Lula só conseguirá vencer em 2026 se disputar novamente contra Jair Bolsonaro

Bolsonaro: não tem como Lula estar com “45% das intenções de voto” | Metrópoles

Bolsonaro e Lula dependem novamente de haver polarização

José Perez

O jornalista José Roberto Guzzo indaga se alguém consegue indicar realizações deste governo de Lula da Silva. Eu consigo e cito logo três grandes feitos administrativos: 1) Reaparelhamento das estatais, que assim voltaram a dar prejuízos bilionários, batendo recordes negativos; 2) Volta da contabilidade criativa ou orçamento paralelo e maquiado, com novas pedaladas fiscais; 3) aumento exponencial das emendas PIX não rastreáveis no Congresso.

Estão vendo como é fácil citar realizações desse governo? Posso citar várias outras. Para Lula, Dilma e o PT, “gasto é vida”. Eles adotam a política de que é preciso elevar os gastos públicos, como se representassem investimentos produtivos, sempre com dinheiro alheio ou endividamento coletivo, claro. Essa gente é como praga em lavoura.

SÓ O BAGAÇO – Aqui no Brasil, só o agronegócio dá certo, porque o governo não consegue se intrometer para atrapalhar, apesar do grande incentivo dado por Lula e pelo PT ao Movimento Sem-Terra. Em outras atividades econômicas, o governo realmente atua como praga, com impostos escorchantes para sustentar supostos trabalhadores que não trabalham, como dizia o Roberto Campos original.

Ao final de seus governos, os petistas deixam só o bagaço em forma de recessão, desemprego e dívida pública explosiva.

Quanto à privatização, eu sou a favor, mas nunca sair de um monopólio público para um monopólio privado. Jamais! Assim como ocorreu com a bem sucedida privatização das teles, tem que haver novas concessões que estimulem a livre concorrência. Simples assim.

PUXAR O TAPETE – Como nosso jogo político é sujo, não duvido que em 2026 puxem o tapete de Tarcísio de Freitas com os argumentos de sempre (é jovem demais, ainda não está preparado, tem garantida a reeleição em São Paulo etc. e tal).

O jogo da direita exasperada é conseguir a anistia geral e colocar Jair Bolsonaro para polarizar novamente com Lula, e o Brasil que se exploda! Lula e Bolsonaro só têm chances de vitória se concorrerem novamente entre si. Por isso, lutam incansavelmente nos bastidores para que essa disputa volte a ocorrer.

Assim, tanto a direita quanto a esquerda continuam reféns de Bolsonaro e Lula, exatamente quando o Brasil precisa de uma terceira via chamada Tarcísio de Freitas, para realizar uma administração técnica, que controle a dívida e evite que o Brasil se torne uma grande Argentina.

No Dia do Poeta, um soneto autobiográfico de Efigênia Coutinho

Efigenia Coutinho (Mallemont)

Efigênia, em sua Antologia de 2014

Paulo Peres
Poemas & Canções

Hoje é o Dia do Poeta e, para marcar a data, publicamos a definição de “Ser Poeta”, na visão da artista plástica e poeta Efigênia Coutinho, nascida em Petrópolis (RJ). A seu ver, a poesia será sempre um meio de comunicação de sentimentos na escrita. “Tenho um ritmo pessoal, operando desvios de ângulos, mas sem perder de vista a tradição, procurando atingir o núcleo da ideia essencial, a imagem mais direta possível, abolindo as passagens intermediárias”, revela.

SER POETA
Efigênia Coutinho

A noite sempre cálida me espera,
Tenho em versos a recente emoção
Da inquietude que abraça a quimera,
Enquanto no meu peito pulsa a oração.

A noite ouve o acalanto, esta voz
Que brada a rima solta, e então viajo;
E busco o sopro terno do ninar em nós,
Onde se farta o frêmito voraz, que trajo.

Lá, ao vento espalhado, e envolto,
Meu verso solto, que diz: mortal, eu sou
Na arte que te fecunda e faz envolto…

Porque ser poeta é ser alguém que embelezou
A prosa e o lado vil do caso vário,
E deu-se a Deus que equilibra este rosário.

Moraes ainda precisa provar ligação entre Jair Bolsonaro e o 8 de Janeiro

Vilardi: Eventual denúncia contra Bolsonaro deve vir acompanhada de  indícios de autoria | WW – Notícias de Rondônia – Notícias em primeira mão  na internetDeu na CNN

A Procuradoria-Geral da República (PGR) está se preparando para apresentar uma denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) referente a à suposta trama golpista. Segundo o advogado criminalista Celso Vilardi, professor da FGV, essa eventual denúncia deve vir acompanhada de indícios contundentes de autoria.

Em entrevista ao programa WW, na CNN, Vilardi destacou a importância de haver provas sólidas para sustentar qualquer acusação contra o ex-presidente. “A materialidade está posta, existem vários elementos sobre a materialidade, seja a respeito da tentativa de golpe, seja a respeito do que aconteceu em 8 de janeiro”, afirmou o especialista. No entanto, para a propositura de uma denúncia, são necessários indícios sólidos de autoria e prova da materialidade.

ELO DE LIGAÇÃO – Vilardi ressaltou que, embora haja discussões sobre a caracterização dos eventos como vandalismo ou tentativa de golpe, a manifestação do procurador sugere que uma eventual denúncia será apresentada com evidências substanciais.

“O que nós esperamos a partir de uma manifestação contundente como essa é o elo de ligação”, explicou Vilardi, referindo-se à possível conexão entre Bolsonaro e os eventos investigados.

O especialista mencionou que os resultados das buscas e apreensões realizadas durante as investigações precisam fornecer informações cruciais ainda não divulgadas publicamente.

“DOMÍNIO DO FATO” – Vilardi também abordou o caráter político do Supremo Tribunal Federal (STF), ressaltando que este deve se sustentar dentro do ordenamento jurídico.

Ele alertou contra o uso equivocado da teoria do “domínio do fato”, que foi aplicada no julgamento do Mensalão e posteriormente corrigida pelo próprio STF.

“Espero que não [seja usada novamente], até porque essa teoria do domínio do fato foi utilizada de uma forma equivocada no Supremo”, comentou o advogado, lembrando das críticas que a corte enfrenta atualmente em relação à condução do inquérito das fake news.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O ilustre criminalista está corretíssimo, mas esqueceu um detalhe importante. Desde 15 de maio de 2023, quando o TSE cassou irregularmente o deputado Deltan Dallagnol, o Supremo passou a adotar uma teoria inédita no mundo – a “presunção de culpa”. No demais 192 países da ONU, a presunção é de inocência, exatamente o contrário. No caso de Bolsonaro, é claro que o relator Alexandre de Moraes pode tentar inventar um modismo desse nível, para envergonhar ainda mais o país no exterior. Vamos aguardar. (C.N.)

Projeto tenta punir os erros gritantes cometidos pelas pesquisas eleitorais

Charge do JCaesar | VEJA

Charge do JCaesar | VEJA

Paulo Cappelli e Petrônio Viana
Metrópoles

Um projeto de lei apresentado no Senado visa punir institutos de pesquisa de intenção de votos que apresentarem, na semana das eleições, levantamentos com resultados muito divergentes da contagem oficial. A proposta do senador Ciro Nogueira (PP-PI) prevê a proibição do registro de novas análises, por essas empresas, pelo período de 5 anos.

