisso com o Amazonas que tanto lhe deve. Uma felicidade o termo lúcido e ativo, ainda trabalhando, apesar da idade”, acentua o jornalista e executivo Aristóteles Drummond.

Lula reúne ministros para dar broncas, mas quem pode dar broncas em Lula?

Lula da Silva promete campanha pelo Português como língua oficial e reitera  reforma urgente da ONU

Lula não tem críticos, porque se julga dono da sua verdade

Eliane Cantanhêde
Estadão

O presidente Lula bateu o martelo: a próxima reunião ministerial será na segunda-feira, 18/3, e por mais que o governo vá dizer que isso já estava na agenda havia tempos, a verdade é que a luz amarela finalmente acendeu no Palácio do Planalto e no gabinete presidencial depois das três últimas pesquisas e de praticamente todas as colunas de opinião no fim de semana.

Lula ainda não tinha estudado profundamente as pesquisas até ontem, como deveria, mas a equipe do ministro Alexandre Padilha, da Articulação Política, vem passando um pente fino nos dados para identificar as áreas mais frágeis e os segmentos mais refratários e se reuniu nesta segunda, já no fim da tarde, para produzir relatório para Lula. Ele tem uma semana para tirar conclusões, avaliar os recados e se preparar para a reunião.

MEA CULPA – Não está previsto o presidente discutindo golpes, militares dizendo que o golpe tem de ser já, ministros defendendo a prisão de ministros do Supremo e de governadores ou sugerindo “passar a boiada” na Amazônia ou qualquer outro magnífico bioma brasileiro. Isso é coisa do governo passado. E o que o atual tem que, obrigatoriamente, discutir?

O principal é fazer mea culpa, mas isso vale mais para o próprio presidente do que para seus ministros, ou para a maioria deles. Afinal, a queda nas pesquisas e as críticas dos chamados formadores de opinião se devem muito mais às frases equivocadas, às posições antiquadas e às alianças internacionais sem sentido de Lula.

Ok, a inflação dos alimentos pesa, mas não é determinante no aumento de desaprovação em vários segmentos, inclusive nos tradicionalmente favoráveis a ele e ao PT.

DEU BRONCA – Nas últimas reuniões, Lula deu bronca nos ministros por falarem demais e anunciarem projetos ainda em discussão, sem combinar e acertar com o chefe da Casa Civil, Rui Costa, e causando uma confusão danada. Os alvos do puxão de orelhas foram ministros como Márcio França, Carlos Luppi e Luiz Marinho. E agora, quem vai dar bronca e puxar as orelhas de Lula?

Fernando Haddad vai pedir para Lula parar de anunciar gastos e de derrubar a promessa de déficit zero? Nísia Trindade vai cobrar a cara, a voz e o peso de Lula quando os casos de dengue atingem mais de 1,5 milhão de brasileiros? O chanceler Mauro Vieira vai reclamar de megalomania, da tentativa natimorta de negociação nas guerras contra a Ucrânia e Gaza e na comparação de Israel com Hitler e nazismo?

E quem vai resolver a crise entre o ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia) e o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, e apontar o dedo para o presidente para protestar contra a redução da distribuição de dividendos da Petrobrás, a tentativa de impor Guido Mantega na presidência da Vale e a ingerência política nas estatais?

VALOR DE MERCADO – Afinal, foram fatores decisivos para a Petrobras perder R$ 55 bilhões em valor de mercado num único dia, demolindo outros resultados positivos, como o segundo maior lucro da história da companhia, sem venda de nenhum ativo. É a mania de jogar fora as boas notícias e apostar nas ruins.

Entre meio a tanto o que aprender e melhorar com as pesquisas, só falta agora Lula ignorar a realidade, dar de ombros e fazer ouvidos moucos para os recados da sociedade. Quando as mortes por Covid passaram de 5.000, Jair Bolsonaro reagiu: “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê?’.

