Inflação, PIB e redução do risco exibem acerto de Campos Neto na política de juros

Campos Neto diz que continua até 2024 e minimiza pressão: “Faz parte” |  Metrópoles

Desta vez, Campos Neto vai iniciar a redução dos juros

Rose Amantéa
Gazeta do Povo

Prestes a iniciar uma trajetória de gradual queda de juros, o Banco Central coloca o Brasil entre os primeiros países a reduzir a taxa com a inflação controlada, após a expansão monetária global que alimentou a alta de preços em todo o mundo.

Analistas de mercado preveem que na reunião desta quarta-feira (dia 2) o Comitê de Política Monetária (Copom) reduzirá a taxa básica (Selic) em 0,25 ou até 0,5 ponto porcentual, após exatamente um ano congelada em 13,75% ao ano – o maior patamar desde o início de 2017.

CHILE REDUZIU – Entre os mercados mais relevantes, apenas o Chile saiu na frente do Brasil, com um corte de 1 ponto porcentual em sua taxa básica na última sexta-feira (28), para 10,25% ao ano.

Além de colaborar para o controle da inflação, a política de juros do BC não impediu a melhora das expectativas de crescimento econômico, e ainda colaborou para o cenário positivo que levou a agência de classificação de risco Fitch a elevar a nota de crédito do Brasil, uma indicação de que ficou mais seguro investir no país.

“Qualquer que seja a redução anunciada, ela valida o êxito da estratégia do Banco Central, mostrando que a política monetária restritiva ainda é o melhor mecanismo de controle da inflação”, avalia Alberto Ramos, diretor executivo do grupo financeiro Goldman Sachs para a América Latina.

APÓS 2% AO ANO – Atento à nossa memória inflacionária, o BC brasileiro foi o primeiro a subir os juros após o início da pandemia, enquanto o mundo apostava numa inflação transitória. No Brasil, a Selic passou a subir em março de 2021, depois de atingir o piso histórico de 2% ao ano.

Na época, o IPCA – índice “oficial” de inflação – estava próximo de 6% em 12 meses, e subindo. Chegou a 12,13% em abril de 2022, para então começar a cair. Na medição mais recente, de junho de 2023, a inflação acumulada em 12 meses era de 3,16%.

Neste momento, após várias revisões para baixo, a expectativa do mercado financeiro é de que o IPCA encerre o ano em 4,84% – a meta perseguida pelo BC é de 3,25%, com intervalo tolerado de 1,75% a 5%.

BELTRÃO ELOGIA – “É preciso parabenizar o Banco Central por ter agido na hora certa”, corrobora o especialista em finanças Hélio Beltrão, presidente do Instituto Mises Brasil.

A constatação é relevante principalmente pelo nível de contestação à política monetária conduzida pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Desde o início do governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ministros e correligionários não têm poupado críticas ao trabalho do BC.

O presidente chegou a dizer que Campos Neto “jogava contra o Brasil”. Na avaliação de Hélio Beltrão, as críticas foram uma tática do governo de eleger um bode expiatório para o fraco desempenho da economia que se desenhava no começo do ano.

ESTRATÉGIA ACERTADA – As previsões pessimistas não se confirmaram. Os bons números da economia demonstram, entre outros fatores, o acerto da estratégia do BC.

“É notável que o Banco Central tenha conseguido trazer a inflação para dentro da meta sem quebrar empresas e setores. O cenário possibilita uma redução gradual [dos juros], com controle dos indicadores”, observa Ramos.

Além da atuação do BC, o “respiro” observado na economia – com redução nas projeções de inflação e aumento nas expectativas para o PIB – reflete efeitos de reformas promovidas nos últimos seis anos.

ACERTO FISCAL – Alberto Ramos lembra a “herança bendita” no aspecto fiscal. “Já vínhamos de dois anos com superávit, fato inédito nas últimas décadas”, diz.

Para Hélio Beltrão, “pouco a pouco o país está colhendo os frutos de excelentes ajustes micro e macroeconômicos consolidados”. Entre eles a estão a reforma trabalhista, no governo Temer, e iniciativas do governo Bolsonaro como a reforma da Previdência, a Lei de Liberdade Econômica e outras ações liberalizantes.

A própria agência internacional de classificação de risco Fitch atribuiu o “desempenho macroeconômico e fiscal acima do esperado” às políticas proativas e reformas dos últimos anos.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Excelente análise econômica, enviada por Mário Assis Causanilhas. O Copom se reúne hoje e amanhã para decidir a nova taxa de juros, com participação de Fernando Haddad e Simone Tebet. Desta vez é certo que a taxa vai cair. Haddad pede queda de 0,5%, mas o BC deve reduzir apenas 0,25%. Se Haddad pedisse menos 1%, talvez o BC reduzisse 0,5%. Virou briga de comadres, como se dizia antigamente. (C.N.)

Na semana de Hiroshima, Warner americana se desculpa por festejar o “Barbenheimer”

Barbenheimer Shirt - Etsy

Campanha publicitária uniu sinistramente os dois filmes

Nelson de Sá

Folha

Iniciando a semana em que é lembrada a destruição de Hiroshima, pela bomba lançada pelos EUA, o estúdio americano Warner Bros. se desculpou por ter postado em mídia social, sobre “Barbie”, seu filme: “Este será um verão inesquecível” (reprodução abaixo, já tirada do ar).

A frase foi usada como reação para os memes que associam a protagonista com a bomba atômica de “Oppenheimer”, produção do estúdio americano Universal lançada no mesmo dia, também com sucesso — o que deu origem aos memes “Barbenheimer”. juntando os dois filmes.

ATÉ EM CAMISETAS – As imagens festivas da explosão nuclear, agora até estampadas em camisetas, provocaram reação no Japão, como destacaram Bloomberg e Newsweek. “Vocês percebem que esta é uma arma que tirou a vida de 200 mil civis?”, escreveu um, citando 1945: “Aquele sim foi um verão inesquecível”.

A subsidiária da Warner no Japão criticou publicamente, na tradução da Variety: “Consideramos lamentável que a conta oficial da sede americana de ‘Barbie’ tenha reagido às postagens nas redes sociais dos fãs de ‘Barbenheimer’. Nós estamos pedindo à sede americana que tome as medidas cabíveis”.

Foi então que a sede americana divulgou nota curta, dez dias após suas mensagens: “A Warner Brothers lamenta seu recente engajamento insensível nas mídias sociais. O estúdio oferece um sincero pedido de desculpas”. Ele é parte do mesmo grupo de CNN, HBO, Discovery e outros.

Barbenheimer' box office success has reawakened America's moviegoing muscle  | CNN Business

A insensibilidade dessa gente é uma arte…

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Quando se trata de “tudo por dinheiro”, como dizia Silvio Santos, acontecem esses disparates. Hiroshima foi um genocídio planejado e executado com hora marcada. E a ordem de dizimar os civis (na grande maioria, idosos, mulheres e crianças) partiu da Casa Branca, é bom lembrar. Deveria ser considerada pela humanidade como um holocausto igual aos campos de concentração de Hitler, mas é tido como um genocídio do bem, que depois foi repetido em Nagazaki, se é que vocês me entendem. (C.N.)

Como ocorreu com Trump, estoque de mentiras inflou a conta de Bolsonaro

Jair Bolsonaro recebeu R$ 17,2 milhões via Pix neste ano, aponta relatório do Coaf

Bolsonaro segue o exemplo de Trump até ao pedir doações por Pix

Bruno Boghossian
Folha

Depois de perder a eleição, Donald Trump arrecadou US$ 255 milhões em oito semanas. O presidente derrotado pedia doações enquanto espalhava alegações de fraude e prometia usar o dinheiro para contestar o resultado das urnas.

A vaquinha enganava os eleitores duas vezes. A primeira lorota era a finalidade das doações. Nem 4% do dinheiro foi gasto com a tentativa de virada de mesa. Uma parte foi usada em propaganda e o resto (cerca de US$ 175 milhões) ficou guardado para uma nova campanha de Trump.

ARMA PODEROSA – A outra falcatrua era o discurso da eleição roubada. Na última semana, Rudy Giuliani admitiu que, como advogado de Trump, fez acusações falsas de fraude na contagem de votos.

A mentira é uma arma poderosa na política, mas também pode ser um negócio lucrativo. Uma história falsa e cheia de excitação é sempre um produto mais interessante que uma realidade entediante ou dolorosa. Um eleitor apaixonado e dedicado a uma causa é o consumidor ideal.

Uma fabulação com baixo grau de veracidade ajudou a movimentar a conta bancária de Jair Bolsonaro. Um relatório do Coaf mostrou que o ex-presidente recebeu R$ 17,2 milhões numa campanha informal para ajudá-lo a pagar multas judiciais.

FALSA JUSTIFICATIVA – O eixo central da fantasia é a ideia de que Bolsonaro foi punido porque é vítima de uma conspiração. As multas, portanto, não seriam meras consequências de seus atos.

