Ataques israelenses provocam fuga em massa do Líbano para a Síria

A guerra não poupa inocentes, mulheres ou crianças

Pedro do Coutto

O conflito no Oriente Médio está assumindo um caráter de catástrofe diante da pressão e do temor da ofensiva de Israel. Cerca de 100 mil pessoas, 80% delas sírias, fugiram do Líbano para a Síria devido aos ataques israelenses, número que dobrou em dois dias. A reversão desse fluxo, uma vez que a Síria enfrenta uma guerra civil há 13 anos que já deslocou mais de 12 milhões de pessoas, expõe o desespero dessas pessoas à medida que o conflito entre Israel e o Hezbollah se intensifica, com a morte do líder do movimento xiita, Hassan Nasrallah, na última sexta-feira, marcando uma escalada sem precedentes.

Até sexta-feira, 30 mil pessoas haviam cruzado para a Síria, de acordo com a agência da ONU. A maioria são mulheres e crianças. As pessoas em fuga fogem dos bombardeios e chegam à Síria exaustas, traumatizadas e precisando desesperadamente de ajuda. Israel ampliou seus ataques nos últimos dias para incluir o Líbano e a Faixa de Gaza, tendo como alvo o Hezbollah, aliado regional do Irã.

REDUTO – Na sexta-feira, um ataque israelense contra a região sul de Beirute, um dos redutos do Hezbollah, matou Nasrallah. O bombardeio atingiu prédios residenciais sob os quais funcionava o quartel-general do movimento xiita. Foram mais de 80 bombas em poucos minutos, segundo informou o New York Times. O corpo de Nasrallah foi recuperado no domingo.

Os ataques israelenses tampouco pouparam civis e na última semana os bombardeios mataram mais de 700 pessoas no Líbano, incluindo 14 paramédicos em um período de dois dias, de acordo com o Ministério da Saúde do Líbano. Nesta segunda, um ataque de drone atingiu um prédio no centro de Beirute, com um grupo armado palestino dizendo que havia matado três de seus membros. O Ministério da Saúde libanês também relatou o ataque, o primeiro no centro da capital libanesa, dizendo que matou quatro pessoas e feriu outras quatro.

Uma situação de pânico que está abalando a humanidade. Israel, segundo Netanyahu, dará sequência aos bombardeiros. O mundo, mais uma vez, corre o risco de um conflito generalizado, pois  o Irã anuncia apoio ao Hezbollah, o que causará uma nova etapa da guerra que poderá ocorrer. O risco já se estende pelo Oriente Médio e não dá sinais de que os conflitos possam ser suscitados pela intervenção das grandes potências. Netanyahu rejeitou as propostas dos Estados Unidos de uma trégua na região. A humanidade se curva diante da ignorância e a violência de mais uma guerra.

Mulheres sólidas, de ancas largas, enfeitam a poesia de Murilo Mendes

Murilo Mendes, retratado por Guignard

Paulo Peres
Poemas & Canções

O notário e poeta mineiro Murilo Monteiro Mendes (1901-1975), no poema “Aquarela”, é ousado não só nas imagens eróticas, mas na associação que estabelece entre palavras. Explica o professor de literatura Edir Alonso que é de uma beleza estonteante a polissemia realizada no termo “Aquarela” e a ideia de umidade, presente em inúmeros momentos, “porque tudo sugere muita novidade, a inauguração, a festividade, como a sensualidade, numa massa compacta que o poeta vai diluindo diante de nossos olhos, como um aquarelista diluindo em água uma massa compacta de tinta”.

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AQUARELA

Murilo Mendes

Mulheres sólidas passeiam no jardim molhado da chuva,
o mundo parece que nasceu agora,
mulheres grandes, de coxas largas, de ancas largas,
talhadas para se unirem a homens fortes.

A montanha lavada inaugura toaletes novas
pra namorar o sol, garotos jogam bola.
A baía arfa, esperando repórteres…
Homens distraídos atropelam automóveis,
acácias enfiam chalés pensativos pra dentro das ruas,
meninas de seios estourando esperam o namorado na janela.

Estão vestidas só com uma blusa, cabelos lustrosos
saídos do banho, e pensam longamente na forma
do vestido de noiva: que pena não ter decote!
Arrastarão solenemente a cauda do vestido
até a alcova toda azul, que finura!

A noite grande encherá o espaço
e os corpos decotados se multiplicarão em outros

Mais mentiras e contradições no inquérito sobre o golpe de Bolsonaro e Braga Neto

Anderson Torres: Ministro da Justiça defende uma C... | VEJA

Os chefes militares estão mentindo, diz Anderson Torres

Carlos Newton

Já mostramos aqui na Tribuna que existe enorme diferença entre as investigações sobre crimes de civis e de militares no chamado Inquérito do Fim do Mundo, aberto há quase seis anos e que não tem prazo para acabar, fato que, por si só, seria suficiente para se arquivar tudo o que já foi apurado e tocar a vida para frente.  

No caso de investigação policial civil, o artigo 10 do Código de Processo Penal determina que “o inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão”. Se não estiver preso, o prazo sobe para 30 dias.

Se for inquérito policial militar, o prazo para conclusão também varia, com 20 dias a partir da ordem de prisão, ou 40 dias a partir da data de instauração do inquérito, se estiver solto.  

PRORROGAÇÃO – Para haver prorrogação, é preciso um relatório substancial ao magistrado. Mas, no caso, como o juiz chama-se Alexandre de Moraes e a instância é o Supremo, todas as regras podem mudar mediante “interpretação”, e a Polícia Federal já não se atém ao prazo legal, vai pedindo prorrogação somente a cada 90 dias.

E a Procuradoria, que tem o papel de arquivar inquéritos ilegais desse tipo, se omite, e assim la nave va, cada vez mais fellinianamente.

Em meio a essa esculhambação judicial, o Inquérito do Fim do Mundo abriga importantes e intrigantes controvérsias, como as identificadas entre os depoimentos do comandante do Exército no fim da gestão de Bolsonaro, general Freire Gomes, e o chefe do Comando das Operações Terrestres, general Estevam Cals Theóphilo, também de quatro estrelas e membro do Alto Comando.

PEGA NA MENTIRA – Bem, é certo que um dos dois está mentindo sobre a reunião de Estevam com o então presidente Jair Bolsonaro em dezembro de 2022. Ou, pior, os dois podem estar mentindo.

Como a Polícia Federal e a força-tarefa montada por Moraes pouco estão ligando e não se interessam por eliminar essa contradição, vamos descartar este assunto e abordar um caso semelhante.

O segundo exemplo de contradições insanáveis é a investigação sobre o ex-ministro da Justiça, delegado Anderson Torres.

Em seus depoimentos, o então comandante do Exército, general Freire Gomes, e o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Baptista Junior, confirmaram a presença de Torres em pelo menos um dos encontros para discutir a possibilidade de golpe.

TORRES NEGA – O ex-ministro da Justiça insiste em só ter encontrado com Freire Gomes e Baptista Junior apenas uma vez, no Alvorada. Na ocasião, teria apenas cumprimentado os militares que chegavam para se encontrar com Bolsonaro.

Para desfazer a acusação, a defesa de Torres solicitou ao ministro Alexandre de Moraes acesso aos registros de entrada dos palácios da Alvorada e do Planalto, além de dados de geolocalização do seu telefone e dos celulares de Bolsonaro, Freire Gomes e Baptista Junior.

O objetivo é desmentir a versão dada pelos militares de que Torres teria atuado como “suporte jurídico” para a elaboração da minuta golpista apresentada em reuniões na presença de Bolsonaro e de aliados.

