“Ouça”, um grande sucesso que surgiu do coração de Maysa

Se estivesse viva, Maysa faria 80 anos nessa segunda-feira – MONDO MODA

Maysa, sempre bela, atraente e talentosa

Paulo Peres
Poemas & Canções 

A cantora e compositora paulista Maysa Figueira Monjardim Matarazzo (1936-1977) gravou no Lp Maysa, em 1957, pela RGE, o samba-canção “Ouça”, composto por ela mesmo para desabafar as dores do seu casamento. Tudo por que o seu marido não queria mais sua esposa como artista, pois isso não era bem visto naquela época. Uma canção que brotou do fundo do coração da grande compositora e cantora

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OUÇA
Maysa

Ouça, vá viver
Sua vida com outro bem,
Hoje eu já cansei
De pra você não ser ninguém.

O passado não foi o bastante pra lhe convencer
Que o futuro seria bem grande só eu e você.

Quando a lembrança com você for morar
E bem baixinho de saudade você chorar,
Vai lembrar que um dia existiu
Um alguém que só carinho pediu
E você fez questão de não dar,
Fez questão de negar.

Elon Musk tem qualidades e defeitos, mas está certo ao recusar bloqueios

The Elon Musk industrial complex, Proteja seus palpites com a jogo da bombinha para ganhar dinheiro - pgeb-uff.com.br

Parodiando Carlos Lira e Vinicius, Musk é um pobre menino rico

Carlos Newton

São extremamente ridículas algumas queixas que estão sendo feitas ao empresário americano Elon Musk. Como todas as demais pessoas, ele erra e acerta. Chega até a ser surpreendente seu sucesso empresarial, porque investe pesado em ramos de dificílimo retorno, como as missões espaciais da SpaceX. Na vida pessoal, é como todos os demais ultramilionários. Julgam ser o máximo, mas não conseguem ser felizes.

Já se casou algumas vezes, tem vários filhos, mas está difícil encontrar uma mulher que o ame mais do que ao seu dinheiro e à sua fama. Não teve a mesma sorte de Eric Clepton, Nelson Gonçalves, Zé Ramalho e Roberto Carlos, que até conseguiu a felicidade, ao conhecer Maria Rita, mas ela se foi prematuramente, o rei ficou sem rainha, deixou o trono vazio.

Musk é mais útil do que outros superbilionários, como Bill Gates, da Microsoft, que construiu uma casa com 100 quartos, e dá para sentir sua paranoia naquelas feições enrugadas antes da hora, ou Mark Zuckerberg, criador do Facebook, que é mão fechada, não pensa em projetos sociais ou em benefício da humanidade, mas é feliz na vida familiar, casado com uma colega de universidade. Em 2015, ele prometeu doar 99% das ações do Facebook, que correspondem à metade de sua fortuna, mas até agora não doou nada.  

O MELHOR – De todos esses bilionários da era da informática, cada um mais desajustado do que o outro, Elon Musk é mais bem-intencionado, porque investe sua riqueza em pesquisas para curar doenças, inclusive com uso da Inteligência Artificial, e gasta parte da fortuna no futuro da humanidade.

Todos sabem que a vida na Terra pode ser novamente extinta de uma hora para a outra, com o choque de algum asteroide de médio porte (apenas 500 metros de diâmetro).

Vários deles já foram mapeados pelos astrônomos e têm data para se aproximar da Terra – alguns, mais cedo, outros, dentro de alguns séculos. O programa da SpaceX é para salvar a vida na Terra, explodindo o asteroide em curso ou colonizando outro planeta. Não há a menor especulação nisso, tudo é rigorosamente verdadeiro, fácil de conferir.

Fico triste quando veja Musk ser ridicularizado por pessoas da pior espécie, como Lula da Silva, o Barba. Nosso presidente, em sua ignorância sesquipedal, acha que Musk é maluco e quer morar em Marte. Aqui na Tribuna da Internet, certos ataques ao empresário são também inqualificáveis.

IGNORÂNCIA – Como dizia François Rabelais, há 500 anos atrás, a ignorância é a mãe de todos os males. Musk merece críticas por muitas razões, mas está certíssimo ao enfrentar Alexandre de Moraes e os pseudos juristas que infectam o Supremo. Em nenhum momento o empresário americano defende fake news e outras distorções nas redes sociais. O que ele propõe é que ninguém seja justiçado e todos tenham direito ao devido processo legal.

Mas o destrutivo Moraes faz exatamente o contrário, criando processos sigilosos e condenando sem haver direito de defesa, acesso aos autos, presunção de inocência, contraditório e direito a recurso.

A meu ver, a mais odienta criação do ministro foi a “presunção de culpa”, algo inimaginável em países democráticos e que serviu para cassar o deputado Deltan Dallagnol, na tese do relator Benedito Gonçalves, aquele ministro investigado na Lava Jato, cujo filho gosta de exibir na Europa o enriquecimento ilícito.

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P.S.
Bem, há para todas as coisas um tempo, diz a Bíblia. Não importa o que os autoproclamados “juristas” do Supremo digam, podem chamar Elon Musk de nazista, racista, fascista e outros adjetivos de igual teor, nada disso mudará o fato de que ele está com a razão, porque a Suprema Corte brasileira hoje pratica uma justiça desqualificada, de fazer inveja à Guiné Equatorial. (C.N.)

Retrocesso brasileiro pode ser calculado e demonstrado a partir da Constituinte

 Réplica gigante da Constituição é colocada em frente ao Palácio do Planalto

Aos poucos, está sendo destruído o trabalho da Constituinte

Conrado Hübner Mendes
Folha

Do casamento da democracia com o constitucionalismo nasceu o regime com maior legitimidade moral na história da política. Um casamento conturbado. Enquanto uma pede poder para o povo, o outro pede limite. Enquanto uma carrega a vontade agonística de governar, o outro pede moderação. Uma extravasa o desejo coletivo, o outro institucionaliza controle.

Democracias constitucionais minimamente merecedoras do nome ainda gozam de credencial de legitimidade padrão ouro. Eleições livres, competição entre adversários, possibilitar ao derrotado ser vitorioso amanhã e vice-versa; desconcentrar o poder político e econômico, proteger direitos, garantir que a fúria das maiorias não suprima a liberdade das minorias, que os mais fortes não esmaguem os mais fracos: há tensões por onde se olhe.

MUITA FARSA – As constituições brasileiras tentaram se matricular nessa tradição do constitucionalismo democrático. Uma história bastante farsesca: constituições sem democracia, sem sufrágio universal, sem eleições isentas de fraude, sem Judiciário independente, sem proteção de liberdades, textos redigidos nas salinhas de estar da elite branca. Constituições sem constitucionalismo.

A de 1988 tentou entregar algo diferente. Produzida por Congresso constituinte pós-ditadura, politicamente mais diverso, permeado por inédita participação de múltiplos grupos sociais (e outros corporativistas). Mesmo vigiada por militares, que aceitaram a transição para a democracia desde que permanecessem intocados fora dela, saiu da Constituinte um texto inovador nas promessas, criativo na engenharia institucional. Um pacto de equilíbrio, ideologicamente eclético, não revolucionário.

Pela primeira vez um compromisso claro de reduzir pobreza e desigualdades, de proteção da função social da propriedade, do ambiente e das futuras gerações, de povos originários, de ampliação de políticas públicas, de direitos universais e sistemas públicos de saúde e educação, de livre concorrência.

RETROCESSO- Era um compromisso de redução gradual do PIBB (Produto Interno da Brutalidade Brasileira) e de nosso entulho autoritário. Passados 35 anos, apesar dos avanços em programas sociais, o PIBB aumentou. O entulho autoritário virou estoque renovado. A dívida histórica parou na nota promissória.

