“Provas” da tentativa de golpe, alegadas no Supremo, são altamente questionáveis

Alexandre de Moraes, o homem errado - ÉPOCA | Política

Moraes conduz o Supremo a condenações exageradas

Renata Galf e José Marques
Folha

Depoimento de policiais, falas em vídeo do próprio acusado, o contexto de acampamentos em frente a quartéis desde as eleições e mensagens de conclamação aos atos de 8 de janeiro em redes sociais condensados em relatórios de inteligência foram considerados como provas pelo STF de que naquela data teria ocorrido os crimes de golpe de Estado e de abolição do Estado democrático de Direito.

Previstos no Código Penal, ambos os crimes já estão configurados na forma de tentativa. O ministro Alexandre de Moraes, inclusive, ironizou que o julgamento dos réus do 8/1 não estaria ocorrendo se essas tentativas tivessem sido consumadas.

USO DA FORÇA – Um dos crimes fala em “tentar abolir o Estado democrático de Direito”, impedindo ou restringindo o exercício dos Poderes constitucionais, e o outro em tentar depor “o governo legitimamente constituído”. Ambos exigem que tenha sido empregada violência ou grave ameaça na ação.

Ao votar pela condenação de Aécio Lúcio Costa Pereira a 17 anos de prisão, Moraes, que é o relator da ação, elencou elementos de que houve invasão e emprego de violência nos edifícios dos três Poderes.

Além disso, apontou que Pereira estava lá com esse objetivo e que a finalidade do ato seria tanto a ruptura institucional como a deposição do governo eleito. “O próprio réu diz que fazia parte do grupo Os Patriotas e veio de Diadema, onde mora, no estado de São Paulo, para praticar esses atos”, afirmou o ministro ao votar. Ele rebateu os argumentos de críticos de que um golpe não seria feito em um final de semana.

ALEGAÇÃO DE MORAES – “Não sejamos ingênuos de achar que os manifestantes fizeram num domingo porque não havia ninguém nos prédios”, avaliou Moraes em determinado momento do voto.

“Fizeram num domingo porque a ideia era inviabilizar o exercício dos Poderes e para que, com aquela primeira adesão, lamentável, que houve por parte dos oficiais da Polícia Militar, a polícia não os retiraria e que, se houvesse a necessidade e o Exército fosse convocado, tentariam convencer o Exército a aderir ao golpe de Estado”, acrescentou.

Depoimentos de quatro testemunhas (policiais que atuaram no 8 de janeiro) são usados como provas de que os integrantes das invasões anunciavam a intenção de deposição do governo, com falas descritas como pejorativas quanto ao presidente Lula (PT), externando irresignação quanto ao resultado das eleições de 2022 e pedindo intervenção militar.

MENSAGENS POR CELULAR – Também mensagens divulgadas antes do 8 de janeiro são consideradas como prova de que os presentes aos atos tinham prévio conhecimento da finalidade dos atos.

Em seu voto, Moraes se vale também de elementos do relatório da intervenção federal – que foi decretada por Lula e aprovada pelo Congresso após os ataques em Brasília — e seus anexos.

Ele cita que relatório de inteligência que alertava para a possibilidade de invasão e ocupação a órgãos públicos, destacando a menção no documento à conclamação de caravanas a Brasília com dizerem como “tomada de poder pelo próprio povo”.

VISUALIZAÇÃO DE CONTEXTO – Também são citados como contexto os atos em frente a quartéis conclamando ação das Forças Armadas contra o resultado da eleição instalados desde novembro do ano anterior, os atos de vandalismo em 12 de dezembro do ano anterior e a tentativa de explosão de um artefato, ambos na capital federal.

O pano de fundo para a justificativa de um golpe, disse Moraes, foram as acusações de “uma suposta fraude eleitoral e o exercício arbitrário dos Poderes constituídos”.

No caso de Pereira, também são consideradas como provas vídeos gravados por ele mesmo, além do fato de a camiseta que vestia na data dizer “intervenção militar federal”. Em uma das gravações Pereira diz que não aceita o governo eleito e incentiva as pessoas a pedirem “SOS Forças Armadas”.

DISSE O RÉU – “Eu como representante do povo, estou aqui para dizer que não aceito esse governo fraudulento como nosso representante”, afirmou ao microfone do plenário do Senado. “Não vamos deixar o comunismo entrar. Gente, saiam nas ruas. Dê corroboro pra gente. Saiam nos quartéis, saiam agora. Fiquem nas ruas e peçam SOS Forças Armadas.”

Apesar do voto de Moraes, o entendimento não foi unânime. André Mendonça, que foi indicado ao cargo pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), entendeu que não houve o crime de golpe de Estado durante os ataques golpistas, o que rendeu uma discussão entre os ministros.

Ele argumentou que, para um golpe, teria que ser instituída uma ordem jurídica e institucional: “Para qualquer ação de golpe dependeria uma ação de outras forças, basicamente dos militares”, disse Mendonça. A maioria do tribunal discordou.

ESPECIALISTAS SE DIVIDEM – Especialistas consultados pela Folha têm visões distintas. Para Diego Nunes, professor de história do direito penal da UFSC (Universidade Federal de SC), as provas apresentadas, como o contexto da organização dos acampamentos nos quartéis e o material de divulgação para os atos, são suficientes para configurar que houve uma tentativa de golpe.

A advogada criminalista Marina Coelho Araújo avalia que as provas não são suficientes para comprovar a tentativa de golpe de estado, pelo menos no que se refere aos primeiros réus julgados, mas sim quanto ao crime de abolição do estado democrático de direito.

Para Marina, elementos como posts chamando para os atos, mas que não conclamavam para atos violentos explicitamente, e o uso de camiseta escrito intervenção militar, por exemplo, não provam que houve uma tentativa de golpe.

MAIS DÚVIDAS – Na avaliação da advogada constitucionalista Vera Chemim, considerando as circunstâncias delimitadas pelo STF, ao julgar os agentes, ficou configurado o crime de abolição do Estado democrático de Direito, ao se comprovar que a intenção dos que ali estavam era provocar uma intervenção militar.

Por outro lado, ela não vê provas do crime de golpe de Estado, porque entende que aquelas pessoas não detinham armas capazes de viabilizar efetivamente uma tomada do poder.

Lenio Streck, que é professor e advogado, diz que há provas suficientes de que houve os dois crimes, inclusive o de golpe de estado. Ele considera que é errado dizer que os atos não seriam adequados para se chegar um golpe. “Se fossem idôneos mesmo teriam conseguido o golpe. O crime é de tentativa. Tentar já é a consumação”, afirma.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A imprensa começa a se interessar pelo excessivo rigor das punições do Supremo. O terrorista que tentou explodir com dinamite um caminhão de combustível no aeroporto, preso com várias armas e farta munição, pega 9 anos e 4 meses, enquanto um invasor do Congresso, sem provas de que participou do vandalismo e que não tentou explodir nada, sua arma era um celular, pega 17 anos, mais 100 dias/multa e participação na indenização de R$ 30 milhões. Sinceramente, o rigor do Supremo é uma grande maluquice. (C.N.)

Rosa Weber colocou a questão: Para evitar o aborto, o caminho é o planejamento familiar

Rosa Weber votou para descriminalizar aborto

Pedro do Coutto

Em seu voto para descriminalizar o aborto, a ministra Rosa Weber, que está deixando o Supremo Tirbunal Federal no fim deste mês, afirmou que o caminho adequado e eficaz está no planejamento familiar e não na criminalização da prática abortiva como revelam dados acumulados nas pesquisas brasileiras e mundiais. “A criminialização não se mostra como política estatal adequada para enfrentar os problemas que envolvem o aborto”, afirmou a ministra.