 Quando entidades de Direitos Humanos denunciaram na ONU as, agora, 40 mortes em ações policiais na Baixada Santista, o governador Tarcísio de Freitas foi na mesma linha: “Pode ir na ONU, na Liga da Justiça, no raio que o parta, que não tô nem aí”. E Lula, como reage às pesquisas, às críticas e à realidade?

Enfim, vaza o depoimento de Freire Gomes, que complica Bolsonaro ainda mais

General Freire Gomes: Bolsonaro autorizou acampamentos golpistas - La Gauche

Em seu depoimento, Freire Gomes incrimina Jair Bolsonaro

Rayssa Motta e Fausto Macedo
Estadão

O general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, colocou o ex-presidente Jair Bolsonaro no centro de articulações golpistas para anular o resultado das eleições de 2022.

No depoimento prestado à Polícia Federal no dia 1º de março, no inquérito do golpe, o general afirmou que Bolsonaro convocou reuniões no Palácio do Alvorada, após o segundo turno, e “apresentou hipóteses de utilização de institutos jurídicos como GLO (Garantia da Lei e da Ordem), estado de defesa e sítio em relação ao processo eleitoral”.

7 DE DEZEMBRO – A minuta golpista apreendida pela Polícia Federal teria sido apresentada em um encontro na residência oficial no dia 7 de dezembro de 2022, segundo o ex-comandante do Exército. “Bolsonaro informou que o documento estava em estudo e depois reportaria a evolução aos comandantes”, diz um trecho do termo de depoimento. A defesa do ex-presidente foi procurada, mas ainda não se manifestou.

Gomes Freire contou que o convite para comparecer ao Palácio do Alvorada foi enviado pelo então presidente por meio do ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, mas que o tema da reunião não foi informado previamente. O encontro, segundo o depoimento, aconteceu na biblioteca da residência oficial.

Foi o assessor para assuntos internacionais da Presidência, Filipe Martins, preso na Operação Tempus Veritatis, quem “leu os considerandos e fundamentos jurídicos da minuta”, narrou Freire Gomes.

ESTADO DE DEFESA – O general também contou que uma versão diferente do documento foi apresentada em outra reunião, desta vez com os chefes das Forças Armadas e o ministro da Defesa. O rascunho, segundo Freire Gomes, previa a decretação do estado de defesa e a criação de uma comissão de regularidade eleitoral para apurar a “conformidade e legalidade” das eleições.

Os dois pontos estavam presentes na minuta apreendida na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, que negou saber a autoria do documento.

Em depoimento à PF, Freire Gomes disse que Bolsonaro convocou reuniões com comandantes das Forças Armadas no Alvorada para apresentar ‘hipóteses de utilização de institutos jurídicos como GLO, estado de defesa e sítio em relação ao processo eleitoral’.

SEM CHANCE – O general  alegou à PF que “sempre deixou evidenciado ao então presidente que o Exército não participaria da implementação desses institutos visando reverter o processo eleitoral” e que Bolsonaro “não teria suporte jurídico” para anular o resultado da eleição. O chefe da Marinha, almirante Almir Garnier, teria se colocado à disposição do ex-presidente, de acordo com o general.

A Polícia Federal também questionou o ex-chefe do Exército sobre a carta escrita por oficiais da ativa quando bolsonaristas radicais acampavam próximo a instalações das Forças Armadas. O texto pedia medidas para “manutenção da Garantia da Lei e da Ordem e da preservação dos poderes constitucionais”.

Freire Gomes disse que considerou a iniciativa uma tentativa de fazer pressão para que os comandantes aderissem ao plano golpista. “Após verificarem que comandantes não iriam aceitar qualquer ato contra democracia, começaram a realizar ataques pessoais”, afirmou.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O depoimento vazou na Veja, em matéria de Marcela Mattos e Laryssa Borges, nesta quinta-feira, e o Estadão deu uma recozinhada. O importante é que se complica a situação de Bolsonaro, porque o depoimento do ex-comandante da Aeronáutica, brigadeiro Baptista Junior, confirma as denúncias de Freire Gomes, fechando o cerco em torno do ex-presidente. A Bolsonaro, agora, só resta procurar o melhor advogado do Brasil para defendê-lo, mediante transferência de um bom pedaço daqueles R$ 17,2 milhões que os fanáticos bolsonaristas depositaram na conta do ex-presidente. (C.N.)