Um elemento do engodo foi a convocação de eleitores para ajudar o ex-presidente a pagar multas por não usar máscaras durante a pandemia. A enganação é dupla porque Bolsonaro escolheu desafiar recomendações das autoridades de saúde, mas também porque seu governo conhecia e preferiu esconder informações sobre a gravidade da Covid.

O senador Flávio Bolsonaro ainda acrescentou uma mentira extra ao tentar defender o pai, afirmando que o ex-presidente foi punido “por estar na linha de frente na pandemia salvando vidas e empregos”. Na verdade, Jair Bolsonaro foi multado em comícios e passeios de moto.

Governo compensa os bancos e reabilita devedores, que podem obter novos créditos

Charge: Fernandao (Arquivo do Google)

Pedro do Coutto

A operação “Desenrola” voltada para reabilitar pessoas que se encontram inadimplentes em função de dívidas não pagas – revela reportagem de Renan Monteiro, O Globo desta segunda-feira – já conseguiu atender 6 milhões de pessoas na primeira fase e iniciará uma segunda para as que devem valores acima de R$ 5 mil e que possuem renda familiar de até R$ 20 mil.

A operação sob o ângulo social, portanto, está sendo um sucesso. Mas, sob o prisma econômico, em certa parte vai permitir que homens e mulheres obtenham novos créditos cujos juros, mesmo os mais baixos, oscilam em cerca de 30% ao ano. São em média 2,4% mensais, o que representa uma carga ao longo de 12 meses difícil de suportar, sobretudo porque os salários continuam perdendo para os índices inflacionários.

RENEGOCIAÇÃO – Renan Monteiro focaliza dispositivos da operação que permitem que os bancos ao renegociar dívidas acumuladas possam obter do governo créditos tributários. Que créditos são esses? Não importa. Provavelmente, se localizam no IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Seja como for, o governo está financiando um processo de refinanciamento.

O nível de inadimplência no país é muito superior a 6 milhões de casos. No mínimo, é seis vezes maior em longa acumulação. Em períodos menores de não pagamentos, digamos seis meses, o total de endividados passa de 70 milhões de pessoas. É um índice altíssimo, consequência do desemprego e das fortes, e cada vez maiores, perdas inflacionárias. Um problema brasileiro que, na realidade, constitui um desafio de várias faces para o governo Lula da Silva.

JUROS – No próximo dia 3, quinta-feira, o Comitê de Política Monetária se reunirá para resolver se reduz ou não os juros de 13,75% ao ano fixados e defendidos por Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central.

A pressão contra Campos Neto está cada vez mais forte e com a previsão de um percentual inflacionário para este ano de apenas 3%, dificilmente a taxa de 13,75% poderá ser mantida, projetando-se uma previsão de que haverá agora uma diminuição de meio ponto, e de dois pontos percentuais até dezembro.

Cada ponto percentual representa para o governo uma redução de R$ 60 bilhões, uma vez que a Selic incide sobre a dívida interna brasileira, que é R$ 6 trilhões. No Estado de S. Paulo, a matéria é focalizada amplamente por Luíza Lanza e Rebeca Crepaldi que assinalam o reflexo da possível redução nos papéis de renda fixa e também nas cadernetas de poupança, pois uma fração do indicador figura entre os fatores componentes da correção monetária.

BOLETIM FOCUS  – A previsão da queda de 0,5% em agosto, e o recuo de até dois pontos em dezembro, é do próprio boletim Focus, editado pelo BC. A diminuição do índice também afeta a remuneração dos títulos do Tesouro direto que, aliás, lastreiam a dívida interna do país.

A manutenção da Selic em 13,75% bloqueou os fundos imobiliários e também influiu no desempenho da Bolsa de Valores. Afinal, é uma taxa muito acima da inflação sem o menor risco para os investidores. Na minha opinião, significou um freio nas aplicações econômicas de capital; uma distorção, já que o mercado financeiro utiliza muito menos mão-de-obra do que quaisquer outros setores.

AGRESSÃO – Diogo Dantas, O Globo, Rodrigo Sampaio, o Estado de S. Paulo, em edições de ontem, focalizaram com destaque a estúpida agressão do ex-preparador físico do Flamengo Pablo Fernandez ao atacante Pedro, desfechando-lhe um soco pouco após o término da partida contra o Atlético Mineiro.

A diretoria do Flamengo demitiu Pablo Fernandez imediatamente e a demissão colocou em risco a permanência do treinador Jorge Sampaoli, já que Fernandez acompanhava sempre o técnico nos diversos contratos que ele firmou com os clubes de futebol. Sampaoli ainda não pediu demissão e nem foi demitido, mas a sua situação ficou difícil no clube.

O motivo da agressão, a meu ver, foi um absurdo. Pedro havia sido chamado pelo técnico para fazer aquecimento. Logo, Sampaoli admitia que substituiria alguém do elenco. Vendo que o limite de substituições havia sido esgotado, o atacante achou desnecessário o exercício. O preparador físico não viu essa razão óbvia e o caso terminou na agressão, na demissão e na apresentação de queixa à Polícia em Belo Horizonte. O preparador físico deu um péssimo exemplo ao universo do futebol e ao próprio relacionamento entre pessoas.

Festa no interior, com salário de prefeito e vereador subindo para até R$ 34,3 mil

Câmara Municipal de São José de Rio Preto; aumento chega a 179% na remuneração dos vereadores

Em São José do Rio Preto, aumento de vereador foi de 179%

Zeca Ferreira
Estadão

A um ano das eleições municipais, câmaras municipais e prefeituras de municípios paulistas iniciaram movimento para turbinar os salários. Os reajustes variam entre 40% e 179% e há casos em que a remuneração mensal pode chegar a R$ 34 mil, para o Executivo municipal, e até R$ 20 mil, para o Legislativo municipal.

A onda de aumentos aprovados para si mesmos atinge não só cidades do interior do Estado, mas também municípios próximos à capital paulista.

EM SEQUÊNCIA – Em Ribeirão Preto, cidade a 290 km de São Paulo, o Legislativo municipal aprovou aumento de quase 50% para o salário de vereadores, prefeito, vice e secretários municipais. O projeto de lei que elevou a remuneração da classe política recebeu 19 votos a favor e apenas um contra.

Com a aprovação do texto, a remuneração do prefeito sobe de R$ 23 mil para R$ 34,3 mil. Já o subsídio de vereadores passa de R$ 13,8 mil para R$ 20,5 mil. Os novos salários valem a partir de 2025.

A onda de reajuste no salário de políticos parece seguir o mesmo padrão no interior do Estado. Após a aprovação de aumento por uma câmara municipal, os municípios vizinhos seguem o exemplo. Foi isso que aconteceu na Região Metropolitana de Ribeirão Preto, onde cinco cidades aprovaram os reajustes em sequência.

DÉCIMO TERCEIRO – Pelo menos em 12 municípios, os políticos que vencerem as eleições do próximo ano vão contar com salários maiores. De acordo com a Constituição, a remuneração do prefeito, vice-prefeito, secretários municipais e vereadores deve ser fixada pelo Legislativo municipal. Porém, reajustes feitos por uma legislatura só valem para o mandato seguinte.

Em Ourinhos, cidade a 370 km de São Paulo, a câmara municipal não só aprovou reajuste de 52% no subsídio dos vereadores, como também estabeleceu o pagamento de 13º salário aos parlamentares com base em decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Somente um dos 13 vereadores presentes na sessão votou contra a medida.

A aprovação do pagamento de 13º salário aos vereadores é outro padrão frequente observado nas câmaras municipais de São Paulo. Assim como a elevação no salário de políticos, a medida só valerá a partir de 2025.

REAJUSTE DE 179% – Entre os municípios que já aprovaram o aumento, São José do Rio Preto, a 414 km da capital paulista, terá o maior reajuste. A correção chega a 179% na remuneração dos vereadores. Com a medida, a cidade vai gastar, na próxima legislatura, R$ 10 milhões a mais com os novos salários.

Porém, não foram apenas os vereadores que se beneficiaram. Os salários do prefeito e vice de São José do Rio Preto, assim como dos secretários, terão aumento escalonado. Com isso, a remuneração do chefe do Executivo municipal, que hoje é de R$ 17,1 mil, vai passar para R$ 28 mil em 2025, e R$ 34,7 mil em 2028 — aumento de 102%.

A Câmara Municipal de São José do Rio Preto argumentou, em nota, que o último reajuste significativo nos salários do prefeito e dos vereadores ocorreu há mais de uma década, o que justificaria o porcentual de aumento aprovado pela Casa legislativa.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É por essas e outras que a política se tornou atividade que passa de pai para filho, de marido para mulher e até de filho para mãe, como aconteceu no governo passado com Eliane Nogueira, mãe do senador Ciro Nogueira (PP-PI), que assumiu o mandato do filho e continuou abastecendo o jatinho dele com combustível pago pelo Congresso. Que maravilha viver, diria Vinicius de Moraes. (C.N.)