Na década de 1960, acentuo, funcionava no país uma entidade chamada Bemfam que colocou em prática métodos de planejamento familiar voltados para evitar a gravidez não desejada na base de distribuição de anticoncepcionais e de colocação de dispositivos intrauterinos. A entidade foi contestada por muitos que viam nela uma maneira de reduzir o crescimento populacional brasileiro. Mas a Bemfam era presidida pelo médico Walter Rodrigues e vinculada à uma Fundação internacional presidida pelo então governador da Geórgia, Jimmy Carter.

PLANIFICAÇÃO – Walter Rodrigues chamou a atenção para a importância da planificação da família. Foi no início dos anos 70. O problema é que pesquisa feita pela Bemfam, e que reunia muitos médicos ligados ao tema, revelou que anualmente eram praticados 1,5 milhão de abortos no Brasil, dos quais 20% acarretavam necessidades de atendimentos médico complementar, pois eram feitos de forma não técnica.

O atendimento dessas 300 mil mulheres acarretava uma ocupação de 300 mil leitos, pelo menos por dia, na rede hospitalar pública. Tudo isso seria evitado se o planejamento familiar fosse uma política praticada como é hoje. Tem que se evitar a prática com medidas preventivas e eficazes de anticoncepção. A mulher é a dona de seu corpo e de sua vontade.Se tal procedimento tivesse sido realizado, centenas de milhares de casos  dramáticos ou ate trágicos seriam evitados.O aborto é um dos temas mais complicados não só Brasil, mas na humanidade em geral.

As complicações são muitas e os desfechos em grande parte não seguem normas médicas. Daí a necessidade de complementação para casos mal-sucedidos. Falando sobre os últimos 60 anos, Rosa Weber lembrou “que nós, as mulheres, em várias épocas, não tivemos como nos expressar na elaboração das leis”. O seu voto e a força de sua sinceridade ficará na história da Justiça brasileira. Inclusive porque marcou a despedida de sua atuação no STF. No O Globo a reportagem é de Marianna Muniz e Rafael Moraes Moura. No Estado de S. Paulo, de Rayssa Motta.

AÇÕES – Com a publicação das declarações do tenente-coronel Mauro Cid, estabeleceu-se um debate sobre a culpabilidade de militares que aderiram ao projeto de golpe contra a Constituição e, portanto, violaram a legislação brasileira no atentado à democracia. Esse aspecto está bastante claro, mas para que tenham prosseguimento às ações contra componentes das Forças Armadas que integravam até escalões superiores, é indispensável que tais processos comecem pelo próprio ex-presidente Jair Bolsonaro.

Afinal de contas, de acordo com Mauro Cid, foi Bolsonaro quem convocou comandos militares numa reunião no Alvorada tentando encontrar caminhos para anular o resultado das urnas de 2022. Não encontrando o apoio necessário, não desistiu da ideia e, evidentemente, enveredou pelo caminho que levou à invasão de Brasília.

Se oficiais superiores aderiram à tal ideia e participaram das articulações é porque a ideia existia, exposta pelo ex-presidente da República. Com o veto do Exército, o ex-presidente desistiu do lance fatal. Mas os seus seguidores partiram para a invasão e a depredação das sedes do Congresso, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal.

ALTAS HORAS –  Na edição de sábado do Estado de S. Paulo, Danilo Casaletti publica reportagem destacando a importância do programa de Sérgio Groisman na TV Globo, Altas Horas, aos sábados. O programa é um musical com entrevistas que se encontra no ar há 23 anos.

A sua importância é a de lembrar às novas gerações que surgem e vão se sucedendo sobre a existências e os desempenhos de artistas que ficaram no passado e no seu tempo deram a contribuição à arte que se eterniza através das várias épocas da humanidade.

Exército não punirá nenhum militar golpista e ficará aguardando o que o STF irá decidir

Exército foge 3 vezes da mesma pergunta: polícia sabia de militar  infiltrado? - Ponte Jornalismo

Charge do Junião (Arquivo Google)

Andréia Sadi
GloboNews

O comandante do Exército, general Tomás Paiva, disse ao blog que pode assegurar que a instituição não topou nenhuma aventura envolvendo um golpe de Estado após as eleições de 2022 — e que, com isso, não fez mais do que sua obrigação.

Tomás Paiva reafirmou que aguarda os desdobramentos do Judiciário para poder dar prosseguimento a medidas administrativas contra militares envolvidos em ilegalidades.

CONDUTAS INDIVIDUALIZADAS – O chefe militar defende que as condutas sejam individualizadas e apuradas para que a corporação, como um todo, não seja penalizada pelos erros de alguns.

Tomás Paiva diz não ter tido acesso e ter sabido pela imprensa do trecho da delação em que Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), diz ter presenciado reuniões em que Bolsonaro e militares teriam tratado de um golpe militar.

O comandante do Exército afirma poder assegurar que seu antecessor no cargo, general Marco Antônio Freire Gomes, não aceitou nenhum golpe. “E faço questão de sempre dizer isso: o Exército não tem que ser enaltecido por cumprir a lei. É obrigação. Não tem mérito”, disse Tomás Paiva.

PLANO GOLPISTA – Segundo o relato de Mauro Cid, a reunião serviu para discutir detalhes de uma minuta que abriria a possibilidade para uma intervenção militar. Se tivesse sido colocado em prática, o plano de golpe impediria a troca de governo no Brasil.

Cid afirmou que o “então comandante da Marinha, o almirante Almir Garnier Santos, teria dito a Bolsonaro que sua tropa estaria pronta para aderir a um chamamento do então presidente”. Já o comando do Exército afirmou que não embarcaria no plano golpista.

Segundo a jornalista Maria Cristina Fernandes, do jornal “Valor Econômico”, foi o general Freire Gomes que disse a Bolsonaro que o Exército não compactuava com um golpe e ainda o ameaçou: “Se o senhor for em frente com isso, serei obrigado a prendê-lo”.

MINUTA DO GOLPE – Agora, a PF investiga se o documento apresentado no encontro com os comandantes militares relatado por Mauro Cid é a mesma minuta encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, que sugeria a convocação de uma nova eleição e até a prisão de adversários por supostas irregularidades.

Segundo Cid teria revelado, a minuta do golpe teria sido entregue a Bolsonaro por Filipe Martins, então assessor internacional do Planalto, muito ligado aos três filhos mais velhos do ex-presidente.

Em nota sobre a delação de Cid, a defesa de Jair Bolsonaro afirmou que o ex-presidente jamais “compactuou” com ilegalidades e sempre “jogou dentro das quatro linhas da Constituição”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O comandante do Exército deu declarações que nada dizem. Precisam de tradução simultânea, por que indicam que o Exército não vai punir ninguém. Vai simplesmente esperar que a Justiça se manifeste. E terá de esperar sentado, porque a Justiça só é rápida com os pobres e segue devagar, quase parando, quando se trata de réus de elite ou estrelados, digamos assim. (C.N.)

Um novo amor sempre significa uma nova vida, recomendava o poeta Guilherme de Brito

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Guilherme de Brito, Beth Carvalho e Nélson Cavaquinho

Paulo Peres
Poemas & Canções

O pintor, escultor, cantor e compositor carioca Guilherme de Brito Bollhorst (1922-2006), na letra de “Minha Festa”, em parceria com Nelson Cavaquinho, fala de um novo amor que acabou com a tristeza e o sofrimento de seu cotidiano. Esse samba faz parte do LP Clara Nunes, gravado, em 1973, pela Odeon.