Iniciativas de governo devem ser direcionadas aos interesse público

Governo deve potencializar projetos e alavancar aprovação de Lula

Pedro do Coutto

O governo está pronto a receber propostas de planos de comunicação pelas empresas especializadas no setor, mas o projeto de comunicação capaz de deter a queda da popularidade do presidente Lula da Silva dependerá do conteúdo de suas ações. As empresas de comunicação são notoriamente eficientes, incluindo o acesso às redes sociais da internet. Mas é preciso que se divulguem iniciativas de governo que possam ir ao encontro da opinião pública cumprindo assim compromissos assumidos na campanha eleitoral.

O cenário nacional está conturbando, a começar da divergência entre o Senado e o Supremo Tribunal Federal quanto à questão do porte de drogas. Onde fica a população no meio de tais dúvidas?

PREOCUPAÇÃO – A questão da Petrobras também continua sendo um ponto de preocupação do governo e está marcado um novo encontro do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates com o presidente Lula.

A questão é a participação da Petrobras num programa mais amplo de energia limpa e no combate aos problemas sociais do país. A Petrobras também tem compromisso com os seus acionistas, um deles, inclusive, o próprio governo. Os temas são vários e complexos como pode ser visto.

FAKE NEWS – O inquérito das fake news no STF completou ontem cinco anos. Em 2020, com apenas um voto contrário, o Supremo  validou o inquérito ao apreciar uma ação que questionava sua legalidade. Relator do inquérito, o ministro Alexandre de Moraes virou alvo preferencial de bolsonaristas e acumulou poder a partir da concentração de relatoria de uma série de apurações, com decisões vistas como duras e, por muitas vezes, controversas.

O tempo decorrido de investigação é bastante longo. De fato, vivemos uma situação extraordinária. O Supremo reagiu à altura e não o fez contra a lei, mas a partir de uma margem legal que lhe foi conferida pelo regimento. Um inquérito durar cinco anos não é o mais adequado, mas não há ilegalidade por si só.

COMBATE – As fake news, potencializadas pela inteligência artificial, precisam ser combatidas com rigor. Relatos crescentes de pais que perderam filhos para a desinformação, levando crianças e adolescentes a tirarem a própria vida, destacam a urgência da situação. A monstruosidade do mundo virtual das mentiras não conhece limites.

Nesta semana, o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco disse que as fake news propagadas nas redes sociais são “algo insustentável” e pediu a responsabilização das plataformas. “De fato, está ficando insustentável a quantidade de mentiras na internet. E, realmente, está uma coisa fora do comum, exagerado, sem limite. E eu acho que cabe às plataformas ter um pouco de responsabilidade em relação a isso, independente da lei até, acho que seria uma questão ética mesmo”, disse Pacheco em sessão no Plenário do Senado.

O próprio Pacheco foi alvo de fake news: “Disseram que eu sou a favor de poligamia, de mudança de sexo de criança e um monte de outras coisas mais. Então, isso, evidentemente, uma mentira completamente sem eira nem beira, que vira uma verdade para um monte de pessoas”, afirmou.

PERÍODO ELEITORAL – Segundo o presidente do Senado, as informações falsas atribuídas a ele podem ser corrigidas, mas a situação se complica durante o período eleitoral. “Isso em um período eleitoral, em que o período é curto para conhecer as propostas de alguém, manipular as informações com mentira e com desinformação, com a busca de deturpar a realidade e ferir a reputação das pessoas, é algo realmente insustentável. Nós não podemos mais conviver com isso.”

O congressista citou o PL 2.630/2020, chamado de “PL das fake news”, que foi aprovado pelo Senado e aguarda análise da Câmara dos Deputados. “O Senado Federal já aprovou um projeto de lei de combate a fake news para colocar limites a essas plataformas digitais. Está na Câmara dos Deputados. Espero que a Câmara discipline essa questão”, afirmou.