Um desesperado poema de Fagundes Varella, diante de seu amor impossível

Fagundes Varella, por Lula Palomanes

Paulo Peres
Poemas & Canções

O poeta Luís Nicolau Fagundes Varella (1841-1875), nascido em Rio Claro (RJ), implora “Deixa-me” agora repousar tranquilo, porque segui seus passos e dei-te sublimes versos numa vigília insana.

DEIXA-ME
Fagundes Varela

Quando cansado da vigília insana
declino a fronte num dormir profundo,
por que teu nome vem ferir-me o ouvido,
lembrar-me o tempo que passei no mundo?

Por que teu vulto se levanta airoso,
tremente em ânsias de volúpia infinda?
E as formas nuas, e ofegante o seio,
no meu retiro vens tentar-me ainda?

Por que me falas de venturas longas,
por que me apontas um porvir de amores?
E o lume pedes à fogueira extinta,
doces perfumes a polutas flores?

Não basta ainda essa existência escura,
página treda que a teus pés compus?
Nem essas fundas, perenais angústias,
dias sem crença e serões sem luz?

Não basta o quadro de meus verdes anos
manchado e roto, abandonado ao pó?
Nem este exílio, do rumor no centro,
onde pranteio desprezado e só?

Ah! não me lembres do passado as cenas,
nem essa jura desprendida a esmo!
Guardaste a tua? A quantos outros, dize,
a quantos outros não fizeste o mesmo?

A quantos outros, inda os lábios quentes
de ardentes beijos que eu te dera então,
não apertaste no vazio seio
entre promessas de eternal paixão?

Oh! fui um doido que segui teus passos,
que dei-te em versos de beleza a palma;
mas tudo foi-se, e esse passado negro
por que sem pena me despertas n’alma?

Deixa-me agora repousar tranquilo,
deixa-me agora dormitar em paz,
e com teus risos de infernal encanto,
em meu retiro não me tentes mais! 

Ex-diretor da Abin vai explicar à CPI o que falhou na repressão aos atos de 8 de janeiro

O oficial de Inteligência Saulo Moura da Cunha foi nomeado diretor adjunto da Abin 1º de janeiro

Saulo Cunha é servidor de carreira e cumpriu seu dever

Eduardo Gonçalves
O Globo

O ex-diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Saulo Moura da Cunha será o primeiro convocado a depor na retomada dos trabalhos da CPI do 8 de Janeiro, nesta terça-feira, dia 1º. Servidor de carreira do órgão desde 1999, ele comandava a Abin na época da invasão às sedes dos três Poderes. Depois, foi exonerado do cargo, em março.

Cunha foi chamado na cota da ala da oposição ao governo Lula. A convocação dele foi pedida pelos senadores Magno Malta (PL-ES), Izalci Lucas (PSDB-DF) e os deputados Nikolas Ferreira (PL-MG), delegado Ramagem (PL-RJ) e Marco Feliciano (PL-SP).

HOUVE ALERTAS – O ex-diretor da Abin deve prestar esclarecimentos sobre os alertas emitidos pela agência dias antes dos atos golpistas. Ele também deve indicar as autoridades que foram informadas antecipadamente e qual foi o encaminhamento dado aos avisos.

Reportagem do GLOBO mostrou que, seis meses após os ataques, os membros do canal do Sistema Brasileiro de Inteligência divergem sobre o formato e a responsabilidade dos informes que receberam. Autoridades militares afirmaram que as mensagens careciam de confirmação e foram enviadas de maneira “informal”.

A Abin, por sua vez, rebateu esses comentários, dizendo que enviou as informações “por meio de canais adequados, decididos prévia e conjuntamente”.

COMPARTILHAMENTO – No grupo de WhatsApp — criado para trocar dados inteligência de maneira mais célere —, havia membros do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); dos ministérios da Justiça e Defesa; do Exército e da Marinha; da antiga pasta da Infraestrutura, que se desdobrou no governo Lula; da Secretaria de Segurança do Distrito Federal; e da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

Os parlamentares devem perguntar ao ex-diretor da Abin se ele confirma que os alertas também foram enviados ao ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). general Gonçalves Dias. O nome dele constava na lista como um dos receptores das mensagens.

A maioria dos alertas produzidos pela Abin antes de 8 de janeiro tratava da concentração de manifestantes em frente a unidades militares nas capitais do país, bloqueios de rodovias federais e “convocação para atos em frente a refinarias e distribuidoras”.

UM AVISO CLARO – O alerta mais preocupante chegou ao canal de WhatsApp em 6 de janeiro e diz o seguinte: “A perspectiva de adesão às manifestações contra o resultado da eleição convocadas para Brasília para os dias 7, 8 e 9 jan. 2023 permanece baixa. Contudo, há risco de ações violentas contra edifícios públicos e autoridades. Destaca-se a convocação por parte de organizadores de caravanas para o deslocamento de manifestantes com acesso a armas e a intenção manifesta de invadir o Congresso Nacional. Outros edifícios na Esplanada dos Ministérios poderiam ser alvo das ações violentas”.

O ex-diretor da Abin também deve ser perguntado sobre os relatórios que a agência produziu depois de 8 de janeiro. Dois deles apontaram um grupo ligado a produtores rurais, o “Movimento Brasil Verde e Amarelo”, e um de reservistas do Exército, os “boinas vermelhas”, como supostos “articuladores dos atos intervencionistas”. Os documentos, obtidos pelo Globo, foram enviados à CPI.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Tudo já é sabido, a CPMI está apenas confirmando os fatos. E o Exército já culpou o general Gonçalves Dias, ministro do GSI no governo Lula, e a Secretaria de Segurança do governo do Distrito Federal. Portanto, foi uma tragédia anunciada, que os responsáveis pela repressão estranhamente deixaram acontecer. (C.N.)

Diretor da Polícia Federal critica relatório do Exército sobre ataques do 8 de janeiro

Entrevista: 'Policial federal candidato terá que ser exonerado', diz  diretor-geral da corporação Andrei Rodrigues

Exército protegeu os acampados, destaca o diretor da PF

Flávio Ferreira
Folha

O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, disse nesta segunda-feira (31) que novas operações serão realizadas contra envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro. Em evento em São Paulo, ele também criticou o Exército pela atuação diante dos acampamentos bolsonaristas.

Segundo Andrei, a Polícia Federal quis remover os acampamentos duas vezes, mas o Exército não permitiu. Ele afirmou ainda que houve “complacência de várias entidades e órgãos públicos de manutenção daqueles acampamentos”.

EXÉRCITO COONESTOU – O chefe da PF participou de evento sobre os dez anos da Lei Anticorrupção promovido pela seção brasileira da entidade Transparência Internacional e a instituição de ensino Insper.

Segundo Andrei, o ato golpista “deveria ter sido evitado lá em dezembro”, quando, afirma, a corporação tentou remover o acampamento e acabou impedida pelo Exército. “Quando nós fomos de novo, no dia 8 de janeiro lá, tinha tanque de guerra no meio da rua impedindo que a polícia entrasse para retirar aquelas pessoas do acampamento. Então, isso é uma sequência.”

Ele relatou que na véspera do 8 de janeiro fez um alerta oficial sobre a movimentação golpista, em reunião que convocou na Secretaria de Segurança do DF e em um ofício.

DINO FOI ALERTADO – Segundo o diretor-geral da PF, a comunicação escrita foi feita ao ministro da Justiça, Flávio Dino, que depois teria enviado o alerta ao governo do Distrito Federal.

“Não só coloquei e verbalizei isso, como eu mandei um ofício escrito. Não sou vidente, não, mas eu estou vendo as coisas aconteceram, e nele escrevi: “Essas pessoas têm que ser contidas no acampamento. Não podem sair de lá porque eles irão invadir o Congresso, o Supremo e o Palácio do Planalto”. O que aconteceu no dia seguinte? Não só permitiram a saída, como esse bando foi levado até os palácios.”

Andrei lembrou ter atuado como chefe da segurança feita pela PF a Lula (PT) na campanha eleitoral de 2022 e disse que “foram presas 30 pessoas que atentavam contra a integridade do então candidato”.

DIZ O EXÉRCITO – O inquérito policial militar aberto para investigar os militares que deveriam ter protegido o Palácio do Planalto diante dos ataques golpistas de 8 de janeiro livrou as tropas de culpa e apontou “indícios de responsabilidade” da Secretaria de Segurança e Coordenação Presidencial, que integra a pasta do GSI (Gabinete de Segurança Institucional).

A apuração concluiu que, se houvesse tido planejamento “adequado” no início do governo Lula seria possível ter evitado a invasão do palácio ou minimizado os estragos.