Mas generalização retórica não basta. A medida do retrocesso precisa ser calculada. Empiricamente e normativamente. Não há parâmetro melhor para essa contabilidade do que voltar ao texto dessa momentânea pretensão constitucionalista, quando foi possível olhar o passado e imaginar o futuro a partir da utopia, da esperança e do ideal de progresso, não da distopia, do pessimismo e da expectativa inevitável do retrocesso.

A marcha do retrocesso entrou numa nova fase. Descobriram estar fácil esvaziar ou destruir a Constituição sem mudar seu texto, sem decretar formalmente seu fim. O plano de liquidação de ativos constitucionais se expressa, por um lado, numa tenebrosa agenda legislativa. Por outro, por arranjos informais entre os Poderes que rejeitam institucionalidade.

TUDO AO CONTRÁRIO – No varejo cotidiano de nossas indignações, perdemos de vista a magnitude do projeto: turbinar o colapso climático, multiplicar o fogo e o desmatamento, privatizar acesso a praias, anistiar golpistas, militarizar escolas, milicianizar polícias, legalizar milícias, armar milicianos, prender meninas estupradas e aliviar pena do estuprador de meninas, violentar indígenas, afagar milicos, desinvestir em direitos, transformar a família constitucional em família colonial e patriarcal.

Enfim, transformar jurisdição em negociação de direitos indisponíveis, legislação em alocação clientelista de orçamentos secretos, sufocar capacidade governamental do Executivo.

Caracterizar o momento como um embate entre esquerda e direita perde de vista um confronto mais profundo entre Constituição e forças pré-constitucionais e extremistas. Ainda nos resta, pelo menos, o argumento constitucional. Que não pode permanecer monopólio de juristas. Para que consigamos, pelo menos, descrever o que se passa e contar essa história. Assim poderia começar o prefácio a um manifesto constitucionalista.

Barroso se esforça para esconder que Moraes investiga o que bem entender

Barroso apoia PEC dos Quinquênios para 'valorizar' juízes, mas 'sem abusos'  - Folha PE

Defender Moraes passou a ser a pior missão de Barroso

Carlos Andreazza
Estadão

Luís Roberto Barroso deu entrevista à Folha. Aula de indeterminação, ou não teria meios de defender-avalizar o colega. Informou-nos de que “vazamento é vazamento”. Não é, não. Alexandre de Moraes não “está investigando um vazamento” – não um de que se possa omitir o complemento.

Está investigando o vazamento de mensagens em que assessores seus articulam como esquentar ordens suas, instrumentalizado o poder de polícia do TSE. O vazamento de mensagens em que é a voz – o delegado – que se ocultava, em proteção ao juiz-total. Ele, Moraes.

TUDO ERRADO – Por que o inquérito sobre esse vazamento está no STF, se o assessor investigado – escolhido por Moraes para a fachada do órgão de combate à desinformação do TSE – não tem foro por prerrogativa de função?

Não há impedimento para a encarnação do estado democrático de direito. Sob o 8 de janeiro permanente: Moraes investiga o que quer; tem a jurisdição que quiser; o Supremo lhe sustentando a liberdade até de censurar em defesa da democracia. Ele é a democracia; e estamos em vigília contra o golpe. A democracia que censura. Justificada.

Falta a vítima. Ele [Moraes] não é vítima do crime. A vítima do crime é a administração da Justiça quando há um vazamento ilegal. Ele não é vítima do vazamento. Quem é a vítima do que os diálogos vazados revelam na forja – “use a criatividade” – de relatórios para lavar encomendas do juiz à alfaiataria? A Justiça no Brasil investiga apenas o vazamento. Não o que expõe. Barroso considera “tempestade fictícia” o que as mensagens evidenciam.

AMPLIDÃO TOTAL – A jurisdição xandônica – o direito de escolher o que e como investigar – é produto dos experimentos tocados via inquérito-pai, o das Fake News, onipresente e infinito, que Moraes preside desde março de 2019. Tudo bem para Barroso. “Eu acho que a duração prolongada do inquérito se deve à sucessão de fatos” – justifica o presidente do STF.

Os fatos em sucessão raramente teriam a ver com o argumento fundador do inquérito. O bicho foi instaurado – sob torção do regimento do STF – para apurar notícias fraudulentas, falsas comunicações de crime, denúncias caluniosas, ameaças e outras infrações caluniosas, difamatórias ou injuriosas contra o Supremo e seus ministros. Esse vago, frouxo, é o seu objeto inicial; em que tudo passaria a caber.

Em defesa da integridade de Dias Toffoli, desonrado pela revelação de que era o amigo do amigo (Lula) do pai de Marcelo Odebrecht, uma reportagem da Crusoé seria censurada. O inquérito tinha um mês. O conceito de honra é elástico quando sob a caneta de um poderoso. Não foi a sucessão de fatos o que prolongou o inquérito. O inquérito se tornou permanente porque seu objeto jamais deixou de se expandir-adaptar à volúpia da democracia.

Starlink volta atrás, atende Moraes e anuncia que vai bloquear X no Brasil

A Starlink, que oferece serviços de internet por meio de satélites de baixo custo, pertence ao bilionário Elon Musk

Empresa Starlink já tem mais de 200 mil clientes no Brasil

Gabriel de Sousa
Estadão

A Starlink, empresa de internet via satélite do bilionário Elon Musk, disse que vai cumprir a ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes para bloquear o acesso ao X (antigo Twitter). A decisão foi anunciada pela plataforma, que também pertence a Musk, nesta terça-feira, dia 3. No domingo, dia 1º, a Starlink havia informado ao presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Carlos Baigorri, que não cumpriria a determinação enquanto o ministro do Supremo não desbloqueasse as contas bancárias da empresa.

No sábado, dia 31, o Estadão tinha mostrado que os usuários da Starlink estavam conseguindo acessar a rede social em todo o País. A Starlink, que oferece serviços de internet por meio de satélites de baixo custo, pertence ao bilionário Elon Musk

BLOQUEIO BANCÁRIO – De acordo com a direção da Starlink, a ordem de Moraes será cumprida independentemente da impossibilidade de a empresa realizar transações financeiras no País. Na última quinta-feira, 29, o ministro do STF bloqueou as contas bancárias da empresa até que Musk quite as dívidas do X com a Justiça brasileira.

“Após a ordem da semana passada de Alexandre de Moraes que congelou as finanças da Starlink e impede a Starlink de conduzir transações financeiras no Brasil, imediatamente iniciamos procedimentos legais no Supremo Tribunal Federal brasileiro explicando a ilegalidade grosseira desta ordem e solicitando ao Tribunal que descongele nossos ativos. Independentemente do tratamento ilegal da Starlink no congelamento de nossos ativos, estamos cumprindo a ordem de bloquear o acesso a X no Brasil”, afirmou.

Na sexta-feira, dia 30, Moraes determinou a suspensão do X em todo o País, após Musk ignorar uma intimação do ministro que exigiu que a rede social indicasse um representante legal no País. A determinação de Moraes foi repassada para a Anatel, responsável por encaminhar a ordem para provedores de internet.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
No comunicado, a Starlink afirma também que “continua buscando todas as vias legais, assim como outros que concordam que as ordens recentes de @alexandre descumprem a Constituição Brasileira”. Ao decidir contra a instrução do próprio controlador Elon Musk, a empresa mostra que não é recomendável perder faturamento, sempre que o problema possa ser superado. (C.N.)

Discussão climática mostra que o amor à democracia é uma mentira deslavada

Democracia? Bem, democracia deveria ser o governo do povo, para o povo e pelo povo… – Carlos Sousa

Charge do Duke (O Tempo)

Luiz Felipe Pondé
Folha

O aquecimento global pode esperar o tempo político das democracias? Suspeito que não. Uma das grandes mentiras do nosso debate público em política hoje é o confesso amor à democracia. Só prezamos a democracia quando o povo vota em quem votamos. Se não, há uma crise grave na democracia. Derrubar o X no Brasil é a prova de que, às vezes, quem fala que defende a democracia, na verdade, só quer a transformar no seu clubinho de fãs. O fim da picada. Uma humilhação: um juiz faz o que quer e não há ninguém de bem no poder que possa detê-lo.