Embora o Supremo Tribunal Federal (STF) esteja comprometido com o combate à desinformação, cabe aos deputados e senadores chegarem a um consenso sobre as regras que se tornarão lei. Os líderes de todos os partidos devem ser convocados para o debate, respeitando os princípios democráticos.

Freire Gomes ameaçou prender Bolsonaro, disse o ex-chefe da Aeronáutica

O ex-comandante das Força Aérea Brasilia Carlos de Almeida Baptista Junior durante audiência pública na Câmara dos Deputados

Depoimento de Baptista Júnior incrimina Jair Bolsonaro

Fabio Serapião, Cézar Feitoza e Julia Chaib
Folha

O ex-comandante da Aeronáutica Carlos Almeida Baptista Júnior afirmou à Polícia Federal que o ex-comandante do Exército Freire Gomes chegou a comunicar que prenderia o então presidente Jair Bolsonaro (PL) caso ele tentasse colocar em prática um golpe de Estado.

A afirmação consta no depoimento de Baptista Júnior, ao qual a Folha teve acesso, no inquérito das milícias digitais, que investiga a tentativa de golpe debatida pelo ex-presidente e seu entorno após o segundo turno das eleições de 2022 para impedir a posse de Lula (PT).

TERIA QUE PRENDER – “Depois de o presidente da República, Jair Bolsonaro, aventar a hipótese de atentar contra o regime democrático, por meio de alguns institutos previsto na Constituição (GLO ou estado de defesa ou estado de sítio), o então comandante do Exército, general Freire Gomes, afirmou que caso tentasse tal ato teria que prender o presidente da República”, disse o ex-comandante da FAB.

Baptista Júnior (Aeronáutica) relatou a ameaça de Freire Gomes (Exército) no mesmo contexto em que narrou como ele e o chefe do Exército se posicionaram contra o golpe, enquanto o então comandante da Marinha, Almir Garnier Santos, colocou as tropas à disposição ao discutir as minutas apresentadas por Bolsonaro.

Além de indicar que Freire Gomes tentou convencer Bolsonaro a não utilizar as teses jurídicas de GLO (Garantia da Lei e Ordem), estado de sítio e estado de defesa, o então chefe da Aeronáutica disse à PF que ele mesmo avisou o ex-presidente que não apoiaria uma ruptura institucional.

SEM CHANCE – “Em outra reunião dos comandantes das Forças com o então Presidente da República, o depoente deixou evidente a Jair Bolsonaro que não haveria qualquer hipótese do então presidente permanecer no poder após o término do seu mandato. Que deixou claro ao então presidente Jair Bolsonaro que não aceitaria qualquer tentativa de ruptura institucional para mantê-lo no poder”, disse ele.

O ex-chefe da FAB também relatou qual foi a reação de Bolsonaro após ele “deixar claro” sobre sua posição a respeito de GLO, estado de sítio e estado de defesa, debatidas nas minutas colocadas na mesa pelo entorno do ex-presidente. “Que o ex-presidente ficava assustado”, afirmou.

As declarações de Baptista Júnior reforçam as de Freire Gomes, que disse à PF que somente Garnier concordou com as ideias propostas nas versões das minutas golpistas discutidas com Bolsonaro.

SEMPRE CONTRA – Freire Gomes disse em seu depoimento que em todos os momentos ele e o comandante da Aeronáutica se mostraram contrários aos planos golpistas.

“Que ele e Baptista afirmaram de forma contundente suas posições contrárias ao conteúdo exposto. Que não teria suporte jurídico para tomar qualquer atitude. Que acredita, pelo que se recorda, que o almirante Garnier teria se colocado à disposição do presidente da República”, contou Freire Gomes.

Como mostrou a Folha, Freire Gomes também afirmou à PF que a minuta golpista encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres é a mesma versão que foi apresentada por Bolsonaro aos chefes das Forças Armadas em reunião em dezembro de 2022.