O relatório sigiloso, obtido pela Folha, foi finalizado em 2 de março e recebeu uma complementação no dia 14 daquele mês. O inquérito policial militar é uma investigação pré-processual elaborada pelos próprios militares para avaliar se há indícios de crime militar e quais os possíveis responsáveis. Feitosa sequer foi ouvido durante a apuração.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O diretor da PF está criticando diretamente o Exército, e tem toda razão. Se o Comando Militar do Planalto não tivesse permitido e protegido o acampamento bolsonarista, não teria havido o ataque do 8 de janeiro. Detalhe: os baderneiros foram escoltados pela PM até a Praça dos Três Poderes. Ou seja, houve uma conspiração nojenta, ridícula e grotesca, sob o auspício (ou hospício) de autoridades constituídas. (C.N.)

Nas entrelinhas, a reforma ministerial vira um jogo de intrigas na Esplanada

Governo define pastas "intocáveis" em reforma ministerial - Blog da Denise

Ilustração do Gomez (Correio Brazíliense)

Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense

É certa a entrada do Centrão no governo Lula, não se sabe ainda em quais ministérios. As conversas de bastidor com os caciques do PP e do PR estão praticamente concluídas, de maneira a garantir uma maioria governista segura na Câmara, onde a governabilidade do país tem seu ponto mais vulnerável.

As pressões para acelerar a mudança refletem as contradições entre o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e os caciques do MDB e do União Brasil no Senado, principalmente os senadores Renan Calheiros (MDB-AL) e Davi Alcolumbre (União-AP).

AINDA HÁ PROBLEMAS – As indicações de Lira estão consolidadas, fazem parte de seu acordo com os presidentes do PP, Ciro Nogueira (PI), e do Republicanos, Marcos Pereira (SP). Cotados para a Esplanada, os deputados Sílvio Costa Filho (Republicanos-PE) e André Fufuca (PP-MA) têm como características boas relações com o PT nos seus estados.

O aval de Lira e suas bancadas, porém, não garante que os 49 votos do PP e os 41 do Republicanos sejam carreados automaticamente para as propostas do governo. Os dois ministros são políticos muito jovens e terão que exercer uma liderança compartilhada.

O caminho crítico das negociações é a escolha dos ministérios a serem ocupados, ou seja, dos ministros que serão defenestrados no novo desenho político da Esplanada. A entrada de 90 deputados de centro-direita na base do governo muda o perfil político do governo e o peso relativo de todos os partidos na sua composição, principalmente os de esquerda. Essa realidade faz com que uma legenda da base queira fazer cortesia com o chapéu do outro.

ESTÁ TUDO NO AR – Nem o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que conduz as negociações, sabe o que o presidente Lula pretende fazer na recomposição do governo e quando.

A pressa de Lira decorre do fato de que a votação da reforma tributária no Senado aumenta o poder de barganha de Renan Calheiros e Davi Alcolumbre, mas dificilmente Lula decidirá de imediato essa mudança.

Entretanto, com viagem marcada para o exterior, por causa da reunião do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), nos próximos dias 20 ou 21, em Joanesburgo, ou Lula decide nesse interregno ou joga a mudança para setembro. Porque, no dia 27, comparecerá à reunião da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) em São Tomé e Príncipe. Tudo isso com uma dificuldade extra: as dores da artrose no quadril e as frequentes idas ao Hospital Sírio-Libanês, em Brasília, para infiltrações de corticoide.

MUITA BOATARIA – Enquanto isso, as intrigas prosperam. As tentativas de deslocar o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, considerado da cota do PT, e a ministra do Esporte, Ana Moser, escolha pessoal de Lula, até agora fracassaram, mas continuam.

As especulações agora se voltam, também, para os ministérios dos Portos e Aeroportos, ocupado por Márcio França, e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, acumulado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, ambos do PSB.

Fala-se em deslocar França para a pasta de Alckmin, que ficaria com a responsabilidade de coordenar o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). Ambos, porém, são ex-governadores que ajudam o Executivo a se articular com o empresariado paulista e mitigar a força de Tarcísio de Freitas (PR), principalmente às vésperas de eleições municipais.

TARCISIO É CONTRA – O atual governador de São Paulo é contra a entrada do Republicanos no governo de Lula e pode até deixar o partido, pressionado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.

De todas as mexidas possíveis na atual conjuntura política, provavelmente essa seria a mais delicada e com maior repercussão eleitoral.

A primeira consequência seria reforçar a candidatura à reeleição do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e isolar de vez o candidato de Lula, Guilherme Boulos (PSol).

MST acusa governo de descumprir acordo e invade centro de pesquisas da Embrapa

Instalações da Embrapa Semiárido foram invadidas pelo MST, à véspera de abertura de feira para pequenos produtores, em Petrolina (CE). Movimento alega que governo não cumpriu acordo

Movimento sem-terra debocha da autoridade do governo Lula

José Maria Tomazela
Estadão

Cerca de 1.500 integrantes do Movimento dos Sem Terra (MST) voltaram a invadir, no final da tarde deste domingo, 30, um centro de pesquisas da Embrapa Semiárido, órgão ligado ao Ministério da Agricultura e Pecuária, em Petrolina (PE). De acordo com o movimento, a decisão foi tomada porque o governo Lula não cumpriu a promessa de destinar áreas para assentar as famílias acampadas na região.

A negociação aconteceu durante a onda de invasões em abril deste ano, como parte do “Abril Vermelho”, a jornada de manifestações do movimento.

SEMIÁRIDO SHOW – A nova invasão acontece na véspera da abertura do Semiárido Show, um dos eventos mais importantes da região, usado para repasse de tecnologias aos pequenos agricultores do semiárido.

A abertura estava prevista para esta terça-feira, 1º, mas a área de exposições foi totalmente ocupada pelos sem-terra. O MST informou que, desde as negociações para a desocupação em abril, não houve avanço nos acordos, que ficaram estagnados.

As invasões do MST em abril já haviam causado problemas para o governo, afastando o Planalto da Agrishow, maior evento do agronegócio na América Latina, em São Paulo. O ministro da Agricultura e Abastecimento, Carlos Fávaro, chegou a ser “desconvidado” da abertura da feira após ter sido informado pelos organizadores que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estaria presente.

CPI DO MST – Como reação, a bancada ruralista no Câmara conseguiu apoio para a instalação de uma CPI do MST. As oitivas da comissão serão retomadas nesta semana, com o depoimento do ex-ministro do GSI do governo Lula, general Gonçalves Dias. Ele será ouvido nesta terça-feira, na condição de testemunha.

O presidente da CPI que investiga o movimento, deputado Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS), classificou as ações do grupo como um “deboche”. Segundo ele, o governo é “conivente” com as invasões do MST.

A reocupação da área da Embrapa em Pernambuco foi decidida em assembleia. “Nós elegemos o governo Lula e precisamos que o ministério cumpra seu papel em atender as demandas da reforma agrária e possam cumprir as políticas voltadas para os movimentos sociais e não somente servir os interesses do agronegócio”, disse Jaime Amorim, da direção estadual do MST no Estado.

COMPROMISSOS??? – Segundo o movimento, havia sido prometido que parte dos dois mil hectares da fazenda da Embrapa seria destinada para assentar famílias.

O governo também teria se comprometido, segundo o movimento, a levantar áreas de outros órgãos federais, como a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento do Vale de São Francisco) e do Dnocs (Departamento Nacional de Obras contra a Seca) para fazer assentamentos. Também prometeu reativar a superintendência do Incra de Petrolina.

“O MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário) rompeu com todos os acordos e tenta fazer o Semiárido Show sem cumprir o que foi acordado. Não queremos atrapalhar o Show, mas ao mesmo tempo não vamos permitir que seja realizado se não for cumprido o mínimo do mínimo para que a gente possa organizar as coisas e as famílias possam ser assentadas”, disse.

CENTRO DE PESQUISAS – A área invadida pelo MST é utilizada para a instalação de experimentos de produção em ambientes com escassez de água e para a multiplicação de material genético de sementes e mudas de cultivares lançados pela empresa.

Já o Semiárido Show, segundo divulgação da Embrapa, é uma grande feira de inovação tecnológica voltada para a agricultura familiar do Semiárido brasileiro. O objetivo é facilitar o acesso a conhecimentos, informações e tecnologias desenvolvidos pela Embrapa e instituições parceiras. O evento vai até o dia 4.

A Embrapa Semiárido confirmou a invasão das instalações pelos sem-terra e disse que vai tomar as medidas judiciais necessárias para a reintegração na posse da área.

O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) informou que já tomou conhecimento do ocorrido e prepara manifestação oficial a respeito.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O MST finge que apoia o governo Lula, mas o boicota permanentemente. Comporta-se como se o governo existisse par servir aos caprichos dos dirigentes do movimento, que agem como se fossem cafetões dos camponeses, digamos assim. É um movimento de estilo totalmente surrealista, que debocha dos governantes. (C.N.)