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P.S.
Na petição, assinada pelo advogado Eumar Novacki, foi solicitado um novo depoimento de Torres, bem como uma acareação com os oficiais, caso as supostas contradições não sejam sanadas. Trata-se de um ponto muito importante a ser elucidado. Civil ou militar, ninguém pode mentir em depoimento à Polícia. Se os dois chefes militares mentiram para agravar as acusações a Anderson Torres, devem ser desmascarados e submetidos à execração pública, já que jamais sofrerão punições por cometer perjúrio (falso testemunho), cuja pena é reclusão de três a oito anos, além de multa. Mas quem se interessa? (C.N.)

Quando fiscalizar o Cadastro Ambiental Rural, o Brasil acaba com a devastação

Prazo final para inscrição no Cadastro Ambiental Rural com adesão ao  Programa de Regularização Ambiental - Nova Onda Online

Parte de cada fazenda tem de se tornar reserva ambiental

Duarte Bertolini

Não há dúvida de que é possível alcançar novos conhecimentos e mudar costumes ancestrais, como as queimadas que até hoje são feitas para renovar as pastagens e que acabam por esgotar a terra. É claro que é preciso ter um pouco de bom senso e vontade de trabalhar da forma correta, sob orientação das autoridades preservacionistas.

No meu caso, fui criado em ambiente absolutamente predatório, para os padrões atuais. Meus avós, vindos da Itália, foram obrigados a derrubar a mata para sobreviver e plantar um futuro, caçar e pescar à exaustão para sobreviver e eram agradecidos, pois achavam que esta terra dadivosa (comparada com as exauridas terras da Itália) sempre lhes ofereceria tudo.

OUTRA REALIDADE – Quando criança já eram raras as matas preservadas e os pássaros quase inexistentes. Até hoje lembro que na infância e início da adolescência eu sempre andava com um alçapão embaixo do braço, para tentar prender algum pássaro desavisado. Nessa época, eu nem tinha paciência para pescar, porque nos rios havia poucos vestígios de peixes.

Mas o ser humano, por possuir mínima inteligência pode observar, concluir e evoluir. Na cidade em que nasci, as culturas se modificaram e a mata volta a reinar em segmentos expressivos. No meu caso, hoje não suporto a ideia de viver em apartamento longe da vida ao ar livre. Trato as plantas como velhas amigas e alimento diariamente os pássaros que me visitam.

Então, é possível mudar. E a pequena mudança de cada um de nós certamente será ampliada, com grandes resultados.

PARÁBOLA – Sou católico e lembro sempre da parábola do pássaro apagando o fogo com gotas de água. Se cada um fizer sua parte (inclusive os órgãos e funcionários públicos) poderemos chegar lá. No campo da ecologia, nosso país ainda não está destruído. Podemos recuperá-lo, é possível ter esperanças.

Nossos políticos e gestores públicos são despreparados. Falta-lhes muita coisa: educação, cidadania, capacidade de aprender com os erros e uma visão mínima de futuro. Não é possível que não estejam consternados com as imagens de devastação que a TV nos exibe diariamente.

Mas não há segredo. A solução já existe. É o Cadastro Ambiental Rural, necessário para fiscalizar as propriedades e obrigá-las a cumprir as leis, transformando partes das terras em áreas ambientais e preservando as fontes de água. A fiscalização é fácil, através das fotos de satélite. No dia em que houver fiscalização, esse drama acaba e o Brasil poderá seguir em frente.

Está na hora de escalar Gérson como titular, antes que seja tarde demais

Capitão do Flamengo, Gerson atua em vitória da Seleção Brasileira

Gerson tem de começar jogando como titular

Vicente Limongi Netto

Atuações ridículas do Fluminense estão tirando o torcedor do sério. O fantasma do rebaixamento está se materializando. Time acomodado, confuso e irritante. Faria papelão em pelada no Aterro do Flamengo. O técnico Mano Meneses erra mais do que acerta. Ganso pouco inspirado, piora o destrambelho do time.  Foi desastroso perder para o último colocado e ser castigado com gol claramente irregular. O Flamengo, por sua vez, livrou-se do incômodo Tite. Com ele, passamos vergonha em duas copas do mundo.

Nessa linha, creio que Gerson merece uma chance de ser titular, contra o Peru, no próximo jogo do Brasil pelas eliminatórias. Meio de campo brasileiro precisa produzir mais, incomodar e ameaçar mais o adversário.  Peru e Chile estão piores do que o Brasil, na tabela de classificação. Hora de Dorival Junior fazer o torcedor feliz. Caso contrário, será o Tite da vez.   

UMA VERGONHA – A candidatura do pernicioso Davi Alcolumbre para a Presidência do Senado não engrandece a Câmara Alta. Envergonha o busto de Rui Barbosa, destacado no plenário.

O Senado não pode se apequenar, aceitando sem reagir a candidatura do medonho REP Amapá.

Grupos de senadores contrário a Alcolumbre conversam, em busca de acordo para lançar o nome do respeitado senador Otto Alencar (PSD-BA), para o lugar de Rodrigo Pacheco. Boas falas. O bom senso espera que as conversas evoluam com bom final.

TEMPO DE MANGA – Mangueiras frondosas se destacam na paisagem, indicando que a saborosa fruta está chegando. Delícias que compõem o cenário de Brasília. São vistas em todo canto. Nas ruas, chácaras, mansões e condomínios. De várias origens e tamanhos. Penduradas em galhos altos. O começo da criação é com sol e chuva.

Abençoada pelas nuvens, cigarras e ventos suaves das estrelas.  Os gomos verdes são parceiros dos gomos amarelos. O caldo viscoso e interminável é contido pelo caroço esfiapado. Comercializadas, são caras. Apreciadas também com casca e sal.

Maduras, não resiste a pedradas de quem passa por elas. Mangueiras pertencem â vida dos brasilienses. Mangas estão no paladar de todos.  Por meses, a temporada das mangas faz a alegria da população. 

Loucura das bets ilustra o presente desesperado de um país sem futuro

Imagem ilustrativa de apostas esportivas bets - Metrópoles

O governo atendeu aos lobistas do jogo e está se dando mal

Mario Sabino
Metrópoles

Diante do desvario causado pelas bets, a imprensa está como aquele policial corrupto do filme Casablanca que vai fechar o cassino do personagem de Humphrey Bogart. “Estou chocado — chocado — por descobrir que há jogo acontecendo aqui!”, diz ele, impassível. Em seguida, um crupiê lhe estende um maço de dinheiro, informando: “Os seus ganhos, senhor”. Ao que o policial responde: “Ah, obrigado”.

A verdade é que, não fosse a história policial envolvendo a influencer e o cantor sertanejo famosos, grandes veículos de comunicação continuariam a fazer vista grossa para o descalabro que lhes rende dinheiro em publicidade, recurso cada vez mais escasso. Há até emissoras que querem aderir ao novo negócio de engabelar gente pobre, transformando-se, elas próprias, em casas de apostas eletrônicas.

VIGARICE – A liberação dessa vigarice foi a título de aumentar a arrecadação de impostos. Conversa mole: em 2025, de acordo com economistas ouvidos pelo Estadão, a regulação das bets renderá entre R$ 2 e R$ 10 bilhões, uma bagatela se comparada à receita primária de R$ 2,7 trilhões, prevista no Orçamento da União. Quem tem a comemorar são os lavadores de dinheiro.

A aprovação do projeto das bets abriu “as portas do inferno”, como disse a deputada Gleisi Hoffmann, agora fazendo mea-culpa. O inferno é tão grande, veja só, que estou concordando com Gleisi Hoffmann.

“Subestimamos os efeitos nocivos e devastadores sobre o que isso causa à população brasileira. É como se a gente tivesse aberto as portas do inferno, não tínhamos noção do que isso poderia causar. Principalmente essa ação muito ofensiva das casas de jogos e o uso de publicidade extrema”, disse a deputada petista.