No projeto, Ciro Nogueira destacou casos ocorridos no primeiro turno das eleições deste ano. O senador citou o resultado da apuração em Cuiabá, que colocou Lúdio Cabral (PT) no segundo turno. Em pesquisas divulgadas dias antes da votação, Botelho aparecia até 11 pontos percentuais atrás do segundo colocado, o prefeito e candidato à reeleição Eduardo Botelho (União Brasil). Após a contagem dos votos, Abílio Brunini (PL) ficou em primeiro lugar com 39,6%, Lúdio Cabral em segundo com 28,3% e Botelho em terceiro com 27,7% dos votos válidos.

MAIS ERROS – Em Teresina (PI), Ciro Nogueira afirma que a situação foi “ainda mais preocupante”. “As previsões indicavam a derrota do candidato Sílvio Mendes, do União Brasil, no primeiro turno, enquanto, nas urnas, ele obteve expressivos 52,19% dos votos válidos”, pontua o senador.

“Erros dessa magnitude configuram, ao fim e ao cabo, um grave fenômeno de desinformação, capaz de induzir o comportamento dos eleitores. Eleitores indecisos, ou mesmo aqueles que já possuem uma preferência definida, podem optar pela estratégia do voto útil com base nos resultados dessas pesquisas. Assim, tal distorção tem o potencial de influenciar diretamente o processo eleitoral, ferindo o princípio da soberania popular”, argumenta Nogueira.

Pela legislação atual, o erro em pesquisas de intenção de votos não traz consequências jurídicas para as empresas responsáveis ou para os contratantes dos levantamentos. A autorização para divulgação das pesquisas depende do registro prévio dos dados metodológicos junto à Justiça Eleitoral, com informações sobre o contratante e sobre as despesas para sua realização.

AS PUNIÇÕES – Para Nogueira, as punições devem incluir empresas, contratantes e profissionais responsáveis pelos resultados dos levantamentos.

“O presente projeto de lei propõe que, na hipótese de pesquisas realizadas nas vésperas do pleito que, embora formalmente válidas, apresentem uma divergência significativa em relação ao resultado eleitoral, extrapolando a margem de erro previamente estabelecida, a vedação da divulgação de pesquisas de intenção de voto realizadas pelo mesmo instituto por um período de cinco anos”, assinala o presidente do PP.

No projeto, a mesma vedação se estende ao estatístico responsável, segundo Nogueira.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
É claro que muitas pesquisas são manipuladas, mas todas elas estão suscetíveis a erros. Na minha opinião, seriam aceitáveis diferenças de até 6%, que equivalem ao dobro da margem de erro. Aliás, se as pesquisas não errassem, nem seria necessário fazer eleições. (C.N.)

Quem consegue citar alguma realização concreta do governo Lula nesta gestão?

 (Joédson Alves/Agência Brasil)

Lula atribui a derrota eleitoral exclusivamente ao PT

J.R. Guzzo
Estadão

É possível que um presidente da República passe quase dois anos no seu cargo sem fazer nada de útil para o País que preside — nada mesmo, no sentido aritmético da palavra? Não é fácil, mas também não é impossível. É o caso do presidente Lula nesta sua terceira passagem pela Presidência.

O meio mais simples de demonstrar que a afirmação acima não é uma opinião, e sim um fato objetivo, é colocar uma pergunta direta para o público em geral: alguém consegue citar alguma realização concreta do seu governo até agora? Não duas ou três — apenas uma, uma única que seja? Ninguém consegue. Nem Lula.

SEM INVENTAR… – Não vale, é claro, ficar inventando uma obra imaginária. Os admiradores do presidente, em estado de inanição avançada por falta dos nutrientes que vêm das notícias positivas, repetem o tempo todo que o governo Lula está sendo um sucesso no controle da inflação.

Mas isso é obra exclusiva do Banco Central que ele acusa, desde o seu primeiro dia na Presidência, de ser o pior inimigo do povo brasileiro por sua mania de cuidar direito da moeda. O resto das suas realizações é mais ou menos a mesma tristeza.

Falam, por exemplo, no investimento estrangeiro. Cada um, aí, chuta o número mais alto que lhe passa pela cabeça — um dos mais cômicos é “300 bilhões de dólares”. Naturalmente, o problema é encontrar, na vida real, onde estão fisicamente estes bilhões todos, pela excelente razão de que eles não existem.

CRESCIMENTO? – Falam, como se isso fosse um novo milagre econômico, que o crescimento vai ser de “3%” neste ano. Mas o crescimento em 2022 foi de 2,9%. Como fica, então? Um aumento de 0,1 ponto percentual é a grande vitória de Lula? A agência Moody’s promoveu o Brasil ao grau Ba 1, e acham que é quase uma medalha de ouro. Mas não é. Não é nem bronze.

Lula e os que acreditam nele, ou se consideram democratas civilizados, não querem abrir a janela de casa para ver o que está acontecendo lá fora. Preferem olhar para o espelho da Rainha Má e ouvir que não existe nada mais bonito do que eles neste mundo. É muito mais cômodo, com certeza.

Janja diz que ele está brilhando, os ministros se ajoelham para pedir a bênção e os analistas analisam, mas nada disso resolve as coisas no universo das realidades.

LEVOU NOCAUTE – Lula, para ficar no último capítulo da sua minissérie, acaba de levar um nocaute humilhante nas eleições para prefeito. Poderia ter perdido só por pontos, mas na sua mania de grandeza cada vez mais extremada, inventou de dizer que a eleição era entre ele e Bolsonaro — aí deu o queixo para bater, e foi para a lona. Perder é do jogo, claro; nem o Real Madrid ganha todas. Mas essa é uma derrota que traz dentro de si a semente de outra derrota. É o que em geral acontece, quando você perde e não sabe por quê.

Lula nunca foi tão Lula, nessa história, quando deu a sua sentença sobre o que aconteceu — segundo ele, a culpa pelo fracasso na eleição, em última análise, foi do PT. O partido, em seu entender, tem de fazer um ato de contrição, “repensar” sua conduta e não pecar mais.

Em nenhum momento, nem por um segundo, passou pela sua cabeça que o resultado eleitoral tem alguma coisa a ver com o que ele fez, e sobretudo não fez, em seus 22 meses de governo. Seu desempenho é show de bola — quem faz ele perder a eleição é o PT.

NA RETA FINAL… – Lula é um grande especialista em ir para o campo de batalha, depois que o combate acabou, para atirar nos feridos. Não apareceu para lutar na campanha. Dos 5.500 municípios que há no Brasil, foi a 22 — e perdeu em 16. Na última semana, conseguiu ir para o México com a mulher, enquanto os seus candidatos estavam levando chumbo na reta de chegada do primeiro turno. Quando apareceu, foi para dizer que o problema é o PT.

É como se dissesse: “Só eu trabalho nessa casa”. Mas e ele mesmo — está fazendo o quê?

Numa hora dessas, justo numa hora dessas, o presidente vem e diz, como se estivesse carregando pedra num campo de trabalhos forçados, que não aguenta mais viajar no seu jato privativo; acha, inclusive, que está correndo risco de vida, e por isso os brasileiros vão ter de pagar um avião novo. Não deve sair por menos de 100 milhões de dólares. Com os lençóis de linho egípcio e os outros itens essenciais para as exigências de conforto do primeiro casal, como é de se esperar, só Deus sabe onde vai bater essa conta.

NOVO AVIÃO – Mesmo deixando de lado a absoluta inutilidade das viagens presidenciais em volta do mundo, que até hoje não renderam uma única caixinha de chicletes para os brasileiros que pagam a despesa toda, fica a pergunta que não vai calar: faz sentido, num país onde a maioria da população mal tem onde cair morta, e o governo diz a cada cinco minutos que não tem um tostão furado no caixa, gastar essa montanha de dinheiro com um novo avião para o presidente? O grande argumento de Lula é que o avião não vai ficar para ele, e sim para a Presidência. Que sorte a nossa, não?