MINHA FESTA
Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito

Graças a Deus
Minha vida mudou
Quem me viu, quem me vê
A tristeza acabou

Contigo aprendi a sorrir
Escondeste o pranto de quem
Sofreu tanto

Organizaste uma festa em mim
É por isso que eu canto assim
Lararará, lararará…

Cúpula golpista sonhou que iria tomar o poder sem disparar um só tiro de fuzil

No Dia do Exército, General Tomás Paiva pede que seus comandados respeitem  as instituições e a constituição – Bernadete Alves

Lula sabe que os comandantes militares estão de olho nele

Roberto Nascimento

Achar que um golpe de estado só pode ser executado através de canhões, aviões e submarinos, como no passado, é desconhecer os novos tempos obscuros diferentes de outrora. Hoje, o processo é mais sofisticado. Os novos tempos são diferenciados.

Pode-se dar um golpe de estado sem disparar um só tiro. Basta ter apoio firme das Forças Armadas, na ponta final da conspiração.

NA SEQUÊNCIA – Primeiro, os populistas extremados inundam as redes sociais com ardilosas fake news, disseminando mentiras que parecem verdade. Dizem que é a pós-verdade, que significa o mau uso do marketing, sob as mais modernas técnicas de doutrinação política

Passam em seguida, a desmoralizar o Poder Judiciário, enfraquecendo os membros das cortes superiores, enquanto fazem a cooptação de magistrados de primeira instância, membros do ministério público, polícias militares e parlamentares, para tomar o poder e estabelecer uma ditadura que faça a erradicação do regime democrático.

Nessa moderna trama conspiratória, conseguem aliados entre militares da reserva, principalmente coronéis e generais reformados, interessados cargos na máquina pública e em organismos internacionais.

NO MUNDO INTEIRO – Interessante notar que esse esquema não é um fenômeno brasileiro. Pelo contrário, está se disseminando pelo mundo com base nos sentimentos antimigratórios que despertam tendências nacionalistas pinceladas de racismo.

O processo já tem raízes sólidas nos Estados Unidos e na Europa, além de se espalhar pelos demais continentes atingindo países como Turquia e Israel.

Nos EUA, Donald Trump tentou captar esse sentimento na camada mais conservadora da América e usou a horda de vândalos para tomar de assalto o Congresso americano. Mas não obteve apoio para anular as eleições e agora tenta voltar ao poder pela força das urnas, embora esteja respondendo a vários processos criminais.

Bolsonaro tentou copiar aqui a manobra de Trump, aproveitando o forte esquema antipetista ainda existente, mas não deu certo. Assim como aconteceu com Trump, faltou apoio militar e das demais instituições democráticas.

BOLSONARO CHEGOU PERTO – A diferença é que Bolsonaro quase chegou lá. Conseguiu a adesão entusiasmada da Marinha e contava como forte apoio também da Aeronáutica, mas o golpe foi abortado pela posição firme do Alto Comando do Exército, que à época tinha à frente o general legalista Marco Antonio Gomes, um nome para ficar na História.

O golpe sem armas, que se daria com a simples decretação de uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem), que significaria o cumprimento do Ato Inconstitucional descrito na minuta do golpe, com o cancelamento das eleições sob o argumento de fraude nas urnas eletrônicas, prisão de Alexandre de Morais e de todos os ministros do TSE, implantação do voto impresso e uma suposta nova data para eleição presidencial, de governadores, deputados e senadores.

Nisso tudo, não seria disparado um só tiro de fuzil. Tudo dentro da lei, das quatro linhas da Constituição.

SEM RESISTÊNCIA – Quem se mostrasse contrário a isso tudo, aí é outra história. A prisão ou até a morte poderiam ser os castigos pela ousadia. Lembremos que na ditadura iniciada em 1964, o Centro de Informações da Marinha (Cenimar) era o repressor mais temido pelos militantes da resistência.

O atual comandante do Exército, general Tomás Paiva, declarou que o Alto Comanda apenas cumpriu sua obrigação, ao agir no estrito cumprimento da lei e evitar que o então presidente Jair Bolsonaro desse o tão ansiado golpe. Que diferença entre os militares legalistas e os conspiradores como Braga Neto, Augusto Heleno, Eduardo Ramos, Almir Garnier e tantos outros que embarcaram na aventura golpista.

Um país é destruído, não pelos inimigos externos, mas pelos traidores internos, que, sem conhecimento da história das nações, tramam contra o povo. Mas acabam perdendo tudo, porque a democracia tem de prevalecer.

Com aval do governo, Congresso promove a “festa” de isenções para templos e sindicatos

A tirania do imposto sobre a renda - e por que um imposto sobre o consumo é  tão ruim quanto - Instituto Rothbard

Charge do Tiago Recchia (Arquivo Google)

José Casado
Veja

Com a complacência do governo, o Congresso está distribuindo isenção de impostos. Nas últimas 24 horas, por exemplo, avançou na concessão de novas isenções tributárias aos partidos políticos, sindicatos, igrejas e organizações a eles vinculadas, além de estabelecer mais privilégios fiscais a alguns segmentos industriais.

Nesta terça-feira (19/9), aprovou-se na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara uma proposta de emenda constitucional para ampliar a imunidade tributária já concedida a um conjunto de entidades (partidos, sindicatos, igrejas e suas organizações educacionais e de assistência social). A ideia é dar isenção total a serviços e produtos.

AMPLOS BENEFÍCIOS – Na construção ou reforma de um templo, sede de partido ou sindicato, por exemplo, os benefícios fiscais se estenderiam desde a compra de material (cimento, areia e tijolos, entre outros) até à tributação sobre a área construída (IPTU).

A aprovação na comissão da Câmara (por 40 votos a 3) explicitou o apoio governamental às pretensões dos grupos evangélicos que lideram o lobby fiscal das igrejas. O Partido dos Trabalhadores e satélites, também beneficiários, dissimularam o próprio interesse alegando necessidade de apoiar o governo.

Já na Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou-se isenção tributária total (de IPI, imposto de importação, Cofins e PIS/Pasep) para empresas públicas e privadas que produzam fertilizantes.

MAIS INCENTIVOS – Quase ao mesmo tempo, em Nova York, o presidente da Câmara, Arthur Lira, anunciou a uma plateia de investidores brasileiros e americanos a decisão de criar incentivos fiscais para empresas produtoras de biocombustíveis. “É imprescindível”, definiu.

Há uma reforma tributária em negociação no Congresso. Aos poucos, governo e Legislativo estão ampliando o “clube dos isentos” de tributação de qualquer natureza.

Na retórica, todos os contribuintes são iguais. Na prática, muitos devem continuar pagando muito mais que alguns poucos privilegiados.

Conheça as provas de corrupção que Toffoli anulou no “Setor de Propinas” da Odebrecht

O ministro do STF Dias Toffoli invalidou provas do acordo de delação da Odebrecht em decisão no dia 06 de setembro

Toffoli aparece na lista de propinas como “Amigo do Amigo”

André Shalders
Estadão

Nove horas da manhã. Você liga o computador e se conecta à Internet por meio de uma espécie de VPN – uma rede privada virtual – a um computador remoto, hospedado em um data center em Estocolmo, na Suécia. É como usar um computador normal, exceto pelo fato de que todos os arquivos e registros estão armazenados no país nórdico. Nada fica no Brasil: mesmo que alguém leve o seu computador embora, nenhuma informação poderia ser acessada.

Uma vez conectado, você então faz login no sistema de gestão empresarial (conhecido pela sigla em inglês ERP). A versão “normal” deste sistema é usada pelos outros funcionários da empreiteira Odebrecht para atividades mundanas, como pagar fornecedores, emitir ordens de serviço etc.