BOLSA APOSTA – O resultado da selvageria é que beneficiários do Bolsa Família gastaram, apenas em agosto, R$ 3 bilhões de reais com apostas eletrônicas. O Bolsa Família virou programa de transferência de renda para cassinos virtuais. É o Bolsa Bet. Para completar a roleta russa, uma pesquisa feita por uma fintech revela que 30% dos brasileiros que têm conta em banco contraem empréstimos para fazer apostas.

Marcos Troyjo, ex-presidente do Banco dos Brics, desenhou para esta coluna o tamanho do desastre para o país: “O PIB nominal do Brasil é de cerca de R$ 11 trilhões. Historicamente, o país investe cerca de 1% do PIB em PD&I (Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação.  PD&I é antessala de aumentos de produtividade, que são antessala de aumentos de renda, que são antessala da prosperidade. Este 1% de R$ 11 trilhões é R$ 110 bilhões. Estes R$ 110 bilhões são todo o investimento que o Brasil (governo, estatais, autarquias, universidades, centros de pesquisa, empresas privadas) faz em PD&I. Um estudo recente do Banco Central mostra que, em agosto de 2024, algo como R$ 20 bilhões foram transferidos a empresas de apostas e jogos de azar, as bets. R$ 20 bilhões por mês são R$ 240 bilhões por ano”.

CONCLUSÃO – Hoje, o Brasil está direcionando mais do dobro de recursos a bets do que à construção do futuro mediante o investimento em PD&I.

A loucura das bets ilustra o presente desesperado de um país sem futuro. Não se está falando de vício, apenas, mas da ilusão infantil de milhões de brasileiros que enxergam nas apostas eletrônicas um meio de completar o mês, de ir um pouco além da sobrevivência.

É trágico, doloroso e deprimente.

Contratação de advogados causa renúncia de medalhões em ação bilionária no STF

As barragens de Mariana e Brumadinho poderiam não ter existido – Portal Ambiente Legal

Desastres ambientais serão julgados em Brasília ou Londres?

Thais Bilenky
Do UOL

Seis advogados dos mais reputados do país renunciaram a uma causa de mais de R$ 100 bilhões no Supremo Tribunal Federal do Ibram, o Instituto Brasileiro de Mineração, que representa as maiores mineradoras do país. O motivo? A entrada dos escritórios Warde Advogados e Xavier Gagliardi Inglez Verona e Schaffer Advogados na ação bilionária.

Os advogados que deixaram o caso são Floriano de Azevedo Marques, Beto Vasconcelos, Augusto de Arruda Botelho, Gustavo Binenbojm, Rodrigo Mudrovitsch e Eduardo Damião Gonçalves. A decisão foi comunicada ao Supremo na quarta-feira (25), um dia depois de o Ibram informar a contratação de Warde.

COMUNICAÇÃO – Em carta aos advogados, o diretor presidente do Ibram, Raul Jungmann, comunicou na terça-feira (24) a contratação dos escritórios Warde Advogados e Xavier Gagliardi Inglez Verona e Schaffer Advogados.

“Não obstante, continuaremos a contar com apoio e colaboração dos escritórios anteriormente contratados, com os quais quero promover uma reunião de coordenação estratégica”, afirmou Jungmann. “Nesse ínterim, tendo em vista a urgência da matéria e a dificuldade de alinharmos nossas agendas, autorizei o início das atividades pelos novos colegas.”

Em nota emitida por sua assessoria, o escritório de Walfrido Warde informou que “ainda não ingressou nos autos da ADPF 1178. Ressalta, todavia, que a renúncia dos colegas priva o escritório da oportunidade de advogar ao lado de brilhantes causídicos, ainda que, apenas circunstancialmente, representem partes oponentes em muitos litígios correntes de grande porte”.

AÇÃO EM LONDRES – O Ibram entrou com a ação em junho pra tentar impedir municípios brasileiros de litigar em Londres contra as empresas responsáveis pelos desastres de Mariana e Brumadinho. O ministro Cristiano Zanin é o relator.

Cerca de 700 mil atingidos e 46 municípios acionaram as cortes britânicas para responsabilizar a BHP Billiton, mineradora anglo-australiana, com sede em Londres, uma das acionistas da Samarco. A Vale, outra sócia, também foi incluída no processo. O valor é baseado no acordo que a Advocacia Geral da União está prestes a fechar com as empresas e os municípios, que supera R$ 100 bilhões. Mas o valor da ação em si não foi calculado.

A ação discute se vale a decisão do Judiciário do Brasil ou de Londres. O escritório que entrou com a ação na corte britânica é especializado em ações coletivas, que vendem a indenização a ser recebida a fundos de litígio. E a indenização já foi comprada por fundos de litígio estrangeiros.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGUma ação interessantíssima. Esse novo advogado, Walfrido Warde, defende a tese de que a corrupção deve ser tolerada em nome do desenvolvimento… Vamos ver se vai valer a decisão da Justiça brasileira ou da britânica. Façam suas apostas diretamente, esqueçam as Bets. (C.N.)

No Brasil, o “governo das leis” está sendo substituído pelo “governo dos homens”?

Pesquisas mostram o que o brasileiro pensa do Judiciário - Polêmica Paraíba

Charge do Cleberson (Arquivo Google)

Wálter Maierovitch
Do UOL

Nesta semana, já temos forte indício de o “governo das leis” estar sendo substituído pelo “governo dos homens” (os ministros do STF), para usar as expressões da época das discussões filosóficas platônico-aristotélicas.

A inversão é preocupante, pois a superioridade da lei é expressão da soberania popular. Afinal, na democracia, o poder provém do povo e é ele que tem qualidade para agir pelos seus representantes eleitos: demos (povo) + kratos (poder)

CAÇA ÀS BRUXAS – Em outras palavras e referentemente à caça às bruxas de acesso à plataforma X, o supremo ministro Alexandre de Moraes e o procurador-geral da República, Paulo Gonet. atentam ao estado de Direito ao violarem o princípio da legalidade .

O princípio da legalidade adotado pela nossa Constituição, também chamado de reserva legal, foi expresso em fórmula latina criada pelo jus-filósofo alemão Anselm Von Fuerbach , “nullun crimem sine lege”.

A reserva legal vem expressa no artigo 5º da nossa Constituição e integrou a célebre declaração de direitos das Nações Unidas, ou seja, “não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal”. Com efeito, não existe lei a autorizar as pesadas sanções impostas por Moraes aos ingressos na plataforma X.

COISAS DIVERSAS – Os usuários que acessaram a plataforma X nada têm a ver com as deliberações de Moraes sobre ter ou não Musk representante legal no Brasil e de não haver retirado da rede perfis de consagrados antidemocráticos, golpistas a serviço do infectante bolsonarismo. Como se diz no mundo do direito, trata-se de “res inter alios”, ou melhor, coisa entre terceiros: Moraes e Musk.

Não existe nenhum vínculo de co-autoria delinquencial ou participação criminosa. Em síntese, não existe nenhum tipo penal de enquadramento aos usuários de rede: “Nullun crimen, nulla poena sine previa lege”.

Moraes quer criminalizar e penalizar os que fizeram “uso extremado” de acesso à rede. Onde está esse tipo penal “uso extremado” e o que significa? Onde encontrar, salvo nas mentes de Moraes e Gonet, os crimes que imaginam? Resposta: nada disso está tipificado no nosso ordenamento legal-constitucional.

AGRADECIMENTO – Gonet quer identificar os descumpridores da ordem de Moraes. A lembrar: Moraes, acompanhado de Gilmar Mendes, “sugeriu” a Lula a indicação de Gonet à elevadíssima função de procurador-geral da República. Daí, a percebida consideração e referência de Gonet ao cabo-eleitoral.

Mas até quando iremos conviver com arbitrariedades? A resposta é simples: enquanto o ministro Roberto Barroso, presidente do STF, mantiver a portaria de superpoderes inquisitoriais a Moraes, tudo continuará como está. O STF permanecerá como uma espécie de poder maior, o que significa afronta à divisão e separação dos poderes. Também ao sistema de freios e contrapesos.