Haddad e Tebet foram elegantes ao serem atropelados pela nomeação de Porchmann 

Haddad e Tebet vão ao STF discutir julgamento sobre ICMS | Monitor Mercantil

Apanhados de surpresa, Tebet e Haddad não reagiram

Elio Gaspari
O Globo/Folha

O economista Marcio Pochmann foi escolhido para a presidência do Instituto Brasileiro de aGeografia e Estatística numa cavalgada típica do comissariado petista. O IBGE está na jurisdição do Ministério do Planejamento, de Simone Tebet, e, de certa forma, sob o guarda-chuva da Fazenda, de Fernando Haddad. Na quarta-feira, o titular da Comunicação, Paulo Pimenta, anunciou: “Marcio Pochmann será o novo presidente do IBGE e não tem nenhum ruído quanto a isso.”

Ilusão de palaciano. Horas antes, a ministra Tebet havia dito à repórter Miriam Leitão que não conhecia Pochmann e que a escolha do novo presidente do IBGE seria tratada na hora certa.

A MANDO DE LULA – Tebet e, de certa forma, Fernando Haddad foram atropelados pelo comissariado petista. Pimenta fez o anúncio a mando de Lula. Pochmann é um veterano militante da constelação de economistas do PT, tentou um voo como candidato à prefeitura de Campinas e perdeu duas vezes.

O ruído que Pimenta garantiu não existir, aconteceu, mas difere dos demais. Simone Tebet tem as boas maneiras de seu pai, Ramez, que presidiu o Senado. Como ela mesma disse, escolhe suas batalhas. Quem a viu na CPI da Covid, sabe como as trava.

Lula e o comissariado não precisavam atropelar Simone Tebet como fizeram. Até as pedras de Brasília sabiam que o nome de Pochmann estava no tabuleiro e não há sinal de que a ministra do Planejamento batalhasse para barrá-lo.

ONIPOTÊNCIA PETISTA – Isso aconteceu por dois aspectos da onipotência petista. A subjetiva leva-os a pensar que podem tudo. Já a onipotência objetiva leva-os a mostrar que podem fazer de tudo, pois ninguém os contrariará.

Na mesma entrevista em que revelou não conhecer Pochmann, a ministra Tebet lembrou que Lula foi eleito por “milésimos”, graças a uma frente política. (Lula derrotou Bolsonaro por uma diferença de 1,8 ponto percentual.)

Mais: “Sabemos que o embate de 2026 começa em 2024”. Tradução possível: Simone Tebet travará suas batalhas em 2024.

BATALHAS INÚTEIS – Uma coisa seria travar batalhas em torno de temas relevantes. Bem outra será ver batalhas provocadas por atitudes onipotentes embrulhadas em grosserias. Essa receita já explodiu em 2016.

Não custa lembrar que, em julho de 2022, quando ainda era candidata a presidente pelo MDB, Simone Tebet anunciou que se houvesse um segundo turno sem a sua participação, ela apoiaria o candidato que defendesse a democracia.

Caso raro de candidato que, antes do primeiro turno, praticamente declara seu voto no segundo. Questão de elegância.

Pensões de 143 “filhas solteiras” do Senado custam R$ 31 milhões por ano à União

Maitê Proença tem pensão herdada de seus pais, Carlos Gallo e Margot Proença - Reprodução/Instagram

Maitê Proença é a falsa “filha solteira” mais famosa do Brasil

Lúcio Vaz
Gazeta do Povo

As pensões das 143 filhas solteiras de servidores do Senado custam R$ 31,2 milhões por ano aos cofres públicos. Dez delas têm renda vitalícia acima de R$ 40 mil. Um grupo de 30 pensionistas tem renda acima de R$ 30 mil, com média de R$ 36 mil.

Quatro pensionistas batem no teto constitucional, equivalente ao salário dos deputados, senadores e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).  A pensão mais antiga foi concedida em abril 1956 – há 67 anos. A mais idosa tem 91 anos.

SUPERSALÁRIO – Márcia Viana, de 58 anos, filha do analista legislativo Evandro Viana, passou a receber a pensão em janeiro de 1988. A renda do servidor de carreira é formada por R$ 31,2 mil de remuneração básica, R$ 16,7 mil das vantagens especiais e R$ 9,5 mil de função comissionada. Um total de R$ 57,4 mil. Mas a pensão sofre um abate-teto de R$ 15,8 mil.

Verônica Albuquerque, de 46 anos, filha de Antonino de Albuquerque, outro analista legislativo, recebe pensão desde janeiro de 1978 – há 45 anos.

A renda bruta do servidor seria de R$ 49 mil, incluindo R$ 11,8 mil de vantagens especiais – um valor bem acima do teto do INSS (R$ 7,5 mil). Mas a pensão sofre o corte de R$ 7,5 mil para não passar do teto remuneratório constitucional de R$ 41.650,92.

OUTRA PENSÃO – Júlia Chermont, hoje com 91 anos, filha de Victor Chermont, teria renda bruta de R$ 47,7 mil, mas sofre abate-teto de R$ 6 mil e recebe o teto constitucional. Júlia teve a pensão cancelada em 2017 diante da descaracterização da sua dependência econômica em relação ao instituidor da pensão. Mas recuperou o benefício por decisão da 17ª Vara Federal do Rio de Janeiro.

Juntamente com mais 34 pensionistas filhas solteiras, Verônica também teve a sua pensão cancelada em 2017 por decisão administrativa do Senado, com base no Acórdão 2.780/2016 do Tribunal de Contas da União (TCU), pela descaracterização da sua dependência econômica em relação ao instituidor. Ela era sócia-administradora da empresa Onex Confecção de Vestuário, algo considerado irregular pelo tribunal.

TRÊS FONTES – Havia também filhas solteiras em união estável ou recebendo aposentadoria pelo INSS. Tânia Mara Moreira Machado, de 64 anos, tinha duas fontes de renda, além da pensão do Senado. Era sócia da empresa Cobre & Bronze Comércio de Roupas e aposentada pelo Regime Geral de Previdência Social. Ela não conseguiu recuperar a pensão de filha solteira.

Vinte e três filhas solteiras do Senado recuperaram o benefício na Justiça. Quem abriu a brecha foi o ministro do STF Edson Fachin. A recuperação de pensões suspensas por recomendação do TCU aconteceu após de decisão liminar tomada pelo ministro do Supremo em abril de 2017.

O ministro decidiu que o acórdão do TCU não poderia prevalecer porque estabelecia requisitos não previstos em lei.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Enviada por Gilberto Clementino, a matéria mostra como funciona o Supremo. No caso das “filhas solteiras”, a lei tinha sido interpretada contra o interesse nacional e as pensões foram cortadas. Mas o ministro Fachin é “garantista”, aceitou recurso e preferiu garantir o prosseguimento desse privilégio asqueroso.

Aliás, a falsa filha solteira mais famosa do Brasil é Maitê Proença, que continua recebendo alta pensão do governo paulista, cerca de 17 mil mensais, embora já tenha vivido maritalmente várias vezes, e seu mais recente relacionamento assumido foi com a cantora Adriana Calcanhoto. Como dizia Ibrahim Sued, em sociedade tudo se sabe. (C.N.)

Justiça suspende o resultado de leilão “sob medida” que já tinha vencedor antecipado

A Ulbra é uma das universidades mais importantes do Sul

Do site Agenda do Poder

Uma reviravolta trouxe novos capítulos à disputa judicial envolvendo a tentativa de venda da Faculdade de Medicina da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), avaliada em R$ 700 milhões. Nesta sexta-feira (28/7), a 4ª Vara Cível da Comarca de Canoas determinou a suspensão da proclamação do resultado do leilão do curso, dentro do processo de recuperação judicial da AELBRA, mantenedora da Rede Ulbra de Educação, instituição de ensino superior localizada no município de Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre.

ATUAÇÃO SUSPEITA – O advogado Fábio Medina Osório, que representa a Universidade Brasil na condição de terceira juridicamente interessada na recuperação judicial da Ulbra, ressalta que a Justiça acolheu os argumentos quanto à atuação suspeita do Fundo Calêndula.

“Nesse sentido, o magistrado concedeu liminar e suspendeu o anúncio do resultado do leilão até que se delibere sobre sua nulidade”, destaca.

A atuação do Fundo Calêndula, único habilitado a participar do leilão, foi considerada “preocupante” pelo juiz Sandro Antônio da Silva. “Eis que se trata do maior cessionário de créditos da recuperanda e poderá utilizar seus créditos no lance, (…) que seguramente superam em muito a casa dos R$ 700 milhões, que vem a ser o preço mínimo do Edital.”

MUITA CAUTELA – “Haja vista os detalhamentos contidos no Plano de Recuperação Judicial Substitutivo, facilmente se conclui que a Ulbra Medicina S/A (UMESA) foi considerada um ativo sobremaneira valioso da Recuperanda. Portanto, deve ser gerido com muita cautela”, afirma o juiz Sandro Silva.