A Força Aérea Brasileira, hoje transformada em empresa de taxi aéreo privada de Lula, Janja e os gatos gordos do governo, diz que a compra é necessária — justo na hora em que os brigadeiros-do-ar pretendem socar para cima do pagador de impostos uma nova estatal, desta vez para lançar foguetes no espaço em parceria com Elon Musk.

A moral da história, ou o resumo da ópera, pode ser o seguinte: a única obra visível do Lula-3 periga ser a compra de mais um Aerolula. É cuesta abajo, como no tango de Gardel.

Trump xinga e promete deportá-los, mas vê crescer o apoio dos migrantes

Em evento com latinos, Trump volta a dizer que imigrantes comem pets: 'Tudo  o que faço é relatar' | Eleições nos EUA 2024 | G1

Tática de Trump é colocar migrantes contra migrantes

Jamil Chade
do UOL

Donald Trump ofendeu, xingou e recorreu à xenofobia contra imigrantes latinos. Mas chega para as eleições em menos de um mês com um número ainda mais alto de apoio entre a população latina nos EUA que nos pleitos de 2016 e 2020. Uma pesquisa realizada pelo New York Times e Siena College revelam que, há quatro anos, 25% dos latinos votaram pelo republicano. Em 2024, essa taxa é de 37%.

Há quatro anos, 47% dessa população votou por Joe Biden e, agora, 56% do apoio desse grupo vai para Kamala Harris. Mas a distância entre os republicanos e democratas encolheu.

KAMALA LIDERA – Ainda que continue na frente, Kamala Harris sabe que, em estados onde a eleição está praticamente empatada, o aumento de apoio para Trump pode ser decisivo. No estado do Arizona, por exemplo, um quinto do eleitorado é composto por latinos. A taxa é de 20% em Nevada.

A situação da Flórida é ainda mais reveladora. Um levantamento do Marist College apontou que Trump teria 58% das intenções de votos entre os latinos do estado, contra apenas 40% para Harris.

Os números revelam um profundo contraste com os resultados dos últimos anos. Em 2020, Joe Biden somou 53% dos votos hispânicos na Flórida. Em 2016, Hillary Clinton teve 62% dos votos dessa população no estado.

MARACAS – Entre analistas e cientistas sociais, muitos se perguntam por qual motivo essa população migrou para dar seu apoio ao republicano, que chega a ter um grupo chamado “Maracas for Trump”, numa referência aos instrumentos musicais latinos.

Um dos argumentos para o aumento do apoio seria o custo de vida. Na pesquisa, 35% dos latinos indicaram que as políticas de Trump ajudaram suas comunidades, contra um apoio de apenas 22% para os plano econômicos de Biden. 34% dos entrevistados indicaram que as políticas do atual presidente prejudicaram suas condições de vida, contra uma taxa de 30% quando a pergunta se refere às políticas no governo Trump.

Outra constatação das pesquisas é de que o eleitorado latino não se vê identificado quando Trump ofende a minoria.

MIGRANTES – 63% dos hispânicos afirmaram que não sentem que Trump está falando individualmente sobre eles quando os ataques ocorrem. A mais recente polêmica se refere a supostas gangues de venezuelanos que estariam tomando conta de áreas residenciais. Trump já se referiu aos latinos como “criminosos”, “estupradores” e “aproveitadores”.

Mais recentemente, Trump prometeu realizar a maior operação de deportação de imigrantes irregulares da história dos EUA. Um terço dos latinos questionados, porém, afirmaram que estavam de acordo com o projeto de construir um muro com o México.

Trump ainda passou a adotar uma postura de colocar os novos imigrantes como uma ameaça aos que já estão no país. Num comício nesta semana, ele acusou Harris de estar trazendo “drogas e mortes” aos EUA com sua política de imigração e apontou que essa “invasão está sendo devastadora para os empregos” dos latinos que já estavam no país.

Ao saudar a eleição falsa de Maduro, PT enfia seu histórico na lata de lixo

Gleisi: deixar de ir à posse de Maduro seria covardia | Brasil 247

Deixar de ir à posse de Maduro seria covardia, alega Gleisi

Vicente Limongi Netto

Inacreditável e desprezível a nota do PT, de joelhos, saudando e aceitando a reeleição do infame ditador Nicolas Maduro. Autêntico, medonho e descarado desserviço à democracia. O PT jogou, no lixo, de vez, suas tradições de lutas e glórias democráticas e sindicais. quando batalhava por mais empregos, respeito aos operários e salários justos.

O texto do imundo documento é um primor de bajulação e absurdos históricos. O simples fato de claramente afirmar que a Venezuela tem instituições democráticas já envergonha e enlameia o PT. Pisa na democracia. Coloca Maduro no céu. Francamente. O pior, o deplorável documento oficial do partido torna-se público, às vésperas do segundo turno das eleições.

ACORDA, DORIVAL – O principal trunfo da caixinha de virtudes do cerebral Paulo Henrique Ganso é exatamente esse  que o meia do Fluminense exibiu,  ao vivo e a cores, contra o Flamengo: passe sensacional e desconcertante que deixou tonta metade da defesa adversária, abrindo imenso espaço, na linha de fundo, para Kauã cruzar, livre, para Lima marcar o primeiro gol tricolor.

Quando o jogo está amarrado e tenso, aparece o genial Ganso, 35 anos, com a batuta de maestro, para descobrir espaços e acabar com a monotonia do jogo. Deixando  torcedores e a bola felizes.

Acorda, Dorival Junior. Lionel Messi tem 37 anos e dá show na seleção argentina, mas o cerebral Ganso segue discriminado.

Mais uma vez, a equipe econômica começa a definir os cortes de gastos

Haddad e Simone trabalham os cortes desde a transição

Bruno Boghossian
Folha

Pela enésima vez, a equipe econômica começou a estabelecer os limites da proposta de corte de gastos. A decisão será apresentada nas próximas semanas. A fase atual é uma espécie de ajuste do ajuste. O objetivo é manter as estimativas de redução de despesas, mas descartar pontos considerados impopulares demais e que poderiam contaminar politicamente o pacote.

BENEFÍCIOS – Um dos alvos principais da discussão é o tamanho da mudança que deve ser proposta para o BPC (Benefício de Prestação Continuada). Uma ala do governo envolvida na elaboração das medidas prefere deixar dois pontos fora do plano: o aumento da idade mínima de acesso ao benefício e o fim da correção dos pagamentos pelo salário mínimo.

O grupo avalia que esses itens nem deveriam ser levados à mesa de Lula. Ainda que todos saibam que o presidente tem o poder de dar a palavra final sobre cada tópico, alguns auxiliares entendem que a simples ideia de um ajuste mais duro no benefício pago a idosos e pessoas com deficiência muito pobres poderia tornar todo o pacote menos palatável.

A mexida, caso essa avaliação prevaleça, teria outro foco: deixar mais nítidos os conceitos de vulnerabilidade que determinam o acesso ao BPC, corrigindo o que o ministro Fernando Haddad chama de distorções, provocadas pela judicialização e pela concessão do benefício a quem não precisa.

POUPAR OS POBRES – O resultado das conversas indicará as escolhas políticas que a equipe econômica deve fazer para enfrentar o desafio do ajuste. Lula seria o primeiro filtro. Embora concorde com a ideia geral de uma revisão de gastos, o presidente faz questão de manifestar sua oposição a um corte amargo para a população de baixa renda.