CODINOMES – Mas não para você: como executivo do Departamento de Operações Estruturadas, você usa o sistema para lançar pagamentos atrelados a codinomes. Cada um deles representa um dos políticos mais importantes da República. “Operações estruturadas” foi o eufemismo criado pela gigante da engenharia civil para referir-se ao pagamento de propinas a políticos de todos os pontos do espectro ideológico, da direita à esquerda.

Ao registrar um pagamento de propina, você se certifica de informar também o local, seu nome como responsável pela negociação e o “centro de custo” – que pode ser uma obra de engenharia, um evento ou até um órgão público. Os pagamentos podem ser tanto em reais quanto em dólares ou euros. Tanto as contas de destino quanto de origem podem estar no Brasil ou fora do país.

Antes de ir embora, uma última tarefa: você deve organizar a entrega de uma mala de dinheiro vivo a um assessor parlamentar em um quarto de hotel. Todas as informações – contato de quem vai receber, hora, local, etc. também estão registradas no sistema.

TOFFOLI INVALIDOU -Os sistemas informatizados acima são, respectivamente, o Drousys (a “VPN”) e o MyWebDay B (o sistema ERP). Ao todo, o acervo de provas soma pouco mais de 53,08 terabytes de dados – suficiente para lotar 11.293 DVDs comuns. Empilhados sem as capas, os DVDs formariam uma coluna de 13,5 metros de altura, o equivalente a um prédio de quatro andares. Por segurança, Drousys e MyWebDay B mantinham as mesmas informações em dois servidores distintos: um na Suíça, e o outro na Suécia.

Atualmente há duas cópias deste material no Brasil, ambas mantidas em salas-cofre. Uma delas fica em Brasília, na Secretaria de Perícia, Pesquisa e Análise (SPPEA) da Procuradoria-Geral da República (PGR). A outra está em Curitiba (PR), na sede da Polícia Federal, no bairro de Santa Cândida – mesmo local onde o presidente Lula (PT) ficou preso de abril de 2018 a novembro de 2019.

Investigadores que trabalharam com o material explicam que o sistema “normal” usado pelos empregados da Odebrecht também era chamado de MyWebDay. É por isso que o sistema de contabilidade de propinas ficou conhecido pela alcunha “MyWebDay B”.

REGISTROS DETALHADOS – O sistema era “usado pelos executivos da empresa para fazer a programação dos pagamentos”, explica um investigador que trabalhou com o material, sob condição de anonimato.

Combinando os dois sistemas, os operadores do setor de propinas da Odebrecht mantinham registros detalhados sobre os pagamentos. Os desembolsos podiam ser organizados por executivo responsável, por obra ou até pelo recebedor.

Em alguns casos há registro até mesmo da senha ajustada para o pagamento do dinheiro: numa das planilhas, estas eram “Pincel”, “Marreco”, “Petisco”, “Tilápia” e “Pimentão”, entre outras. Cada pagamento recebia também um código, que permitia que o mesmo desembolso fosse encontrado em várias planilhas. Assim como os políticos, as contas bancárias usadas pela Odebrecht também tinham apelidos. “Kaiser”, “Amizade” e “Bambi” são alguns deles, visíveis no laudo pericial da PF.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
– Ao determinar a anulação das provas dos sistemas Drousys e MyWebDay B, o ministro Dias Toffoli usou como argumento a suposta ausência de um acordo formal de cooperação internacional com as autoridades suíças por parte do MPF – acordo que, no entanto, aconteceu. E estava apagando provas contra ele mesmo. Na relação, Lula era o “Amigo” de Emílio Odebrecht e Toffoli aparecia como “Amigo do Amigo”. Vejam a que nível descemos. (C.N.)

Atual comandante do Exército ridiculariza o apoio da Marinha ao golpe de Bolsonaro

Quem é o general Tomás Miguel Ribeiro Paiva, novo comandante do Exército |  Metrópoles

Tomás Paiva tornou-se o maior guardião da democracia

Eliane Cantanhêde
Estadão

O comandante do Exército, general Tomás Paiva, espera a conclusão das investigações da Polícia Federal e do Supremo Tribunal Federal sobre a tentativa de golpe e, particularmente, a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, para “virar a página”, com “uma depuração, a punição dos responsáveis e a distinção entre erros individuais e a instituição”.

Se comprovada a revelação de Cid de que o ex-comandante da Marinha Almir Garnier colocou as suas tropas à disposição de um golpe, numa reunião convocada pelo então presidente Jair Bolsonaro, Tomás Paiva opina que o almirante fez “uma bravata”.

FORA DE ÉPOCA – “A Marinha embarcou? Não. E que tropas ele (Garnier) tinha para essa aventura maluca?” E criticou: “Isso tudo é tão extemporâneo que nem dá para a gente compreender. Em que lugar do mundo ainda se fala e se dá golpe militar? Coisa mais fora de época.”

Sempre frisando a diferença entre “indivíduos” e “instituição”, Tomás Paiva disse que, se verdadeira, tanto era bravata de Garnier que houve a eleição, Bolsonaro perdeu, o presidente Lula ganhou, houve a transição, o eleito e os comandantes tomaram posse. E o 8 de janeiro?

Segundo o general, “foi um ponto fora da curva” e “o erro do Exército foi a letargia na invasão do Palácio do Planalto e as manifestações em frente aos quarteis”. Mas lembrou que, em Minas e no Pará, onde a Justiça mandou desmobilizar, a ordem foi imediatamente cumprida.

EVITOU CONTATO – Tomás Paiva disse que não tinha qualquer informação e soube dessa parte da delação de Cid pela imprensa, “até porque evitamos contato com o menino (Cid)”. Destaca, porém, que, ao contrário do então comandante da Marinha, segundo Cid, o do Exército, general Freire Gomes, refletiu “a posição de sempre” do Alto Comando:

“Sempre firme na legalidade, na institucionalidade, contra qualquer saída fora da Constituição e das leis”.

Sem esconder que o Exército tem pressa para um desfecho das investigações e das decisões judiciais, que exigem tempo para apurar nomes, datas, horários, locais e provas, o general Tomás Paiva admite preocupação em “afastar a percepção e o temor de parte da sociedade de que as Forças Armadas estariam envolvidas em tentativas de golpe”.

PODER POLÍTICO – “As Forças Armadas não são poder moderador, são ferramenta do poder político para ajudar o País e garantir sua segurança”, disse o general, que estava em Tabatinga, no interior do Amazonas, numa operação conjunta com outros órgãos do governo contra o garimpo ilegal. E desabafou: “Estou doido para virar essa página, para que possamos fazer o que temos de fazer”.

“Fazer o quê? Demitir os culpados?” – perguntei,

Resposta do general: “Cumprir nossa função constitucional”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGConfirmar que as Forças Armadas são legalistas é um grande alento aos brasileiros. Significa que não haverá novas ameaças à democracia e na próxima eleição os brasileiros poderão escolher um candidato melhor do que Lula. (C.N.)

Lula e Zelenski têm gesto de conveniência, mas estão longe de qualquer negociação de paz

Lula sobre encontro com Zelensky: “Caminhos para construção da paz” |  Metrópoles

Um encontro mais do que formal entre Lula e Zelensky

William Waack
Estadão

Não é segredo algum que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve sérias dificuldades para engolir um personagem como o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski. A questão não é só de diferença de gerações (o que parece ser o caso em relação ao jovem presidente de esquerda do Chile).