Poder mais que o outro desequilibra, e o STF, para piorar, vem intrometendo-se na competência legislativa. E até do Executivo, como aconteceu na recente decisão do ministro Flávio Dino na questão das queimadas.

PODER MODERADOR – O antidemocrático e golpista Jair Bolsonaro queria inventar a existência de um poder moderador, que seria o dele presidente, para se impor aos demais. Viu-se como Pedro Ii e o filho Pedro II, detentores, por força da Constituição imperial, do poder moderador, idealizado na França pelo jurista Benjamin Constant de Rebecque.

Por seu turno, o ministro e então presidente Dias Toffoli, autor da portaria que está sendo mantida por Barroso, acabou inventando uma fórmula alternativa de poder extra. No novo desenho, o STF colocou-se não como moderador diante de dissenso entre poderes, mas como poder absoluto, maior e predominante.

Para completar o quadro constitucional e juridicamente desolador, saiu Aras, o procurador filo bolsonarista. No lugar, entrou um procurador filo-STF, praticamente escolhido por dois do STF, que está a comprometer a independência institucional e a falhar na noção sobre o fundamental papel do MP num estado de Direito.

LIBERDADE – Num pano rápido, o marquês de Beccaria, precursor da humanização penal e do moderno direito criminal, escreveu, em 1764, no opúsculo “Dos delitos e das penas”, “não existir liberdade toda vez que atos permitirem que, em alguns eventos acontecidos, o homem cesse de ser pessoa e se transforme em coisa”.

Nossa Constituição não permite isso, mas com Moraes e agora Gonet, todo cidadão brasileiro transformou-se em coisa, não mais em sujeito de direitos.

Política externa rebaixa Lula ao papel de “mordomo-chefe” da Venezuela

Tribuna da Internet | Lula e o Brasil, mais uma vez humilhados pelo sanguinário ditador Nicolás Maduro

Charge do Gomez (Correio Braziliense)

J.R. Guzzo
Estadão

Quase tudo na vida tem dois lados, mas o problema é esse “quase”. Há coisas que só tem um lado, e o lado que existe é muito ruim – ou têm dois, mas um é pior que o outro. O melhor exemplo ora disponível desta realidade é aquilo que o governo Lula chama de “política externa”. Há quase dois anos, desde que começou a sua terceira encarnação como presidente da República, Lula já gastou mais de R$ 3 bilhões em 23 viagens ao redor do mundo atrás da fantasia de tornar-se um guia espiritual do mundo subdesenvolvido. Tudo o que conseguiu de lá para cá foi destruir qualquer possibilidade de fazer com que o Brasil seja levado a sério.

É certo que o governo Lula, nas suas realizações internas, é um deserto do Saara que se estende a perder de vista. Então: já que não consegue fazer nada aqui dentro, não daria para fingir que está fazendo alguma coisa lá fora? Se foi essa a intenção, é evidente que não deu certo. O último prego no caixão da nossa “política externa altiva”, como diz o Itamaraty, é o rebaixamento do Brasil ao papel de mordomo-chefe da ditadura da Venezuela.

É CÚMPLICE – É uma coisa triste. Quanto mais Lula tenta se fazer de “interlocutor” entre “as partes”, mais ele se afunda como cúmplice público de um dos mais grosseiros roubos de eleição jamais vistos no seu Terceiro Mundo. Não há “duas partes” legítimas na Venezuela; não há, portanto, nada para negociar.

Há um crime cometido por seu parceiro e ditador Nicolás Maduro, de um lado, e os eleitores assaltados por ele, de outro. Todo o mundo democrático diz isso, mas Lula acha que a esperteza é fazer de conta que está buscando uma “solução negociada”, enquanto fecha com o ditador por baixo do pano.

Acaba sendo apenas mais uma mentira de baixa qualidade. Lula diz que não condena o roubo porque quer “manter aberto” seu canal de “interlocução” com Maduro. Que canal? Que interlocução? O ditador diz que o outro lado é um bando de “terroristas” que se recusa a aceitar “o resultado das eleições”.

NA VIOLÊNCIA – A milícia ditatorial da Venezuela já assassinou pelo menos 25 opositores que faziam protestos de rua. Há quase 2.000 presos políticos no país. Maduro diz que vai construir campos de concentração, e por aí se vai. Como o presidente do Brasil pode querer que a oposição “negocie”?

Rússia, Cuba, Irã e as ditaduras de sempre não perderam tempo, nem encheram a paciência de ninguém, com essas conversas sobre “diálogo”. Já foram logo cumprimentando Maduro por sua linda vitória, e vida que segue.

Lula quis enganar todo mundo, e ficou com a brocha na mão: quem gosta de ditadura acha que ele vacilou feio, quem gosta de democracia convenceu-se mais uma vez que ele é um hipócrita.

Eleição em São Paulo exibe as caóticas divisões de direita e esquerda em crise

Esquerdas sobem na opinião pública; e a direita recua - por Pedro do Coutto  - Tribuna da Imprensa Livre

Charge do Duke (Arquivo Google)

Míriam Leitão
O Globo

A direita dividiu-se nessa eleição com conflitos de fazer sombra à sempre dividida esquerda. Jair Bolsonaro em cima de um palanque berrou duas vezes que Ronaldo Caiado é um governador covarde. O sócio de Pablo Marçal deu um soco no publicitário de Ricardo Nunes. Os 20% dos eleitores paulistanos que se dizem bolsonaristas entregam 48% de intenção de votos a Marçal e 39% a Nunes, segundo o último Datafolha.

A Faria Lima, que administra o dinheiro poupado da classe média e dos ricos, se inclina por um candidato que não tem uma única ideia de como administrar a maior cidade do país. Um empresário dono de startup de educação para gestores diz que mulher não pode ser CEO. E o agro tecnológico nada faz para se separar da lavoura arcaica. Vivem juntos.

DEVASTAÇÃO – Os fatos listados aqui parecem sem conexão, mas mostram a devastação que é a elite brasileira, e o resultado do processo político recente que transformou a direita em satélite da extrema direita antidemocrática e contra a ciência. Ronaldo Caiado é médico, foi a favor da vacina e das medidas protetivas. O xingamento de Bolsonaro foi por esse acerto.

O evento revela que mesmo sobre 700 mil mortos, o ex-presidente continua contra a proteção da vida de brasileiros. Nada o demove do seu obscurantismo.

Os Caiados têm poder em Goiás desde o começo da República, mas Ronaldo Caiado surgiu como líder do ruralismo de direita no período pós-ditadura. Propunha-se a defender suas ideias sobre o agronegócio dentro da democracia. Contudo ele esteve no palanque da Paulista, no último 25 de fevereiro, bajulando Bolsonaro numa manifestação de defesa do golpismo e dos golpistas.

TARCÍSIO E NUNES – No mesmo palanque onde se cultuou Bolsonaro como líder maior estava o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que tem sido apresentado como bolsonarista democrático, como se essas categorias fossem conciliáveis. Estava também o prefeito Ricardo Nunes que, nos últimos dias, teve que abjurar a vacinação obrigatória contra Covid, que ele um dia apoiou por causa de Bruno Covas.

O neto do grande democrata Mário Covas fez seu papel de líder contra a Covid. Mesmo sendo imunossuprimido, Bruno circulava por hospitais, lutando pessoalmente contra o vírus mortal. É esse legado que Nunes trai para tentar conquistar votos da extrema direita, que prefere Pablo Marçal.