A calibragem do BPC e a limitação de supersalários do setor público seriam movimentos táticos em busca de um certo equilíbrio. A mesma lógica é direcionada a deputados e senadores que precisam ser convencidos a aprovar as medidas da equipe econômica e, em dois anos, disputar eleições para manter suas cadeiras.

Uma possível decisão antecipada de cortar gordura do pacote carrega um certo risco. Se a proposta final tiver poucos excessos, o governo terá uma margem menor para negociar o texto com o presidente e os parlamentares.

Sob a sombra de Tarcísio de Freitas, Nunes tornou-se prefeito fantasma

Tarcísio vai apoiar reeleição de Ricardo Nunes em SP, dizem aliados | CNN Brasil

Em busca da Presidência, Tarcísio comanda a Prefeitura

Josias de Souza
do UOL

Submetido ao risco de novos temporais, Tarcísio de Freitas faz por pressão de São Pedro o que se absteve de fazer por opção. Nesta quinta-feira, decidiu montar um gabinete de crise para monitorar as chuvas e os apagões. A movimentação do governador de São Paulo autoriza o eleitorado da capital a suspeitar que a prefeitura é administrada por um time de segunda linha.

Ricardo Nunes fugiu do papel de saco de pancada de Guilherme Boulos no debate UOL-Folha-Rede TV! para assumir a posição de figurante na reunião comandada por Tarcísio no Palácio dos Bandeirantes. Nela, decidiu-se que o gabinete do apagão terá representantes dentro dos centros operacionais das cinco concessionárias de energia que operam no estado, entre elas a Enel.

EM TEMPO REAL – Os olheiros do estado fiscalizarão em tempo real a execucão dos planos de contingência das empresas de energia. A Enel comprometeu-se a manter de 700 a 1.200 equipes de prontidão, cada uma com até quatro trabalhadores. A Defesa Civil também deixará algo como 5.400 servidores a postos para responder rapidamente a eventuais emergências.

Sob a sombra de seu padrinho político, Nunes ganhou a aparência de um prefeito fantasma. Tarcísio como que acumulou as atribuições de governador, que negligenciava, com as tarefas da prefeitura. O poder municipal de Tarcísio ficará como um marco menor na biografia dele, uma mera peculiaridade eleitoreira.

Se é verdade que Tarcísio se autoconverteu nos últimos dias no poder de fato no município, a prefeitura de São Paulo é o último lugar em que ele deseja ser visto. Esforça-se para evitar que o trono de prefeito vire uma cadeira elétrica para Nunes porque enxerga na reeleição do afilhado um estágio para a poltrona de presidente da República. A sucessão presidencial de 2026 é ambição inconfessada de Tarcísio.

Leia ‘Juventude sem Deus’, romance que denunciou o nazismo em 1938

A ilustração, feita em linhas pretas e preenchimentos em tons de cinza representa uma cena escolar dos anos 30. No canto esquerdo o professor aponta para um mapa e de seu rosto sai um balão de fala com a pergunta: “porque precisamos das colônias?”. À direita, muitas crianças estão sentadas olhando no sentido do professor.

Ilustração de Bruna Mattos (Folha)

Mario Sergio Conti
Folha

O romance “Juventude sem Deus” é estranho. Foi escrito em alemão, mas publicado em Amsterdã, em 1938. Fez enorme sucesso na Europa e os nazistas o proibiram. Esquecido no pós-Guerra, voltou à tona nos anos 1950. É considerado hoje uma obra básica do modernismo germânico.

Seu autor é Ödön von Horváth. Só agora, 86 anos depois de lançado, o romance chega ao Brasil, na tradução de Sergio Tellaroli (Todavia, 173 págs.). A demora é tão mais estranha porque o livro foi festejado por Thomas Mann, Hermann Hesse, Joseph Roth e Natalia Ginzburg.

NO CALOR DA HORA – As esquisitices de “Juventude sem Deus” estão sobretudo no andamento e no tom da narrativa. Os curtos capítulos falam de várias coisas ao mesmo tempo. Embora fale de assuntos sérios, eles são relatados com bom humor. Ele debocha do nazismo no calor da hora.

O livro tem os atributos de um romance policial. Há um crime misterioso, suspense, um julgamento com provas mirabolantes. Mas é também uma crônica da crise da alemã do final dos anos 1930. Até Hitler aparece: é aclamado e chamado de “plebeu supremo” no seu aniversário.

Os temas de fundo são pesados: o racismo; a militarização da coletividade; a sabujice dos altos funcionários frente ao autoritarismo, com o fito de preservarem os empregos; a manipulação de adolescentes; o conformismo da classe média diante da ordem autoritária; o fechamento de empresas e a pauperização de trabalhadores; o trabalho infantil.

ZOMBARIA – A gravidade do contexto, contudo, não se coaduna com a leveza jovial do relato. Em vez de denúncias graves, predomina a zombaria —às vezes engraçada e, noutras ocasiões, pretensamente superior e afetada. Com isso, um cinismo irônico perpassa “Juventude sem Deus”.

As ambiguidades se centram no protagonista, um professor do curso secundário de 34 anos. Na cena inicial, ele corrige redações cujo assunto, prescrito por instâncias superiores, é uma pergunta: “Por que precisamos de colônias?”. A arguição embute a adesão ao expansionismo do Reich, que os jovens são instados a argumentar em seu favor.

Um estudante usa um argumento torpe para justificar a colonização da África: “Todos os negros são traiçoeiros, covardes e vagabundos”. O professor se escandaliza com a virulência da frase, mas, acomodatício, não a reprova por escrito; prefere se ater aos erros gramaticais: “a palavra ‘colônia’ tem circunflexo”.

COMENTÁRIO – Ao devolver os cadernos, o professor faz um comentário brando. Diz ao adolescente que “é possível que seja correto” sustentar que os brancos são superiores aos negros, mas registra que “os negros também são seres humanos”. Afinal, é o que diz a Bíblia. Para que foi dizer isso?

É vilipendiado pelo pai do menino, um padeiro, que o confronta para reclamar do comentário impertinente. A classe inteira, que ele achava cordata, assina um manifesto defendendo que deixe de lecionar. O diretor da escola o chama para uma reunião. O caso é grave.

O diretor concorda com o professor. No entanto, recomenda o silêncio e a inação. Seu motivo é bem concreto: não criar marola e, daqui a um tempo, atingir o limite de idade e receber a aposentadoria integral. É uma razão para a passividade que, desconfia-se, perdura até hoje.

MUNDO PLEBEU – O diretor tem outro argumento, agora de ordem geral e histórica: “Vivemos num mundo plebeu”, diz. A referência, explícita, é à Roma Antiga, à do 287 a.C., quando os patrícios perderam o poder para os plebeus. Logo, a elite intelectual deve aceitar os valores do populacho

O professor discorda: “Somos governados não por pobres plebeus, e sim única e exclusivamente pelo dinheiro”. Ödön von Horváth não era particularmente politizado. Mas, como no diálogo do diretor com o professor, ele expõe o ambiente moral da crise alemã dos anos 1930.

Majoritariamente, os personagens de “Juventude sem Deus” são da classe média –uns mal-informados, alguns filistinos e os que estão bem conscientes do que se passa. Há inteligência neste último grupo, mas ela é usada para fabricar desculpas e justificar a ausência de ações práticas. É o que faz o professor.