Tem a ver com os papéis que cada ator relevante representa na constelação internacional. Lula parece considerar Zelenski uma figura secundária, uma “criação” dos desígnios americanos e ocidentais. E Vladimir Putin o homem capaz de peitar os Estados Unidos, que Lula designa como artífice e líder de uma ordem internacional injusta com o Brasil.

EM BUSCA DA FAMA – Lula tem por si mesmo um apreço descomunal e, de novo, Zelenski é hoje uma estrela internacional (para quem gosta ou detesta a figura) no centro de todos os holofotes.

O comediante que vira líder de um país invadido pelo império, resiste e tenta virar o jogo no campo de batalha é hoje um roteiro de Hollywood mais atraente do que o menino pobre que virou presidente.

Zelenski também não nutre por Lula grande apreço, o que já deixou claro mais de uma vez em público. O aperto de mãos entre ambos foi um gesto de conveniência mútua: o presidente da Ucrânia inaugurou há pouco uma “ofensiva de charme” em relação aos países do Global South, e o presidente brasileiro tem se empenhado em consertar as barbeiragens que cometeu em relação à guerra na Ucrânia.

SEM PERSPECTIVAS – O “clube da paz” proposto por Lula simplesmente não tem lugar num conflito geopoliticamente localizado, mas cujo impacto na ordem internacional é definidor. A “razão” geopolítica de Vladimir Putin é desmontar toda a arquitetura desde a 2ª Guerra Mundial, e não há “clube da paz” que resolva isso.

Quanto a Zelenski, seu país tem atualmente um dos mais modernos, aguerridos e bem armados exércitos da aliança militar ocidental. Vai receber armas ainda mais poderosas (como caças de quarta geração e mísseis táticos de longo alcance), mas tem chances reduzidas de conseguir expulsar totalmente os russos. Está distante da paz que viria com a justa e completa vitória militar sobre o agressor.

Portanto, Lula e Volodmir Zelenski têm visões completamente distintas do que possa ser a “paz” no conflito, e assim se despediram. Mas parece que nenhum dos dois tem chances imediatas de realizá-las.

Bolsonaro resistia em acreditar que era alvo de delação do ex-subordinado Mauro Cid

Bolsonaro teve recaída na tristeza com saída do Planalto e deve parar por 3  meses, dizem aliados – Mais Brasília

Bolsonaro jamais imaginou que Mauro Cid pudesse traí-lo

Bela Megale
O Globo

Mesmo com todos os indícios de que era um dos alvos de delação do tenente-coronel Mauro Cid, o ex-presidente Jair Bolsonaro resistia em acreditar que o ex-subordinado teria relatado fatos que o comprometessem ainda mais com a Justiça. Esse sentimento só acabou nesta quinta-feira, após a coluna revelar que Cid detalhou em seu acordo uma reunião entre o ex-presidente e a cúpula militar para discutir uma minuta de golpe.

Até então, a informação que interlocutores do ex-ajudante de ordens vinham dando a emissários de Bolsonaro é de que ele não tinha sido envolvido nos relatos diretamente e que “nada de novo” havia sido apresentado. O ex-presidente mostrava acreditar nessa versão.

COM OS ADVOGADOS – Os advogados de Bolsonaro viajaram às pressas de São Paulo para Brasília e se reuniram com o ex-presidente para debater a estratégia de defesa.

Desde quinta-feira, porém, a defesa de Bolsonaro passou a trabalhar com um cenário diferente. Na avaliação de auxiliares do ex-presidente, Cid aproximou Bolsonaro da Marinha e ambos devem atuar na mesma linha de defesa. Na delação, Cid relatou que o ex-chefe da Força, o almirante Almir Garnier, mostrou disposição em aderir ao golpe.

A estratégia, por ora, é tentar trazer mais militares para o lado do ex-presidente na busca de esvaziar o relato de Cid de outras corroborações e deixá-lo isolado.

CASO DE MICHELLE – Jair Bolsonaro passou a temer que a delação de seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, afete a ex-primeira-dama Michelle.

Um dos casos que está hoje em apuração na Polícia Federal tem relação com os pagamentos de contas da ex-primeira-dama. Mensagens interceptadas pelos investigadores mostram que o então ajudante de ordens de Bolsonaro orientou assessoras de Michelle a quitar despesas em dinheiro vivo. A PF também identificou depósitos do militar para a ex-primeira-dama.

O ex-presidente sempre destaca para pessoas próximas que sua maior preocupação é o envolvimento direto da ex-primeira-dama nas investigações.

A velha politicagem vai criar mais ministérios, indicar ministros e o novo procurador-geral

Charge: Manual da (nova) política - Blog do AFTM

Charge do Cazo (Blog da AFTM)

Merval Pereira
O Globo

Com a possível ida do ministro Flavio Dino para o Supremo Tribunal Federal, começa a disputa para dividir o ministério da Justiça, com a recriação do ministério da Segurança Pública – como foi feito no governo Michel Temer – e assim abrir duas vagas de ministros para atender ao apetite dos aliados. Na gestão Lula, Flavio Dino não quis abrir mão da segurança pública e o ministério foi reagrupado novamente.

Acho que criar o ministério da Segurança Pública é o caminho mais acertado porque é um tema nacional e urgente para ser tratado. Não para distribuir cargos entre os partidos, e sim para colocar um especialista, pessoa que entenda a questão e possa encaminhar soluções. Mas é tudo politicagem.

A MESMA BRIGALHADA – O PT quer o Ministério da Segurança Pública e nem sabe para quem vai dar, quer fazer também o novo procurador-geral da República, enquanto os ministros do STF querem fazer o substituto de Rosa Weber, e assim vai aumentando o número de ministérios e não se resolve nada.

A questão da nomeação no STF é delicada, porque é normal que o presidente queira colocar um ministro que tenha a mesma linha ideológica dele.

Neste caso, Flavio Dino se enquadra perfeitamente. Lula já indicou vários ministros ligados ao PT e alguns se portaram como independentes, outros não.

EXEMPLOS DE LIGAÇÕES – Ayres Brito, que presidiu o julgamento do mensalão no Supremo, era militante petista em Sergipe, foi candidato a deputado federal pelo PT, era dirigente estadual do partido.

Dias Toffoli era advogado do PT, trabalhou na Casa Civil quando José Dirceu foi ministro, e continua se comportando como um aliado do Lula. Já teve atitudes independentes durante o mandato, mas agora voltou a ser o velho petista de sempre, em busca do perdão do Lula. Outro ministro, Edson Facchin, é ligado ao MST e tem uma posição muito admirável.

No STF não tem problema, mas na PGR ser ligado a partido é muito sério.

Eventual nomeação de Dino para o STF seria por seus erros e não pelos acertos

Dino nega vínculo entre operação da PF e entrevista do presidente Lula -  Diário Comercial

Flávio Dino, quando pressionado, responde com deboches

Ricardo Corrêa
Estadão

A eventual escolha do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, para o Supremo Tribunal Federal (STF), se vier de fato a ser concretizada, se dará muito mais por conta de seus erros no governo do que por suas inequívocas qualidades como ex-magistrado, inclusive como juiz auxiliar da Corte no gabinete de Nelson Jobim.

Embora não se tenha como questionar que Dino tem de fato o notório saber jurídico para ocupar a função e não se deva subestimar a capacidade de um governador eleito e depois reeleito com votação esmagadora, chama atenção que os argumentos de aliados nos bastidores para convencer Lula a escolhê-lo mergulham em caminhos bem menos meritórios.

UMA PRESSÃO MENOR – O primeiro ponto colocado por quem torce pela escolha é a diminuição da pressão sobre o governo Lula em uma área em que a gestão tem apanhado muito. Enquanto Dino preocupa-se em comentar uma miríade de assuntos do noticiário brasileiro, incluindo investigações contra adversários políticos de decisões judiciais da mais diversas, há uma sensação de que o trabalho de coordenação de ações na Pasta não é realizado a contento.