Tenho certeza de que em alguns séculos nossos descendentes se perguntarão: afinal qual seria a razão de tanto discurso meloso acerca desse falso amor quando obviamente ele não existe? Ou melhor, esse amor, aliás, como todo amor, é condicionado por premissas prévias.

INSATISFAÇÕES – As acusações à direita de que os conservadores são antidemocráticos são largamente conhecidas. Muitos deles cristãos reacionários, ou seculares mal resolvidos.

Mas, se faz necessário trazer à luz, também, as insatisfações da esquerda com relação à democracia liberal. Vale a pena lembrar que, já desde o século 19, figuras como Marx, e mesmo Lênin, já no século 20, consideravam a democracia um regime a serviço dos interesses da burguesia: o Estado liberal democrático nada mais seria do que um comitê executivo a serviço dos interesses da classe dominante.

A conversão da esquerda à democracia é posterior, e sempre um tanto incerta. Não entro aqui em questões outras tais como se funcionaria bem uma democracia liberal num país como o Brasil em que as instituições são em grande medida corruptas nalgum momento da sua história ou nalgum elo da sua cadeia operacional.

QUESTÃO DO CLIMA – Minha questão é mais estrutural. Vamos trabalhar com um exemplo bem didático: a questão do clima e a legitimidade institucional dos seus órgãos decisórios e acordos multilaterais —suas “COP’s bizantinas”. Na verdade, essa legitimidade passa pelo Estado nacional e sua soberania popular limitada.

É aqui que a porca torce o rabo. Deixo para os especialistas a discussão do clima. Conheço epistemologia —teoria da ciência— o bastante para saber que aspectos fora do cinturão racional, como dizia Imre Lakatos no século 20, se misturam aos aspectos racionais ou determinados pelo método científico enquanto tal. Basta ver a contaminação do tema pela polarização para ver esses aspectos fora do cinturão racional em operação.

A questão do clima não é apenas científica, ela é política, ideológica e de mercado: profissionais do debate público apostam na questão do clima como seu nicho no comércio das ideias, como se dizia no século 19, diríamos, como “sua fatia de mercado”. Opções de carreira, de sociabilidade entre pares, de pertencimento a instituições que atribuem credibilidade a estes profissionais estão em toda parte, para o olhar treinado em sociologia do mercado intelectual.

CONFLITO ÓBVIO – É fácil se perceber o conflito entre o investimento político e de carreira na questão do clima, e no seu aparato institucional multilateral internacional de soberania incerta, e o confesso amor à democracia liberal limitada à soberania nacional. E o conflito é estrutural.

Esse descompasso trai, se o profissional do mercado das ideias em questão for de esquerda, o conflito de tornar as “políticas do clima” legítimas sob o modo de operação da soberania na democracia liberal.

E é este descompasso que traz à luz os limites do amor da esquerda contemporânea à democracia, e, com isso, ela retorna ao berço da esquerda histórica, ao duvidar do valor político das democracias liberais.

AGRADAR AO POVO – Nas democracias liberais há que se dar atenção a opinião popular na competição por votos —as eleições—, e, nesse sentido, os políticos estão preocupados em agradar ao povo que pode estar longe de “crer” na questão do clima.

As “políticas do clima” pensam o tempo numa escala muito mais longa do que os mandatos na democracia liberal. A pergunta que surge no coração da esquerda verde é: o clima pode esperar o tempo político das democracias? Suspeito que não.

O problema é que os defensores da agenda do clima não podem se deixar confundir com golpistas, e, portanto, são obrigados a mentir sobre o que pensam: a democracia liberal nacional deve ceder sua soberania a alguma forma de governo global de tecnocratas do clima. E daí tocam, em segredo, seu réquiem para democracia. Você consegue ouvir a música? Não?

Apoio irrestrito dos ministros a Moares é muito preocupante, diz Marco Aurélio Mello

Apoio irrestrito a Alexandre de Moraes é preocupante”, diz Marco Aurélio Mello à CNN | CNN Brasil

Marco Aurélio não aceita haver conluios no Supremo

Deu na CNN

O ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello manifestou inquietação sobre a atual dinâmica da Corte, especialmente no que diz respeito à atuação do ministro Alexandre de Moraes. Em entrevista à CNN Brasil, Mello abordou questões polêmicas, como o bloqueio da rede social X no Brasil e a “concentração de poderes” nas mãos de Moraes.

Mello enfatizou a importância da independência e da manifestação pública dos ministros do STF. “A reação deveria haver em público, deveria haver de forma ostensiva, o Supremo é colegiado justamente para que cada qual se manifeste e se manifeste com absoluta independência, revelando o que pensa sobre a matéria”, declarou o ex-ministro.

À CNN, Marco Aurélio Mello vê bloqueio do X no Brasil como um ato extremo, que poderia ser evitado. “O tema deveria ir ao plenário”, disse o ex-ministro do STF sobre bloqueio do X no Brasil, que foi contestado pelo Partido Novo no Supremo, e o ministro Nunes Marques será relator de ação de inconstitucionalidade.

INQUÉRITO ETERNO – O jurista expressou particular preocupação com o que ele denomina “inquérito do fim do mundo”, referindo-se a uma investigação conduzida por Moraes. “Eu não sei onde ele vai chegar algum dia, se é que vai chegar, porque uma procuradora-geral da República, Raquel Elias Vieira, pediu o arquivamento e esse pedido não foi acolhido como se o Ministério Público não fosse o titular da ação pública incondicionada”, comentou Mello.

Sobre a concentração de poderes nas mãos de Alexandre de Moraes, o ex-presidente do Supremo foi enfático: “É preocupante a concentração de poderes e o apoio irrestrito do colegiado ao ministro Alexandre Moraes, que vem, a meu ver, errando no tocante a atos que pratica e perdendo um pouco a mão no tocante a esses atos, muito embora seja um douto com uma experiência de vida muito grande”.

A entrevista de Marco Aurélio Mello traz à tona debates importantes sobre o funcionamento do STF e o equilíbrio de poderes dentro da instituição. As críticas do ministro aposentado refletem preocupações que têm sido levantadas nos bastidores do Judiciário e na sociedade civil sobre a atuação de membros da Corte Suprema.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Marco Aurélio Mello está fazendo falta no Supremo. Em sua longa carreira, ele jamais admitiu conluios e julgamentos pré-fabricados, conforme se vê hoje com frequência, em julgamentos cujos resultados são facilmente previsíveis. Foi ele quem apelidou o “Inquérito do Fim do Mundo”, que há tempos caiu no ridículo, o presidente Luís Roberto Barroso pede para Moraes dar fim a isso, mas o relator finge que não ouviu. (C.N.)

Fim do X prejudica acompanhamento do Brasil nos debates internacionais

Gilmar Fraga: o X da questão... | GZH

Charge do Gilmar Fraga (Gaúcha/Zero Hora)

Roseann Kennedy e Eduardo Gayer
Estadão

A suspensão do X por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), tem como efeito rebote isolar o País em parte do debate da comunidade internacional. A medida limita o acompanhamento, inclusive por jornalistas, de líderes mundiais na rede que se tornou a principal arena política virtual.

“O X é uma rede de comunicação de chefes de Estado mas, também, de mobilização de atores importantes para entendermos o que está acontecendo no mundo. A suspensão nos desconecta em relação a acompanhar grupos”, observa a cientista política Denilde Holzhacker, professora de Relações Internacionais da ESPM.

DESCONECTADOS – Denilde Holzhacker destaca que a plataforma X (antigo Twitter) já foi mais importante, mas ainda é um canal para acompanhar o debate político, por exemplo, nos Estados Unidos, em pleno ano eleitoral, e de grupos de resistência e oposição a governos, como na Venezuela.

