Carlos Newton
O Estadão saiu de seus cuidados para informar à nação que o ministro Gilmar Mendes, decano do Supremo Tribunal Federal, fez um alerta nesta terça-feira, dia 12, sobre os riscos do avanço e da “sofisticação” do crime organizado no País.
Ele postou em suas redes que “um país assume a condição de ‘Narcoestado’ quando o poder do tráfico tem domínio de suas instituições sociais e políticas”. E, em sua experiente opinião, essa realidade já está acontecendo.
SEM REPERCUSSÃO – Gilmar fez referência à uma entrevista que concedeu à GloboNews, que não teve a repercussão que ele esperava. “Mostrei que os sinais estão aí: facções invadindo os espaços da democracia e da religião, ambos sagrados para o Estado Democrático de Direito.”
Na avaliação do ministro, “somente políticas públicas de segurança pensadas e executadas de modo coordenado poderão fazer frente ao grau de sofisticação demonstrado pelo crime organizado”.
Ele sugere adoção de “políticas que se concentrem, por exemplo, na criação de instrumentos de combate ao imenso poder financeiro das facções criminosas”.
PODER PÚBLICO – O ministro do STF enfatizou que “o poder público tem o dever de proteger “desses vilipêndios” a liberdade política e a liberdade religiosa. Ao final de sua mensagem, ele advertiu. “Estamos diante de um momento decisivo para a manutenção do Brasil na pauta civilizatória”.
Caramba! O que é isso, minha gente? A que situação o ilustre ministro está se referindo? Será que dei uma cochilada e perdi essa parte do filme?
Estará ele se referindo ao governo federal, de cuja prisão de segurança máxima em Mossoró (RN) dois chefes de facção fugiram como se estivessem pulando o muro do colégio interno? Ou estará se referindo ao Rio de Janeiro, onde as facções e milícias controlam bairros inteiros, constroem livremente prédios de dez andares e vendem apartamentos aos cidadãos, sem registro de escritura pública?
APOCALYPSE NOW – O que realmente Gilmar Mendes está denunciando, neste filme “Apocalypse Now” que somente ele está assistindo?
Por sua máxima importância, esta denúncia tem de ser esmiuçada. Que o ilustre ministro do Supremo então seja imediatamente chamado ao Conselho de Defesa e ao Conselho da República para fazer uma tradução simultânea de suas palavras e dizer ao povo brasileiro o que realmente está acontecendo.
Caso não haja interesse, que o Congresso o convoque para esclarecimentos.
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P.S. – Queremos saber a verdade. Ou, então, que o ministro aja como seu antecessor Adaucto Lucio Cardoso e se desfaça de sua toga, diante do plenário, numa desesperada tentativa de despertar o país, caso sua gravíssima denúncia institucional não desperte interesse nas autoridades da República. (C.N.)