“Milagre” eleitoral faz esquerdistas se apropriarem das teses da direita

Em encontro com evangélicos, Boulos promete 'maior programa de habitação da  história' de SP e chama Nunes e Marçal de 'falsos profetas' | Eleições 2024  em São Paulo | G1

Boulos tenta atrair evangélicos distraídos

Rodrigo Constantino
Gazeta do Povo 

“A hipocrisia é a homenagem que o vício presta à virtude”, disse La Rochefoucauld. A esquerda é hipócrita no mundo todo, e em nenhuma época isso fica mais evidente do que no período eleitoral. É impressionante como os esquerdistas “mudam” nessa fase, adotando discursos que antes abominavam. Não se vê a mesma coisa do lado direito, e isso diz muito sobre as bandeiras e os valores de cada um.

Guilherme Boulos, por exemplo, sempre foi um comunista ateu invasor de propriedades. Eis que, na disputa eleitoral, aparece quase como um pastor evangélico em culto, e ainda prega mais armas para a Guarda Municipal e rejeita a legalização das drogas. A velha imprensa, tomada por esquerdistas radicais, entra no jogo e pinta o comunista como alguém moderado, normalizando os crimes do seu MTST.

PURO MARKETING – O fenômeno se repete em toda eleição e por todo canto. Manuela D’Ávila e Fernando Haddad também eram vistos em igrejas, que eles certamente ficam quatro anos sem colocar o pé depois. Vale tudo para ganhar votos. É puro marketing, um teatro, uma farsa, mas que revela aquilo que os socialistas sabem no fundo: os valores do eleitor, do povo, diferem muito dos seus próprios.

Às vezes escapa um ato falho e a turma radical é pega cantando o hino com “linguagem neutra”, ou seja, agredindo a língua Portuguesa e a ciência da biologia, para meter um “todes” e um “filhes” no meio da canção. A repercussão é muito negativa e a campanha comunista vai lá e apaga o conteúdo, não por arrependimento do ato em si, mas por ter dado bandeira e revelado a essência ao público.

Nos EUA , a candidatura de Kamala Harris cresce entre os jovens |  Radioagência Nacional

Kamala adota algumas teses de Trump

Nos Estados Unidos acontece a mesma coisa. Kamala Harris é das mais radicais dentro do Partido Democrata. Mas a velha imprensa criou uma nova personagem, e Harris se escondeu no porão sem uma só entrevista para não cair em contradição. Agora Kamala defende até a conclusão do muro de Trump na fronteira! Ela, chamada de “czar da fronteira” no governo que mais permitiu a entrada de ilegais, promete que será dura com imigrantes ilegais e vai resolver a questão – como se nada tivesse a ver com ela.

VALE FINGIR – As bandeiras de Kamala Harris até ontem eram fronteiras abertas, saúde socialista para todos, proibição de explorar petróleo por fracking no país, rejeitar maior policiamento etc. Num passe de mágica ela reverteu todas essas pautas, sem mais nem menos, e a mídia finge que está tudo normal. Para derrotar Trump vale tudo, vale mentir, vale fingir… que é o Trump!

Lá se vão quase 40 dias desde que ela foi apontada pela cúpula democrata a substituta de Biden na corrida, sem um só voto popular, e ninguém da imprensa faz uma só pergunta difícil sobre isso tudo. A esquerda pode se dar ao luxo de ser hipócrita, pois os jornalistas também são de esquerda e também são hipócritas.

É o “milagre” eleitoral: somente na hora de buscar votos os esquerdistas se “convertem” e adotam pautas mais conservadoras. No fundo eles sabem o que presta e o que o povo quer…

(Artigo enviado por Mário Assis Causanilhas)

Futuro presidente da Câmara precisa reduzir atual estresse com o Planalto

Charge do Gomez (Correio Braziliense)

Dora Kramer
Folha

À primeira vista a cena da sucessão na presidência da Câmara ficou mais obscura, mas à luz da realidade da Casa a coisa clareou e se encaminha para a tentativa de construir um consenso. Não como previsto no roteiro até então apresentado ao público. Nele, Arthur Lira (PP-AL) colocaria o deputado Elmar Nascimento (União-BA) debaixo do braço e goela abaixo do governo e demais políticos a ele resistentes.

Agora o jogo é pela busca da acomodação de forças de governo e oposição em torno de Hugo Motta (Republicanos-PB). Não foi bem uma reviravolta clássica, porque o nome dele figurava há pelo menos três meses como uma espécie de reserva técnica para o caso de não se chegar a um entendimento forte o suficiente para não representar risco de derrota para Lira.

UM PRAGMÁTICO – Amigo de Elmar, o presidente da Câmara é, antes de qualquer coisa, um pragmático. Percebeu que a hora é de aliviar tensões.

Até para manter intactos os interesses dos deputados num Legislativo poderoso, é preciso observar limites para evitar que em algum momento a corda excessivamente esticada arrebente em forma de escândalos.

O cenário hoje é muito diferente daquele em que Arthur Lira venceu o então presidente da Câmara, Rodrigo Maia, na base do enfrentamento e, assim reeleito, manteve-se desde então reafirmando sempre sua liderança interna na base do confronto. Ora implícito, ora explícito.

QUATRO NA DISPUTA – Das várias candidaturas iniciais, sobraram as de Marcos Pereira (Republicanos-SP), Antônio Brito (PSD-BA) e Elmar Nascimento. O primeiro desistiu, o segundo é arma de negociação de Gilberto Kassab (PSD-SP) e o terceiro padeceu por força da sede ao pote e de confiança na amizade de Lira. Seria também um perfil agressivo, inadequado à necessidade do momento.

Daí retirou-se da prateleira o nome de Motta, dono de quatro mandatos apesar da pouca idade (34 anos), de figurino moderado, com trânsito no baixo clero (veio de lá).

Agora, é o preferido dos mandachuvas que apostam nele para inaugurar uma fase, senão de paz absoluta, ao menos que permita a troca da pressão constante pelo hábito da negociação permanente.

Com Zambelli e Damares alavancando, críticas a Almeida passam de 1 milhão mil

Damares Alves: a trajetória da ministra que criou polêmica - Jornal O Globo

Só falta Damares também denunciar ter sido assediada…

Henrique Barbi
O Globo

A discussão em torno das denúncias de assédio sexual recebidas pela organização Me Too Brasil contra Silvio Almeida, ex-ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, mobilizou 821 mil interações somente no Instagram. Além dos perfis de veículos de imprensa, a repercussão na rede social foi impulsionada principalmente pela senadora e ex-ministra Damares Alves (Republicanos-DF) e pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP).

Com o bloqueio do X, as duas parlamentares próximas ao ex-presidente Jair Bolsonaro usaram a rede para postar mensagens críticas relativas ao episódio e cobraram a saída de Almeida da pasta, o que acabou se concretizando.

BLOQUEIO DO X – O levantamento feito pela consultoria Bites a pedido do Globo também mostra que, apesar da mobilização forte nas mídias tradicionais e da repercussão nas redes sociais, o volume de menções ao tema foi prejudicado com o bloqueio do X no Brasil, determinado há pouco mais de uma semana pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O Facebook, por exemplo, ficou bem atrás no alcance do debate digital, com 73 mil interações em 1,5 mil posts.

Já no próprio X — que, mesmo com a proibição no país, ainda é uma plataforma com boa presença da direita — foram publicadas 57,8 mil menções a Silvio Almeida, Anielle Franco ou às denúncias de assédio sexual.

Segundo a pesquisa, no BlueSky o tema ficou entre os principais tópicos do Brasil até o fim da noite de ontem, mas ainda não é possível medir a exata extensão disso na rede. A única ministra que postou sobre o tema na plataforma foi Cida Gonçalves, titular da pasta das Mulheres, em solidariedade a Anielle. Ela teve só cem curtidas.

DIVISÃO NAS REDES – Entre os parlamentares presentes na rede, saíram em defesa da ministra da Igualdade Racial nomes como Fernando Mineiro (PT-RN), Erika Hilton (PSOL-SP), Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Dionilso Marcon (PT-RS) — todos de siglas governistas de esquerda. Em outras redes, pelo menos cinco deputados do PT saíram em defesa de Anielle (quatro mulheres e Marcon), enquanto Washington Quaquá (PT-RJ) ficou do lado de Almeida. Já Jandira Feghali (PCdoB-RJ) teve uma posição mais neutra.