Para Leonardo Trevisan, professor de Relações Internacionais da ESPM, a suspensão ocorre no momento mais tenso da eleição americana e isso deixa os brasileiros desconectados das postagens no X dos candidatos e de assessores.

“Temos que observar que algumas notícias do cenário eleitoral americano têm repercussão interna no Brasil. Nisso também gera prejuízo. Porque, normalmente, o atingido por essas repercussões usa o X para se manifestar. Mas não é um prejuízo completo. Temos outras formas de alcançar informação”.

SEM COMPARAÇÃO – Matheus de Oliveira Pereira, professor de Relações Internacionais do Centro Universitário Belas Artes, considera haver prejuízo no acompanhamento dessas questões internacionais, mas avalia que não se pode comparar o episódio brasileiro com casos como ocorrem na China e na Coreia do Norte, onde estão ligadas à censura. “Aqui a questão é muito simples, toda empresa que opera no País precisa ter representante constituído e, sem isso, não é possível funcionar”, diz.

Por outro lado, Matheus observa não ter entendido o motivo de Moraes impor multa a quem usasse VPN para acessar o X. Tamanha a polêmica, e críticas de que o magistrado ultrapassou os limites constitucionais, ele recuou em parte. Em novo despacho, Moraes revogou o trecho da decisão que obrigava provedores de internet e empresas como Apple e Google a criarem “obstáculos tecnológicos” ao aplicativo e a aplicações de VPN.

Já o professor Leonardo Trevisan chama atenção para a própria atuação política e de interesses econômicos do dono do X, o bilionário Elon Musk.

INTERESSES ECONÔMICOS – “Eu lembraria que em novembro de 2023 há uma foto histórica de Xi Jinjing cumprimentando Elon Musk, em São Francisco. A gente tem que lembrar que a segunda maior fábrica da Tesla está na China, dona de mais de 20% do mercado chinês do mercado de carros elétricos. A China quando quer se proteger usa os mesmos métodos e corta as redes sociais. Então, aquele país usa esse poder de Estado para manter Elon Musk sob controle”, pontua.

Rodrigo Amaral, professor de Relações Internacionais da PUC-SP, amplia essa leitura com outra abordagem. “Financeiramente o X tem muito a perder, afinal o Brasil é o sexto maior consumidor da plataforma, com 21,5 milhões de usuários. Essas farpas entre Musk e Moraes evidentemente trazem um personalismo para a questão. Mas, de fato, não podemos esquecer que essas ferramentas devem respeitar a legislação”.

Ele lembra não ser a primeira vez que assistimos uma polêmica do X afrontando ou desrespeitando legislações domésticas no Brasil ou no exterior e cita, por exemplo, a acusação nos Estados Unidos de vazamento de informações confidenciais de usuários para o governo saudita, no cenário da primavera árabe. “Portanto, devemos observar o X não meramente como uma ferramenta de rede social, mas uma ferramenta política. Ou seja, se trata de uma ferramenta politicamente útil e bastante perigosa se não regulamentada”, conclui.

Nas mãos de Nunes Marques uma ação que poderia cancelar a suspensão do X

 no Brasil | Brasil 247

Nunes Marques é o relator de ação para reativar o X

Lauro Jardim
O Globo

A decisão monocrática de Alexandre de Moraes de suspender o X no Brasil, mas que depois foi referendada pela 1ª Turma do STF, estará novamente em discussão no Supremo. O Partido Novo protocolou ontem ao STF uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) em que pede que o fim imediato da suspensão.

Por sorteio, a ação foi distribuída para Nunes Marques relatar. Justamente o ministro que é tido como um dos que, ao lado de André Mendonça, divergiam da decisão tomada na semana passada por Moraes. O Novo pede a suspensão imediata da decisão de Moraes e que depois o plenário do STF julgue o caso em sessão presencial. Ao enviar para a 1ª Turma do STF sua decisão, Moraes evitou debates no plenário

Na ação, de 29 páginas, os advogados do Novo sustentam que a decisão de Moraes é inconstitucional e desrespeita o princípio da liberdade de expressão.

DIZ O NOVO – “A decisão ora impugnada e proferida pelo ministro Alexandre de Moraes, é violadora dos preceitos fundamentais da liberdade de expressão e da manutenção de qualquer veículo como meio para a manifestação de pensamento, na forma do artigo 5º, inc. IV, e do art. 220, ambos da Constituição Federal. (…) As redes sociais, tal como a rede “X”, possuem essencialidade na vida cotidiana das pessoas para que elas possam se informar, interagir-se enquanto sociedade, conectar-se com conhecimentos e visões de mundo diferentes ou similares entre si e comunicar a sua forma de pensar livre de amarras de censura, sujeitando-se tão somente às hipóteses de responsabilização penal e cível em caso de abuso”, afirma a petição do partido Novo.

Os advogados argumentam ainda que a suspensão do X é “mais do que isso: ao encerrar as atividades da mídia social X e da respectiva empresa gestora da rede, o ministro Alexandre de Moraes contraria o regime jurídico da atividade privada de relevância pública, ao determinar a paralisação de um serviço prestado para atendimento à necessidade coletiva de concretização da liberdade de expressão.”

O Novo está requerendo também o fim da multa de R$ 50 mil para os usuários que tentarem acessar a rede social a partir de uma VPN.

EMPLACAR O TERROR – O partido qualificou a essa decisão de Moraes como uma medida para emplacar o terror: “A previsão de aplicação de multa a todo e qualquer cidadão brasileiro ou pessoa residente no Brasil não é para que a suspensão ilegal das atividades do X sejam realizadas por sujeitos específicos (Apple, Google, administradoras de backbones, provedoras de serviço de internet, administradoras de serviço móvel pessoal e telefônico fixo comutado) na criação de obstáculos para impedir a operação das atividades da rede X. Em verdade, trata-se de uma medida para emplacar o terror e o medo na sociedade civil brasileira, com a finalidade de não se sentirem estimuladas a manterem o uso da rede social X em território nacional, uma vez que o ministro Alexandre de Moraes, com todo o respeito, está ciente do vilipêndio à garantia fundamental de liberdade de expressão e de pensamento, ao determinar a suspensão de determinada mídia social no Brasil. 84. A previsão da multa diária no valor de R$ 50 mil”.

São escassas, porém, as chances de essa ação do Novo ter êxito. Um dos motivos é que não há precedente no STF para uma decisão individual ser contra uma decisão colegiada do próprio tribunal. E também porque a ADPF questiona uma decisão que não mais existe, uma vez que ela já não é mais monocrática como escrito e, sim, uma colegiada da primeira turma.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É perda de tempo. O Supremo está contaminado e não vai anular as teratologias de Moraes. Quando o tribunal chega ao ponto de bloquear conta bancária da esposa de réu, tirando-lhe a possibilidade de sobrevivência, sem que haja provas nos autos de que o dinheiro é de origem criminosa, constata-se que não existe mais segurança jurídica e o que prevalece é uma ditadura judiciária. Somente o Supremo poderia rever as excentricidades de Moraes, porém não há vontade política. (C.N.)

Milei divulga as mensagens que criticam bloqueio do X e chamam Lula de ditador

Javier Milei ganha popularidade em meio a crise com legislativo | CNN Brasil

Milei se comporta de forma inadequada ao criticar Lula

Deu na CNN

O presidente da argentina, Javier Milei, repostou nesta segunda-feira (2) mensagens no X que criticam o bloqueio da plataforma no Brasil e chamam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de “ditador”.

Uma das postagens compartilhadas por Milei, feita pelo portal argentino La Derecha Diario, traz um trecho da entrevista concedida por Lula à à rádio MaisPB, na sexta-feira (30), com a legenda: “O ditador Lula da Silva justifica o bloqueio total do X”.

ELOGIO AO STF – No trecho destacado, o presidente brasileiro diz que “todo e qualquer cidadão, de qualquer parte do mundo, que tem investimento no Brasil está subordinado à Constituição brasileira e às leis brasileiras. Portanto, se a Suprema Corte tomou uma decisão para o cidadão cumprir determinadas coisas, ou ele cumpre ou vai ter que tomar outra atitude”.