Além disso, Dino está na mira de parcela do Parlamento e da opinião pública em razão das dificuldades de explicar o sumiço de imagens do 8 de janeiro, embora seja descabido imaginar que seja ele o culpado por atos que inegavelmente foram praticados por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Também enfrenta resistências pela incapacidade de dialogar com opositores, a quem tratou com boa dose de ironia e deboche sempre que chamado a falar no Congresso.

Outras variáveis – Há também dois cálculos políticos empurrando Dino para a Corte. Um deles dá conta do interesse do PT e de outras siglas no comando do Ministério da Justiça ou mesmo a área de Segurança Pública, que poderia ser desmembrada com uma troca de comando.

Se o predileto do partido para o STF é Jorge Messias, a escolha de Dino traria à legenda ao menos esse prêmio de consolação. Outro, interpreta que a ida do atual ocupante da Pasta para o STF poderia tirá-lo de uma eventual sucessão a Lula, seja em 2026 ou 2030, abrindo espaço para outros nomes, como o do ministro Fernando Haddad, por exemplo.

É claro que nada impede que, uma vez ministro do STF, Dino ganhe evidência e, mais adiante, deixe novamente a magistratura para retomar a vida política, como já fez uma vez. Mas o resultado obtido por dois ex-magistrados que cogitaram a Presidência em tempos recentes mostra que isso não é tão simples: Joaquim Barbosa nem sequer colocou sua candidatura de pé, enquanto Sérgio Moro precisou se contentar com um voo menor ao Senado.

Prender Bolsonaro será é uma vingança política que poderá desestabilizar o país

Charge do Duke (O Tempo)

José Antonio Perez Jr.

Se prenderem Jair Bolsonaro, o país pode rachar de vez. É provável que haja uma insatisfação absurda, pois grande parte dos brasileiros odeia Lula e acha que ele deveria estar preso, por ser um tremendo corrupto aproveitador. Ouço diariamente pessoas sugerindo até mesmo a morte do atual presidente, além de defenderam o fechamento do Supremo Tribunal Federal e até do Congresso Nacional. Esses brasileiros certamente só idolatram Bolsonaro porque odeiam Lula. É preciso raciocinar sobre isso.

A coisa está feia. O agronegócio odeia o atual governo e está carregando o PIB nas costas. Muita gente falando também em separar o Norte e o Nordeste do Brasil. Culpam o povo dessas regiões pela eleição de Lula e demais ladrões como Josimar Maranhãozinho. Arthur Lira etc.

É PRECISO CAUTELA – Se a economia titubear, e estamos com três quedas seguidas de arrecadação federal, que é um problema grave, de difícil solução, o barril de pólvora poderá ser acesso. Por isso, é recomendável que o Supremo pare com essas condenações extremamente rigorosas de supostos “terroristas”, sem que existam provas materiais, apenas circunstanciais.

A crise das instituições é uma realidade. São três poderes em transe. E o pior é que o Congresso não regulamenta nada, não cumpre sua função legislativa e abre caminho para as “intepretações” do Supremo, que “inocentaram” Lula e o devolveram à política, após ser condenado em terceira instância, por unanimidade.

Desde 1988, pós-Constituinte, o Congresso só vota assuntos de interesses específicos. O coletivo que se dane, como é o caso do marco temporal. Se dependesse do Congresso, as terras indígenas estriam sendo progressivamente reduzidas, ou seriam do tamanho de um zoológico com os governos cobrando ingresso para entrar.

DIANTE DO PDT – Estacionei meu carro em frente à sede do PDT em Brasília e, quando vi o desenho do punho e da rosa, me bateu uma tristeza pela falta de relevância e participação do trabalhismo nos debates nacionais.  Com Leonel Brizola e Darcy Ribeiro, o PDT poderia ter mudado essa nação, como afirmei aqui em outras ocasiões. Por pouco não aconteceu.

Esse Carlos Lupi é a negação do trabalhismo, um político literalmente beija-mão. Beija a mão e lambe os pés. Um farsante que se aproveitou de um estadista de nível internacional e está destruindo o trabalhismo.

Quanto à sede do PDT, é chamada de Diretório João Goulart. Pensei que poderiam acrescentar a palavra “Presidente”. Ficaria melhor chama-lo de Diretório Presidente João Goulart. Era um homem decente, um grande brasileiro. Abraços a todos.

Mauro Cid abre a cortina dos fatos: 8 de janeiro foi mesmo uma tentativa de golpe

Charge do Amarildo (agazeta.com.br)

Pedro do Coutto

O depoimento do tenente-coronel Mauro Cid à Polícia Federal na quinta-feira, representou a abertura de uma cortina que separava o projeto de golpe do ex-presidente Jair Bolsonaro da certeza absoluta de seu pensamento, revelando também que na realidade  a invasão e as depredações de 8 de janeiro em Brasília foram uma iniciativa desesperada  de golpistas até contra o veto do Exército a qualquer violação constitucional.

O quadro fica ainda mais claro diante de  uma reunião convocada por Bolsonaro no Palácio Alvorada com chefes militares, quando colocou a perspectiva de desfechar um golpe de Estado contra a vitória de Lula nas urnas de outubro, encontrando, porém, forte resistência do Exército. O movimento subversivo de 8 de janeiro representou o inconformismo com a defesa da legalidade e uma tentativa desesperada de desencadear uma atmosfera de caos no país.

VETO – A esse respeito foi excepcional a revelação da jornalista Eliane Cantanhêde no programa Em Pauta da GloboNews, quinta-feira à noite, sobre uma conversa que teve com o general Tomás Paiva, que serviu de base para um artigo na edição de ontem, sexta-feira, no Estado de S. Paulo. O general, cujo desempenho tem sido essencialmente democrático e legalista, confirmou o veto do Exército a qualquer investida contra a lei, a ordem e a Constituição brasileira.

Portanto, afastada da área militar pelo Exército a prática de um golpe ditatorial, mesmo assim lideranças bolsonaristas tramaram o atentado no aeroporto, que felizmente não deu certo, e desencadearam a invasão de Brasília que deixou para sempre um rastro sinistro na história do Brasil. Os dois movimentos fracassaram e agora Mauro Cid ilumina os porões da trama que serviu para mostrar ao país a verdadeira face da extrema-direita antidemocrática e golpista.

GOLPE – A trajetória da insurreição na qual foram presas mais de novecentas pessoas, e as principais figuras já estão sendo julgadas pelo Supremo, revela uma propensão que veio à tona, uma tentativa de golpe liderada por Carlos Lacerda contra a posse de Juscelino Kubitschek na Presidência da República. Naquela ocasião, o Exército também barrou a iniciativa sob o comando dos generais Teixeira Lott e Odylio Denys. Setenta anos depois, o vírus ressurge querendo impedir a posse de Lula sob o comando do ex-presidente Jair Bolsonaro.

O ministro da Defesa, Lúcio Monteiro, sustenta que é necessário virar a página e acabar com o clima de suspeição sobre as Forças Armadas. Não tem razão. O clima de suspeição, no sentido em que envolve dúvida, foi dissipado integralmente com as revelações do tenente-coronel Mauro Cid que também constituem um marco na história da democracia brasileira e dos atentados contra ela que se desenrolaram através das décadas.