Um acionista de um grande banco me perguntou: como é possível que a Faria Lima se encante por uma pessoa como Pablo Marçal? As escolhas políticas dos operadores de mercado financeiro não os recomendam como gestores do dinheiro alheio, por falta absoluta de visão estratégica. Pense numa cidade de 11 milhões de habitantes sendo administrada por um misto de arruaceiro, curandeiro, farsante, com propostas como fazer teleféricos em áreas planas e mandar os homens para a reciclagem.

MULHER CEO – Também não se recomenda um curso da G4 Educação. A startup foi fundada por Tallis Gomes e três sócios. A empresa treina gestores para os desafios do mundo atual. Ele ficou famoso por dizer “Deus me livre de mulher CEO” e sustentar que mulher gestora passa por um processo de “masculinização” e deixa o lar em “quarto plano”.

Tallis tem 37 anos e carrega ideias medievais sobre a mulher, mas é professor de gestores. Foi afastado, porém permanece sócio de uma empresa que quer educar o mundo corporativo.

O país foi incendiado por criminosos. Em São Paulo, foram atacadas usinas de cana- de- açúcar. O agronegócio foi atingido diretamente. Na Amazônia, os incêndios são provocados para que depois da queima da floresta sejam feitos pastos para a pecuária.

Aguarda-se ansiosamente que o agronegócio, que se diz bom, moderno e tecnológico, rompa publicamente com toda a cadeia de produção sustentada pelo crime.

COMO COMEÇAR? – É possível fazer a rastreabilidade da produção brasileira e limpá-la do crime ambiental. Passa por mudar a pauta da bancada ruralista. Quem vai começar a ruptura? O primeiro bônus será o acordo com a União Europeia.

Uma democracia precisa de forças políticas de direita, esquerda, centro. Todas comprometidas com os valores institucionais da democracia. O progresso econômico exige gestores e empresários com visão de futuro e capazes de enfrentar desafios climáticos e de inclusão num país desigual.

Com a direita capturada pelo autoritarismo, e a elite econômica subserviente ao atraso, o nosso projeto de potência ambiental, inclusiva e democrática fica mais distante.

Após a audiência pública, Fux deve levar ação contra bets ao plenário do Supremo

Fux suspende lei municipal que institui 8 de janeiro como 'Dia do Patriota'

Audiência vai debater a exploração do homem pelo jogo

Luísa Martins
CNN Brasil

O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), sinalizou que não vai decidir individualmente e indicou que vai levar ao plenário a ação que discute a constitucionalidade da lei responsável pela regulamentação das bets esportivas.

Fux convocou audiência pública para o dia 11 de novembro com o objetivo de ouvir especialistas, entidades reguladoras, órgãos governamentais e representantes da sociedade civil a respeito do tema.

RITO ABREVIADO – Depois, vai submeter a ação ao plenário, onde ele e os outros dez ministros poderão votar. Ele adotou o chamado “rito abreviado”, sinalizando que não vai decidir individualmente.

A ação foi ajuizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A alegação é a de que a lei aumentou o mercado de apostas e o endividamento das famílias.

Fruto de uma mobilização do governo federal, a lei das bets foi aprovada pelo Congresso no governo de Mrichel Temer e regulamentada por Medida Provisória do presidente Lula da Silva (PT) em dezembro de 2023.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O governo do presidente Jair Bolsonaro ficou inseguro em relação às apostas bets e deixou o assunto engavetado por quatro anos. De olho na receita propiciada pela jogatina, Lula mandou regulamentar por Medida Provisória e está quebrando a cara. Agora, até as televisões estão querendo ter suas próprias bets, para explorar esse povo pobre e otário do meu Brasil varonil. (C.N.)

STF bombardeia Lava Jato até não sobrar tijolos, prisões, condenações e… multas

Tribuna da Internet | Imprensa chora a destruição da Lava Jato, mas “lavou”  o produto de roubo

Charge do Nani (nanihumor.com)

Eliane Cantanhêde

Na sexta-feira à noite, no escurinho do cinema, o ministro do STF Dias Toffoli lançou mais uma bomba, em meio à decisão de Alexandre de Moraes sobre a volta do X, eleições na reta final, o debate crescente sobre os riscos das bets e o ataque de Israel à capital do Líbano –  a anulação de todos os processos contra Léo Pinheiro, ex-presidente da empreiteira OAS.

Ex-advogado do PT, Toffoli foi nomeado para o Supremo nos primeiros mandatos do presidente Lula, mas votou contra o partido na época da Lava Jato, impediu Lula de sair da prisão para ir ao velório do irmão e agora se açoita anulando condenações e multas da Lava Jato. Uma reviravolta e tanto, ou um pedido de perdão?

AMIGÃO DE LULA – Já Léo Pinheiro, capturado pela Lava Jato, foi o empreiteiro mais próximo de Lula, a quem visitava no Sítio de Atibaia para bater altos papos e tomar uns drinks. Resistiu o quanto pôde a fazer delação premiada, mas cedeu depois de Marcelo Odebrecht abrir a fila e o bico.

Sua delação, só aceita quando ele incriminou Lula, foi decisiva para a condenação e prisão do ex e atual presidente, por corrução passiva e lavagem de dinheiro, no caso do triplex do Guarujá – onde, aliás, ele não morava, nunca tinha morado e nunca iria morar.

É assim que a Lava Jato, comemorada como a maior operação contra a corrupção do Brasil, quiçá do mundo, continua sendo bombardeada até o último tijolo. O então juiz Sérgio Moro e os procuradores viraram vilões, inclusive com a perda de mandato de Deltan Dallagnol na Câmara. E todos os políticos e empreiteiros foram soltos e a fase de anular delações e acordos de leniência avança rapidamente. Com a correspondente anulação de multas.

SÓ 45 MILHÕES – Léo Pinheiro, por exemplo, foi condenado a 30 anos, ficou três anos e quatro meses preso e pede, além da invalidação das penas, também da multa de R$ 45 milhões da OAS, mais uma vez seguindo a trilha da antiga Odebrecht. É como se a corrupção não tivesse existido, as delações fossem mentirosas, os acordos de leniência e as provas fakes, as multas indevidas. Uma volta no tempo, apagando tudo.

Se as grandes empreiteiras e seus donos foram ao fundo do poço e voltam à tona, a J&F e os irmãos Wesley e Joesley Batista jamais saíram do topo, de seus aviões e iates, e continuam multiplicando seu patrimônio, estimado em R$ 20 bilhões – cada um. Pode ser coincidência, mas enquanto os empreiteiros denunciaram PT e Lula na Lava Jato, os irmãos do frigorífico desviaram o foco para o então presidente Temer e o ex-candidato do PSDB à Presidência Aécio Neves.

Como estarão os negócios de Wesley e Joesley no Lula 3?

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGBelo artigo de Eliane Cantanhêde, exibindo a inacreditável decadência da Justiça brasileira, com ministros do tipo Dias Toffoli, que certamente terão seus nomes na História. Quanto aos irmãos Batista, estão cada vez melhores, mudaram a sede da empresa para o exterior, a pretexto de pagar menos impostos, e agora estão investindo em energia, com entusiástico apoio de Lula. Como dizia Vinicius de Moraes, que maravilha viver! (C.N.)

Jogatina eletrônica devora recursos de beneficiários do Bolsa Família

Ilustração de Charge de Caio Gomez

Pedro do Coutto

Em artigo publicado na edição deste domingo em O Globo, Elio Gaspari aborda o avanço das jogatinas que acontecem no país e que está devorando recursos até daqueles que participam do Bolsa Família. Segundo estimativas do senador Omar Aziz, citado na matéria, estima-se que, em 12 meses, os beneficiários teriam apostado R$ 10,5 bilhões usando o Pix.

Estima-se que o conjunto dos apostadores perdeu R$ 24 bilhões entre agosto de 2023 e agosto deste ano. No mês de agosto, as apostas eletrônicas movimentaram cerca de R$ 21 bilhões. Nesse mesmo mês, a arrecadação de todos os sorteios e loterias da Caixa Econômica ficou em R$ 1,9 bilhão. Um absurdo.