SEM COMENTÁRIOS – Procurada, a defesa de Torres preferiu não comentar o teor do depoimento. As defesas de Bolsonaro e de Garnier não se manifestaram.

No depoimento, o general disse que o documento foi apresentado por Bolsonaro em uma segunda reunião entre os chefes militares e o então presidente da República.

“Que confirma que o conteúdo da minuta de decreto apresentada foi exposto ao declarante nas referidas reuniões. Que ressalta que deixou evidenciado a Bolsonaro e ao ministro da Defesa [general Paulo Sérgio Nogueira] que o Exército não aceitaria qualquer ato de ruptura institucional”, disse o general, segundo o termo de depoimento.

OUTROS PROCESSOS – O ex-presidente já foi condenado pelo TSE por ataques e mentiras sobre o sistema eleitoral, por exemplo, e é alvo de diferentes outras investigações no STF. Neste momento, ele está inelegível ao menos até 2030.

Caso seja processado e condenado pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado democrático de Direito e associação criminosa, o ex-presidente poderá pegar uma pena de até 23 anos de prisão e ficar inelegível por mais de 30 anos.

Bolsonaro ainda não foi indiciado por esses delitos, mas as suspeitas sobre esses crimes levaram a Polícia Federal a deflagrar uma operação que mirou seus aliados em fevereiro.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Enfim, o primeiro vazamento, que é arrasador contra Bolsonaro e confirma o que já se sabia há vários meses, pois Mauro Cid já havia testemunhado que o general Freire Gomes ameaçara prender o presidente golpista. E cai o pano, como se diz no teatro. (C.N.)

Desemprego e cansaço do trabalhador que sonhou tirar diploma na cidade

Músicas, vídeos, estatísticas e fotos de Zé Geraldo | Last.fm

Zé Geraldo, grande compositor mineiro

Paulo Peres
Poemas & Canções

O cantor e compositor mineiro José Geraldo Juste, na letra de “Catadô de Bromélias” confessa porque está cansado de viver na cidade, onde a chegada do desemprego deixou-lhe como solução regressar para onde veio em busca de dias melhores em todos os sentidos. A música faz parte do CD Catadô de Bromélias, gravado por Zé Geraldo na Sol do Meio Dia, em 2008.

CATADÔ DE BROMÉLIAS
Zé Geraldo

Cansei da vida na cidade
Meu diploma
Minha faculdade perderam o valor
Desemprego chegou
Vou voltar pro lugar
Donde nunca eu devia ter saído
Volto hoje um ilustre desconhecido
Vou bater de porta em porta
Procurar emprego
Na porteira da fazenda eu vou me apresentar

Meu nome é José
Sou carpinteiro
Assim como José
O primeiro

Eu faço alguns biscates
Sei limpar lavoura sei catar café
Eu ando a pé quantas léguas for
Pra buscar qualquer coisa pro senhor
Domingo de sol
Levanto bem cedim
Não vou ficar que nem na cidade
Quando eu passava o dinterimbebim
Vou entrar no mato
Vou catar bromélias
Pra enfeitar o seu jardim

De noite eu vou pro terreiro
Tem mulher bonita
Tem violeiro
Quem sabe eu encontro um coração aberto
Que ainda queira ter por perto
Um catadô de bromélias
Um simples sonhador
De paixão e alegria
Vou fazer festa pra ela até romper o dia

Meu nome é José
Sou carpinteiro
Assim como José
O primeiro

Maioria dos brasileiros insiste em lutar contra corrupção, mas quem se habilita?

Tribuna da Internet | Sociedade brasileira está aprisionada à corrupção do caráter, uma forte pandemia

Charge do Tacho (Jornal NH)

Carlos Alberto Sardenberg
O Globo

O tiro fatal contra a Lava-Jato foi disparado pelo juiz símbolo da operação — Sergio Moro, quando aceitou ser ministro da Justiça de Bolsonaro. Sendo generoso, havia atenuantes favoráveis à escolha de Moro. O então futuro presidente entregara tudo, o controle da Polícia Federal, de todo o sistema de segurança pública e das movimentações financeiras. Mais a garantia de apoio aos ambiciosos projetos de combate à corrupção.