Na direita, 15 deputados do PL, três do PP, um do PSD, um do PSDB, um do Podemos, três do Republicanos e dois do União foram às redes para atacar Almeida e, ainda antes do anúncio da demissão, criticar o governo por uma suposta demora em agir. Ao todo, as menções no Instagram e Facebook por deputados federais geraram 339 mil interações.

REPERCUSSÃO – No Senado, três petistas (Augusta Brito, Paulo Paim e Teresa Leitão) prestaram solidariedade a Anielle e repudiaram o suposto assédio, assim como Leila Barros (PDT), Daniella Ribeiro e Zenaide Maia (ambas do PSD).

Entre os nomes da direita na Casa, além de Damares, Sergio Moro (União), Luis Carlos Heinze (PP), Marcos Rogério e Jorge Seif (PL) criticaram Almeida e pressionaram o governo. Geraram 116,5 mil interações.

A Bites aponta ainda que 126 perfis de grandes influenciadores de direita no Instagram, muitos atrelados ao bolsonarismo, aproveitaram o episódio para tentar desgastar a gestão petista.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGO massacre continua. No Congresso, apenas o deputado Washington Quaquá, vice-presidente do PT, defende o ex-ministro, e ninguém mais se interessa em saber se ele é culpado ou não.  Só falta acenderem a fogueira. Vivemos tempos medievais, com Damares fazendo o papel de Torquemada. (C.N.)

Lula convoca reunião de emergência sobre a nova crise com a Venezuela

Venezuela cerca embaixada argentina e gera crise com Brasil | InvestNews

Embaixada do Brasil está cercada pela polícia venezuelana

Jamil Chade
Portal UOL

Diante da situação na Venezuela, do cerco contra a embaixada e da fuga de Edmundo Gonzalez, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma reunião de emergência neste domingo no Palácio do Planalto para discutir a crise. A avaliação do governo é de que, apesar dos esforços do Brasil de mediar a crise e buscar uma saída política, o momento é de tensão entre os dois países.

A esperança da Presidência era de que o Brasil poderia conduzir a oposição e o regime de Nicolás Maduro a um diálogo. Mas a decisão unilateral de Caracas de romper o acordo com o Brasil para preservar a embaixada da Argentina foi considerada como um sinal claro de um distanciamento entre os países.

MILEI DENUNCIOU – Após a eleição de julho, o governo de Javier Milei denunciou irregularidades no voto em Caracas. Em resposta, Maduro expulsou os diplomatas argentinos do país. Mas, dentro da embaixada, estão seis opositores venezuelanos. Temendo uma ação violenta, o Brasil assumiu a embaixada, num acordo com o regime venezuelano.

O cerco à embaixada, desde sexta-feira, e a suspensão do acordo foram tratados no governo Lula como um “choque”. Tampouco foi recebida de forma positiva a narrativa que Maduro adotou com o exílio do seu principal rival, que chegou neste domingo em Madri. O governo de Caracas apresentou o caso como uma “concessão”, permitindo que Gonzalez embarcasse sem ser preso.

O que o Brasil insistia era que deveria haver um espaço para que oposição e governo pudessem chegar a um acordo sobre um processo de transição. Para isso, a prisão de Gonzalez ou seu exílio não eram as situações ideais.

SEM ASSESSORIA – Para complicar, alguns dos principais interlocutores da política externa estão fora do país, mesmo que estejam em contato permanente com a capital. Celso Amorim, assessor especial, está em Moscou, enquanto o chanceler Mauro Vieira está em viagem a Omã e Arábia Saudita.

Na reunião com Lula estavam outros assessores e a secretária-geral do Itamaraty, Maria Laura da Rocha.

Consultados pelo UOL, embaixadores latino-americanos e mesmo chanceleres de países vizinhos apontaram que o Maduro “traiu” Lula ao não respeitar os acordos sobre a eleição, ao ampliar a repressão contra a oposição e ao romper o entendimento sobre a situação da embaixada da Argentina.

É falso dizer que Darcy Ribeiro foi o criador da Universidade de Brasília

Nos 100 anos de Darcy Ribeiro, legado do antropólogo resiste, apesar do esquecimento

JK ficou impressionado com Darcy Ribeiro

Vicente Limongi Netto

É o fim da picada. Patético e inacreditável. O Correio Braziliense continua incansável na ânsia de publicar artigos de professores da UnB, desta feita, os notáveis Isaac Roitman e Fernando Oliveira Paulino (edição de 06/09) destacando que Darcy Ribeiro e Anisio Teixeira foram os idealizadores da Universidade de Brasília. Basta de cansativas lorotas. Não é verdade. Respeitem os fatos e os leitores. Quem fundou a Universidade de Brasília foi o presidente Juscelino Kubitschek. É falso atribuir a Darcy Ribeiro a iniciativa da criação da UnB. Não tem amparo nos fatos. Darcy foi o primeiro reitor, mas foi Juscelino Kubitschek quem determinou todas as providências para criá-la, incumbindo o ministro da Educação, Clóvis Salgado, que as levou a bom termo.

Quem se interessar por detalhes, pode consultar, na Biblioteca Central da UnB, além do depoimento do escritor Cyro dos Anjos, ex-secretário particular de JK, também os relatos do ministro Clóvis Salgado e de historiadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com perto de 10 horas de gravações que integram o projeto “História Viva”, daquela universidade.

RADIOGRAMA – O presidente JJK atribuiu a Ciro dos Anjos a incumbência de elaborar os atos de criação da UnB, cujo marco inicial foi o radiograma de JK ao ministro da Educação, Clóvis Salgado, datado de 2 de abril de 1960:

Ministro Clóvis Salgado, a fim completar programa cultural nova capital não posso deixar de fundar a Universidade de Brasília portanto peço estudar plano e redigir mensagem a ser enviada ao Congresso tendo em vista desse objetivo pt precisamos porém criar universidade em moldes rigorosamente modernos pt gostaria remeter mensagem Congresso dia 21 abril ptsdsJK“.

O radiograma de JK coroou os esforços de seu ministro da Educação, Clóvis Salgado, de todos conhecidos e relevados no relatório quinquenal do MEC apresentado a JK em 31 de dezembro de 1960, em cujas páginas de números 286 a 295, no capítulo Universidade de Brasilia, estão todos os procedimentos que nortearam a criação da UnB estabelecidos pela comissão nomeada por Clóvis Salgado.

QUEM PARTICIPOU – A comissão era integrada, nessa ordem, pelo reitor da Universidade do Brasil, Pedro Calmon; pelo presidente do Conselho Nacional de Pesquisas, João Cristovão Cardoso; pelo Diretor do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos, Anisio Teixeira; pelo presidente da Comissão Supervisora dos Planos dos Institutos, Ernesto Luis de Oliveira Junior; pelo coordenador da Divisão de Estudos e Pesquisas Sociais do Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais, Darcy Ribeiro; e pelo diretor de Programas da Comissão de Aperfeiçoamento de Pesquisas de Nível Superior, Almir de Castro.

Cyro dos Anjos, nascido na cidade de Darcy Ribeiro (Montes Claros, Minas Gerais), incluiu o conterrâneo na comissão e depois sugeriu o nome dele para reitor quando não havia candidato a esse cargo e a UnB só existia no papel. Foi assim que aconteceu. 

RUINDADE – Seleção brasileira que sonha com hexacampeonato deveria respeitar as memoráveis glórias do futebol brasileiro e deixar de dar vexame em campo.

A seleção atual é bisonha, fica difícil de assistir e torcer. André salvou-se da abissal mediocridade. A enfiada que deu, deixando Vini Jr na cara do gol, foi sensacional.

Foi sacado do time, sem necessidade. Fez cara feia, com razão. Time amontoado, apressado, precipitado, contra adversário ainda pior. valeu pelos 3 pontos. Garante, por ora, o emprego do patético Dorival Junior. 

Ambientalistas tinham razão, a crise agravou-se e o governo está travado

Amazônia teve o mês de agosto com mais queimadas nos últimos 12 anos

O fogo avança na Amazônia, enquanto o governo recua…

Elio Gaspari
O Globo/Folha

A crise climática está aí. O país vive a maior seca em mais de meio século, 2.000 municípios estão em condições de risco e cidades são tomadas pela fumaça dos incêndios. No Dia da Amazônia, soube-se que, em agosto, a região teve 38 mil focos de queimadas, um número superior aos anos de Bolsonaro. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse no Senado que o bioma do Pantanal pode desaparecer até o fim deste século.