TRANSTORNO – A procura por essas plataformas online, quando sai do controle, se trata de um transtorno mental que prejudica não só o patrimônio e as finanças como também as relações pessoais. É uma compulsão que acaba se instalando que a pessoa, mesmo sabendo dos prejuízos, não consegue evitar.

O vício por jogos em casas, assim como na dependência química, vai progressivamente tomando conta da pessoa. As consequências desse comportamento vão levando a pessoa justamente a ter problemas nos seus outros ambientes, nos seus relacionamentos, em situações de sua vida a ter perdas significativas. E mesmo tendo essas perdas elas não conseguem frear a compulsão por aquele vício de um jogo patológico.

A facilidade de acesso a essas plataformas, proporcionada pelos aplicativos móveis e internet, é um dos fatores que explicam o agravamento desse vício. Se antes o indivíduo tinha que sair do país para ir a um cassino ou ir a um bingo ou buscar esse tipo de jogos de apostas, hoje tem o acesso muito rápido pelo seu próprio celular, pelo aplicativo.

PUBLICIDADE – Da mesma maneira, a publicidade contribui para atrair essas pessoas e acionar gatilhos mentais que estimulam essa compulsão por jogos. É preciso que toda essa situação seja revista, sobretudo pelo Congresso.

Mas enquanto muitos que estão por trás desses esquemas de apostas continuarem a ganhar milhões às custas das apostas que viciam, bancando promessas que não se concretizam, a questão só se agrava. Trata-se até mesmo de um risco generalizado para a saúde mental de centenas de milhares de apostadores que se iludem na esperança de ganhos fáceis, mas inalcançáveis.

“Já tive mulheres de todas as cores, de várias idades, de muitos amores…”

Toninho Geraes, um cidadão do samba

Toninho Geraes é um cidadão do samba

Paulo Peres
Poemas & Canções

O cantor e compositor mineiro Antônio Eustáquio Trindade Ribeiro, conhecido como Toninho Geraes, revela na letra de “Mulheres” que, após ter vários tipos de mulheres, sem encontrar a felicidade em nenhuma delas, finalmente, encontrou a pessoa certa que um dia sonhou ter para si. Este samba foi gravado por Martinho da Vila no CD “3.0 Turbinado ao vivo”, em 1999, pela Sony Music.

MULHERES
Toninho Geraes

Já tive mulheres de todas as cores
De várias idades, de muitos amores.
Com umas até certo ponto fiquei,
Com outras apenas um pouco me dei.

Já tive mulheres do tipo atrevida
Do tipo acanhada, do tipo vivida,
Casada, carente, solteira e feliz
Já tive donzela e até meretriz.

Mulheres cabeças e desequilibradas,
Mulheres confusas, de guerra e de paz,
Mas nenhuma delas me fez tão feliz
Como você me faz.

Procurei, em todas as mulheres, a felicidade
Mas eu não encontrei, fiquei na saudade
Foi começando bem, mas tudo teve um fim.

Você é o sol da minha vida, a minha vontade
Você não é mentira, você é verdade
É tudo que um dia eu sonhei pra mim!

Supremo erra outra vez, ao impedir que INSS aceite a revisão da vida toda

Alexandre de Moraes usou TSE de forma ilegal para investigar apoiadores de Bolsonaro no Supremo

Moraes defendeu os aposentados e acabou derrotado

Carlos Newton

A imprensa se omitiu e não deu a devida cobertura à ação que permitia ao segurado do INSS escolher a regra mais benéfica para se aposentar, que já tinha sido aceita em julgamento anterior, em 2022. A nova decisão, nesta sexta-feira, criou dois tipos de segurados – os que foram julgados antes, tiveram seus direitos reconhecidos e receberam aumentos de suas aposentadorias, e os que somente tiveram apreciadas suas ações agora, recusadas suas pretensões.

O mais surrealista é que ainda existe uma terceira categoria de segurados, formada por aqueles que recorreram, tiveram suas reivindicações acolhidas e conseguiram receber os reajustes por meio de tutela antecipada. Agora, existe a dúvida se esse grupo de segurados será obrigado a devolver o aumento já recebido, o que ocorreria através de descontos em suas aposentadorias. Uma maluquice completa.

UM RETRATO – Esse julgamento é histórico, porque representa um retrato da esculhambação reinante na Justiça brasileira, em que um julgamento de tal importância foi feito de maneira virtual, sem comparecimento ao plenário, o que significa que os advogados não puderam fazer a defesa oral, que é garantia do devido processo, e os ministros também não puderam discutir abertamente a questão entre si.

O julgamento começou na semana passada e terminou na sexta-feira. Assim, a partir de agora fica valendo o que foi estabelecido em março, quando a Corte decidiu que os segurados não podem escolher o regime mais benéfico para sua aposentadoria. Sete ministros votaram contra os recursos: Kassio Nunes Marques (relator), Cristiano Zanin, Flávio Dino, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes, Luiz Fux e Luís Roberto Barroso. O ministro Alexandre de Moraes abriu uma divergência e votou a favor dos recursos. Desta vez, agiu certo, mas foi derrotado.

A decisão foi absolutamente antijurídica, porque o entendimento previa que todas as contribuições previdenciárias feitas ao INSS pelos trabalhadores no período anterior a julho de 1994 poderiam ser consideradas no cálculo das aposentadorias, o que possibilitaria aumentar os rendimentos de parte dos aposentados, o que é justo e constitucional.

E AGORA? – Entrevistada por Daniel Gullino e Caroline Nunes, em O Globo, a advogada Sara Quental, especialista em Direito Previdenciário e sócia do Crivelli Advogados, disse que todos os processos em andamento terão parecer desfavorável quanto à revisão da vida toda, resultando no encerramento das ações. Isso se aplica também àqueles que obtiveram tutela e ganharam o aumento de renda enquanto a ação estava em curso:

Quem está nessa situação corre o risco de ser obrigado a devolver o dinheiro recebido, uma vez que a ação ainda não teve o mérito julgado. A advogada considera a questão da devolução dos valores um tópico sensível, mas afirma que já existem decisões indicando que, caso o INSS solicite a execução, e tem de fazê-lo, essa devolução será exigida.

Para os processos finalizados, transitados e julgados com parecer favorável, a decisão permanece inalterada, uma vez que se trata de um direito adquirido. Ou seja, o aposentado manterá o valor mais elevado do benefício apesar da decisão do STF.

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P.S. –
Quando se fala em insegurança jurídica, há quem não entenda direito do que se trata. Mas agora surgiu esse exemplo perfeito. Uma decisão, tomada em 2022, foi considerada constitucional pelo Supremo. Dois anos depois, a mesma decisão vai a novo julgamento e passa a ser inconstitucional. O que mudou? Nada. Os ministros é que agora são assim e “interpretam” a lei, segundo os interesses de ocasião. Ah, Brasil.. (C.N.)

EUA ameaçam Irá e mandam reforçar tropas do Exército no Oriente Médio

Entenda o que as tropas dos EUA estão fazendo no Oriente Médio e onde estão  | CNN Brasil

EUA têm cerca de 30 mil homens no Oriente Médio

Deu em O Globo

O Exército dos Estados Unidos anunciou neste domingo que está ampliando suas capacidades de suporte aéreo no Oriente Médio e colocando tropas em estado de prontidão elevado para possível envio à região, enquanto adverte o Irã contra a expansão do conflito em andamento, publicou a agência Reuters. O anúncio foi feito dois dias depois de o presidente dos EUA, Joe Biden, solicitar que o Pentágono ajuste a postura das forças americanas na região — e em meio à preocupação crescente de que o assassinato do líder do Hezbollah, apoiado pelo Irã, por parte de Israel, possa levar Teerã a retaliar.