O magistrado salientou ainda que as “impressões preliminares exigem a cautela de suspender a proclamação do resultado do certame, conforme aconselhou a Administradora Judicial e o Ministério Público, a fim de melhor ouvir credores e instituições diretamente ligadas ao negócio em pauta, pois o que se desenha não necessariamente será vantajoso para os fins do Plano Recuperacional, credores e mesmo para a Recuperanda”.

Na decisão, o juiz também suspendeu o leilão dos imóveis da AELBRA, avaliados em R$ 251 milhões. Também determinou a requisição de informações detalhadas a respeito das irregularidades apontadas. “A falta de efetiva publicidade e clareza do que será vendido, da regularidade registral imobiliária, assim como do acervo patrimonial residual da Recuperanda, são motivos suficientes para o juízo requisitar informações a quem de direito (dever)”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Como se vê, era mais um “leilão sob medida”, que já tinha vencedor por antecipação. E o juiz Sandro Silva percebeu o lance na chamada undécima hora. (C.N.)

Exército isenta tropas e culpa os governos Lula e Ibaneis pelos vandalismo do 08/01

STF determina que Gonçalves Dias vá à CPI do MST | O TEMPO

General Gonçalves Dias, do GSI, foi omisso e irresponsável

Thaísa Oliveira
Folha

O inquérito policial militar aberto para investigar os militares que deveriam ter protegido o Palácio do Planalto diante dos ataques golpistas de 8 de janeiro livrou as tropas de culpa e apontou “indícios de responsabilidade” da Secretaria de Segurança e Coordenação Presidencial, que integra a pasta do GSI (Gabinete de Segurança Institucional). O relatório sigiloso, obtido pela Folha, foi finalizado em 2 de março e recebeu uma complementação no dia 14 daquele mês.

A apuração concluiu que, se houvesse tido planejamento “adequado” no início do governo do presidente Lula (PT), seria possível ter evitado a invasão do palácio ou minimizado os estragos.

MANTIDO NO CARGO – À época, a secretaria do GSI era chefiada pelo general Carlos Feitosa Rodrigues. Ele chegou ao cargo em 2021, na gestão do bolsonarista Augusto Heleno. Foi mantido no governo Lula pelo general Gonçalves Dias, ministro do GSI que pediu demissão em abril após a divulgação de imagens que colocaram em xeque a atuação do órgão durante o 8 de janeiro.

Como no caso de Feitosa, a situação se repetia no Departamento de Segurança Presidencial da secretaria. O diretor, coronel Wanderli Baptista da Silva Junior, também havia sido nomeado por Heleno e mantido por Gonçalves Dias. Ele ficava diretamente abaixo de Feitosa na estrutura interna do gabinete.

O inquérito militar afirma que, no âmbito do GSI, “resta evidente” que “o planejamento, o acionamento e o emprego” de militares “no tocante às ações ligadas à manutenção da integridade física do Palácio do Planalto e adjacências” cabe à secretaria.

A QUEM CABIA? – O relatório destaca que, de acordo com o protocolo que define as ações do GSI e do CMP (Comando Militar do Planalto) na defesa do palácio (chamado de Plano de Operações Escudo), competia ao DSeg “acionar o deslocamento” da tropa de choque do Exército.

Também era obrigação da secretaria “buscar informações indispensáveis ao planejamento de ações preventivas” junto à Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e aos órgãos da Secretaria da Segurança Pública do Distrito Federal, o que não foi feito.

No dia 6 de janeiro, uma sexta-feira, o GSI previu situação de “normalidade” no final de semana. Como mostrou a Folha em abril, a Abin diz que o ex-ministro do GSI recebeu 11 alertas em seu WhatsApp do dia 6 de janeiro até o início dos ataques.

EFETIVO MENOR – A título de comparação, o inquérito policial militar constatou que o número de militares no dia 8 de janeiro era menor do que o de 31 de julho do ano passado, quando Jair Bolsonaro (PL) convocou manifestantes contra o STF.

Na ocasião, a segurança do Planalto havia sido reforçada por 110 militares —o equivalente a uma subunidade ou três pelotões. No dia 8 de janeiro, o Comando Militar do Planalto enviou apenas um pelotão (36 homens) por volta das 12h.

“Desta forma, é possível concluir que, sendo realizado um planejamento das ações de segurança adequado, com o acionamento de valor de tropa suficiente, a execução das ações de segurança por parte das tropas do CMP teria melhores condições de êxito”, diz.

PODERIA EVITAR – “Nesse sentido, a invasão ao Palácio do Planalto poderia ter sido evitada ou minimizado os danos patrimoniais sofridos”, completa.

O inquérito militar afirma que, devido à falta de planejamento, as tropas em campo não tinham condições de reagir à investida golpista. Por isso, diz que “não foram encontrados indícios de crime militar ou crime comum na atuação das tropas”.

“Devido a uma previsão de ‘normalidade’ por parte daquele órgão [Secretaria Presidencial] —que não se verificou na realidade—, o efetivo solicitado ao CMP e empregado foi abaixo do necessário diante do grande número de invasores e do comportamento agressivo dos mesmos.”

FALHA NO PLANEJAMENTO – “Noutro vértice, conclui-se que há indícios de responsabilidade da Secretaria de Segurança e Coordenação Presidencial/Dseg quanto à invasão do Palácio do Planalto, considerando que houve falha no planejamento e na execução das ações”, aponta o inquérito militar.

Imagens do circuito interno de câmeras do Palácio do Planalto durante a invasão mostraram não só o baixo número de homens no local, mas também falta de comando. A entrada principal do prédio ficou desguarnecida por cerca de 45 minutos.

O inquérito foi aberto em 11 de janeiro para averiguar a atuação da tropa do Comando Militar do Planalto. A investigação foi conduzida pelo coronel Roberto Jullian da Silva Graça, hoje chefe do Estado-Maior do CMP.

FALHAS DO DF – O inquérito policial militar também levanta as falhas da Secretaria de Segurança Pública do Governo do Distrito Federal —embora a pasta não tenha sido foco da investigação nem apareça nas conclusões.

O documento ressalta que o GSI e o CMP não foram chamados para a reunião organizada pela Secretaria em 6 de janeiro, dois dias antes do ataque, nem “comunicados de suas decisões ou relatórios de inteligência”.

O inquérito afirma ainda que a PM-DF —de acordo com o próprio protocolo de ações— deveria ter impedido a chegada dos manifestantes até a praça dos Três Poderes, o que não ocorreu. Outro argumento usado na defesa dos militares é o de que “a única informação” enviada pela Polícia Militar foi a de que as manifestações teriam “animosidade baixa”, com “até duas mil pessoas”.

ATUAÇÃO DO EXÉRCITO – O relatório também minimiza a atuação do Exército no acampamento golpista montado em frente ao quartel-general, em Brasília.

O inquérito afirma que a área foi ocupada a partir de 30 de outubro “de forma intensa, porém pacífica” e que houve “redução gradual no número de manifestantes” a partir de 15 de novembro “em razão da postura restritiva” do Comando Militar do Planalto.

O documento também diz que, diferentemente da “postura restritiva” adotada pelo CMP, “o Governo do Distrito Federal autorizou que os manifestantes realizassem seu desembarque” no Setor Militar Urbano, onde fica o quartel.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Em tradução simultânea, o Exército diz que a culpa institucional do vandalismo no 08 de janeiro cabe ao Gabinete de Segurança Institucional do governo Lula e à Secretaria de Segurança do governo Ibaneis. E agora, José? O que vai acontecer? Nada, rigorosamente nada. O “jus embromandi” entrará em ação e os culpados serão os suspeitos de sempre, como no filme “Casablanca”. (C.N.)

Mendonça acha normal dar palestra sobre ação que é relatada por ele no Supremo

Relator da revisão de leniências no STF confraterniza com donos da JBS |  Metrópoles

Mendonça confraterniza com os irmãos Batista em Lisboa

Rafael Moraes Moura
O Globo

Relator de uma ação que contesta acordos de leniência firmados por empresas investigadas pela Operação Lava-Jato, o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), vai dar a palestra de abertura de um seminário promovido por um instituto comandado por um dos advogados que movem o processo.

Na manhã do dia 7 de agosto, Mendonça é aguardado em São Paulo para a palestra magna na abertura do seminário “10 anos da Lei Anticorrupção: Desafios e oportunidades”, organizado pelo Instituto para Reforma das Relações Entre Estado e Empresa (IREE).

ANULAR INDENIZAÇÕES – O instituto é presidido por Walfrido Jorge Warde Júnior, um dos 11 advogados que assinam a ação movida por PSOL, PCdoB e do Solidariedade, partidos da base aliada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que acionaram o Supremo para suspender as indenizações e multas impostas nos acordos de leniência.

Para as legendas, os acordos de leniência das empreiteiras foram feitos sob “absoluta coação”.

Warde também advoga para a J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batistas, que trabalham para anular os acordos de leniência assinados com o Ministério Público Federal ao confessar pagamento de propinas para lideranças do Congresso. Também é autor do livro “O espetáculo da corrupção – Como um sistema corrupto e o modo de combatê-lo estão destruindo o país”, lançado em 2018.