Os ambientalistas tinham razão. Vistos como profetas da catástrofe, revelaram-se clarividentes. E agora? O pior cenário seria a continuação do que acontece há décadas. Os defensores do meio ambiente reclamam, nada acontece (ou faz-se uma lei) e as coisas continuam na mesma. A orquestra toca a partitura errada e alguns instrumentos não tocam como deviam.

UMA AGÊNCIA? – Antes da posse de Lula, circulou a proposta de se cuidar do meio ambiente por meio de uma política de transversalidade. Por trás dessa palavra que pode dizer muito, ou nada, o problema ambiental seria enfrentado por uma agência, fosse o que fosse, prevalecendo sobre as burocracias dos ministérios.

Enquanto o novo governo era uma arca de sonhos, essa proposta inteligente ganhou destaque. Com a posse, veio a vida real. Mobilizaram-se burocratas que não queriam compartilhar o poder de seu quadrado e parlamentares que defendem os interesses dos agrotrogloditas. A ideia da transversalidade foi queimada no escurinho de Brasília.

Não há receita visível para se resolver o problema, mas está diante de todos a evidência de que as coisas não funcionam mantendo-se a máquina que existe. É como querer que um caminhão voe.

DIZ A MINISTRA – No seu novo patamar a crise ambiental pede que se comece a discutir o formato da peça que implementará a transversalidade. Do jeito que estão as coisas, a ministra Marina Silva vai ao Senado e diz o seguinte:

— Nós estamos vivendo sob um novo normal que vai exigir do poder público capacidade de dar resposta que nem sabemos como vão se desdobrar daqui para a frente. (…) Somos cobrados para que se faça investimentos que são retro-alimentadores do fogo.

Lindas palavras, mas a ministra é parte do que chama de “poder público”. Além disso, se investimentos alimentam o fogo, cabe ao “poder público” expor a questão, até porque investimento não põe fogo em nada. Quem queima são iniciativas e barrá-las, expondo-as, é o que se precisa.

NA COP 30 – Em novembro de 2025 instala-se em Belém a 30ª Conferência da ONU para Mudanças Climáticas, a COP 30. O governo está tratando do assunto como se ele fosse mais um evento, procurando brechas para lustrar biografias. Má ideia, pois o Lula que foi à COP 27 em 2022, no Egito, vestia o manto da proteção ambiental. Em Belém precisará mostrar resultados e ações.

Vêm aí milhares de litígios, sobretudo nas regiões do Sul afetadas por enchentes. São devedores contra bancos, empresários contra fornecedores, fornecedores contra empresários e, acima de tudo, pessoas ou negócios prejudicados pela má gestão do poder público.

Algumas já chegaram à Justiça e calcula-se que a enxurrada seja de tal proporção que será necessário criar um protocolo para lidar com ela.

Discurso de Marçal contra o sistema esconde ligação com o que há de pior

O candidato à prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB) durante corpo a corpo em ato de campanha no Parque do Ibirapuera no último dia 2

Sob todos os aspectos, Marçal mostra ser um tremendo enganador

Malu Gaspar
O Globo

Pablo Marçal bagunçou o cenário da disputa pela Prefeitura de São Paulo ao se apresentar como candidato antissistema. Na definição que ele mesmo deu numa sabatina do UOL: “O sistema não é a lei. O sistema é o modus operandi pelo qual o político toca a política”. Ser antissistema, segundo ele, não é querer “entrar no sistema”, e sim “colocar [no sistema] pessoas que não se curvem” a ele. O escrutínio das últimas semanas mostrou que não é bem assim.

O ex-coach confessa que se faz de idiota nos debates e entrevistas porque “o público gosta disso”. Finge ser o que não é para enganar o eleitor — típico modus operandi dos políticos tradicionais.

PARTIDO PODRE – Seu partido, o PRTB, já abrigou figuras como Fernando Collor de Mello e Hamilton Mourão. O fundador, Levy Fidélix, vivia de ser dono de partido. Disputou várias eleições e perdeu, mas sobreviveu mais de 30 anos na política pendurado no fundo partidário, negociando apoios à esquerda e à direita.

O novo presidente, Leonardo Avalanche, é acusado pela viúva de Fidélix e por um grupo de ex-aliados de ter tomado a legenda na mão grande, desrespeitando o estatuto e acordos com eles.

Em áudios incluídos nos processos judiciais em torno do caso, Avalanche aparece falando que obteve a intervenção que lhe permitiu tomar controle do partido, em fevereiro deste ano, depois de negociação envolvendo o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o ex-presidente Michel Temer (MDB) e o então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes.

NO “SISTEMA” – Pacheco e Temer negam, Moraes não comenta o assunto. Nada garante que Avalanche tenha falado a verdade, mas, convenhamos, não existe história mais “do sistema” do que essa. Em sua defesa, Marçal diz que não gosta de partidos e que, se pudesse, não seria filiado a nenhum. Também aí, nenhuma novidade. Para ficar em apenas um exemplo, Jair Bolsonaro, que já foi antissistema um dia, também trocou de partido inúmeras vezes, mas foi domesticado pelo fundo eleitoral centimilionário do PL e agora vive equilibrando seu discurso com o medo de ser preso por Moraes.

Para não ter de criticar Moraes, aliás, Marçal chegou a cancelar uma entrevista com um canal de direita. “Não tenho medo de tomar tiro, mas nem por isso vou entrar no meio de um tiroteio”, justificou em privado, ao pular fora do compromisso.

Os bolsonaristas desconfiam que a atitude tenha relação com o “favor” que Avalanche diz ter ganhado do ministro — que Marçal nega. Mais uma vez, a política como ela sempre foi.

GESTOR EFICIENTE – Ele também se apresenta como gestor eficiente, que transporá sua capacidade empreendedora à Prefeitura. Além de já termos visto esse discurso antes, com João Doria, a própria capacidade de gestão de Marçal parece não ser tudo isso. Ele diz que seu “império” vale R$ 5 bilhões, mas seu patrimônio não passa de R$ 300 milhões, somando o que ele declarou ao TSE ao que deixou de fora, de acordo com a Folha de S.Paulo.

Desde que Marçal apresentou sua candidatura, a toda hora surge uma revelação que vincula algum personagem de seu entorno ao Primeiro Comando da Capital, o PCC. Do próprio Avalanche, que disse em áudio ter soltado o traficante André do Rap, a seu segurança, investigado por matar uma pessoa jurada de morte pela facção.

O ex-presidente estadual do PRTB Tarcisio Escobar, indiciado por trocar carros de luxo por cocaína. Um “despachante” que representa sua empresa de aviação e foi preso em 2021 por fornecer aeronaves para trazer 5 toneladas de cocaína da Bolívia ao Brasil.

CONDENAÇÃO – Marçal chegou a ser preso e condenado por participar de uma quadrilha que aplicava golpes enviando links falsos para correntistas de bancos. Ele diz que nunca roubou nada de ninguém e que provará que não tem nada a ver com o PCC.

Até agora, vem convencendo parte do eleitorado. Juntando a linguagem tiktoker burilada no algoritmo ao discurso de coach-pastor, catalisou o sentimento de indignação de quem está nas franjas do espectro social e cultural e não enxerga brecha para subir na vida. Os milhões de cortes, as frases abiloladas e a retórica agressiva que agitam a massa amplificaram a narrativa do sujeito de família humilde que chegou ao topo da pirâmide para desafiá-la.

Aí reside o apelo antissistema de Marçal. Só que, como ele mesmo já confessou, não tem nenhum pudor de fingir ser o que não é para conseguir o que quer. E o que ele é está cada vez mais claro para quem se dispõe a enxergar: um personagem que não só está entranhado no sistema, mas associado ao que há de pior dentro dele.

Caso do X demonstra que a liberdade de expressão é hoje um valor menor

Charges - Liberdade de expressão | Imago História

Charge do Bobbiker (Arquivo Google)

Fabiano Lana
Estadão

Nesta sexta-feira chega a uma semana em que cerca de 20 milhões de brasileiros só podem ter acesso à rede social “X”, antigo Twitter, se quiserem correr o risco de pagar uma multa de R$ 50 mil, conforme decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, com o endosso unânime de uma das turmas da corte.

O Estado de Direito é um dos maiores pilares de qualquer civilização. Sem o cumprimento das decisões judiciais, as sociedades podem entrar num processo caótico de desobediência civil. No caso do “X”, entretanto, a decisão do juiz fere um princípio que também deveria ser base de qualquer civilização: a liberdade de expressão, incluindo o direito de saber o que os outros expressam.