Outra mensagem repostada por Milei afirma que “a possibilidade de ofender e sentir-se ofendido é um risco que deve ser corrido para que exista liberdade de expressão. Não confunda ofensa com mentira ou calúnia… algo que o socialismo progressista não sabe diferenciar”. A postagem também se refere a Lula como um “ditador” e o acusa de não se importar com as pessoas comuns.

AMIGO MADURO – Milei também reproduziu um post que dizia que a Justiça brasileira enlouqueceu e que Lula “está cada vez mais parecido com seu amigo Maduro”.

Em uma visita à fábrica da Tesla no Texas em abril, o presidente argentino já havia oferecido ao empresário Elon Musk ajuda para lidar com a questão na Justiça envolvendo o X no Brasil.

A CNN entrou em contato com o Palácio do Planalto para comentar as mensagens respostadas por Milei, mas ainda não obteve resposta.

Piada do Ano! Lula acredita que Moraes vai servir de exemplo para outros países

Lula resiste a atender a dois pedidos de Moraes | Metrópoles

Lula está orgulhoso com a grande façanha de Moraes

Renata Varandas
da CNN

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse à CNN ter ficado “satisfeito” com a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de bloqueio do X no Brasil. “A Justiça brasileira pode ter dado um importante sinal de que o mundo não é obrigado aguentar o vale tudo de extrema direita de [Elon] Musk só porque ele é rico”, afirmou Lula, referindo-se ao dono da plataforma.

A pedido da CNN, o presidente Lula da Silva comentou a decisão do ministro Alexandre de Moraes e minimizou possíveis prejuízos aos usuários da plataforma X. De acordo com ele, milhões de pessoas estão procurando redes sociais de perfis semelhantes, que oferecem o mesmo serviço do X.

SERVIR DE EXEMPLO – Na avaliação de Lula, a decisão de Moraes pode servir de exemplo para outros países que também sofrem com fake news e com o que ele considera ser “interferência e militância política” do empresário.

Para o presidente, a maioria da imprensa internacional entendeu o banimento do X como uma afirmação de soberania do Brasil, após descumprimentos de Musk às ordens expedidas pelo STF.

A medida vale até que a plataforma cumpra todas as decisões do STF, pague as multas que já somam R$ 18,3 milhões e indique um representante legal no país. Intimada da decisão, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) informou ao STF no sábado (31) que todos os provedores de internet foram comunicados sobre o bloqueio do X.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Na sua ignorância, Lula da Silva acha que Moraes acaba de resolver o problema das fake news e os demais países podem seguir o exemplo. O presidente não percebe que o Supremo simplesmente decidiu revogar importantíssimos direitos que todos os cidadãos precisam ter, como o devido processo legal, a defesa ampla, o contraditório e o direito de recurso, sem falar da liberdade de expressão. Lula é uma espécie de Inteligência Artificial ambulante. Ele diz uma porção de frases. Se alguém juntá-las, fica tudo sem sentido, dá uma confusão desgraçada. (C.N.)

Maduro adotou o método Moraes e diz que “ninguém está acima das leis”

Estados Unidos anunciam que apreenderam avião do presidente venezuelano  Nicolás Maduro | Jovem Pan

No embalo, Maduro antecipou o Natal para 1º de outubro

Deu na Folha

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, falou sobre a ordem de prisão contra Edmundo González na noite desta segunda-feira (3), logo após o anúncio do pedido de detenção de seu principal adversário nas eleições presidenciais do final de julho. “Ninguém neste país está acima das leis e das instituições, como pretende esse senhor escondido, o covarde Edmundo González Urrutia”, afirmou o líder do regime durante seu programa semanal na televisão estatal.

“O Ministério Público o citou três vezes e ele não compareceu, pois diz que não reconhece o Ministério Público, em que país isso acontece?”, justificou Maduro, que aproveitou o embalo e decretou que o Natal começa dia 1º de outubro.

ERA ESPERADO – A ordem de captura era esperada desde a última sexta-feira (30), quando González deixou de comparecer, pela terceira vez, a uma audiência que ocorreria no âmbito de uma investigação sobre a denúncia de fraude no pleito por parte de opositores.

Em outras ocasiões, o diplomata afirmou que o Ministério Público atua como um “acusador político” e que seria submetido a um processo “sem garantias de independência ou devido processo legal” caso respeitasse a intimação.

Ainda na segunda-feira, um porta-voz de González afirmou à agência de notícias Reuters que o opositor não havia sido notificado de qualquer mandado de prisão.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É o método Moraes que se expande pelo mundo. Maduro praticamente repetiu a justificativa de Moraes para mandar prender a ex-representante da plataforma X no Brasil: “Ninguém neste país está acima das leis e das instituições”. Essa afirmativa serve para tudo e justifica até a morte de John Kennedy. Enquanto Moraes continuar a dar ordens ilegais, nenhum brasileiro estará protegido pela lei… (C.N.)

Moraes imita Machado de Assis e quer fazer do Brasil um imenso manicômio

Alexandre de Moraes, o Simão Bacamarte de toga

Moraes age como um enlouquecido diretor de hospício

Wálter Maierovitch
do UOL

O Dr. Simão Bacamarte, personagem do conto “O Alienista”, de Machado de Assis, ficou descontrolado. Médico de Itaguaí (RJ), Bacamarte passou a adotar medidas desproporcionais e desequilibradas, como colocar todos os habitantes da cidade no hospício da Casa Verde. Como um Bacamarte de toga, o ministro Alexandre de Moraes passou a dirigir ao seu próprio arbítrio inquéritos apuratórios. E com atropelos à Constituição.

A garantia constitucional do juiz natural — aquele preestabelecido em lei como a figura competente para julgar a causa — foi para a lata do lixo da Têmis, a deusa da Justiça.

Moraes recebeu inconstitucional poder inquisitorial por uma portaria de Dias Toffoli, então presidente do STF, referendada em sessão plenária do tribunal, com ilimitado prazo de validade. Moraes virou competente para tudo.

AMEAÇA TOTAL – E, agora, Moraes ameaça todos nós brasileiros com multa e aviso de prisão em flagrante por crime de desobediência, se ousarmos acessar o X em território nacional. O ministro colocou todos os cidadãos brasileiros no mesmo balaio de gatos onde está o bilionário Elon Musk, dono do X. De forma indeterminada e sem diferenciação — como fez Bacamarte ao mandar todos os cidadãos de Itaguaí para o hospício.

Moraes, o Bacamarte de toga, nos enfiou, potencialmente, no inquérito das fake news e na apuração contra Musk por crimes de obstrução de Justiça, incitação ao crime e organização criminosa. Fomos atirados a um supremo hospício judiciário.

Nesta segunda-feira, emplacou de 5 x 0 no arrogante bilionário Elon Musk. Mas é uma goleada enganosa. Musk queria perder. Como se diz no jargão popular, entrou em campo com a camisa do Íbis, que jamais ganha.

E O PLENÁRIO? – Por acordo intramuros, a decisão de Moraes — acertada — de suspender o X não foi enviada para análise do plenário do STF, em que votam todos os ministros. Acabou submetida à Primeira Turma, formada por cinco dos onze ministros, em sessão virtual. Isso porque a decisão de Moraes não se limitou a suspender o X. O restante da decisão está desequilibrada e desproporcional. Certamente, não teria respaldo fácil entre todos os ministros.

Moraes bloqueou a rede Starlink, pessoa jurídica diversa da X, para garantir pagamento de multas que não são dela, mas do X. Pior ainda, ameaçou todos nós, cidadãos do Brasil que vivem aqui, se acessarmos o X. Daí, o ministro Fux, fez uma ressalva. Não acompanharia Moraes porque a decisão não poderia alcançar e submeter “pessoas naturais e jurídicas indiscriminadamente e que não tenham participado do processo”.