EFEITO CASCATA – Na ação contra os acordos de leniência que ele subscreve, PSOL, PCdoB e do Solidariedade acusam a Lava-Jato – que levou Lula a ser condenado e preso por corrupção e lavagem de dinheiro por 580 dias – de promover “a instalação de um Estado de Coisas Inconstitucional em relação não só aos celebrantes dos acordos de leniência, como à própria sociedade civil, que arcou com o efeito cascata da quebra generalizada de companhias estratégicas para a economia brasileira”.

Além do ministro do STF, o evento vai receber também o diretor global de compliance do grupo JBS, José Marcelo Proença, que participa de um dos painéis, sobre “integridade e responsabilidade social no ambiente empresarial”, ao lado do ministro de Direitos Humanos, Silvio Almeida.

A J&F, que controla a JBS, fechou com MP um acordo de leniência que prevê o pagamento de multa de R$ 10,3 bilhões ao longo de 25 anos por seu envolvimento em casos de corrupção. Agora, o grupo quer rever o acordo e diminuir o valor.

APROXIMAÇÃO – Durante viagem por Portugal para participar de um fórum jurídico de um instituto ligado ao ministro Gilmar Mendes, os irmãos Joesley e Wesley Batista, donos do grupo JBS, aproveitaram um coquetel para se aproximar de Mendonça, com quem tiraram uma foto em que aparecem confraternizando.

No último dia 25, Mendonça assinou dois despachos que destravaram a ação: pediu informações à Presidência da República, ao Congresso e ao Ministério Público Federal em um prazo de 10 dias; e aceitou que o partido Novo e o Instituto Não Aceito Corrupção acompanhassem a ação na condição de “amigo da Corte”, uma espécie de interessado que pode se manifestar nos autos, elaborar pareceres e até ser ouvido durante o julgamento.

Não há, no entanto, previsão de quando a ação vai ser enfrentada pelo plenário da Suprema Corte.

OBJETIVO ACADÊMICO – Procurado pela reportagem, o ministro do STF disse que a “palestra não é remunerada e tem objetivo acadêmico, a fim de tratar sobre como a Constituição aborda as relações entre o Estado e as empresas”.

“Não há conflito de interesses, uma vez que não haverá nenhum benefício ao referido advogado, sendo a palestra direcionada a um público amplo e diverso e com participação de vários órgãos públicos”, sustentou Mendonça.

Em abril, a equipe da coluna informou que o governo Lula vai trabalhar, pelo menos oficialmente, contra a ação que está nas mãos de Mendonça. À época, a Advocacia-Geral da União (AGU) disse em nota que “deverá cumprir seu dever constitucional de defesa dos atos impugnados na ação proposta à Suprema Corte, com intuito de preservar os acordos de leniência firmados”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Já houve um tempo, aqui no Brasil, em que juiz só falava nos autos, a Justiça era mais recatada e comedida. Agora, tudo desandou e a promiscuidade passou a ser regra geral. A farta legislação e a jurisprudência que regulavam a suspeição dos magistrados viraram letra morta, como se dizia antigamente. Vivemos hoje uma era de esculhambação institucional, digamos assim. (C.N.)

Complexo de vira-lata faz Guedes perder quase R$ 5 milhões com queda do dólar

Paulo Guedes perdeu quase R$ 5 milhões com queda do dólar

Fortuna de Guedes no paraíso fiscal está diminuindo muito

Vicente Nunes
Correio Braziliense

Ex-ministro da Economia do governo de Jair Bolsonaro, Paulo Guedes tem motivos de sobra para espernear contra a forte queda do dólar desde que Luiz Inácio Lula da Silva assumiu a Presidência da República. Ele viu o patrimônio que detém em um paraíso fiscal encolher quase R$ 5 milhões.

Quando deixou o ministério, em 31 de dezembro de 2022, com o dólar cotado a R$ 5,217, os US$ 9,55 milhões que Guedes tinha depositados em uma conta nas Ilhas Virgens Britânicas equivaliam a R$ 49,8 milhões.

Agora, com a moeda norte-americana negociada a R$ 4,714, os mesmos US$ 9,55 milhões correspondem a R$ 45 milhões. Ou seja, em sete meses, o patrimônio de Guedes encolheu, em divisa nacional, R$ 4,8 milhões.

Vale ressaltar que esse prejuízo só se realizaria se Guedes sacasse os recursos imediatamente. Não se sabe se ele fez isso antes de deixar o governo.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Muito bem sacada essa nota do Vicente Nunes, um dos mais renomados jornalistas do Correio Braziliense. Mostra que o complexo de vira-lata, imortalizado por Nelson Rodrigues, pode custar caro a esses brasileiros meia-sola como Paulo Guedes, que têm a alma forjada em dólares. Outro economista com complexo de vira-lata que sentiu o golpe foi Roberto Campos Neto, bem diferente do avô, que era americanófilo, mas preferia manter seus investimentos no Brasil. (C.N.)

Deputados voltam a pedir doações para Bolsonaro e agora a meta é R$ 22 milhões

Deputados da oposição voltam a pedir Pix para Bolsonaro

Fotomontagem mostra a deputada Tabata Amaral pedindo doações

Luísa Marzullo
O Globo

Após o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) ter revelado que Jair Bolsonaro (PL) recebeu R$ 17,2 milhões de transações de Pix entre janeiro e julho deste ano, deputados da base de apoio do ex-presidente voltaram a pedir doações nas redes sociais.

Nomes como Carlos Jordy (RJ) e Gustavo Gayer (GO) agora veiculam a imagem da deputada governista Tabata Amaral (PSB-SP) com a legenda: “A meta é de R$ 22 milhões”.

FOTO DE TABATA – Jordy compartilhou a fotografia adulterada de Tabata e ironizou: “Será que é montagem?”. Outros parlamentares como Cabo Gilberto apenas divulgaram a imagem.

No Twitter, o vereador de São Paulo Fernando Holiday questionou a repercussão das doações do ex-presidente: “O problema são 17 milhões? Então vamos chegar nos 22 milhões!! Eu já repeti meu pix”, escreveu o recém-filiado ao PL, acompanhado do comprovante de R$ 222,22 da transação.

No início do ano, a chave Pix do ex-presidente foi amplamente divulgada por seus aliados políticos. O intuito da campanha era arrecadar dinheiro para ajudar o ex-mandatário a pagar multas provenientes de condenações em processos judiciais.

CALDO DE CANA – Neste sábado, em Santa Catarina, durante um evento junto com a mulher Michelle, o ex-presidente Bolsonaro agradeceu os R$ 17, 2 milhões recebidos.

— Muito obrigado a todos aqueles que colaboraram comigo no Pix há poucas semanas. Mais do que o valor depositado, quase um milhão de pessoas colaboraram. Dá para pagar todas as minhas contas e ainda sobre dinheiro para tomar um caldo de cana e comer um pastel com dona Michelle — disse, aos risos.

O dinheiro já está aplicado e rende a Bolsonaro cerca de R$ 5 mil por dia.

O que pode fazer o IBGE de Márcio Pochmann em matéria de política econômica?

Pochmann, escolhido para assumir o IBGE por decisão de Lula

Pedro do Coutto

Reportagem de Geralda Doca, Renan Monteiro e Eliana Oliveira, O Globo deste domingo, focaliza a nomeação de Marcio Pochmann para a Presidência do IBGE, por decisão direta do presidente Lula, criando um mal estar junto ao ministro Fernando Haddad e a ministra Simone Tebet que foram surpreendidos com a iniciativa do Palácio do Planalto.

A matéria destaca a questão sob o ângulo ideológico e conclui que a escolha de Pochmann pode representar um progresso dos grupos de pensamentos mais avançados na economia e, portanto, menos conciliadores com o panorama político que predomina no governo. Constituiria assim uma espécie de ruptura pouco compreensível à primeira vista, pois Haddad é de fato o primeiro-ministro do governo no sistema de coalizão que vem predominando e traçando os rumos da política e da economia.

REFLEXO – O IBGE efetivamente não é um instituto de formulação de políticas, de pensamentos criativos ou de iniciativas concretas. Ele reflete tanto o governo quanto o país. É assim um órgão de Estado e sem atuação partidária. Teve atuação política, lembrou Carlos Sanderberg em artigo no O Globo,  no final do governo Médici, quando por ordem do então ministro Delfim Neto, que mandava em tudo, falsificou a inflação de 1973. Quando no governo Geisel assumiu o Ministério da Fazenda, em 1974, Mário Henrique Simonsen, de acordo com Sardenberg, verificou que a inflação do ano anterior não havia sido de 12% como Delfim anunciou, mas de 26% o que o próprio governo Geisel não quis revelar.