MOTIVAÇÃO POLÍITICA – Pesquisa Atlas divulgada no Estadão mostra que os brasileiros estão divididos se o “X” deve ou não ser suspenso, no empate técnico. Mas a maioria acredita que Alexandre de Moraes agiu por “motivação política” (56%) e 64% discordam do valor algo exorbitante da multa.

No final das contas, o que deveria se tornar uma discussão profunda sobre uma situação em que dois princípios se chocam, acabou por se tornar mais uma guerra de torcidas. Existe o #xandãoteam e o #muskteam, em referência ao bilionário dono da plataforma, quando ambos podem estar errados ao mesmo tempo.

Se não fossem dois personagens tão poderosos – com tanto estofo, conquistas e formação – e tanto em jogo, poderíamos dizer que parece briga de duas crianças mimadas.

DOIS LADOS – De um lado um ministro que usa sem contenção um perigoso brinquedo que tem nas mãos: os inquéritos da fake news e dos atos antidemocráticos. Em tese, para evitar um golpe de Estado, Moraes não renuncia a medidas autoritárias e até mesmo perigosas para qualquer sociedade na busca de seus objetivos: a censura prévia. De outro, um fanfarrão que debocha abertamente do judiciário brasileiro. Não tinha como acabar em boa coisa esse confronto entre os dois.

Nessa circunstância brasileira apareceram aqueles que se consideram progressistas, democráticos, até mesmo iluministas, mas que no final das contas apoiaram com entusiasmo a proibição do “X”. Na verdade, caiu a máscara. Já que a decisão é contra um “inimigo”, no caso Elon Musk, às favas com a liberdade de expressão e mesmo com a possibilidade tanta gente acompanhar ou mesmo interferir em um debate mundial que, gostemos ou não, ocorre nessa plataforma. Para eles, essa vedação virou questão menor, um mimimi.

Um efeito colateral desses acontecimentos é que grupos políticos que nunca se interessaram pela liberdade de expressão, inclusive que defendem atos autoritários como o AI-5, que instaurou a censura prévia no Brasil, hoje pegam a bandeira da circulação irrestrita das ideias. É aquela história de não existir vácuo na política, e nem mesmo nos valores.

CENSURA – A possibilidade de censura, mesmo que do bem, esconde uma série de nós górdios. Por exemplo, não é tão óbvio assim definir o que é mentira ou mesmo discurso de ódio. Muitas vezes consideramos como mentira o que é uma asserção verdadeira para o outro. Para um ateu, por exemplo, a expressão “Deus existe” é uma fake news.

Para um religioso, porém, é “Deus não existe” que significa uma expressão falsa. Claro que existe a mentira quando comparada com o fato. Mas o que se quer proibir são as asserções que desagradam a lista de heresias do momento.

Cada período histórico tem seu index de proibições morais do que pode ser expresso. Já foi contra a religião, contra os ditadores, hoje pode ser contra as minorias, por exemplo. Foi nesse sentido, que os verdadeiros iluministas, ainda no século 18, defenderam a circulação sem qualquer controle do Estado das ideias, inclusive as mais repugnantes. Porque a proibição sempre seria utilizada para atender algum projeto político seja dos reis, da nobreza, da igreja, do ditador, dos poderosos, dos grupos sociais organizados, seja de quem for.

IDEIAS LIVRES – Hoje, para justificar censuras, tentam até invocar o paradoxo apontado pelo filósofo Karl Popper – aquele que diz que ideias intolerantes podem levar ao fim do ambiente de intolerância – mas esquecem de dizer que o próprio Popper, um exilado do nazismo e antimarxista convicto, achava que as ideias deveriam continuar livres e combatidas com outras ideias.

O que deveríamos reprimir são as ações perigosas delas decorrentes. Com certeza, um desafio difícil de executar.

Sem nenhum interesse por princípios (frente ao fato de que em diversos países se submete a ordens judiciais opacas), Elon Musk acabou por desnudar a cena tupiniquim. Temos no Brasil uma direita e uma esquerda que são no fundo oportunistas e capazes de se agarrar ou jogar fora princípios a depender das conveniências políticas de ocasião. A tal liberdade de expressão é apenas a última vítima.

Sucesso e destaque pessoal tornaram Silvio Almeida vítima de si mesmo

Silvio Almeida foi demitido na sexta-feira pelo presidente Lula

Pedro do Coutto

O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, foi demitido na noite desta sexta-feira pelo presidente Lula da Silva. A decisão da demissão ocorreu após a denúncia de casos de assédio sexual envolvendo o ministro virem à tona, nesta quinta-feira.

Entre os alvos está a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, que admitiu ter sido importunada sexualmente pelo colega de Esplanada em reunião com a Advocacia-Geral da União (AGU) e com a Controladoria-Geral da União (CGU). Anielle fez o relato abalada e chorou em vários momentos .

GRAVES DENÚNCIAS – A nota emitida pela assessoria de Lula, diz que “diante das graves denúncias contra o ministro Silvio Almeida e depois de convocá-lo para uma conversa no Palácio do Planalto, no início da noite desta sexta-feira, o presidente Lula decidiu pela demissão do titular da Pasta de Direitos Humanos e Cidadania”.

O texto afirma que “o presidente considera insustentável a manutenção do ministro no cargo considerando a natureza das acusações de assédio sexual”. A assessoria do presidente disse ainda que “a Polícia Federal abriu de ofício um protocolo inicial de investigação sobre o caso.

A Comissão de Ética Pública da Presidência da República também abriu procedimento preliminar para esclarecer os fatos. O Governo Federal reitera seu compromisso com os Direitos Humanos e reafirma que nenhuma forma de violência contra as mulheres será tolerada”.

DECISÃO – Partindo-se do princípio de que as denúncias são verdadeiras e não foram superdimensionadas, o ex-ministro Silvio Almeida teria sido vítima de si mesmo na medida em que o sucesso e o destaque pessoal o levaram a considerar que poderia tudo, até dispor do corpo de mulher contra a vontade da mesma.

Assim, não poderia ter sido outra a decisão final do caso de assédio praticado contra a ministra Anielle Franco que levou a primeira-dama Janja a intervir no processo, solidarizando-se com a vítima e enfraquecendo qualquer justificativa de Almeida. A embriaguez do sucesso talvez explique esse fenômeno que se repete ao longo do tempo durante as gestões públicas, infelizmente.

Lula marcou pontos com o eleitorado feminino.A exposição às situações desse tipo representam uma violação pessoal inadmissível. Não tem cabimento .Para que fatos assim não se repitam, serve de exemplo a demissão de Silvio Almeida. E a pergunta que se faz é a seguinte: o que leva um homem a querer invadir o universo da vontade de uma mulher?

Ai que saudade do Mário Lago e do Ataulfo Alves, também!

Cifra: Atire a primeira pedra (Ataulfo Alves e Mário Lago) |  MúsicaBrasileira.Online

Ataulfo e Lago, grandes parceiros e amigos

Paulo Peres
Poemas & Canções

O advogado, ator, radialista, poeta e letrista carioca Mário Lago (1911-2002) é autor de alguns clássicos da MPB, entre ele, “Ai Que Saudade da Amélia”, samba gravado por Ataulfo Alves, em 1941, pela Odeon, que popularizou o mito da Amélia: idealização da mulher que aceita tudo por amor, que é conformada com o destino. O samba de clima enfadonho, depressivo, melodia triste, traz um conteúdo polêmico que mobiliza os modos de comportamento ditados pela solidariedade e pelo afeto.

O feminismo dos anos 60 mostrou que a condição de gênero social (homem/mulher) é construída pela sociedade, pois esta determina os papéis que os homens e as mulheres devem desempenhar. Além disso, o feminismo desmascarou a falsa ideologia de que a condição biológica feminina impunha a mulher à vida doméstica.