“Os Estados Unidos estão determinados a impedir que o Irã e seus parceiros e proxies expandam o conflito”, disse o porta-voz do Pentágono, Major General Patrick Ryder, em comunicado. Ele acrescentou que, se o governo iraniano ou grupos apoiados por Teerã “usarem esse momento para atacar o pessoal ou os interesses americanos na região, os Estados Unidos tomarão todas as medidas necessárias para defender o nosso povo”. Ainda conforme a Reuters, a nota do Pentágono ofereceu poucas pistas sobre o tamanho ou o alcance do novo envio aéreo, afirmando apenas que ele seria reforçado.

ESCALADA – Na segunda-feira, os EUA já haviam afirmado que enviariam um “pequeno número” de tropas adicionais ao Oriente Médio em resposta às crescentes tensões na região. Na ocasião, Ryder tampouco ofereceu detalhes, declarando que, “por questões de segurança operacional”, comentários ou dados específicos não seriam compartilhados. Ele declarou, contudo, que o envio estava sendo feito “com muita cautela”.

Os EUA têm milhares de tropas na região, além de navios de guerra, aviões de combate e sistemas de defesa aérea implantados para proteger tanto as suas forças quanto Israel. Em abril, por exemplo, Washington ajudou a interceptar as centenas de mísseis e drones balísticos lançados pelo Irã contra o Estado judeu em resposta ao ataque ao consulado iraniano em Damasco, na Síria, atribuído a Israel.

Um dia após o grupo xiita Hezbollah confirmar que o líder da organização, Hassan Nasrallah, morreu em um ataque israelense, o Estado judeu atacou mais alvos no Líbano. O porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, John Kirby, disse também neste domingo que os Estados Unidos estão observando o que o movimento libanês fará para tentar preencher o vazio da liderança e “continuam em diálogo com os israelenses sobre quais devem ser os próximos passos”.

EVACUAÇÃO – O Departamento de Estado dos EUA ainda não ordenou uma evacuação do Líbano. Mas, na semana passada, autoridades americanas disseram à Reuters que o Pentágono estava enviando algumas dezenas de tropas adicionais para Chipre para ajudar os militares a se prepararem para cenários, incluindo uma possível evacuação de americanos do Líbano.

— É claro que existe a possibilidade de que essas operações de acerto de contas entre Israel e [o Hezbollah] aumentem e saiam do controle e se transformem em uma guerra regional mais ampla, e é por isso que é tão importante que resolvamos […] a situação pelos canais diplomáticos — declarou Ryder, o porta-voz do Pentágono.

Na semana passada, Biden afirmou que Washington fará “todo o possível para evitar que estoure uma guerra mais ampla”. A declaração ocorreu horas após Kirby dizer à rede ABC News que o país informou ao governo israelense não crer que uma “escalada desse conflito militar seja o melhor para Israel”. Os governos de Reino Unido, Alemanha, Egito e Brasil também se juntaram ao coro no fim de semana passado e exortaram Israel e o Hezbollah a pararem a escalada do conflito.

Governo prepara uma campanha na TV e cartilha para quem se viciou nas bets

Presidente Lula participa da cerimônia de sanção da lei que moderniza a Lei Geral do Turismo Metropoles

Lula fez uma grande asneira e agora precisa corrigir

Milena Teixeira
Metrópoles

Em meio a denúncias de irregularidades envolvendo jogos de apostas online no país, o governo Lula da Silva prepara um pacote de medidas mirando usuários que enfrentam problemas com bets. A coluna apurou que o governo federal pretende realizar, até o final do ano, campanhas educativas na TV e nas redes sociais para alertar os brasileiros sobre o vício nesses tipos de apostas.

Em ação coordenada entre os ministérios da Fazenda e da Saúde, o governo também prepara uma cartilha com conteúdos informativos sobre problemas causados pelo jogo.

APENAS LAZER – A ideia do governo federal, segundo apurou a coluna, é passar a mensagem de que “aposta é lazer, e não meio de ganhar dinheiro e/ou enriquecer”.

A discussão sobre as bets no Brasil começou no começo de 2019, no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em 2023, o Ministério da Fazenda retomou o debate, criando a Secretária de Prêmio e Apostas. Até agora, no entanto, não há definição sobre algumas regras para as empresas de apostas.

O governo Lula estuda acelerar algumas exigências para as empresas, especialmente após o Banco Central divulgar um levantamento mostrando que beneficiários do Bolsa Família gastaram mais de R$ 3 bilhões em apostas esportivas via Pix.

LULA COBRA – O próprio presidente Lula falou sobre o assunto durante agenda em Nova York na terça-feira (24/9). O petista cobrou uma regulação dos jogos de apostas para conter o endividamento das famílias.

Segundo o chefe do Palácio do Planalto, o Brasil sempre teve leis contra cassinos e jogos de azar, mas agora a prática virou um hábito nas casas brasileiras, com a popularização das bets nos últimos anos.

Nesta semana, o vice-presidente Geraldo Alckmin realizou reuniões separadas com representantes das casas de apostas e com os ministérios da Saúde, do Desenvolvimento Social e da Fazenda, para discutir o tema.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Interessante notar que Lula está cobrando soluções para um problema criado por ele mesmo. Foi o governo que fez a regulamentação das bets, através de Medida Provisória que permitiu uso de cartão do Bolsa Família para apostas. Foi Lula quem assinou a Medida Provisória, mas teve preguiça de ler o texto. O resultado aí está. (C.N.)

A imprensa não é nem pode ser usada apenas como tuteladora da democracia

Charge: Ultimo debate - Blog do AFTM

Charge do Cazo (Blog do AFTM)

Joel Pinheiro da Fonseca
Folha

A discordância é o que move o debate público. Quando é de alto nível, melhor ainda. Sendo assim, aproveito esta oportunidade para discutir o artigo de Leão Serva publicado na Folha (“Imprensa repete erro que levou Hitler ao poder ao chamar Marçal para debates”), do qual discordo profundamente.

Nele, Serva argumenta que não se deve dar espaço para candidatos como Pablo Marçal, Bolsonaro e Trump em debates políticos. Dar palco a candidatos que atacam a democracia e a imprensa é pavimentar o caminho da ditadura.

VALER PARA TODOS – Usar uma retórica agressiva com relação à imprensa ou que prometa “atos disruptivos” da democracia deveria ser motivo para excluir um político do debate público? Ia sobrar bem pouca gente. Se vale para Marçal e Bolsonaro, deve valer para todos. Inclusive para Lula quando ameaçou, em 2015, colocar o “Exército do Stédile” (o MST) nas ruas para brigar pelo PT? Sem dúvida seria disruptivo.

Mas há um motivo mais profundo para se discordar do artigo. Serva atribui à imprensa um poder que ela não tem, não deveria ter e nem conseguiria ter: o de tuteladora da democracia brasileira.

Trinta anos atrás, bastava as emissoras e jornais não mencionarem uma pessoa para ela ser condenada à irrelevância. Hoje, não é mais assim. Nas redes, é possível crescer e construir um público sem nunca ter sido mencionado por um jornal sério.

MUITOS EXEMPLOS – Toda a direita populista que hoje provoca horror no jornalismo profissional foi gestada longe dele e só recebeu sua atenção porque tornou-se incontornável. No Brasil, temos o exemplo de Olavo de Carvalho: longe da imprensa em suas últimas duas décadas de vida, formou uma legião de seguidores. Bolsonaro, idem: conquistou sua popularidade nacional graças às redes sociais e chegou num tamanho tal que qualquer emissora que se negasse a lhe ouvir estaria traindo sua missão de informar.

Serva observa, com razão, que o debate nas redes se utiliza do conteúdo produzido pelo jornalismo e, portanto, depende dele. Só que disso não se segue que, sem o jornalismo, esse debate cessaria; ele só perderia ainda mais a tênue ligação que tem com a informação objetiva. Em vez de notícias devidamente apuradas, teriam mais espaço vídeos caseiros, blogueiros e peças de relações públicas.