MORTE NA RUA – Também o escritor Horváth acabou de forma estranha. Aos 38 anos, era um dramaturgo inventivo e de sucesso; parecia fadado a criar grandes obras. Perseguido pelo nazismo, teve de se exilar e se estabeleceu em Paris.

Foi assistir a “Branca de Neve e os Sete Anões”, de Walt Disney, num cinema dos Champs-Élysées. Chovia quando saiu. Um raio atingiu uma árvore e um galho acertou a cabeça do autor de “Juventude sem Deus”.

Morreu na hora.

A política só pensa naquilo; mal acaba uma eleição e já está começando outra

Tarcísio e Lula já estão empenhados na eleição de 2026

Dora Kramer
Folha

O instituto Quaest divulgou na semana passada pesquisa sobre intenções de voto em 2026, naquela premissa de que, “se a eleição fosse hoje…”, fulano e beltrana seriam escolhidos por “x” por cento do eleitorado. No caso, a consulta aponta três cicranos na cabeça: Luiz Inácio da Silva (PT), Pablo Marçal (PRTB) e Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Como sabemos, com um “se” coloca-se Paris numa garrafa. Ou seja, tudo é possível. Inclusive porque a eleição presidencial não é hoje, e dois anos são uma eternidade, em tese. Na prática, nem tanto.

EXPECTATIVA DE PODER – Com a expectativa de poder no comando do espetáculo, na política mal acaba uma eleição e começa outra. Na Câmara dos Deputados, discute-se a sucessão de Arthur Lira (PP-AL) desde a reeleição dele na presidência, em fevereiro de 2023 e agora a coisa começa a ficar esquisita para ele, que pode não fazer o sucessor.

Falando em revezes, situação tampouco anda boa para o lado do presidente Lula. Embora não haja nada de novo no roteiro das antecipações, elas são matéria-prima para quem faz da política seu ofício. Do lado de cá ou de lá do balcão.

Normalmente, o reflexo das municipais nas eleições gerais, de presidente, governadores, senadores e deputados, se restringe ao Congresso. Partidos que saem fortes nas cidades tendem a fortalecer suas bancadas federais e estaduais.

TEMPOS ANORMAIS – É assim o jogo, mas, vejam, isso normalmente. Tudo o que não vivemos são tempos normais. A começar pela inelegibilidade do expoente mais visível da direita, o que deixa o partido do poder central sem o trunfo para reeditar a frente ampla de 2022.

Na ausência de Jair Bolsonaro (PL) na urna, o PT perde seu antagonista predileto. Vai de Lula, de Fernando Haddad? Ou, a depender do desenrolar dos acontecimentos, no limite pode pensar na opção por uma aliança em que o PT não estaria na cabeça da chapa? Aconteceu na atual eleição em São Paulo, no Rio e no Recife. Não é impossível, embora ainda improvável, que venha a acontecer no plano nacional.

Algum jeito a ala do centro à esquerda terá de encontrar para tentar barrar o avanço do campo da centro-direita à ultradireita, fortalecido pelos resultados municipais.

PLANO REALISTA – Vendo que suas posições foram bem aceitas pelas populações nas cidades, esse pessoal talvez se entusiasme e não se conforme só com o reforço das bancadas na Câmara e no Senado.

Hoje o plano realista é o de ampliar a presença no Congresso, concorrendo à presidência para marcar posição até que Lula saia de cena como candidato. No entanto, as condições objetivas, e mesmo as subjetivas, podem mudar. O presidente farejou isso ao perceber logo de início que o ambiente de 2022 não se reproduziria em 2024, e aí se afastou das campanhas no primeiro turno.

Há divisão na direita, cindida entre “ultras” e moderados, mas a batalha se dá em terreno com várias opções. Já a esquerda não briga entre si porque, além de atordoada, carece da existência de lutadores nesse ringue. Ninguém põe a cabeça de fora para não confrontar Lula.

DEPENDE DO CENTRO – Enquanto a direita anda rachada na abundância de votos, a esquerda segue unida na escassez. Para sair dessa situação adversa a tempo de se recompor para 2026, vai de novo precisar do centro democrático, mas o contrato terá de ser outro.

Aquele firmado na fase de transição, quando houve a nomeação dos ministros, ainda não foi cumprido nesses quase dois anos nos quais o presidente tem se apresentado mais petista do que nunca, numa versão anterior à da Carta aos Brasileiros de 2002.

Assim, na toada do atraso, Lula se arrisca a perder o bonde.

Datafolha: Nunes tem 51%, e Boulos, 33%, a 10 dias do 2º turno em SP

Hipocrisia e inveja misturam-se no mal secreto de Raimundo Correia

A tempestade vem assombrado por onde... Raimundo Correia - PensadorPaulo Peres
Poemas & Canções

O magistrado, professor, diplomata e poeta maranhense Raimundo da Mota de Azevedo Correia (1859-1911), no soneto “Mal Secreto”, procura mostrar uma visão da hipocrisia humana, pois muitos usam uma máscara que esconde a realidade.

MAL SECRETO
Raimundo Correia

Se a cólera que espuma, a dor que mora
N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;

Se se pudesse o espírito que chora,
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!

Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!

Supremo nega acesso de Bolsonaro às acusações que Mauro Cid lhe fez

PF prevê concluir no início de novembro inquérito sobre Bolsonaro e  tentativa de golpe | Blog da Andréia Sadi | G1

Acusações de Cid a Bolsonaro continuam sob “sigilo”

Wesley Bião
Estadão

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria nesta sexta-feira, 18, para recusar recursos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) relacionados à investigação sobre o vazamento de dados sigilosos da Polícia Federal (PF) e à solicitação de acesso à delação premiada de seu ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid.

O julgamento ocorre no plenário virtual, com votos contrários aos recursos proferidos pelos ministros Alexandre de Moraes, relator do caso, Flávio Dino e Luiz Fux. A Primeira Turma também conta com a participação dos ministros Cristiano Zanin e Cármen Lúcia.

DIZ A DEFESA – No primeiro recurso, a defesa de Bolsonaro contesta a decisão de Moraes que autorizou uma análise detalhada da quebra de sigilo dos dados telemáticos do militar, elemento utilizado na investigação sobre o vazamento de dados de uma apuração da PF a respeito de uma suposta vulnerabilidade do sistema eleitoral.

A defesa alega que a decisão foi tomada após a Procuradoria-Geral da República (PGR), sob a gestão de Augusto Aras, ter solicitado o arquivamento do caso. Porém, o magistrado argumentou que a ordem foi emitida antes desse parecer e que não se trata de nova prova.

No segundo recurso, Bolsonaro busca acesso à delação premiada de Cid, que o envolveu em várias investigações, incluindo uma sobre suposta tentativa de golpe de Estado. Moraes destacou que não há previsão legal para que delatados tenham acesso ao conteúdo da colaboração enquanto houver investigações em andamento.

DIZ MORAES – O ministro Alexandre de Moraes também afirmou que o Supremo tem um entendimento consolidado sobre as restrições ao acesso a delações premiadas. Ele disse que, no momento adequado do processo, os investigados poderão se manifestar sobre a colaboração, e a Justiça avaliará a eficácia da delação.

“As investigações relacionadas a esses tópicos gerais estão em regular trâmite nesta Suprema Corte, com diversas diligências em andamento, o que, nos termos da fundamentação acima delineada, impede o acesso [por Bolsonaro] aos depoimentos de Mauro Cid no âmbito de colaboração premiada”, escreveu Moraes.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Não pode ser considerada democrática uma Justiça que põe sob sigilo assuntos aleatórios, de acordo com o humor do ministro-relator. É inconcebível que alguém saiba que está sendo acusado de graves crimes, mas esteja proibido de saber que acusações são estas e como foram feitas. Chama-se a isso cerceamento da defesa. Mas quem se interessa? (C.N.)

