Entrevista de Lula à Al Jazeera revelou ignorância sobre política internacional

Brazilian President Lula, in an interview with Al Jazeera, said he would help Palestine by sending weapons to Hamas. "The U.S. is to blame for the war," the president said : r/brasilivre

Lula da Silva falou demais à TV e disse um monte de bobagens

Demétrio Magnoli
O Globo

À rede Al Jazeera, durante seu giro pelo Oriente Médio, Lula abandonou as ambiguidades que geralmente acompanham suas declarações voltadas a audiências ocidentais. Falou o que pensa, sem matizes. O retrato que emergiu funde ideias detestáveis com evidências de uma incompreensão geral sobre a política internacional.

Sobre a invasão russa da Ucrânia, o presidente corrigiu as correções de sua posição original: “A Rússia diz que alguns territórios pertencem a eles, e Zelensky diz que pertencem à Ucrânia” — pontificou, ignorando tanto as fronteiras internacionais ucranianas quanto o tratado de 1994 pelo qual a Rússia as reconheceu.

PACIFISMO CÍNICO – Lula foi mais longe, num exercício de pacifismo cínico: “Em vez de ir à guerra, por que não levar as pessoas a um referendo para perguntar: você quer pertencer à Ucrânia ou à Rússia?”

Putin fez isso, mas melhor. Invadiu o leste e o sul da Ucrânia e então, sob a mira das forças de ocupação, colocou em votação a escolha sugerida pelo camarada brasileiro — com os resultados previstos por qualquer potência ocupante.

A Ucrânia deveria servir como alerta para Lula não se pronunciar sobre as guerras dos outros. Contudo, ele desconhece o valor do silêncio. À Al Jazeera, repetiu uma palavra que funciona como senha ideológica: a operação militar em Gaza “não é uma guerra tradicional, mas um genocídio”. O presidente foi ao Yad Vashem, em 2010, e disse “nunca mais”, sem porém entender o Holocausto.

NÃO É GENOCÍDIO – Há farto material para condenar o governo israelense. Netanyahu sabota as negociações de paz e, desde 2009, estabeleceu uma convivência violenta com o Hamas a fim de perpetuar a divisão entre os palestinos. A ação militar em Gaza viola o direito humanitário internacional, produzindo pilhas de vítimas inocentes.

As Forças Armadas de Israel não cumprem a (difícil) obrigação de distinguir os combatentes inimigos e os civis utilizados pelo Hamas como escudos humanos. Genocídio, porém, é algo diferente: o empreendimento deliberado de aniquilação de um povo.

A escolha de “genocídio” no lugar de “crimes de guerra” tem um sentido: o termo pertence ao vocabulário militante compulsório dos defensores da abolição do Estado judeu. A tática de propaganda consiste em estabelecer uma equivalência entre Israel e a Alemanha nazista. É um expediente particularmente abjeto, pois seu alvo é o Estado criado na esteira do Holocausto para proteger os judeus de uma eventual repetição.

FERRAMENTA CRUCIAL – O Reich alemão não tinha o direito de continuar a existir depois do Holocausto — e, de fato, desapareceu. A acusação de genocídio é uma ferramenta política crucial na campanha que almeja a destruição do Estado judeu. O Lula que pronunciou a frase “nunca mais” junta sua voz à gritaria antissemita quando imputa o crime dos crimes a Israel.

Sua entrevista à rede do Catar forma um arco ideológico completo. “Não entendo como o presidente Biden não teve a sensibilidade de falar para acabar com essa guerra” — exclamou Lula, concluindo com o diagnóstico de que os Estados Unidos “poderiam ter parado com a guerra”.

Aí, atrás de um erro crasso de avaliação, emerge uma narrativa destinada a deslegitimar Israel.

ENTENDER O HOLOCAUSTO – Não basta ir ao Yad Vashem: é preciso ler Primo Levi para entender o Holocausto — e Israel. Levi descreveu a vitimização e a desumanização dos judeus nos campos nazistas. O Estado judeu diz “nunca mais” ao pacote completo: sua fundação representou, antes de tudo, uma rejeição absoluta ao papel de vítima atribuído aos judeus.

O alicerce de Israel encontra-se na missão de “reumanização” dos judeus por meio da força política e militar. Israel combaterá suas guerras, justas ou não, independentemente da vontade de aliados externos.

Israel nasceu da imigração de judeus perseguidos na Europa e no Oriente Médio. Atribuir aos Estados Unidos o poder de parar sua mão inscreve-se no esforço ideológico de exibir o Estado judeu como uma fabricação, um artefato e um joguete do “imperialismo americano”. Lula fala todas as palavras e sentenças dos movimentos que marcham sob a bandeira da “Palestina livre, do rio até o mar”. Por essa via, renega a paz em dois Estados que declara explicitamente defender.

3 thoughts on “Entrevista de Lula à Al Jazeera revelou ignorância sobre política internacional

  1. Se $talinacio resolver ele pode abolir Israel do mapa, entre duas cervejinhas, um tira gosto e uma talagada de pinga.
    Feito isso ele vai se declarar o aiatolá de todos os muçulmanos.
    Ela vai dar um Allahu Akbar em todo o resto que meter as cabeças com ele.
    Ridendo castigat mores.

    Ele só não pode esquecer o Deus de Israel, aquele que ajudou Moisés a tirar os hebreus do cativeiro do Egito. Esse é o meu Deus, o Deus de Abraão, Isaque e Jacó.

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