Como se percebe, sem nenhum esforço, Moraes empolgou-se. Não quis ser contrariado por ninguém, num agir semelhante ao inquisidor da Igreja, o espanhol Tomás de Torquemada, de triste memória.

MUSK FATURA – Ao perder de 5 X 0, Musk fatura com o seu discurso falso de baluarte de defesa da democracia. O bilionário e prepotente empresário, como bem mostrou o colunista Celso Rocha de Barros, é sabujo da ditadura chinesa. Na China, Musk aceita tudo, em nome dos lucros econômicos da Tesla, outra de suas empresas. Lá, não faz reprovação às desumanidades contra o povo uigure.

Elon Musk trata-se, no particular, de um hipócrita. O polêmico Moraes chamou ao ringue o bilionário, que topou a briga e resolveu, como é sua especialidade, faturar promocionalmente. Moraes mordeu a isca jogada por Musk.

As trapalhadas do ministro também são aproveitadas pelo golpista e antidemocrático Jair Bolsonaro.

Tudo como antes! Congresso busca plano para manter seu controle sobre emendas

Charge

Charge do Son Salvador (Correio Braziliense)

Bruno Boghossian
Folha

O Congresso ainda tenta encontrar uma maneira de manter o controle sobre as emendas parlamentares, e o desenho em negociação poderia manter quase tudo como estava antes de decisão do Supremo Tribunal Federal. Nesta semana, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco tiveram uma reunião reservada para discutir a criação de regras que, na prática, podem preservar a liberdade dos congressistas e driblar determinações feitas pelo STF.

O desenho feito pelos parlamentares já foi enviado ao governo. Quem viu o plano diz que a ideia é vincular as emendas de bancada e de comissão a uma lista de programas preestabelecidos. Esse dispositivo, em teoria, enquadraria a verba dentro de projetos estruturantes ou de caráter regional, como prevê o acordo costurado pelo Supremo.

NADA DE NOVO – Se a proposta tiver as linhas genéricas desejadas pelos parlamentares, quase tudo tende a ficar como estava antes da decisão do STF. O dinheiro ficaria alocado em programas amplos, mas poderia ser direcionado a obras e redutos específicos. Sob os panos, a verba continuaria a ser partilhada entre deputados e senadores, sem critérios claros.

À sua maneira, o Congresso parece viver as etapas de um luto. Primeiro, veio a negação. Quando o STF mandou extinguir as emendas de relator, no fim de 2022, os parlamentares fingiram que nada tinha acontecido. Transferiram os bilhões para outras rubricas e prolongaram a divisão do dinheiro de acordo com os interesses de seus cardeais.

RETALIAÇÃO – A fase seguinte foi a raiva. A decisão de Flávio Dino de congelar praticamente todos os pagamentos de emendas levou o Congresso a tirar da gaveta um pacote de retaliação. As ameaças incluíram uma proposta que limita decisões individuais de ministros do STF e outra que dá aos parlamentares o poder de reverter as decisões do tribunal.

O momento atual é o da barganha. Os congressistas abrem uma negociação para evitar que tudo esteja perdido. Esse quadro sugere que os parlamentares não estão muito dispostos a enfrentar as fases seguintes: a depressão e, finalmente, a aceitação. Muitos parecem acreditar que é possível ressuscitar os mortos.

Fica combinado! Moraes é o maior jurista do mundo e encontra solução para tudo

Tribuna da Internet | Moraes “interpreta” mal a legislação, na sua ânsia de fabricar terroristas em série

Charge reproduzida do Arquivo Google

Carlos Newton

A velocidade do avanço tecnológico chegou a tal ponto que a ciência do Direito não está conseguindo acompanhar. A internet surgiu como insuperável difusora das liberdades individuais e dos direitos coletivos, com uma força imensa, de tal maneira que os países ditatoriais (China, Rússia, Coreia do Norte, Irã, Venezuela, Cuba etc.) não conseguiram enfrentar e tiveram de simplesmente proibir ao máximo o uso da comunicação via computador ou celular.

O problema são os excessos, a pedofilia, as ofensas, as teorias conspiratórias e as fake news. Não interessa o estágio de desenvolvimento ou o nível civilizatório, as baixarias infestam as redes sociais, é um nunca-acabar. E até agora nenhum dos países da ONU (são 193) conseguiu equacionar o problema.

DEBATE SE ARRASTA – Após anos de debate, a União Europeia, que não tem poder de impor leis aos países-membros, decidiu-se por uma decisão salomônica e recomendou que cada nação cuide de problema à sua maneira.

Nos Estados Unidos e Canadá, o debate se arrasta sem que se chegue a uma solução aceitável, porque qualquer restrição significa um atentado à liberdade de pensamento e de expressão. Assim, usa-se a praxe jurídica de que a vítima apresenta queixa e o juiz retira ou não a postagem, podendo arbitrar indenização e até prender o autor, mas com direito de defesa e de recurso, dentro do devido processo legal.

Funciona assim em todos os países democráticos, à exceção do Brasil. É o único que tem um ministro-jaboticaba, que foi o único a adaptar a democracia ao esquema das ditaduras, para também enfrentar na base da boçalidade as distorções na web. O método de Moraes, agora o mais avançado do mundo, é simples e usa a jurisprudência das ditaduras para salvar a democracia. Deu para entender? Não?

VOLTA DO NAZISMO – Ora, para fazer o que bem entende, sem o devido processo legal, Moraes simplesmente alega que no Brasil “há um perigo iminente na instrumentalização do X por grupos extremistas e milícias digitais nas redes sociais, com massiva divulgação de discursos nazistas, racistas, fascistas, de ódio, antidemocráticos, inclusive no período que antecede as eleições municipais de 2024″.

Em tradução simultânea, diz claramente que a democracia brasileira está ameaçada pelo empresário Elon Musk, que o mundo inteiro julgava ser capitalista, mas seria ao mesmo tempo nazista, racista e fascista, um espécie de recriação de Adolf Hitler.

O mais interessante foi a comemoração. Neste domingo, dia 1º, após enfrentar Musk e os inimigos da democracia brasileira, o próprio Moraes deu uma festa em casa, tendo como convidados o presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco, que deverá examinar os pedidos de impeachment do anfitrião, ministros do Supremo e diversos membros do primeiro escalão do governo Lula, para ser homenageado por eles.

LULA FALTOU – Lula não compareceu, porque não costuma participar de festas para aclamar outras pessoas. Mantém o exclusivismo e só aceita ir quando o homenageado é ele.

E como o festivo evento foi considerado um marco na derrota do nazismo-racismo-fascismo internacional liderado por Musk, o ministro Moraes não quis convidar os embaixadores sediados em Brasília, para não constranger os mais chegados ao empresário americano, que torcem desesperadamente pelo nazismo-racismo-fascismo dele e estão inconsoláveis, sem saber que rumo tomar.

Bem, este é o quadro da situação hoje. Vamos ver amanhã como respondem os adeptos do discurso do ódio.

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P.S. –
As antigas leis que protegiam os réus (presunção de inocência, devido processo legal, existência de prova material, direito de recurso etc.) hoje são letra morta no Brasil. Agora, todas as demais nações democráticas devem passar a utilizar o método Moraes, que é uma espécie de Braille que não precisa de pontinhos, porque o maior jurista do mundo tem resposta para tudo. (C.N.)

Dois meninos brincam no sertão da terra de Milton Nascimento

Morro Velho - Milton Nascimento

Milton e sua eterna ligação com Minas

Paulo Peres
Poemas & Canções

O cantor e compositor carioca Milton Nascimento reconhecido como um dos mais influentes e talentosos artistas da MPB, fala na letra de “Morro Velho” sobre a sorte de dois meninos, um negro e o outro branco, que brincaram quando pequenos no campo, onde um se sentia um rei por conhecer todo o lugar.