Morte de Sinwar não cria condições para pôr fim a esta guerra em Gaza

Premiê israelense promete mais guerra e frustra esperança de paz | Agência  Brasil

Premier Netanyahu avisa que a guerra ainda não acabou

Thomas Friedman
Estadão (NYT)

É impossível exagerar a importância da morte do líder do Hamas, Yahya Sinwar, a ponto de possibilitar não apenas o fim da guerra em Gaza, a libertação dos reféns israelenses e um alívio para os habitantes do território palestino, mas também o maior passo na direção de uma solução de dois Estados entre israelenses e palestinos desde Oslo, assim como a normalização das relações entre Israel e Arábia Saudita — que abrangeria praticamente todo mundo muçulmano.

Isso é muita coisa. Mas… Por si só, a morte de Sinwar não cria condições suficientes para pôr fim a esta guerra em Gaza e colocar israelenses e palestinos no caminho de um futuro melhor. Sim, Sinwar e o Hamas sempre rejeitaram uma solução de dois Estados e sempre estiveram comprometidos com uma destruição violenta do Estado judaico. Ninguém pagou um preço mais alto por isso do que os palestinos de Gaza. Mas ainda que sua morte fosse necessária para um passo seguinte ser possível, de nenhuma maneira ela solucionaria tudo.

MUDAR TUDO – A condição suficiente é que Israel tenha um primeiro-ministro e uma coalizão de governo dispostos a aproveitar a oportunidade que a morte de Sinwar criou. Falando sério: o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, seria capaz de satisfazer sua autoimagem churchilliana e adotar um rumo que rejeitou anteriormente? Que é a participação da uma Autoridade Palestina na Cisjordânia reformada em uma força de paz internacional que assumiria o controle de Gaza no lugar do Hamas liderado por Sinwar.

Pelo menos há um mês, de acordo com minhas fontes diplomáticas americanas, árabes e israelenses, o secretário de Estado Antony Blinken, e o príncipe-herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, o presidente do Egito, Abdel el-Sisi, e o presidente dos Emirados Árabes Unidos, Mohammed bin Zayed, têm discutido do que fazer no dia seguinte ao fim desta guerra para reconstruir a Faixa de Gaza pós-Hamas, pavimentar o caminho da normalização israelo-saudita e criar as condições para um futuro diferente em Gaza e na Cisjordânia.

A ideia geral é que o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, concorde em nomear o economista e ex-primeiro-ministro da AP, Salam Fayyad, ou alguém com sua impecável reputação de incorruptibilidade, como novo primeiro-ministro palestino para liderar um novo gabinete tecnocrata e reformar a Autoridade Palestina, erradicar a corrupção na entidade e incrementar suas condições de governança e forças de segurança.

FORÇA DE PAZ – Essa Autoridade Palestina reformada solicitaria, então, formalmente, uma força de paz internacional — da qual a entidade participaria — que incluiria soldados dos EAU, do Egito e possivelmente de outros Estados árabes e talvez até de países europeus. Essa força seria acionada gradualmente para substituir os militares israelenses em Gaza.

A Autoridade Palestina assumiria, então, a responsabilidade de reconstruir Gaza com fundos de ajuda fornecidos pela Arábia Saudita, pelos EAU e por outros Estados árabes do Golfo — e, muito provavelmente, pelos Estados Unidos.

Uma Autoridade Palestina reformada, com fundos árabes e internacionais massivos, tentaria restaurar sua credibilidade em Gaza e a credibilidade do principal partido que a compõe, o Fatah, na política palestina — ao mesmo tempo escanteando reminiscências do Hamas.

NESSE CAMINHO – Diplomatas americanos e árabes — com assistência discreta do ex-primeiro ministro britânico Tony Blair — têm trabalhado sobre essa ideia com o ministro israelense de Assuntos Estratégicos, Ron Dermer, um dos conselheiros mais próximos de Netanyahu. Neste momento, esse caminho requer de Israel apenas permitir silenciosamente o envolvimento da Autoridade Palestina na reconstrução de Gaza enquanto integrante de uma força internacional — não aceitar formalmente sua participação.

Netanyahu entende, porém, que os árabes só participação de uma força de paz árabe-internacional para dar jeito na bagunça em Gaza se a iniciativa for parte de um processo que leve ao Estado palestino.

Mohammed bin Salman, particularmente, deixou muito claro para todos que para a Arábia Saudita ir adiante com a normalização de relações com Israel — após tantas mortes de palestinos em Gaza — ele precisa que a guerra em Gaza acabe e que alguma força de paz árabe constitua um passo que no futuro leve ao Estado palestino. O mesmo é verdadeiro em relação aos Emirados e ao Egito.

OUTRA EXIGÊNCIA – Salman precisa mostrar depois da guerra em Gaza que obteve de Israel algo que nenhum outro líder árabe jamais conseguiu, porque ele estaria potencialmente dando a Israel algo que nenhum líder israelense jamais conseguiu: relações com o lar das duas mesquitas mais sagradas para o Islã. Salman também é vital para fazer o presidente Abbas nomear um reformador como Fayyad. Abbas respeita Salman.

Permitam-me repetir: uma iniciativa diplomática para pôr fim à guerra nessas linhas — e viabilizar a normalização das relações israelo-sauditas e uma força de paz árabe — eventualmente exigirá que Israel se comprometa com um caminho para o Estado palestino. O que desencadeará uma oposição virulenta dos parceiros de direita, extremistas e messiânicos de Netanyahu: os ministros da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, e das Finanças, Bezalel Smotrich.

Temerariamente, eles considerarão a morte de Sinwar e a ruína do Hamas uma oportunidade para pensar que são capazes de matar todos os membros do grupo em Gaza para levar adiante sua agenda de instalar assentamentos coloniais de judeus em Gaza e expandi-los na Cisjordânia. E Netanyahu deseja faz tempo mostrar que é uma figura histórica e não um mero estrategista que manobra constantemente para se manter vivo na política — mas nunca esteve disposto a assumir nenhum grande risco para mudar a história. Bom, chegou a hora.

Vem aí um “pacote fantasma” para cortar gastos, que ainda nem existe

Tribuna da Internet | Das cinco medidas para “cortar gastos”, sobra uma,  que não tem a ver com isso…

Charge do Duke (O Tempo)

Carlos Andreazza
Estadão

A blitz de Fernando Haddad está na pista. De Haddad e Simone Tebet. Blitz de propaganda. O pacote relevante de cortes de gastos vem aí — prometeram. Coisa de volume entre R$ 30 bilhões e R$ 50 bilhões — plantou-se. Não será mais um pente-fino — informam. Uma só das ações pode chegar a R$ 20 bilhões. Uau!

Os ministros reagem à desconfiança. A reforma do Imposto de Renda — a isenção para quem ganha até R$ 5 mil — estava à frente. Vinha ainda em 2024. Para sacrifício de receita da ordem de mais de R$ 40 bilhões por ano. Sem anúncio crível de compensação para o rombo. O mar, que já não era bom, crispou-se.

TUDO MUDOU – Então, de repente, ficou para 2025. O pacote rigoroso de cortes de gastos, que não estava previsto uma semana atrás, tomou a frente. Virá ainda neste ano — comunicaram Haddad e Tebet.