NOVA FASE –  O processo que transcorre no Supremo Tribunal Federal ingressa em nova fase, incluindo o foco no ex-presidente da República que sempre tramou investidas contra a Constituição e as leis, como ficou patente em sua campanha contra as urnas eletrônicas e através de suas participações em passeatas na Esplanada de Brasília, aceitando que apoiadores seus ostentassem faixas propondo o fechamento do STF e do Congresso. Seria uma ditadura militar com Bolsonaro. Os episódios agora articulados revelam ao país e ao mundo a verdadeira face do golpismo. A democracia correu um risco novamente.

As reportagens sobre o assunto são de Bela Megale, O Globo, primeira a revelar o depoimento de Mauro Cid, de César Feitosa, Marianna Holanda e Thaisa Oliveira, na Folha de S. Paulo, e de Eliane Cantanhêde e de Rubens Anater, Fausto Macedo, Rayssa Motta e Marcelo Godoy, no Estado de S. Paulo.  

ARRECADAÇÃO –  Reportagens de Idiana Tomazelli, Folha de S. Paulo e Vitória Abel e Renan Monteiro, O Globo, revelam que a arrecadação federal registrou a terceira queda mensal seguida. Com isso, o episódio acende um sinal de alerta para o projeto do arcabouço fiscal que prevê déficit zero em 2024.

Quais teriam sido as causas do retrocesso? Só pode ser a queda no consumo ou o aumento da sonegação. Uma preocupação para o ministro Fernando Haddad e para o próprio presidente Lula da Silva.

Merecem reconhecimento as muitas mãos que redigiram o discurso de Lula na ONU

Saiba quem é José Rezende Júnior, responsável pelo discurso de Lula na ONU

José Rezende Júnior é o principal redator dos discursos de Lula

Gustavo Maia
Veja

O discurso de Lula na abertura da Assembleia Geral da ONU foi escrito a diversas mãos. Participaram da elaboração do pronunciamento o chanceler Mauro Vieira, o assessor especial Celso Amorim e seu braço-direito, Audo Faleiro, além de diplomatas do Itamaraty e do redator dos discursos do presidente, o escritor e jornalista José Rezende Júnior.

Já em Nova York, o próprio Lula fez questão de conversar com os auxiliares para adaptar o texto que acabou sendo lido, no que foi classificado como uma “intensa participação”.

Como o inglês é o idioma falado pela maioria do plenário, o intérprete para a língua também ajudou na versão final.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGQuando Lula fez o excelente pronunciamento na abertura da Assembleia-Geral da ONU, assinalamos aqui que tinha sido “discurso de estadista” e destacamos a necessidade de se conhecer os autores. Devido a esse comentário, o editor da Tribuna recebeu várias mensagens de apoio ou crítica, houve até petistas que ousaram dizer que Lula tinha falado de improviso, algo que realmente não aconteceu.

Em minha nota da redação, lembrei que antigamente se sabia quem escrevia os discursos dos presidentes. Juscelino Kubitschek, por exemplo, teve redatores geniais, como Augusto Frederico Schmidt, Helio Fernandes, Jair Rebelo Horta e Fernando Leite Mendes. Um dos comentaristas da Tribuna, o sempre sóbrio e contundente Fernando Garay, concordou comigo, afirmando que realmente seria importante saber os verdadeiros autores do discurso de Lula, e agora o excelente jornalista Gustavo Maia, da Veja, nos faz a gentileza de citá-los.

Lembrei então a frase célebre de Nicolau Maquiavel, que dizia: “A melhor maneira de avaliar a inteligência de um governante é olhar para os homens que têm à sua volta”. Portanto, como se vê, Lula tem redatores de primeira linha e ministros de segunda, terceira, quarta, quinta linhas etc. (C.N.)  

Veja como Cecília Meireles saudava poeticamente a chegada da Primavera

Alguns dos melhores momentos da vida a... Cecilia meireles - PensadorPaulo Peres
Poemas & Canções

A professora, pintora, jornalista e poeta carioca Cecília Meireles (1901-1964), tem na sua poesia uma das mais puras, líricas, bucólicas, belas e válidas manifestações da literatura contemporânea. A Primavera, neste poema em forma de prosa, é descrita numa linguagem “onipotente”, imune a quaisquer condições que impeçam a sua chegada, ainda que efêmera, e implante seus principais dogmas, que fazem uma festa na natureza.

PRIMAVERA
Cecília Meireles

A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.

Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.

Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.

Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.

Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, — e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.

Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.

Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.

Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.

Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera.

Provas são irrefutáveis, houve tentativa de golpe e agora Bolsonaro precisa ser preso

Sorriso Pensante-Ivan Cabral - charges e cartuns: Charge: Mauro Cid

Charge do Ivan Cabral (Site Sorriso Pensante)

Merval Pereira
O Globo

Como é possível, numa democracia, um ambiente em que o presidente da República reúne comandantes militares e propõe um golpe? É inadmissível. Porque não prenderam Bolsonaro na hora? O comandante do Exército se recusou a participar, o da Marinha aceitou e o da Aeronáutica não sabemos.

É claro que é complicado prender um presidente da República dentro do palácio do Planalto, mas como deixaram chegar ao ponto de Bolsonaro ter a liberdade de propor um golpe numa reunião com comandantes militares? Chega a ser absurdo.

TUDO CONFIRMADO – Agora está confirmado, com a delação de Cid e tudo o que já apareceu, inclusive a minuta de golpe encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, que o ex-presidente fez uma tentativa real de golpe. E no dia 8 ainda houve uma derradeira tentativa, mesmo com a recusa do comandante do Exército, de que acontecesse alguma coisa.

O comentário do ex-presidente, de que se pode discutir qualquer coisa e, se ela não acontecer. não tem problema, é uma confirmação de que discutiu o golpe com militares. A discussão em si já é o início do golpe.

Já havia várias coisas inaceitáveis, mas essa é a cereja do bolo. O novo procurador-geral da República terá que tomar alguma providência.

TAMBÉM É CRIME – Tentativa de homicídio é crime, tentativa de golpe é crime também. Pode haver preocupação com a repercussão política com uma eventual prisão de Bolsonaro, mas não dá para passar pano e deixar pra lá.

Havia o temor de uma reação popular quando da prisão de Lula, e nada aconteceu. O caso de Bolsonaro é mais grave, porque as milícias digitais estão mobilizadas.

Diante de tudo o que aconteceu, o presidente Jair Bolsonaro terá que ser preso. Não é admissível acontecer esses fatos gravíssimos, todos documentados, e ele sair ileso.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Como editor da Tribuna da Internet, eu respeito demais a posição do jornalista Merval Pereira, meu grande amigo há 55 anos, não contesto nenhum dos argumentos que relaciona. Mas discordo dele por uma questão social, porque acho perigoso incentivar a radicalização que já existe e não pode continuar se agravando. Vou escrever um artigo sobre o assunto, para explicar minha posição com a necessária clareza. Em tradução simultânea, eu diria que Merval tem toda a razão, mas… (C.N.)

PT assina um acordo de cooperação com Partido Comunista da China. Para quê? Ora, para nada…

PT vai assinar acordo de cooperação com Partido Comunista da China - GP1

Gleisi Hoffmann vai trocar figurinhas com os chineses

Deu na Folha
Coluna Painel

O PT e o Partido Comunista Chinês assinaram nesta quarta-feira (20) em Brasília um protocolo de cooperação, reforçando a aliança entre as duas legendas. Os chineses foram representados por Li Xi, um dos sete membros do comitê permanente, principal instância de decisão do partido e um dos homens mais poderosos do gigante asiático.

“O Partido Comunista Chinês está entre os principais amigos do PT pelo mundo”, diz o secretário de Relações Internacionais petista, Romênio Pereira. Um dos interlocutores do partido junto aos chineses, ele já esteve no país sete vezes desde 2004.