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AI, QUE SAUDADE DA AMÉLIA
Ataulfo Alves e Mário Lago

Nunca vi fazer tanta exigência
Nem fazer o que você me faz
Você não sabe o que é consciência
Nem vê que eu sou um pobre rapaz
Você só pensa em luxo e riqueza
Tudo o que você vê, você quer
Ai, meu Deus, que saudade da Amélia
Aquilo sim é que era mulher
Às vezes passava fome ao meu lado
E achava bonito não ter o que comer
Quando me via contrariado
Dizia: “meu filho, o que se há de fazer!”
Amélia não tinha a menor vaidade
Amélia é que era mulher de verdade

Inquérito do assédio sexual requer tradução simultânea o tempo todo

De Simone Tebet a Silvio Almeida: a vida privada e amorosa dos ministros de Lula - Famosos - Extra Online

Almeida e a mulher, que trabalha na indústria da moda

Carlos Newton

Não pretendia voltar hoje ao assunto, mas é preciso dizer duas ou três coisas sobre assédio sexual e agressões a mulheres, a respeito da especialíssima situação do ex-ministro Silvio Almeida. É mais do que sabido que ocorrem distorções nesse tipo de denúncia. Por isso, é necessário um cuidado especial quando se trata de pessoa famosa, pois os prejuízos pessoais e profissionais podem ser destruidores, mas o presidente Lula da Silva preferiu tratar seu ministro como se ele fosse um colega seu de penitenciária.

Vejam o caso dessa professora Isabel Rodrigues, que publicou um vídeo nesta sexta-feira (6) em que acusa Silvio Almeida de tê-la tocado sem consentimento durante um almoço na presença de outras pessoas, em 2019, antes de se tornar ministro dos Direitos Humanos do governo Lula.

“Eu sentei do lado do Silvio. Ele estava do lado direito eu do lado esquerdo. Eu estava de saia. Ele levantou a saia e colocou a mão nas minhas partes íntimas com vontade”, disse Isabel Rodrigues, que é candidata pelo PSB à Câmara Municipal de Santo André, no ABC paulista.

NO ALMOÇO – O abuso, segundo ela, teria ocorrido durante um almoço coletivo na praça da República, no centro de São Paulo, no intervalo de um curso sobre necropolítica em que Silvio Almeida era um dos palestrantes. Em busca de votos, essa candidata quer nos fazer crer que ninguém viu nada? Em almoço, as pessoas não se amontoam, têm de sentar separadas uma das outras, para conseguirem manusear os talheres.

Mesmo assim, com uma incrível habilidade, Almeida teria levantado a saia dela e colocado a mão naquilo “com vontade”, sem que ninguém notasse seus movimentos e sem que ela, agredida, não reagisse, ficasse quietinha, ao invés de levantar e dar um tapa nele, conforme seria de se esperar.

A professora escreveu – e deve ter pensado muito ao fazê-lo – que “ele colocou a mão nas minhas partes íntimas com vontade”. E o que significaria “com vontade”? Ora, em tradução simultânea, que ele usou da força para a submeter em pleno almoço, enquanto mordiscava uma daquelas picanhas do Lula, e ninguém notou nada…

JOELHO OU COXA? – A outra denúncia, que causou a demissão dele, também precisa ser detalhada. A ministra da Igualdade Racial, aquela que gosta de usar jatinho da FAB para assistir jogo do Flamengo com as amigas, tem de informar, por exemplo, se estavam a uma mesa de refeição ou reunião e quem estava com eles. Com toda certeza, não estavam sozinhos, porque, quando duas pessoas se reúnem para comer ou debater algum assunto, uma se senta diante da outra, e não ao lado.

E a denúncia é: “No ano passado ele pegou na minha perna”. Isso significa que ele tocou no joelho dela, caso contrário, Anielle diria que “ele pegou na minha coxa”. Ninguém chama coxa de “perna”, quando o objetivo é dar conotação sexual. Então, estaríamos diante de um curioso “assédio sexual por toque no joelho”, algo até agora inexistente na literatura forense…

Essas reflexões são baseadas na teoria do Direito de que todo acusado tem “presunção de inocência”, um direito que Lula da Silva, para atender à primeira-dama, negou justamente a seu ministro que cuidava dos direitos humanos.

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P.S.
1Recentemente, aqui no Brasil, criou-se o contrário, “a presunção de culpa”, que não existe em nenhum país democrático. Usada pelo relator no TSE, foi a presunção de culpa que cassou o mandato do deputado Deltan Dallagnol. O relator era Benedito Gonçalves, aquele que foi investigado na Lava Jato, cujo filho gosta de exibir o enriquecimento ilícito na internet, ao vivo e a cores. Aliás, o ministro Gonçalves também era aquele que pedia ao empreiteiro Léo Pinheiro ingresso para jogo de futebol. Mas isso já é outra história…

P.S. 2Impressiona a atitude da subministra (ou secretária-geral) do ministério, Rita de Oliveira. Advogada, especialista em Direito Público, é defensora pública federal, coordenadora do grupo de trabalho de políticas etnorraciais da Defensoria Pública da União. Rita Oliveira não acredita na denúncia de assédio e pediu demissão imediatamente, quando soube que Lula mandara exonerar o ministro.

P.S. 3A esposa do ex-ministro, Ednéia Almeida, classificou as denúncias como “absurdas” e “injustas”. “Continue firme na sua missão; sei o quanto é difícil e quanto você tem incomodado aqueles que não gostam de você”, disse ela, que trabalha na indústria da moda, é belíssima e coloca no chinelo as acusadoras de seu marido. (C.N.)

Democracia está mesmo sob ameaça, porque existe conivência da sociedade

Oposição acha insustentável Moraes permanecer no STF - Diário do Poder

Moraes se tornou uma ameaça ao regime democrático

Luiz Felipe D’Avila
Estadão

Uma democracia está em perigo quando o Estado deixa de ser o garantidor das liberdades individuais e passa a censurar e perseguir cidadãos. Uma democracia está em perigo quando a Justiça deixa de ser a guardiã da Constituição e da lei e passa a ser o vetor do arbítrio do Estado. Uma democracia está em perigo quando as medidas de exceção passam a ser defendidas pelas autoridades governamentais e toleradas por uma parcela significativa da sociedade. Infelizmente, esses sintomas estão presentes no Brasil. Já não podemos mais afirmar que temos uma democracia plena no País.

Quando o Poder Judiciário deixa de ser o defensor da liberdade de expressão e se torna o censor nacional, o Estado Democrático de Direito cessa de existir e passamos a viver sob um regime de exceção.

O vazamento de troca de mensagens entre o juiz e os assessores do ministro Alexandre de Moraes é apenas a ponta do iceberg que retrata o aparelhamento da Justiça para censurar e perseguir os “inimigos” da Nação.

AJUSTAR O RELATÓRIO – Segundo as gravações, havia pedidos para “ajustar” o relatório a fim de que o ministro Moraes pudesse bloquear as redes sociais e multar um jornalista alvo da investigação. Em outra ocasião, existia um pedido de “criatividade” dos assessores para encontrar “provas” que permitissem o juiz a desmonetizar as mídias sociais de uma revista.

Como é possível o aparelhamento escancarado da Justiça para censurar pessoas e veículos quando a Constituição garante a liberdade de expressão (artigo 5.º) e proíbe qualquer tipo de censura política ou ideológica (artigo 220)?

Os fatos mostram que os censores de toga têm método. Em 2019, o ministro Dias Toffoli sentiu-se ofendido por uma matéria jornalística que retratou o escândalo da Lava Jato e o envolvimento do seu nome numa lista de potenciais receptores de propina da empreiteira Odebrecht. A reportagem era um compilado de informações que já haviam sido exaustivamente publicadas nos principais jornais e revistas do País sobre o “amigo do amigo do meu pai”.

ATAQUE AO STF? – Mas Toffoli entendeu que a crítica a sua pessoa representava um ataque ao Supremo Tribunal Federal e escolheu o novato ministro Alexandre de Moraes para tratar do caso. Além de censurar a revista Crusoé e obrigá-la a retirar a matéria do ar, Moraes instaurou o famigerado inquérito das fake news. Não existe no ordenamento jurídico brasileiro a criação de inquéritos sem objeto específico, conduzido sob sigilo e por prazo indeterminado.

O inquérito das fake news tornou-se o cavalo de Troia para transformar o Judiciário no poder arbitrário do Estado. O seu desdobramento gerou outros inquéritos e imensa concentração de poder nas mãos da Suprema Corte. O desfecho foi desastroso para a democracia.

O ministro Alexandre de Moraes se transformou no investigador de denúncias, acusador de pessoas e julgador dos casos, resultando em prisões arbitrárias, multas exorbitantes, censura de pessoas, veículos jornalísticos e redes sociais e perseguição política de “golpistas” – um termo genérico para enquadrar pessoas que criticam os donos do poder. Trata-se de uma aberração jurídica que viola os fundamentos da democracia, da ampla defesa e do devido processo legal.