Avaliação equivocada de Moro. Primeiro, Bolsonaro já não era de confiança, mesmo porque ele e seus filhos tinham rolos na Justiça e na polícia. Seu comportamento nunca foi de um republicano, mas de desconfiança em relação às instituições, a começar pelo Judiciário. Não demorou muito para Bolsonaro reclamar da PF de Moro e conseguir uma PF para chamar de sua.

DAVA PARA DESCONFIAR – Em segundo lugar, dava para desconfiar: a elite política aceitaria tanto poder nas mãos de Moro? Temos a vantagem de olhar para trás. Mas falemos francamente: a Lava-Jato, gostando ou não seus outros integrantes — e muitos não gostaram —, tornara-se bolsonarista. Isso num país rachado ao meio.

Sim, havia as conversas grampeadas entre os procuradores e Moro, mas dificilmente levariam à aniquilação da Lava-Jato de Curitiba e, depois, de tudo o que fosse combate à corrupção.

Em entrevista ao Valor, publicada na última quarta-feira, o procurador aposentado Carlos Fernando dos Santos Lima, uma das lideranças da operação, comentou que esse tipo de conversa é rotineiro na Justiça. Correto. Acrescentamos: rotineiras também são as conversas de advogados com os juízes, prática, aliás, que permanece intacta. Todo mundo familiarizado com os meios jurídicos de Brasília sabe o que é um “embargo auricular”, não raro praticado em jantares, recepções e viagens.

DENÚNCIAS VAZIAS – Houve também acusações de desvio de recursos devolvidos por delatores, mas nada disso foi provado. Dallagnol não foi cassado por isso. A Justiça Eleitoral aceitou o argumento de que ele renunciara ao cargo de procurador para escapar de sindicâncias que poderiam levar a processos, que poderiam levá-lo ao afastamento da Procuradoria. Poderiam?

Moro pode ser cassado por gastos na pré-campanha eleitoral para presidente. Não acharam nada mais forte que isso?

Se fosse aplicado o mesmo rigor às contas de tantos outros candidatos, sobraria pouca gente. Lembram-se da chapa Dilma-Temer, absolvida pela Justiça Eleitoral “por excesso de provas”, na expressão imortal de Jorge Moreno?

LEITURAS POLÍTICAS – Estão aí exemplos do que o ministro Gilmar Mendes, também em entrevista ao Valor, chamou de “leituras políticas”. E as defendeu. A decisão de voltar à regra de prisão só depois do último trânsito em julgado — em vez de prisão após condenação em segunda instância — decorreu, disse o ministro, justamente de uma leitura política.

Livrou Lula e abriu caminho para sua volta. Também tinha sido leitura política a de outro momento que levara à prisão de Lula.

Repararam que nada se fala de letra da lei, de interpretação jurídica sustentada? Repararam que ninguém fala dos atos concretos de corrupção, das confissões e, sobretudo, do dinheiro devolvido? Anula-se tudo por questões formais.

NA VARA ERRADA – De Sérgio Cabral — das lanchas, joias, mansão em Mangaratiba, farras em Paris —, foram anulados uns 40 anos de penas. Seria inocente? Não se tratou disso. O Tribunal de Justiça “descobriu”, tantos anos depois, que o ex-governador fora julgado numa vara errada. Teria de começar tudo de novo. Mas, bobagem, não vai dar tempo. Devolverão a lancha e as joias leiloadas?

Certa elite política e judiciária entendeu que o povo não estava mais preocupado com isso de corrupção. Logo, anule-se tudo antes que o povo perceba. Pois parece que está percebendo de novo: 59% dos entrevistados colocaram a corrupção entre os dois maiores problemas do país (o primeiro é a segurança), segundo pesquisa Atlas/Intel.

Quem poderia levantar de novo essa bandeira? Certamente, ninguém do lado de Lula ou de Bolsonaro.