Cortes de gastos estruturais. No (pelo) governo Lula. Prepara-se cardápio para ele. Que é simpático às medidas — apregoa-se. Lula, a favor de cortes severos, mesmo com a popularidade insegura e ante os resultados das eleições municipais.

Alguns banqueiros se reuniram com o presidente. Saíram confiantes. Lula tem “firme compromisso” com a necessidade de conter despesas. No mundo real das fés, o dólar mostra os dentes e o Tesouro capta dinheiros a custo crescente. A isso reagem Haddad e Tebet.

NEM EXISTE – Vem aí o pacote relevante de cortes de gastos. Que ainda não existe. Donde ainda não apresentado a Lula. Que lhe é simpático — asseguram. Não o conhece e lhe é simpático. Por precaução, os ministérios, em atividade clandestina, estudam-medem a forma como mostrá-lo ao presidente.

Não basta ser extenso o menu — para ele cortar os cortes. A embalagem tem de ser palatável a Lula. Que é — propaga-se — a favor das medidas de cortes de despesas estruturais. A favor, exceção àquelas que mexam com gastos que considera investimentos.

Haddad e Tebet confiam — e querem confiança — em que sobrará alguma coisa. Sobrando, confiam em que a porção parlamentar do pacote, ao menos parte dela, seja aprovada em 2024. Talvez a mais parecida com… pente-fino. O pesado ficando para depois.

E AS EMENDAS? – O pacote — que ora inexiste e que, existindo, dependeria do aval de Lula — a ser votado neste resto de ano em que a agenda do Congresso precisará cuidar de Lei Orçamentária e da reforma tributária, mantida ainda aberta a LDO, corpo em que se malocará o interesse maior do Lirão: a superfície de atividade para o orçamento secreto em 2025. Talvez haja negócio.

Talvez uma dessas casas de apostas pudesse abrir jogatina sobre o que não faltará no pacote: revisão dos supersalários da máquina federal. Tudo a ver com propaganda.

Faria bastante espuma e rapidamente. Parco o impacto fiscal. Bacana a foto.

Apesar da morte do novo líder, Hamas não tem como fazer o acordo de paz

O líder do Hamas Yahya Sinwar  -  (crédito: EPA)

Sinwar é mais um líder do Hamas morto por Israel

Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense

O líder do Hamas Yahya Sinwar foi morto por acaso em Gaza, por tropas de Israel em treinamento, mas nenhum refém foi resgatado na operação. Sinwar assumiu a liderança do Hamas após o assassinato do líder político do grupo, Ismail Haniyeh, por um míssil israelense, em Teerã, em 31 de julho. Considerado o seu principal chefe militar, o líder palestino morto fora escolhido devido à sua grande popularidade em Gaza e pelo controle militar do grupo.

Morreu isolado militarmente. Na quarta-feira, uma unidade das Forças de Defesa de Israel estava em patrulha durante treinamento no sul de Gaza, quando os soldados israelenses se depararam com um pequeno grupo de combatentes. Os soldados não estavam na área para uma operação de assassinato, nem tinham informações prévias de que Sinwar estava no local. Atacaram o grupo e três militantes palestinos foram mortos.

SEGUIDO POR DRONE – Um drone flagrou Sinwar ferido, momentos antes de ser morto pelos soldados. Uma gravação de um dos militares envolvidos na operação descreve o episódio: quando o drone entrou no prédio demolido por um míssil, Sinwar, com o rosto coberto, tentou derrubar o artefato arremessando um objeto. Nesse momento, as tropas israelenses efetuaram mais disparos contra Sinwar, resultando em sua morte.

No prédio onde os terroristas foram eliminados, não havia sinais da presença de reféns, segundo as Forças de Defesa de Israel. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, comemorou o feito, mas disse que as operações militares em Gaza continuarão até que todos os reféns sejam libertados. O corpo de Sinwar foi identificado por meio da análise de seus registros dentários.

Considerado o mentor do massacre e das atrocidades de 7 de outubro, Sinwar era caçado deste estão. O ataque do Hamas causou 1.205 mortes — 251 pessoas foram sequestradas e levadas para a Faixa de Gaza. Quase um ano depois, 97 ainda estão em cativeiro, embora o Exército israelense considere 33 deles mortos. Na guerra com o Hamas, 41,4 mil palestinos foram mortos, a maioria idosos, mulheres e crianças. Não se sabe quantos soldados israelenses morreram em combate até agora.

HAMAS ACÉFALO – Com a morte de Sinwar, o Hamas perdeu o principal dirigente político, chefe militar e líder popular, que havia sobrevivido aos duros golpes sofridos pela organização.

Nos meios diplomáticos, o episódio é visto como uma oportunidade de fazer um acordo que encerre as operações militares e liberte os reféns. Porém, não se sabe quantos ainda estão vivos.

Além disso, é difícil avaliar a situação política em Gaza. O Hamas não está em condições de fazer um acordo de paz. Por tudo o que aconteceu, terá que se render ou lutar até o último homem. Sinwar é o principal mentor do atentado terrorista de 8 de setembro, porém, é considerado um mártir pelos árabes que se opõem a Israel.

Putin defende a redução do uso do dólar no Brics e faz elogio a Dilma

Exclusivo: CNN Brasil fica frente a frente com Vladimir Putin, presidente da Rússia; saiba mais | CNN Brasil

Ao contrário do que diz Lula, Putin descarta moeda única

Jamil Chade
do UOL

O presidente russo, Vladimir Putin, que coordena o Brics em 2024, defendeu nesta sexta-feira (18) a criação de um “arranjo” de reservas internacionais e a redução do uso do dólar, além da criação de um sistema paralelo de troca de informações entre bancos centrais. Numa coletiva de imprensa organizada às vésperas da cúpula do bloco, em Kasan, o russo fez questão de insistir no trabalho estabelecido para o uso de moedas locais no comércio. Mas rejeita, no momento, a criação de uma moeda única.

A cúpula, que ocorre na próxima semana, contará com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas também coincide com a reta final da eleição americana e um debate intenso estabelecido nos EUA diante das ameaças de Donald Trump contra países que reduzam o uso do dólar. Segundo o candidato republicano, quem optar por esse caminho será alvo de tarifas de 100% em seus produtos.

VALE A PENA? – Putin, porém, deixou claro que são os próprios americanos quem estão minando a posição do dólar no cenário internacional, ao usar a moeda como arma. “O mundo inteiro avalia se vale a pena usar o dólar. Mesmo os aliados dos EUA estão reduzindo suas reservas”, disse Putin, que passou parte da coletiva de imprensa criticando o comportamento americano.

“Não fomos nós que abandonamos o dólar”, disse Putin, sem citar o fato de que sanções foram impostas sobre a Rússia diante da invasão da Ucrânia.

“Eles (americanos) fizeram isso tudo com suas próprias mãos. Eles pensaram que iríamos entrar em colapso. Hoje, 95% das trocas ocorrem em moedas nacionais”, disse o russo, citando a migração de seu comércio em yuan.

ELOGIO A DILMA – Putin, porém, deixou claro que o objetivo do bloco é o desenvolvimento de novos mecanismos, usando o New Development Bank, conhecido como Banco do Brics. Para o russo, a presidente da instituição, Dilma Rousseff, “tem sido muito profissional, e sabe o que fazer”.

Segundo ele, alguns dos projetos sendo considerados no banco seriaM um arranjo de reservas de moedas nacionais do bloco. “Isso pode ser um instrumento muito útil”, disse.