HÁ CONIVÊNCIA – Mas não se destrói a democracia apenas com o abuso de poder de juízes; é preciso de um ingrediente essencial: a conivência da sociedade. A cumplicidade da sociedade com o desmantelamento da democracia é um fato abjeto dos nossos tempos. Ela é fruto da gradual tolerância com a intolerância que minou a diversidade de pensamento e de opiniões.

Essa conivência deriva da erosão dos valores, tradições e civilidade que mantinham a amálgama social e da ascensão da polarização, do populismo e do radicalismo político. A sociedade do espetáculo, como nos lembra Vargas Llosa, “em vez de promover o indivíduo, imbeciliza-o, privando-o da lucidez e livre-arbítrio”.

Nesse ambiente tóxico, onde reina a intolerância, o populismo e o radicalismo, surgem narrativas distópicas. Para salvar a democracia, é preciso censurar, prender e perseguir os “golpistas”. Para preservar o Estado de Direito, é necessário cercear a liberdade de expressão e violar os direitos fundamentais do cidadão.

SEM LIBERDADE – Em suma, para preservar a ordem, é imperioso sufocar a liberdade. Trata-se de uma justificativa imoral de governantes que usurpam dos princípios democráticos para implementar um regime autoritário, como é o caso de Vladimir Putin na Rússia.

Não podemos trilhar esse caminho. Os democratas precisam se unir para defender a liberdade e a democracia. A imprensa não pode ser a trincheira de jornalista militante e ignorar sua missão de buscar a verdade dos fatos. A sala de aula não pode ser local onde se censura o debate de ideias, o pensamento crítico e se prega o conformismo de dogmas ideológicos. As empresas não podem se curvar à tirania do identitarismo.

Se nos conformarmos com a redução da liberdade de expressão nos espaços público e privado, vamos criar uma geração que acha “normal” censura, cancelamento e repressão do Estado. Esse é o começo do fim da democracia e da liberdade.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Belíssimo artigo do cientista político Luiz Felipe D’Avila, que foi candidato a presidente da República pelo partido Novo. Suas afirmações são inquestionáveis. Deveria ter sido candidato a deputado. Sua presença na política é muito importante.  (C.N.)

Substituta do ministro não acredita no assédio a Anielle e pede demissão

Número 2 do Ministério dos Direitos Humanos pede demissão

Rita destaca ‘lealdade, respeito e admiração eternos’

Pedro Teixeira
da CNN

Rita Cristina de Oliveira, que era secretária-executiva do Ministério dos Direitos Humanos, pediu demissão na noite desta sexta-feira (6). O pedido ocorreu pouco depois de o titular da pasta, Silvio Almeida, ser demitido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por acusação de assédio sexual.

O governo chegou a informar que Rita substituiria interinamente Almeida, seguindo o que está previsto na legislação: na ausência do ministro é o secretário-executivo que ocupa a função.

SOLIDARIEDADE – Contudo, uma hora e meia após a demissão de Almeida ser comunicada, Rita publicou em uma rede social uma declaração de apoio ao ex-chefe. “Eu nunca vou soltar sua mão. Lealdade, respeito e admiração eternos”, escreveu a ex-número 2 do Ministério dos Direitos Humanos

A CNN apurou que a o pedido de demissão de Rita deve ser oficializada em edição extra do Diário Oficial da União (DOU).

Em nota, Silvio Almeida disse “repudiar com absoluta veemência as mentiras que estão sendo assacadas contra” ele. Alegou ainda que as denúncias não têm “materialidade” e são baseadas em “ilações” e que o objetivo das acusações são lhe “prejudicar” e “bloquear seu futuro”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Mais um indicativo a favor do ex-ministro Silvio Almeida. Sua substituta não titubeou em apoiá-lo. Entregou o cargo praticamente de imediato, hipotecando solidariedade. Um gesto nobre e desprendido, que precisa ser levado em consideração. Rita Cristina de Oliveira, uma mulher bela por fora e por dentro, demonstra ser uma pessoa de caráter, que não usa jatinho da FAB para assistir jogo de Flamengo com as amigas. (C.N.)

Bolsonaro chama Moraes de ‘ditador’ e pede que Senado coloque um ‘freio’

Durante ato na Avenida Paulista, ex-presidente pediu que o Senado coloque um 'freio' no ministro Alexandre de Moraes, do STF

Bolsonaro se emocionou no novo ato na Avenida Paulista

Bianca Gomes
Estadão

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu neste sábado, 7, para que o Senado Federal coloque um “freio” no ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, a quem chamou de “ditador”. Num discurso emocionado, sete meses depois de ter reunindo uma multidão na Avenida Paulista, o ex-presidente voltou a um dos cartões-postais da cidade, relembrou a facada que sofreu em 2018 e defendeu, novamente, a tese nunca comprovada de que sua vitória na eleição daquele ano foi resultado de uma “falha no sistema” eleitoral. Bolsonaro ainda acusou Moraes de conduzir as eleições de 2022 de maneira “parcial” e de “escolher seus alvos” em inquéritos.

“Devemos botar freio, através dos dispositivos constitucionais, naqueles que saem, que rompem o limite das quatro linhas da nossa Constituição. E eu espero que o Senado Federal bote um freio em Alexandre de Moraes, esse ditador que faz mais mal ao Brasil que o próprio Luiz Inácio Lula da Silva”, discursou o ex-presidente, que criticou a condenação que levou à sua inelegibilidade.

ALVOS DE MORAES – “Para evitar que eu tivesse chance de voltar, decretaram a minha inelegibilidade. Uma delas porque me reuni com embaixadores”, continuou discursando o ex-presidente, sem explicar que durante essa reunião ele fez diversas alegações falsas sobre o sistema eleitoral brasileiro.

“Esses inquéritos, que dali se derivaram outros, em cima de ditas petições, deram amplos poderes a Alexandre de Moraes, que escolheu seus alvos, incluindo meu filho Eduardo Bolsonaro, o que foi ratificado nos áudios vazados na operação agora conhecida como Lava Toga”, afirmou.

Bolsonaro ainda acusou Alexandre de Moraes de conduzir as eleições de 2022 de forma parcial, enquanto presidia o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo o ex-presidente, ele não podia “fazer nada”, como “transmitir lives de casa”, “exibir imagens do 7 de Setembro” ou “associar Lula a ditadores da América do Sul”, enquanto “o outro lado podia tudo”, “inclusive” chamá-lo de “genocida”.

NÃO FOI GOLPE – O ex-presidente chamou os atos golpistas do 8 de janeiro de “armação” e pediu a anistia aos presos.

“Quis Deus que eu me ausentasse do País no dia 30 de dezembro. Algo ia acontecer. Eu tinha esse pressentimento, mas não sabia que seria aquilo”, afirmou Bolsonaro, classificando o episódio de depredação da Praça dos Três Poderes como “uma catarse”.

“Aquilo jamais foi um golpe de Estado e estamos vendo pessoas ainda serem julgadas e condenadas como integrantes de um grupo armado que visava mudar o nosso Estado Democrático de Direito. E eu lamento por essas pessoas presas”, concluiu o ex-presidente, reforçando a necessidade de a Câmara aprovar a anistia aos presos no 8 de janeiro.

Silas Malafaia pede impeachment e prisão de Moraes ao discursar no 7 de Setembro

Malafaia voltou a atacar o ministro Alexandre de Moraes

Deu na Veja

Organizador do ato de 7 de setembro neste sábado na Avenida Paulista, em São Paulo, o pastor Silas Malafaia, amigo do ex-presidente Jair Bolsonaro, defendeu o impeachment do ministro do STF, Alexandre de Moraes, e também a prisão durante seu discurso no evento. Durante sua fala, Malafaia criticou o ministro e listou uma série de crimes que Moraes teria cometido na condução de inquéritos contra Bolsonaro e outros aliados.

“Vai chegar a hora de Alexandre de Moraes prestar contas. Ele é um ditador de toga. O inquérito de 8 de janeiro é uma farsa dele para produzir perseguição política. Ele censurou, gente. Estou mostrando artigos da constituição que ele rasgou”, afirmou o pastor para centenas de manifestantes que faziam gritos de protesto contra o ministro do STF. “Ele não merece só o impeachment. Ele tem que ir para a cadeia. Lugar de criminoso é na cadeia”, completou Malafaia.

