Duarte Bertolini
Não sei se o jornalista Elio Gaspari fala de realidades do centro do país, ao afirmar que não existe bolsonarismo, mas apenas antipetismo, porque não percebo essa realidade aqui no sul, onde a idolatria quase fanática está incólume. Em todas as conversas em que tento mostrar que é possível ser direita ou centro direita, sem ser obrigatoriamente bolsonarista, nem recebo contra-argumentos, apenas meios sorrisos, alguns de pena, por eu, ingenuamente, sonhar com isso.
É certo que, pelo menos, diminuiu a agressividade explícita da eleição de 2022, mas bolsonarismo e antipetismo estão profundamente unidos e enraizados aqui no Sul, com todas suas consequências e implicações.
BÊNÇÃO DO MITO – Todos – digo todos os candidatos do centro para a direita buscam, de todas as formas, colar seu nome à figura de Bolsonaro. Mesmo o governador Tarcísio de Freitas, que é visto como um bom nome, precisa ter a bênção do mito, caso contrário perde muitos eleitores. Hoje, ainda, sem esta bênção, nada se cria nesse campo politico.
Imaginem o tamanho de nossa tragédia. Posso estar enganado, mas acho que o bolsonarismo será um grande rolo compressor nestas eleições, salvando-se quiçá, as enormes cidades pela sua diversidade e sentimentos cosmopolitas.
Quanto ao surpreendente Pablo Marçal, que surgiu à sombra de Bolsonaro, está sendo divertido ver o desespero do mito e dos filhos, ao ver surgir a candidatura desse Bozo 2 modernizadinho, usando as armas digitais tão caras ao clã, que vem afrontando, desnudando e assumindo os podres espaços do intocável, imbrochável e imponderável mito.
CHEIRO DE MOFO – Por fim, quando se lamenta o fundamento ideológico, com cheiro de mofo, de Celso Amorim e Lula, por exemplo, esquecemos que esta doença é muito mais disseminada e enraizada do que pensamos ou de que a sociedade pode suportar sem sofrer.
Comparar a denúncia de um torto processo judicial, claramente visível, com uma manipulação seletiva e secreta de “um conjunto de denúncias ”, só é possível à luz destas crenças obscuras.
Só vai cessar (será?!) quando todos os brasileiros imbecis (por não serem fundamentados ideologicamente, claro) queimarem as vestes e se acoitarem em praça pública por ofender o deus da esquerda e seus celestiais discípulos.