TROCA DE EXPERIÊNCIAS – O protocolo será assinado por Li Xi e pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann. Ele prevê trocas de experiências e de opiniões sobre questões internacionais, além de intercâmbio de dirigentes e realização de eventos conjuntos.

O dirigente chinês deve ter também reuniões com membros do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), parte do processo de reatar laços do Brasil com o país após o distanciamento durante os anos de Jair Bolsonaro (PL).

Segundo Romênio, o PT tem relação com partidos de esquerda em diversas partes do mundo. “Somos próximos do Partido Democrata americano também, por exemplo. Temos ligações diplomáticas com setores democráticos e populares em vários países”, afirma.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É difícil entender o que esse pessoal da cúpula do PT tem na cabeça. O que os petistas têm a ganhar com sua aproximação a políticos estrangeiros de um país que tem partido único e não admite oposição? Eis uma pergunta inquietante. Com aliados desse calibre, digamos assim, Lula e o PT nem percebem que vão perder eleitor pra dedéu, como se dizia antigamente. (C.N.)

Ministro que “fulanizar” e punir os militares golpistas. Será que conseguirá?

Forças Armadas não aceitaram proposta de golpe e instituições não embarcaram, diz Múcio à CNN

Múcio diz que é preciso “fulanizar” os militares golpistas

Alice Cravo
O Globo

O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, afirmou nesta sexta-feira que “percebeu que muita gente não desejava sair do poder”, ao ser questionado sobre a postura ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos. O tenente-coronel Mauro Cid afirmou em delação premiada, segundo a colunista do Globo, Bela Megale, que o ex-presidente Jair Bolsonaro se reuniu com representantes do Alto Comando para discutir detalhes de uma minuta que abriria possibilidade de intervenção militar.

DISSE MÚCIO — “Na realidade a gente percebia que muita gente não desejava sair do poder, largar o poder. Mas dia 1º de janeiro as Forças Armadas garantiram a posse do presidente e estamos vivendo a nossa plenitude democrática.

Nesta quinta-feira, Múcio tinha afirmado que as Forças Armadas estavam “100% ao lado da lei”, mas que o ex-comandante da Marinha não estava.

O tenente-coronel Mauro Cid contou aos investigadores que o comando do Exército afirmou ao então presidente que não abraçaria a iniciativa golpista. Já o chefe da Marinha, o almirante Almir Garnier Santos, teria dito a Bolsonaro que sua tropa estaria pronta para aderir a seu chamado.

ELE PASSOU… — É uma coisa pessoal. Sabia, mas ele passou. Olha, ele não me recebeu para conversar, depois, nós nos encontramos, eu conversei. Mas era uma posição pessoal, havia um presidente eleito, havia um presidente empossado, a justiça promulgou, de maneira que nós estávamos 100% do lado da lei, e ele não — afirmou nesta quinta-feira.

“Ele não me recebeu, eu percebia. Os outros comandantes me receberam. Não sei se ele tinha aspirações golpistas, mas a gente via, os jornais falavam, era outro governo, outros comandantes, outro presidente da República — afirmou, completando que “percebia que muita gente não desejava sair do poder”.

Múcio também afirmou que ainda não conversou com o presidente Lula sobre as declarações de Cid para a PF e reforçou que espera os esclarecimentos para “deixar de suspeitar de todo mundo e punir os culpados”.

DIZ A MARINHA – O atual comandante da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen, afirmou nesta quinta-feira ao Globo que o possível apoio do ex-comandante Almir Garnier Santos a um golpe de Estado não representa a posição da Força.

O comandante afirmou que a Marinha está à disposição da Justiça para contribuir com as investigações, caso seja chamada a depor no processo.

“Definitivamente essa não é a posição da Marinha. O interesse da Força é que seja o quanto antes esclarecido (o fato) e que se procure individualizar as condutas e se retire esse manto de suspeição da Força. Naturalmente que a exposição de um ex-comandante da Marinha em alguma medida implica a Força — disse ao Globo o atual comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Antigamente, os militares golpistas eram chamados de “gorilas”. Mas o visual do almirante Almir Garnier mostra que ele não tem nada de gorila, ele parece ser apenas um bobalhão, mesmo. Agora, o ministro da Defesa quer “fulanizar” os militares golpistas. Ou seja, pretende puni-los. Será que vai conseguir? (C.N.)

Acordos com réus do 8 de janeiro incluem multa (até R$ 20 mil) e serviço comunitário

Mais de 1200 são detidos ao desmontar acampamento no QG do Exército

Quem deixou o acampamento de manhã cedo se deu bem

Reynaldo Turollo Jr
O Globo

A Procuradoria-Geral da República (PGR) oficializou nesta sexta-feira os dez primeiros acordos de não persecução penal com pessoas denunciadas por incitação aos atos golpistas de 8 de janeiro. Após confessarem os crimes, elas deverão prestar 300 horas de serviços à comunidade ou a entidades públicas e pagar multas que variam de R$ 5 mil a R$ 20 mil.

Também terão de frequentar um curso sobre “Democracia, Estado de Direito e Golpe de Estado” e não poderão ter perfis em redes sociais abertas.

PRESOS NO ACAMPAMENTO – Os acordos, que livram os réus de responder a ações penais no Supremo Tribunal Federal (STF), podem ser oferecidos a 1.125 pessoas que não se envolveram em atos violentos no 8 de janeiro. Esse grupo é o que foi preso no acampamento montado em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília. Segundo a PGR, 301 denunciados já manifestaram a intenção de firmar acordos.

A situação deles é diferente da dos executores dos atos, que se envolveram na invasão e na depredação dos prédios dos Três Poderes. Na semana passada, o plenário do Supremo condenou três executores com penas de 14 e 17 anos de prisão.

As ações penais contra réus que assinarem os acordos ficarão suspensas no STF até o cumprimento integral das cláusulas. Caso o denunciado descumpra o acordo, o processo dele deve ser retomado.

HOMOLOGAÇÃO – O benefício está disponível para aqueles que foram denunciados por crimes cujas penas não chegam a quatro anos de prisão. A pedido da PGR, o relator dos processos, ministro Alexandre de Moraes, autorizou em agosto que os acordos fossem realizados. Após a formalização das assinaturas, que deve ocorrer em até dez dias, os acordos seguirão para homologação.

Para o cumprimento das 300 horas de serviços à comunidade ou a entidades públicas, os denunciados deverão desenvolver de 30 a 60 horas de atividades por mês em locais indicados por juízes de execução penal.

Quanto à multa, os valores são fixados individualmente conforme a capacidade econômica de cada infrator, informou a PGR.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É uma Justiça primária e genérica, algo jamais visto. Fica comprovado que os investigadores não tentaram identificar nenhum dos verdadeiros terroristas e vândalos que lideraram o quebra-quebra. O critério dos investigadores foi a lei do menor esforço. Ou seja, decidiram não investigar nada. Assim, os 1.125 presos no dia seguinte, que ainda estavam no acampamento diante do Quartel-Gera, todos eles foram classificados como “não-terroristas”, enquanto os outros, que foram detidos na Praça dos Três Poderes ou dentro dos palácios, todos foram acusados de “terrorismo”, embora muitos deles só tivessem entrado para ver como as sedes dos poderes eram por dentro. Em suma, a Polícia não usou as imagens das câmeras e as fotos dos jornalistas para identificar e acusar os terroristas e vândalos. O único que foi descoberto assim foi o imbecil que quebrou o relógio de Dom Pedro. E ainda dizem que houve investigação. Que país é esse? (C.N.)