COBRANÇA – Ainda durante seu discurso, o aliado do ex-presidente fez críticas ao presidente do Congresso, o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG). O pastor cobrou o senador por não colocar em votação os pedidos de impeachment contra Alexandre de Moraes.

“Senhor Rodrigo Pacheco, qual legado o senhor vai deixar para sua família e para as outras gerações? O senhor está sentado em cima do impeachment de Alexandre de Moraes”, provocou o pastor, que também mandou recados a outros ministros da Suprema Corte.

“Ministros do Supremo: os senhores estão jogando na lata do lixo a reputação da mais alta Corte. Estão jogando na lata do lixo a vossa reputação. O STF não é uma confraria de amigos para proteger “Ministros do Supremo: os senhores estão jogando na lata do lixo a reputação da mais alta Corte. Estão jogando na lata do lixo a vossa reputação. O STF não é uma confraria de amigos para proteger amigo criminoso”, atacou.

Na Paulista, Eduardo puxa ‘fora, Xandão’ e Tarcísio defende a volta de Bolsonaro

Apoiadores de Bolsonaro ocupam Avenida Paulista em ato convocado pelo  ex-presidente

Um público imenso, porém menor do que no ato anterior

Deu no UOL

Deputados federais, senadores e o goverdor Tarcísio de Freitas (Republicanos) discursaram durante o ato bolsonarista contra o ministro do STF Alexandre de Moraes, na tarde deste sábado, na Avenida Paulista, em São Paulo. A multidão ocupou alguns quarteirões; o público é enorme, porém menor do que no ato realizado em fevereiro. Um forte esquema de segurança foi montado para o ato organizado pelo pastor Silas Malafaia, aliado de Bolsonaro.

Eduardo Bolsonaro foi o primeiro a falar e puxou o coro “Fora, Xandão”. Ele pediu “anistia aos presos políticos”, em referência aos presos pelo ato golpista de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas e depredadas.

VOLTA DE BOLSONARO – O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) não citou Moraes em seu discurso. Pediu a volta de Jair Bolsonaro (PL), falou em defesa da liberdade, citou “presos políticos” e pediu “anistia”, também em referência aos presos pelo ato golpista de 8/1. “A direita dá resultado, estamos do lado do povo. Saudades de Bolsonaro”, declarou Tarcísio, cujo nome é citado pela direita para disputar as eleições presidenciais em 2026 —Bolsonaro está inelegível. Hoje pela manhã, Bolsonaro foi atendido no hospital Albert Einstein pela manhã, antes de ir para Paulista. Ele recebeu atendimento após apresentar sintomas de gripe e rouquidão, segundo aliados.

Ricardo Nunes (MDB) subiu ao trio, porém não foi anunciado. O prefeito de São Paulo e candidato à reeleição é apoiado por Bolsonaro, mas essa relação está estremecida, com políticos bolsonaristas migrando para o candidato Pablo Marçal (PRTB).

Discursaram deputados e senadores. Além de Eduardo Bolsonaro, falaram ao público os deputados Bia Kicis (PL), Júlia Zanatta (PL), Gustavo Gayer (PL) e Nikolas Ferreira (PL) e o senador Magno Malta (PL). Eles pediram o impeachment de Moraes e também mencionaram o banimento da rede social do X, por decisão do STF, que foi referendada pela Primeira Turma do STF.

VÍDEO DO MITO – Mais cedo, Bolsonaro publicou vídeo no Instagram convidando apoiadores para o ato na Paulista. Ele criticou os eventos tradicionais do 7 de Setembro “patrocinados pelo governo Lula”.

“Essa semana não é a semana da independência, um país sem liberdade não pode comemorar nada nessa data”, disse. No vídeo, Bolsonaro não aparentava rouquidão, mas ele pode ter sido gravado anteriormente.

Por volta das 13h10, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, chegou ao ato. Por determinação do STF, o líder do PL não pode manter contato com Bolsonaro. Ambos são investigados por uma suposta articulação golpista do 8 de janeiro. O ex-presidente ainda não tinha chegado ao ato.

PANFLETOS  – Manifestantes distribuem panfletos simulando a carteira de trabalho e previdência social. Com a frase “exorcizando esquerdista”, a carteira foi distribuída em santinhos, exposta em cima de trios e em bandeiras.

Os manifestantes que aderiram ao uso da carteira na manifestação apoiam o candidato do PRTB, Pablo Marçal, que protagonizou um embate com Guilherme Boulos (PSOL), envolvendo o documento.

E a grande expectativa era se Bolsonaro iria comparecer.

STF precisa evitar excessos que possam fortalecer os “inimigos da democracia”

Gilmar Fraga: a democracia... | GZH

Charge do Gilmar Fraga (Gaúcha/Zero Hora)

Eliane Cantanhêde
Estadão

Os cinco ministros da Primeira Turma do STF rechaçaram energicamente e por unanimidade a prepotência de Elon Musk ao descumprir decisões judiciais no Brasil, mas… houve ressalvas às decisões do relator Alexandre de Moraes e sinais favoráveis a negociações tanto com o X quanto com a Starlink, outra empresa do grupo, buscando saídas para o impasse.

Assim, a Primeira Turma reforçou a união a favor de Moraes e contra os ataques externos, mas deixando no ar o incômodo de parte do conjunto de ministros com a teimosia de Moraes, que, segundo um colega, “não gosta de ser controlado, mas quer controlar todo mundo” e tem imensa dificuldade para recuar, mesmo quando extrapola e enfraquece a imagem do Supremo.

UNANIMIDADE? – Se o julgamento fosse no plenário, não na Primeira Turma, haveria unanimidade? Há quem acredite que não. Assim, Musk é indefensável e usa seu poder, suas empresas e seus bilhões de dólares com objetivo ideológico evidente, mas está provocando, por linhas tortas, uma reflexão e um freio de arrumação na corte.

O caldo ameaça entornar quando cidadãos comuns encampam o discurso malicioso do bolsonarismo, que usa seus próprios conceitos de democracia e liberdade de expressão para embaralhar a realidade de que o Supremo foi a linha de frente da resistência a um golpe de Estado e tentar acusá-lo do contrário: de ameaçar o Estado Democrático de Direito. Aliás, por onde anda o “patriotismo” bolsonarista? Só servia para invadir e vandalizar as sedes dos Três Poderes pedindo golpe? E evapora diante do dono da maior fortuna dos EUA, que debocha da Justiça brasileira e do Brasil?

É preciso conter os ataques desse tipo e reagir a eles, mas isso não significa que Alexandre de Moraes seja dono da verdade, o Supremo seja uma bolha que independe de legitimidade e do respeito da opinião pública e da sociedade e possa insistir em exemplos que confundem e constrangem: primeiro o apoio épico à Lava Jato, depois toda a reviravolta que levou tudo à estaca zero e ao desmonte, pedra por pedra, de condenações e prisões de Lula, políticos e grandes empresários e até de acordos de leniência e multas, como os da JBS e da ex-Odebrecht. E há, ainda, os avanços sobre Executivo e Legislativo — às vezes, com boas razões, como nas emendas parlamentares; às vezes, questionáveis.

FALSAS BANDEIRAS – Esse acúmulo vai dando discurso a grupos que se escondem por trás das bandeiras Deus, pátria, família, liberdade de imprensa e democracia para atacar justamente a democracia. E chegamos a um momento crítico quando um estrangeiro bilionário debocha da soberania do Brasil e, em vez de se levantar contra o abuso, o País se divide, com amplos setores da sociedade tomando o partido do “invasor” contra o Supremo e tentando transformar Alexandre de Moraes, de defensor da democracia, em ditador.

O esforço para rebater a onda negativa, com a decisão do ministro Dias Toffoli que manda executar, anos depois, a prisão dos condenados pelos 242 mortos na tragédia da boate Kiss, não parece ser suficiente. A decisão vinha sendo cobrada e é importante, mas será que foi anunciada nesta segunda-feira, horas depois da unanimidade a favor de Moraes na Primeira Turma, por pura coincidência? Ninguém acredita, porque todo mundo sabe que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa e isso não vai abafar o enorme debate nacional sobre a suspensão do X e a guerra com Musk.

Logo, o freio de arrumação é necessário. É preciso baixar a bola, engolir a teimosia e evitar qualquer tipo de excesso que alimente os inimigos do estado democrático de direito, conquistado a duras penas no País. Partir para cima de Musk e do X, sim. Jogar a Starlink, o VPN e os 20 a 21 milhões de usuários do X na mesma fogueira, não. O Supremo foi e é fundamental para a nossa democracia — não pode deixar de ser supremo.