Entretanto, após o passar do tempo, a letra descreve o futuro e uma possível distância naqueles que foram, por alguns momentos, os melhores amigos da terra. De um lado, o eterno homem do campo. Do outro, o dono daquele campo, que é apenas parte de seu mundo. É um tema que nos lembra a época da escravatura no Brasil. “Morro Velho” foi gravada por Milton Nascimento no LP Courage, em 1968, pela A&M Records/Odeon.

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MORRO VELHO
Milton Nascimento

No sertão da minha terra, fazenda é o camarada que ao chão se deu
Fez a obrigação com força, parece até que tudo aquilo ali é seu
Só poder sentar no morro e ver tudo verdinho, lindo a crescer
Orgulhoso camarada, de viola em vez de enxada

Filho do branco e do preto, correndo pela estrada atrás de passarinho
Pela plantação adentro, crescendo os dois meninos, sempre pequeninos
Peixe bom dá no riacho de água tão limpinha, dá pro fundo ver
Orgulhoso camarada, conta histórias prá moçada

Filho do senhor vai embora, tempo de estudos na cidade grande
Parte, tem os olhos tristes, deixando o companheiro na estação distante
Não esqueça, amigo, eu vou voltar,
Some longe o trenzinho ao deus-dará

Quando volta já é outro, trouxe até sinhá mocinha prá apresentar
Linda como a luz da lua que em lugar nenhum rebrilha como lá
Já tem nome de doutor e agora na fazenda é quem vai mandar
E seu velho camarada, já não brinca, mas trabalha.

É inaceitável a conivência do Supremo em relação ao autoritarismo de Moraes

Fotos: O mensalão em charges - 19/09/2013 - UOL Notícias

Charge do JBosco (O Liberal)

Editorial do Estadão

O ministro Alexandre de Moraes ordenou a suspensão da rede social X em todo o Brasil, por sistemático desrespeito a ordens judiciais. Tomada isoladamente, a decisão está correta: ordens judiciais podem ser contestadas, mas jamais descumpridas. A suspensão da rede social, malgrado ser medida extrema, foi o meio escolhido pelo ministro Moraes para fazer valer a determinação da Justiça.

Dito isso, esse desfecho é a culminação de uma escalada autoritária por parte do ministro Moraes, num processo eivado de abusos a título de defender a democracia – e tudo aparentemente corroborado pelos demais ministros do Supremo, sob a gritante ausência da Procuradoria-Geral da República.

BLOQUEIO DE BENS – Antes de mandar suspender a rede social X, Moraes ordenou o bloqueio de bens da Starlink, uma empresa fundada por Elon Musk, a pretexto de quitar as multas do X, do qual Musk também é acionista majoritário.

Essa flagrante ilegalidade, que comporta tremendos riscos para a segurança jurídica e para os investimentos no Brasil, é mais um dos danos causados pelo destempero de Moraes, que, em nome de sua autoatribuída missão salvacionista, está triturando o devido processo legal.

Há alguns dias, Musk decidiu fechar o escritório brasileiro do X porque, segundo ele, Moraes ameaçara com prisão a então representante, por se recusar a cumprir ordens de suspensão de perfis.

INTIMAÇÃO Dias depois, Moraes intimou Musk a indicar um novo representante legal do X no Brasil, sob pena de suspensão de suas atividades no País.

Sim, há leis no Brasil, como as que exigem o cumprimento de ordens judiciais e a presença de uma representação legal no País para empresas que aqui fazem negócios. Uma empresa como o X deve responder por seu descumprimento. Mas há ritos também.

Já a citação, feita em uma postagem pelo perfil do STF no próprio X, é no mínimo exótica. O caminho regular para intimar alguém no exterior é através de carta rogatória oficiada ao país de residência do alvo da ordem judicial. A ilegalidade do bloqueio de recursos da Starlink, por sua vez, é incontroversa. O X e a Starlink pertencem a empresas distintas, com acionistas diversos, e para cobrar de uma empresa o valor da dívida de outra, ainda que tenham o mesmo dono, seria necessário comprovar a existência de fraude.

SEMEIA VENTO – Mandando às favas a prudência procedimental em favor da espetacularização, Moraes semeia vento – e o Brasil colhe tempestade.

Para agravar a situação, há um vício de origem em todo esse processo: ele nem sequer deveria estar sob a jurisdição do Supremo. Mas o caso é só mais um dos vícios da verdadeira Caixa de Pandora que são os inquéritos secretos, intermináveis e onipresentes conduzidos por Moraes.

Inquéritos têm de ter prazo para acabar, ser transparentes e ter objeto determinado. Mas, atribuindo-se uma espécie de juízo universal de defesa da democracia, o ministro multiplica exceções a essas regras, e já determinou suspensões de contas em redes sociais, afastamentos de autoridades, censuras a empresas e veículos de comunicação, multas exorbitantes, confisco de passaportes, apreensões de celulares, quebra de sigilos bancários e telemáticos, detenções em massa e prisões preventivas intermináveis.

Em tese, medidas extremas como essas são possíveis no ordenamento jurídico. Mas devem ser fundamentadas e, exceto em casos excepcionais, públicas. Nada disso pôde ser verificado, porque os inquéritos correm em sigilo, e, em grande parte, à revelia do Ministério Público, a instituição responsável por investigar e denunciar crimes.

NUVEM DE SUSPEIÇÃO – A complacência do plenário do STF com esse “estado de coisas inconstitucional” é intolerável. Acumula-se sobre a Corte uma grossa nuvem de suspeição. A Procuradoria-Geral da República é omissa.

O Supremo, como instância máxima do Judiciário, deveria ser o guardião da Constituição, da segurança jurídica, das liberdades fundamentais, da liberdade econômica e da pacificação social, mas hoje é um dos maiores adversários de tudo isso.

Se está mesmo interessado em defender a democracia, o Supremo deveria reconsiderar esses processos dignos de um estado de exceção.

Ao abater pardais com tiros de canhão, Supremo fere a liberdade de informação

De Twitter para X: no mundo das pequenas empresas, quando vale a pena  trocar de logo? | Empreendedorismo | G1

Ilustração reproduzida do G1

Lygia Maria
Folha

“Abater pardais com balas de canhão” é uma metáfora sobre tentar resolver problemas com força desproporcional. É assim que o STF tem agido nos últimos anos. Na mais recente decisão monocrática de Alexandre de Moraes, a rede social X foi suspensa no país. Quem tentar acessá-la por meio do software VPN pode receber multa diária de R$ 50 mil.

Um descalabro inaudito por aqui. O Brasil agora faz parte da lista de nações autoritárias que baniram a plataforma, como China, Irã, Coreia do Norte e Rússia.

AMPLO ALCANCE – A gama de dados divulgados pelo X é descomunal, indo de piadas, vídeos de gatos e fotos de comida até notícias, artigos científicos e mobilizações contra ditaduras — como a Primavera Árabe.

Líderes internacionais se comunicam pelo X e jornalistas usam a rede social como fonte. Assim, Moraes atenta contra princípios da democracia que se arvora a proteger. A liberdade de expressão não é absoluta, como provam crimes como o de calúnia, que são julgados caso a caso.

O que o STF faz agora, contudo, é uma espécie de punição prévia a granel —o X tem mais de 20 milhões de usuários no Brasil. Não só limitou-se a livre expressão de ideias, mas a liberdade de informação. É gravíssimo. Não se trata mais do conteúdo das mensagens, mas do mero acesso a elas.

DIZ A ONU – Segundo o artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU, a liberdade de expressão “inclui a liberdade de, sem interferência, procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras”.

Alega-se que a medida de Moraes, vergonhosamente apoiada por seus pares na Corte e até por parte da imprensa, é correta pois o X descumpriu ordens — oriundas de um inquérito opaco e interminável, o das fake News, aberto há cinco anos.

Mas infringir a liberdade de informação dos brasileiros é a única medida possível? Não haveria recursos menos radicais?