Outra aposta de Putin é o desenvolvimento de moedas digitais para projetos de investimentos, além de um sistema paralelo de Swift que permitiria os pagamentos internacionais. “Isso tudo pode ser uma importante caixa de ferramentas e que pode ser um elemento importante para o desenvolvimento do Sul Global”, afirmou.

O russo explicou que tem feito consultas sobre esses temas como Brasil, Índia e outros países. “Vamos falar sobre isso durante a cúpula”, indicou.

SEM MOEDA ÚNICA – Putin garantiu que o bloco não fala ainda em uma moeda única. “Precisamos ser cuidadoso. Isso não amadureceu ainda. Uma moeda comum exigiria uma integração de suas economias”, reconheceu. O que estamos olhando é na expansão de moedas nacionais. Precisamos ter instrumentos para permitir que isso seja seguro o suficiente e que não seja um problema”, disse.

O centro dos trabalhos seria a criação de instrumentos digitais e criar relações entre bancos centrais, além do fortalecimento do banco.

Para ele, a transformação da ordem mundial não é um trabalho do Brics. “Essa não é nossa aspiração. Isso vai acontecer de forma inevitável. Precisamos apenas responder de forma adequada”, completou.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGO elogio a Dilma é compreensível. É que Putin não entende nada do que ela fala nem se interessa em entender. Qaulquer hora dessas ela repete aquela frase célebre sobre economia e vai levar Putin à loucura: “Não acho que quem ganhar ou perder, nem quem ganhar ou perder, vai ganhar ou perder. Vai todo mundo perder…”. (C.N.)

Pacote anti-Supremo’ é relevante, apesar de ser discutido num confronto politizado

Tribuna da Internet | Supremo se impõe com “Poder Moderador” e não aceita que sejam traçados limites

Reprodução do Jornal da Manhã

 Joel Pinheiro da Fonseca
Fol
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Vivemos um conflito entre Congresso e Supremo. De um lado, o Supremo barra as emendas parlamentares e cobra maior transparência, no que presta um serviço ao país. De outro, com duas PECs — a das decisões monocráticas e a que susta decisões da corte —, o Congresso busca limitar o poder do Supremo, no que também está correto.

O fato de esse conflito ser o motivador de medidas de ambos os lados —o Supremo, não menos do que o Congresso, também atua politicamente— não as invalida.

COMITÊ DE SÁBIOS – Seria um privilégio se um comitê de sábios se sentasse, sem pressões políticas, para discutir a relação ideal entre os Poderes e então a implementasse com total liberdade. Mas essa discussão de ideias jamais vai acontecer. Todo debate sobre a sociedade se dá em meio a conflitos políticos conjunturais, e é graças a isso que pautas, mesmo as mais importantes, avançam.

No mínimo, o debate é necessário. O Supremo toma, hoje, o protagonismo no debate público. Supostamente, embora tenha a palavra final, o Supremo é inerte e só age quando provocado por alguém.

Nos inquéritos de ofício que ainda correm — os “inquéritos da democracia” —, nem isso é verdade. Mesmo deixando-os de lado, no entanto, é fato que o Supremo é provocado sobre todo e qualquer tema.

Não há lei minimamente polêmica que algum partido não ingresse com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, dando ao Judiciário a palavra final. Resta ao Supremo escolher, dentre os diversos assuntos que lhes serão propostos, qual deseja intervir. E, como não faltam possibilidades interpretativas em nossa Constituição, praticamente qualquer decisão encontrará sua justificativa jurídica.

AUTOCONTENÇÃO – A sociedade aguarda a prometida autocontenção que, até agora, não veio. Sem algum tipo de limite externo, provavelmente não virá. Se o limite não vier do Legislativo, de onde mais virá? O próprio governo considera o Supremo como mais um aliado político seu em uma série de pautas que lhe trariam desgaste no Congresso. Isso deveria ser uma aberração, mas hoje é parte banal do dia a dia.

Mesmo entre quem reconhece a pertinência de se rediscutir o papel do Supremo há um certo melindre de que, ao fazê-lo, estaríamos alimentando uma pauta do bolsonarismo.

É como se essa corrente política tornasse qualquer pauta tóxica pelo simples fato de defendê-la. Só que o bolsonarismo está aí, é uma força relevante no Congresso e não deve ir embora tão cedo, goste-se dele ou não.

DEVEMOS DISCUTIR – Se formos esperar que o bolsonarismo — e a maciça opinião pública que ele representa — desapareça para só então considerar projetos que contrariem a esquerda e o Supremo, podemos já abrir mão de discutir o país.

Das duas PECs, a das decisões monocráticas parece bastante razoável. Só de ter que formar maiorias no plenário e ouvir votos contrários a sociedade já sairia ganhando. A outra PEC, ao colocar o Congresso como, na prática, uma corte superior ao Supremo, parece excessiva.

O fato de a decisão sustada por dois terços do Congresso voltar ao STF, exigindo agora o voto de 9 dos 11 ministros para ser validada, não muda essa questão; constrangeria ministros a introduzir ainda mais considerações políticas em seus votos. Seja como for, o debate é importante e não deveria ser boicotado por envolver disputa política —toda questão importante envolve.

Governo Lula praticamente desiste de apoiar a ditadura da Venezuela

Imagem colorida mostra Nicolás Maduro - Metrópoles

ONU agora acusa Maduro de crimes contra a humanidade

Bruno Boghossian
Folha

A cúpula do governo não admite agora, mas praticamente jogou a toalha em relação à fraude de Nicolás Maduro. Mesmo sem reconhecer a vitória o regime nas urnas, a diplomacia brasileira incorporou o cenário de permanência do ditador no poder.

Há gente no Planalto que nem mesmo gostaria de ver Maduro pelas costas. Ainda assim, chegou a sonhar com uma negociação que tornasse o processo eleitoral menos obsceno e menos desonroso para o governo Lula.

BUSCA DE DIÁLOGO – O Itamaraty, por sua vez, levou a sério a busca por um diálogo entre Maduro e a oposição. Ainda que fossem baixíssimas as chances de convencer o presidente venezuelano a deixar o cargo, os brasileiros agiram para que a exigência de apresentação das atas eleitorais deixasse o ditador sem saída, obrigando-o a se sentar para discutir alternativas.

Alguns elementos mudaram o cálculo dos brasileiros. Dois deles têm relação com a pressão interna sobre Maduro. O candidato opositor, Edmundo González, deixou o país, diminuindo as expectativas de que pudesse assumir o poder, e os protestos contra a fraude se tornaram menos frequentes nas ruas de Caracas.

Além disso, Maduro passou a tocar os negócios como de costume, fazendo pouco caso das tentativas de mediação. Na segunda-feira (14), um cão de guarda do ditador sugeriu que Lula foi aliciado e se tornou um agente da CIA.

CONTENÇÃO DE DANOS – Aos poucos, o Brasil entra num modo de contenção de danos. Como qualquer ruptura está descartada, o Itamaraty mantém canais abertos para negociações objetivas, da importação de energia até a busca por um salvo-conduto para remover, num avião da FAB, opositores asilados na embaixada da Argentina.

Ainda que o Itamaraty insista publicamente em algum diálogo em sentido contrário, o quadro mais provável inclui uma nova posse de Maduro em 10 de janeiro. Lula não deverá comparecer, e muitos diplomatas acreditam que ele nem será convidado.

No dia seguinte, o governo Lula não terá apenas um vizinho incômodo. A Venezuela servirá como lembrete de que o país pagou caro pelas concessões feitas ao regime e ainda saiu com um prejuízo adicional nas suas ambições de liderança regional.