“Colocou a mão nas minhas partes íntimas”, diz candidata a vereadora

Também fui vítima de violência sexual do ministro Silvio Almeida" - Crusoé

Piada do Ano! Professora não protestou contra o assédio

Deu na Folha

Uma professora e candidata pelo PSB à Câmara Municipal de Santo André, no ABC paulista, publicou um vídeo nesta sexta-feira (6) em que acusa Silvio Almeida de tê-la tocado sem consentimento durante um almoço na presença de outras pessoas, em 2019, antes de ele se tornar ministro dos Direitos Humanos do governo Lula (PT).

“Eu sentei do lado do Silvio. Ele estava do lado direito eu do lado esquerdo. Eu estava de saia. Ele levantou a saia e colocou a mão nas minhas partes íntimas com vontade”, disse Isabel Rodrigues, em vídeo publicado no Instagram.

NO ALMOÇO – O abuso, segundo ela, teria ocorrido durante um almoço na praça da República, no centro de São Paulo, no intervalo de um curso sobre necropolítica em que Silvio Almeida era um dos palestrantes.

O episódio foi relatado por Isabel após Silvio Almeida ser alvo de denúncias de assédio recolhidas pela ONG Me Too Brasil e reveladas pelo portal Metrópoles. Uma das vítimas seria a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.

O Ministério dos Direitos Humanos foi procurado, mas não enviou posicionamento oficial até a publicação desta reportagem. Almeida repudiou na quinta (5) as acusações anteriores de assédio e disse serem ilações e mentiras. Ele foi demitido no final do dia pelo presidente.

“VOCÊ ESTÁ LOUCA?” – Isabel afirmou em seu vídeo ter ligado para Almeida para confrontá-lo sobre o caso. “Você está louca, Isabel”, ele teria dito, segundo ela. “Quantas vezes nos encontramos e não aconteceu nada?”. Depois, ainda segundo a professora, Almeida teria dito que estava mal e que conversaria com uma terapeuta “por ter feito mal a uma amiga de quem gostava muito”.

Almeida negou acusações anteriores em nota divulgada na quinta. “Repudio com absoluta veemência as mentiras que estão sendo assacadas contra mim”, diz o texto.

“Repudio tais acusações com a força do amor e do respeito que tenho pela minha esposa e pela minha amada filha de 1 ano de idade, em meio à luta que travo, diariamente, em favor dos direitos humanos e da cidadania neste país”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Em busca de votos, de repente a candidata lembra ter sido vítima de assédio cinco anos atrás. E faz um relato impressionante. “Ele levantou a saia e colocou a mão nas minhas partes íntimas com vontade”, denuncia agora. Quer dizer que eles estavam em grupo num restaurante, ele largou o talher e enfiou aquela mão enorme na xoxota dela, ela não deu um tapa na cara dele, não protestou, nada, nada, e pretende que a gente acredite, fique com peninha e vote nela? É uma boa Piada do Ano. (C.N.)

Lula criticou Silvio Almeida por ter usado o ministério para se defender

Lula manda governo ignorar 60 anos do golpe militar - 12/03/2024 - Poder - Folha

Lula disse que a situação do ministro era insustentável

Deu na Folha

A conversa entre Lula (PT) e Silvio Almeida que selou a demissão do ministro dos Direitos Humanos foi marcada por uma fala ríspida e direta do presidente, que afirmou que a situação do subordinado tinha ficado insustentável. Lula falou que, diante da gravidade da denúncia de assédio sexual, Almeida não tinha mais condições de permanecer na pasta. E acrescentou que ele não tinha o direito de usar a estrutura do ministério para fazer a sua defesa pessoal.

De acordo com relatos, Lula disse que só o ministro, Anielle Franco e Deus sabem exatamente o que aconteceu entre os dois, referindo-se às acusações de que a titular da Igualdade Racial teria sido uma das assediadas. Mas que é dever do Estado a proteção das vítimas. Lula disse ainda que Almeida tem todo o direito de se defender, mas não à frente do Ministério dos Direitos Humanos.

IRRITAÇÃO – Aliados dizem que irritou Lula o fato de Almeida ter publicado notas da pasta para negar as acusações e criticar a organização Me Too Brasil, que afirmou ter recebido denúncias de assédio contra ele.

Silvio Almeida foi chamado ao Palácio do Planalto e chegou por volta das 18h. Saiu demitido do gabinete presidencial menos de uma hora depois.

Interlocutores da cúpula do governo afirmam que a maior parte do encontro ocorreu com Silvio Almeida apresentando a sua defesa para o presidente. O ministro demitido chorou diante de Lula, lembrou que tem uma filha de um ano de idade e que recentemente foi homenageado por seus alunos. Ele também se disse vítima de armação.

A demissão de Silvio Almeida foi anunciada por meio de uma nota da Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República). Em um tom duro, o texto cita “graves denúncias” e que Lula considerou “insustentável” a permanência do ministro.

COMUNICADO – “Diante das graves denúncias contra o ministro Silvio Almeida e depois de convocá-lo para uma conversa no Palácio do Planalto, no início da noite desta sexta-feira (6), o presidente Lula decidiu pela demissão do titular da Pasta de Direitos Humanos e Cidadania”, diz o comunicado.

“O presidente considera insustentável a manutenção do ministro no cargo considerando a natureza das acusações de assédio sexual.”

O caso veio à tona na tarde de quinta (5), após a organização Me Too Brasil afirmar ter recebido acusações de assédio contra o então ministro. O portal Metrópoles, que divulgou o caso primeiramente, informou que uma das vítimas seria Anielle. As informações foram confirmadas pela Folha.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Lula julgou, condenou e demitiu o ministro, tudo de uma vez só. E agora, começam a chegar outras supostas acusações, sem a menor base em fatos materiais, que vamos analisar aqui.
(C.N.)

Boulos, Marçal e Nunes empatam na liderança pela Prefeitura de São Paulo

Corrida eleitoral em São Paulo está indefinida com empate técnico

Pedro do Coutto

Sem dúvida, a luta pela Prefeitura de São Paulo apresenta, segundo o DataFolha, um desfecho imprevisível. Guilherme Boulos (PSOL), Pablo Marçal (PRTB) e Ricardo Nunes (MDB) estão empatados tecnicamente, liderando as intenções de voto. Boulos aparece com 23%.

Logo em seguida estão Marçal e Nunes, com 22% cada. Em quarto lugar está Tábata Amaral (PSB), com 9%. Datena (PSDB) caiu para quinto lugar, agora com 4%. Marina Helena (Novo) está com 3%. Bebeto Haddad (DC) e Ricardo Senese (UP) somam 1% das intenções de voto cada. Votos brancos ou nulos contabilizaram 8%, e 4% não souberam responder. A margem de erro é de três pontos para mais ou para menos.

DESTAQUE – Quando o entrevistado foi perguntado sobre em quem pretende votar, sem ser informado dos nomes possíveis, Boulos se destacou com 19% das intenções de voto – frente os 17% indicados na pesquisa anterior. Já Marçal foi de 13% para 15%, e Nunes de 7% para 10%. Tabata se manteve em 4%, e Datena caiu de 2% para 1%.

Boulos e Marçal também se destacam quando o assunto é rejeição. Segundo o Datafolha, 38% dos eleitores afirmam que não votariam no autodenominado ex-coach, e 37% não dariam voto ao candidato do PSOL.

SEGUNDO TURNO – Já o prefeito Ricardo Nunes é rechaçado por 21% dos eleitores. Em caso de segundo turno, segundo simulação feita pela pesquisa, Ricardo Nunes e Boulos venceriam Pablo Marçal. No embate entre Nunes e Marçal, a disputa seria de 53% a 31%. Já entre Boulos e Marçal, o resultado ficaria em 45% a 39%.

Em um cenário de Nunes contra Boulos, os percentuais seriam de 49% a 37%. Sendo assim, em todos esses cenários de segundo turno, Nunes aparece como o preferido no levantamento. Marçal está se revelando um fenômeno, subindo de 14 pontos para 22. Ao meu ver, o entusiasmo é que decidirá os resultados, já que os apoios políticos já foram traçados. A situação eleitoral em São Paulo é, portanto, indefinida, ao contrário de outros estados em que os quadros parecem mais claros.