FORA DE CONTROLE – O Supremo Tribunal Federal está fora de controle e se deixando levar por uma polarização política passional que em nada serve para resolver os problemas do Brasil; na verdade, os cria.

A democracia não precisa de tiros de canhão, mas da autocontenção do tribunal que tem a missão de proteger as liberdades expressas na Constituição.

Não cabe ao Supremo restringir a liberdade de informação.

Moraes se orgulha de ter 2 mil casos na “maior vara criminal do mundo”

Alexandre de Moraes sorri ao tomar posse como ministro do Supremo Tribunal Federal — Foto: Adriano Machado/Reuters

Moraes considerou “terrorista” quem fez um quebra-quebra

J.R. Guzzo
Estadão

Viver no Brasil do ministro Alexandre de Moraes é desagradável, como nos conta o presidente Lula em relação à vida no regime da Venezuela, sobretudo para quem dá o azar de cair numa das suas listas negras. Essas listas, como o universo, estão em expansão contínua. Quer dizer: quem está dentro não sai, mas quem está fora pode entrar a qualquer hora do dia ou da noite, na base do pega um, pega geral.

Acontece o tempo todo, e está acontecendo de novo agora. O ministro anda agitado com a revelação das conversas entre seus assessores, no horário de trabalho, falando uma porção de coisas que juízes de direito simplesmente não podem falar nunca – como mandar jagunços para sequestrar um jornalista-desafeto nos Estados Unidos, já que a Interpol não fornece esse tipo de serviço, ou usar a “criatividade” para inventar provas que o ministro estava querendo.

MAIS UM… – Em vez de mandar pararem com isso, porém, Moraes abre um novo inquérito – não para apurar o que os seus juízes fizeram, mas para ir atrás de quem vazou as conversas e aumentar os seus fichários de “procura-se”. Põe desagradável nisso. Como escreveu o jornalista Francisco Leali aqui no Estadão: “Se a PF vai investigar o vazamento, quem vai apurar o que está declarado nas conversas?” Obviamente, é isso o que conta para o interesse público: o que os juízes falaram está certo ou errado?

O STF não vai responder nunca a essa pergunta – ao contrário, já “formou maioria”, ou unanimidade, para declarar oficialmente que não houve nada de ilegal do episódio. Na verdade, não há nada de legal. Moraes não apenas se recusa a investigar o conteúdo das conversas, mas nomeou a si próprio como comandante-em-chefe do inquérito do “Vaza Toga”, no qual é ele o principal interessado. O ministro acha que nunca está bom. Tem 2.000 casos na sua vara criminal, a “maior do mundo”, como ele mesmo se orgulha; agora põe mais um ingrediente nesse Xis-Tudo.

Ao mesmo tempo em que toca a polícia em cima de novos inimigos da democracia, o ministro não deixa sair nenhum dos que já meteu no seu camburão permanente – principalmente quando fica provado que não fizeram nada de errado e que é ele, o próprio Moraes, que tem de dar explicações sobre a sua conduta. É a epopeia da “agressão” que o ministro e família teriam sofrido no aeroporto de Roma.

SEM PROVAS – O caso já tem mais de um ano, e nesse tempo o Estado brasileiro, com todas as suas polícias e os seus bilhões em recursos, não conseguiu apresentar uma única prova de que houve o que Moraes diz que houve.

O caso deveria ter ido há muito tempo para o arquivo morto, mas não vai. Há suspeitos, a quem nem a PF e o Ministério Publico queriam acusar – poderia ser, no máximo dos máximos, um caso de injúria, e o STF não tem nada a ver com isso – mas foram indiciados como uma ameaça para o “Estado democrático de Direito”. Os vídeos das câmeras de segurança do aeroporto, que não provam agressão nenhuma, foram postos em sigilo. Está tudo errado, mas não para.

A última calamidade é a perícia apresentada pela defesa, afirmando que foi o filho de Moraes, pelo que mostra o exame detalhado dos vídeos, quem agrediu o principal acusado – o exato contrário do que alega o ministro. Pelo cheiro da brilhantina, nada disso vai ajudar a posição legal dos suspeitos. Nada ajudou até agora. Por que um detalhezinho desses iria ajudar?

SEM PROVAS – E o caso de Filipe Martins, ex-assessor do ex-presidente Bolsonaro? Martins ficou seis meses inteiros à disposição da polícia e de Moraes, trancado numa cela de cadeia, sem que fosse encontrado o mais miserável fiapo de prova das acusações feitas a ele.

Pior: numa inversão do princípio elementar do ônus da prova, foi ele, o preso, quem provou materialmente que não fez o que foi acusado de fazer.

Diante do que tinha se tornado um escândalo, teve de ser solto – mas está algemado a uma tornozeleira eletrônica. Por que, se ele não fez nada? São essas coisas desagradáveis que acontecem no regime comandado pelo Supremo Tribunal Federal.

Por unanimidade, 1ª Turma do STF mantém a suspensão do X no Brasil

Charge do Baggi (jornaldebrasilia.com.br)

Pedro do Coutto

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) manteve, por unanimidade, a suspensão da rede social X no Brasil. Os cinco votos foram dados pelos ministros no plenário virtual da Corte nesta segunda-feira.  

O tema foi analisado em uma sessão extraordinária do plenário virtual e a decisão vale até que a plataforma cumpra decisões da Justiça de bloquear perfis com conteúdo antidemocrático e/ou criminoso; pague multas aplicadas por desobedecer ordens judiciais – que somam mais de R$ 18 milhões; e indique um representante legal no país.

CRÍTICAS – O primeiro voto acompanhando Moraes foi do ministro Flávio Dino, que fez críticas ao fato do X ter se recusado a cumprir decisões do STF. Para o ministro, “a parte que descumpre dolosamente a decisão do Poder Judiciário parece considerar-se acima do império da lei”.

Em referência indireta ao dono do X, o empresário Elon Musk, Dino também disse que o “poder econômico e o tamanho da conta bancária não fazem nascer uma esdrúxula imunidade de jurisdição”. O ministro ainda disse que “não existe liberdade sem regulação” e afirmou que os termos de uso das redes sociais não podem estar acima da Constituição e das leis.

“A verdade é que a governança digital pública é essencial, num cenário de monopolização e concentração de poder nas mãos de poucas empresas, acarretando gravíssimos riscos de as regras serem ditadas por autocratas privados, que se esquivam de suas responsabilidades, não se importando com os riscos sistêmicos e externalidades negativas que seus negócios geram”, escreveu.

DESCUMPRIMENTO – Em seu voto, Zanin disse que “o reiterado descumprimento de decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal pela plataforma digital X Brasil Internet Ltda. foi devidamente comprovado” e que isso “é extremamente grave para qualquer cidadão ou pessoa jurídica pública ou privada”.

O ministro acrescentou que “compete ao Poder Judiciário determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial” e que por isso a suspensão do X teria amparo legal.

Na sexta-feira, Moraes determinou a suspensão imediata, completa e integral do funcionamento da rede social até que todas as ordens judiciais dadas por ele sejam cumpridas, as multas devidamente pagas e seja indicado, em juízo, a pessoa física ou jurídica representante em território nacional.

DESACATO – O ministro afirmou que o X tentou fazer com que as redes sociais fossem uma “terra sem lei”, o que representaria um “gravíssimo risco” às eleições municipais, que serão realizadas em outubro.

Estava evidente que a decisão seria essa, pois não é possível que um ministro de uma Corte de Justiça aceitasse um desacato desse nível. No fundo da questão, o bilionário Elon Musk  faz do X um cabo de guerra para angariar críticas internacionais sobre as decisões do STF.

Ao escalar a crise com o ministro Alexandre de Moraes, Musk, alinhado à extrema direita, mira atacar decisões do Supremo sobre os envolvidos no ato golpista de 8 de janeiro e também atos do Tribunal Superior Eleitoral referentes à eleição presidencial de 2022.