Houve assim uma perda considerável de 14% na memória inflacionária brasileira, cujos reflexos se fazem sentir até hoje. Era o tempo do “milagre brasileiro”, como se referiu Delfim Neto, copiando uma frase do desempenho da Alemanha Ocidental no governo Adenauer, de centro-direita. Milagre, na verdade, foi a resistência da população de nosso país através de um longo período de perdas salariais e de retração do consumo que chegou até às portas da fome.

Em matéria de memória, lembro que este é um título de um livro do jornalista e escritor Carlos Heitor Cony, numa sequência de obras de combate à ditadura militar iniciada com o artigo “A revolução dos caranguejos”, em 1964, no Correio da Manhã. São episódios que pertencem ao passado, embora até hoje não tenhamos conseguido recuperar  a diferença de 14 pontos em nossos bolsos. Pelo contrário. As perdas cresceram sem parar e até agora, no governo Lula, não houve sinal de recuperação. Não haverá agravamento como ocorreu na administração de Paulo Guedes, mas recuperar o tempo perdido é difícil.

PROVA DE FORÇA – O que representa na realidade a nomeação de Marcio Pochmann? Uma prova de força das correntes mais emocionais do PT, sem dúvida. Mas o IBGE terá que retratar a realidade nacional. Não pode enveredar pela estrada Delfim Neto.

Em seu espaço de domingo no O Globo e na Folha de S. Paulo, Elio Gaspari focaliza a questão, o que acrescenta a importância política da matéria em debate. Mas a nomeação de Pochmann está longe de representar um avanço reformista. Isso porque numa ampla entrevista a Julia Chaib e Thiago Resende, Folha de S. Paulo de ontem, o ministro Alexandre Padilha afirma que “temos todo o interesse na participação de parte do PL no governo Lula”, acrescentando que o presidente da República deseja consolidar trocas na equipe ministerial para agregar o PP e o Republicanos na Esplanada de Brasília ainda no mês de agosto.

Logo, observa-se nitidamente uma contradição: ao mesmo tempo em que Lula força a mão e escolhe Marcio Pochmann para o IBGE, Alexandre Padilha anuncia que o projeto político estende-se até a integração de uma dissidência do PL, partido bolsonarista presidido por Valdemar Costa Neto, no esquema do governo. Um choque entre o impulso estatizante e uma realidade liberal na economia.

COMPARAÇÃO –  O tema conservadora não significa um posicionamento passadista, mas sobretudo o interesse daqueles que ocupam a faixa em conservar o seu próprio poder individual através do acesso à administração pública.

O debate entre reformismo e conservadorismo no Brasil chega a ser marcado pelo humor que a ignorância produz. Há partidos e parlamentares que se declaram conservadores e cristãos. Um absurdo. O cristianismo em sua essência é a reforma. Foi a posição humanista e de luta pela liberdade que levou Jesus Cristo à crucificação. Através de dois mil anos, a luta pelo humanismo continua, inclusive no Brasil.

DEBOCHE – O Coaf revelou – reportagem de Luísa Marzullo e Julia Noia, O Globo de domingo – doações feitas a Jair Bolsonaro através do Pix na escala de R$ 17 milhões. Perguntado sobre o volume que teria sido destinado à aplicação financeira, o ex-presidente respondeu com deboche que o valor é suficiente para “pagar todas as contas” e “tomar caldo de cana e comer pastel” com a mulher, Michelle Bolsonaro (PL).

As doações foram feitas para que ele pagasse multas que lhe foram aplicadas pelo não uso de máscaras durante a pandemia em São Paulo e por ter dirigido motocicleta sem capacete. As multas somam R$ 1 milhão. Até agora não foram pagas.

Haddad volta a defender queda dos juros e diz que existe “muito espaço” para corte de 0,50

Ministro Fernando Haddad em 11/07/2023 — Foto: TON MOLINA/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

Haddad tem toda razão quando defende a redução da Taxa Selic

André Catto
g1 Brasília

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a defender cortes na taxa de juros do país. Para ele, os ventos estão “favoráveis” para a economia brasileira, e está “mais do que na hora” de um alinhamento entre as políticas fiscal e monetária.

“Os ventos estão favoráveis. O mundo olha para o Brasil com outros olhos, mas está mais do que na hora de alinharmos política fiscal e monetária para o país voltar a sonhar com dias melhores”, disse.

CAMINHO PAVIMENTADO – Na sexta-feira, em coletiva de imprensa no gabinete do Ministério da Fazenda em São Paulo, Haddad afirmou que o caminho para cortes na Selic está “pavimentado”.

“No começo do ano, a pergunta era se o juro ia cair. Depois, passou a ser quando o juro ia cair. E, agora, quanto o juro vai cair”, disse o ministro, que afirmou existir “muito espaço” para um corte de 0,50 ponto percentual na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que será realizada nesta quarta-feira, dia 2.

Na última decisão, em 21 de junho, o Comitê decidiu, pela quarta vez em 2023, manter a taxa Selic em 13,75% ao ano – patamar em vigor desde agosto de 2022. O colegiado afirmou, na ocasião, que a conjuntura seguia “demandando cautela e parcimônia”.

AGÊNCIAS DE RISCO – O ministro citou o movimento de elevação da nota de crédito do Brasil por agências de risco como um fator de reforço para a queda da Selic.

Primeiro, foi a Fitch Rating, Depoism nesta sexta-feira, a Austin Rating e a DBRS tamném anunciaram a elevação de perspectiva do país em meio a “melhora do ambiente fiscal”.

“Penso que, nesta semana importante, diante da primeira reunião do segundo semestre do Copom, é importante salientar que o mundo inteiro já compreendeu que está acontecendo alguma coisa boa no Brasil”, disse Haddad.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Realmente, está mais do que na hora de reduzir os juros. Pedir 0,50% é pouco. O Copom deveria cair logo 1%, pelo menos. (C.N.)

Em “Versos Solitários”, uma comovente lição de vida do poeta carioca Evanir Fonseca

Plenae O que é a solidão?

Ilustração reproduzida do Arquivo Google

Paulo Peres
Poemas & Canções

O advogado, administrador de empresas e poeta carioca Evanir José Ribeiro da Fonseca (1955-2017), no poema “Versos Solitários”, faz uma reflexão sobre a vida.

VERSOS SOLITÁRIOS
Evanir Fonseca

O mundo é obscuro para quem só sente a egoísta vontade de se livrar de tudo,
como num mar de lava que a terra cobre, deixando um rastro de destruição.

A vida inexiste onde a felicidade é utópica e a vontade de amar
é só um vulgar prazer, onde o tudo se transforma em nada,
além de um viver numa estática frigidez,
fingidamente escondida por um sorriso ou uma lágrima,
que nas faces rolam ou secam, parados na desfaçatez gélida,
refletidos no espelho do destino, da verdade incontida
e nas rugas de um grito calado que ecoa na surdez do silêncio,
alertando-nos que o fim nos espreita como abutres,
expresso pela indescritível falta do som
da batida de um coração solitário.

Deus, como se tentasse camuflar as perdas sutis do desconhecido destino, dá-nos opções, sem violar o direito do livre arbítrio, numa compensação sem diretrizes evidentes ou outra forma de expressão compensatória e cúmplice, nos nossos erros e acertos, sempre apresenta-nos oportunidades e mostrando ao julgar nossos sentimentos tristes, atormentados, egoístas ou sufocantes, nunca se afasta dos que, a ele, suplicam por novas oportunidades.

Pedimos que nomes ou apelidos sejam afastados dos indivíduos,
em contrapartida do que ocorre na realidade socialmente
quando, como uma tatuagem, ficam gravados e encrustados
nas almas estigmatizadas, numa busca tênue e discreta da sensatez
fazendo com que logo caiamos no esquecimento, criado pelo labirinto de comportamentos resumidos pelo “tempo”, que, sem pena,
nos cobra sob uma sentença arrogantemente imposta,
apagando todos os nossos créditos, virtudes e lembranças,
deixando vívidos os defeitos que maculam nossos eternos deslizes.

Gostaria de ver as pessoas completas e resignadas,
podendo despedirem-se da vida, dizendo a cada um dos outros seres:
“Perdoem-nos, pelos erros cometidos
e rezem para que nós nunca mais renasçamos
com mágoas e rancores, sem conhecermos a palavra perdão!…”

Lembremo-nos sempre que “amar” não é o pecado maior,
e reconheçamos, assim, que fazer outros te amarem é imperdoável!

No hoje, nos vangloriamos da saudade
que acreditamos ter causado em outras pessoas.
Porém, quando a tristeza na incerteza do amanhã nos alcança
é aí, então, o momento… que já deveremos ter sido esquecidos
e na veracidade de que agora, sarcasticamente, seremos os que sofrerão…!

Joguem-se pela janela chamada poesia, como suicidas!
Este é o meu conselho para acabarmos espatifados em versos e prosas, atirados, largados nas solitárias noites, com ou sem luar.

Nunca sejamos hipócritas! Mas sim, seres que se encontram
à espera do perdão incondicional e eterno, se permitido,
num grande acalento no “Adeus”.