O papel da imprensa profissional hoje não é mais o de megafone de algumas poucas vozes. Hoje todos têm o megafone na mão. É o de ajudar a elevar o nível de um debate que ela não mais controla.

SEM CREDIBILIDADE – Se a imprensa exclui do debate um candidato com mais de 20% das intenções de voto, ele não perderá sua legitimidade perante o público. Muito pelo contrário: é a imprensa que minará sua própria credibilidade pela arrogância de se considerar dona do debate público e capaz de escolher pelos eleitores.

O jornalismo profissional segue imprescindível, mas enfrenta um desafio enorme: o de reconquistar a confiança do público. Em vez de se arrogar a tuteladora da democracia nacional na oferta de candidatos, pode olhar para o outro lado, o da demanda: por que uma parte expressiva da população quer esse tipo de candidato e ecoa seus discursos?

Aí sim poderá quem sabe persuadir os cidadãos de que o que ela tem a oferecer — informações devidamente apuradas e um filtro de qualidade do debate — é mais do que um desejo de controle sobre o homem comum.

Governo deixa de reembolsar Exército e o calote já passa de R$ 200 milhões

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, e o comandante do Exército, general Tomás Paiva, participam da cerimônia do Dia do Exército, no ano passado

Lula e os militares empurram o problema com a barriga…

Marcela Mattos
Veja

Em dezembro do ano passado, o Exército mobilizou suas tropas, calibrou o efetivo e deslocou veículos blindados, além de munições, para reforçar a cidade de Pacaraima, que faz fronteira com a Venezuela. À época, o país governado por Nicolás Maduro estava no auge de uma disputa travada com a Guiana sobre o domínio do território de Essequibo, abundante em petróleo, e havia o receio de que os venezuelanos iniciassem a investida por terras brasileiras.

O reforço durou por mais de seis meses e, felizmente, os homens não tiveram de entrar em campo. Apesar disso, o Exército apresentou a fatura com a missão: um total de 208 milhões de reais, dos quais mais de 100 milhões de reais são referentes a munições. Também foram computados gastos com manutenção das viaturas e armamentos, combustível, alimentação, passagens e diárias.

SEM RESERVAS – Interlocutores do Exército afirmam que o orçamento anual é exclusivo para custear gastos administrativos e de treinamento de pessoal, e que não há reservas para o emprego das tropas.

Dessa maneira, quando há a necessidade de operações, o governo “reembolsa” a força com os valores dispendidos. No caso da tragédia do Rio Grande do Sul provocada pelas chuvas, por exemplo, mais de 600 milhões de reais foram pagos para compensar a ação militar.

Ainda segundo os militares, apesar de a munição destinada à Operação Roraima não ter sido utilizada, ela foi retirada do paiol e reparada, o que significa que não pode retornar à “prateleira”.

UM “BALÃO” – O pedido de reembolso foi formalizado no sistema de planejamento e orçamento e também houve conversas com representantes da equipe econômica. Mas, nas palavras de militares, eles tomaram “um balão” do governo. Isso significa, na prática, que estoques de combustível e munição foram queimados, e não houve reposição.

Além disso, o governo anunciou em agosto um corte de gastos que também atingiu a força, com um bloqueio de 122 milhões de reais. Interlocutores do Exército afirmaram que, como consequência, teriam de reduzir a aquisição prevista para equipamentos e blindados.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Não tem problema. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já contratou os melhores profissionais para fazer a maquiagem das contas do governo. Depois que o retoque ficar pronto, o dinheiro será devolvido e o Exército poderá voltar à gastança. (C.N.)

Kamala se adianta a Trump e anuncia apoio ao ataque contra o Hezbollah

Kamala Harris reafirma posição firme de temas-chave em entrevista –  COMPRACO - Atualizações, Notícias, Indústria e Tecnologia

Kamala firma posição e trata o Hezbollah como terroristas

Wálter Maierovitch
Folha

No Líbano e em Israel, o domingo começou sob o impacto das declarações de Kamala Harris, vice-presidente e candidata democrata à sucessão de Joe Biden, nas eleições de 5 de novembro próximo. Kamala foi logo chamando de terroristas de mãos sujas de sague o morto líder do Hezbollah, Hassan Nashallah.

Ela citou, inclusive, mortes de norte-americanos, numa referência às vítimas fatais dos ataques, em 1983, à embaixada dos EUA e aos quartéis das forças multinacionais estacionadas no Líbano.

RESPOSTA JUSTA – A vice-presidente resumiu a história de vida de Nasrallah como a de pessoa responsável pela desestabilização do Oriente Médio. E, também, responsável direta por mortes de civis inocentes do Líbano, Israel, Síria e outros lugares do mundo.

Como a repetir manifestação de Joe Biden, quando do início do ataque do Israel ao sul do Líbano e parte de Beirute, Kamala mostrou um lado vingativo : “Hoje as vítimas do Hezbollah tiveram uma primeira resposta justa, de justiça”.

Com as suas declarações, Kamala deixou Trump para trás em compromissos e postura. Foi enérgica e sem enrolação. Vale lembrar que seu concorrente, o ex-presidente, se apresenta como o certo para resolver todas as guerras, sem dizer como. Nesta semana, com o presidente ucraniano Zelensky, Trump invocou a amizade com Putin. Com relação ao Irã, que move os cordéis do terrorismo internacional, soltou bravatas.

SUSTENTAÇÃO – Kamala em momento algum mencionou o premiê israelense Benjamin Netanyahu, que não conta com a confiança dela e nem do presidente Biden. Porém, deu recado seguro à comunidade americana de origem judaica.

Frisou estar empenhada em manter a segurança de Israel. E que sustentará sempre o direito do país de se defender do Irã. Mais ainda, afirmou ser o Irã o mantenedor e incentivador das organizações terroristas Hezbollah, Hamas e Houti.

Para os que se debruçam na geopolítica, Kamala deu recado claro ao Irã sobre como é visto por ela e pelo governo dos EUA. Depois das palavras duras, Kamala ressaltou empenhar-se pela paz e lutar ao lado de Biden para a evitar que os dois conflitos (Gaza e Líbano) degenerem-se e resultem em guerra ampla.

NETANYAHU – Não durou muito a empolgação de Netanyahu com o anúncio da eliminação do líder máximo do Hezbollah. Imediatamente após o referido anúncio, mais de mil pessoas concentraram-se para protestar no centro de Jerusalém. Os manifestantes exigiram do primeiro-ministro concentração na libertação dos reféns.

O termo refém é perturbador para Netanyahu. Para os israelenses, a tragédia de 7 de outubro deveu-se à imprudência do primeiro-ministro. Outra crítica contundente diz respeito à sua incapacidade de negociar, por interpostos estados nacionais, com o Hamas. Isso porque foram poucos reféns libertados na comparação com grande quantidade de liberação de presos do Hamas.

Os israelenses de oposição a Netanyahu sempre colocam outro incômodo ao premiê: no momento, voltou a nova convocação de reservistas, em face do alargamento do conflito a englobar o Líbano. A oposição e a maioria dos israelenses querem mudança legislativa relativa aos religiosos dispensados do serviço militar.

APOIO POLÍTICO – Bibi —como Netanyahu é conhecido— reluta em convocar os religiosos para as Forças Armadas, até pela razão de o partido que congrega os judeus ortodoxos, que são sustentados pelo Estado, dar-lhe apoio e sustentação para se manter como premiê.

Nas Nações Unidas, o governo do Irã acionou o Conselho de Segurança para, nesta segunda feira (30), apurar as ações bélicas e para condenar Israel.

Para os operadores do direito internacional, seria um momento propício para se tentar obter uma resolução pacificadora.