Objetivo do governo é haver pelo menos um grande cassino em cada Estado

Cassino no Casamento: um pouco de Las Vegas na sua Festa

A roleta ainda é o jogo mais popular dos cassinos

Lucas Schroeder e Henrique Sales Barro
CNN São Paulo

O ministro do Turismo, Celso Sabino, disse à CNN, nesta segunda-feira (15), que, uma vez sancionado o projeto de lei (PL) que legaliza os jogos de azar, o governo trabalha com a expectativa de haver um resort integrado por estado.

Resorts integrados são hotéis que oferecem uma ampla gama de serviços e instalações voltadas ao entretenimento dos hóspedes. E entre as instalações ofertadas, estão os cassinos.

INVESTIMENTOS – “Apenas um empreendimento vai mobilizar mais de R$ 1 bilhão para sua implantação. Nós pretendemos ter pelo menos um (resort integrado) em cada estado da federação”, afirmou Sabino em entrevista ao programa Bastidores CNN.

“Haverá estados que poderão ter mais de um, dado o seu tamanho territorial e população”, complementou o ministro.

Os resorts integrados, segundo o Sabino, permitirão que o Brasil “seja igual aos outros países do mundo que já permitem a exploração” de jogos de azar, como Estados Unidos, Uruguai, Paraguai e Argentina, que recebem brasileiros em busca da atividade.

RESTRIÇÕES – A aprovação desse projeto não vai permitir que qualquer pessoa entre em qualquer bodega e possa fazer jogos de azar. Só dentro daquele lugar (resort integrado) e dentro de uma área específica daquele local que vai poder ter jogo de roleta, jogo de baralho, jogo de dados…

O PL dos Jogos de Azar já foi aprovado pela Câmara dos Deputados – no primeiro semestre de 2022 – e, agora, tramita no Senado Federal.

Em discussão há mais de 30 anos, o projeto prevê, além de cassinos em resorts e hotéis de alto padrão, a legalização do jogo do bicho e de apostas em corridas de cavalo fora de hipódromos.

O QUE FALTA – Em junho, a proposta foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa. Agora, restam a votação no Plenário e, posteriormente, a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), já declarou que a votação deve ocorrer após o recesso parlamentar – que vai de 17 de julho a 1º de agosto. À CNN, Sabino defendeu que o processo pelo plenário ocorra já “nas primeiras semanas de agosto”.

“Fizemos um projeto bem amarrado, que conseguiu vencer as barreiras da Câmara. Imagino que os senadores da República terão também esse compromisso”, afirmou.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGEspera-se que não haja novos boicotes de todas as igrejas reunidas em coalizão. Já é hora de parar com essas criancices e deixar os adultos viverem suas vidas conforme desejarem. Aqui, você pode apostar em todo tipo de jogo pela internet. Chega de hipocrisia. (C.N.) 

Seus problemas acabaram! A GloboNews vibra com Kamala substituindo Joe Biden

Pesquisa indica que Kamala Harris poderia vencer Trump

GloboNews já tem pesquisa com Kamala na frente de Trump

Vicente Limongi Netto

O sol voltou a brilhar na agitada GloboNews. Passarinhos cantam nas janelas da redação. Os teclados dos computadores e tablets, que andavam tristes e insatisfeitos, irritados de ver o fogoso Donalt Trump com seu elegante esparadrapo na orelha, abandonaram a letargia. Agora dançam felizes, como criança que ganhou pirulito.

A música “Alegria, alegria”, de Caetano Veloso, é o oxigênio da esperança. Cantarolam pelos corredores da emissora “caminhando contra o vento, eu vou”. Com emoção e ternura contagiantes. Rapazolas e moçoilas contornam o vento e garantem que agora vai. Sem GPS é brabo saber para onde.

O ser humano é mesmo frívolo. Carregavam Joe Biden no peito, como Milton Nascimento embala os amigos. A ordem dos porra-loucas de veneta é tirar Trump do caminho. De repente, como um raio, a vice Kamala Harris agora é a bola da vez. A salvação da lavoura. Como leões esfomeados, levam a sorridente Kamala para o matar ou morrer, em novembro. O show da luxúria promete emoções nunca vistas. 

CRUZADA DO BEM – Incansável, a jornalista Ana Dubeux (Correio Braziliense – 21/07) prossegue na cruzada do bem, repudiando a escória de canalhas e covardes que agridem e até matam mulheres. Doentes de ciúmes, tomados por abissal ignorância, recalque e desprezo pela vida alheia.

A violência desses monstros cresce assustadoramente. Muitas mulheres vivem em pânico. Sabem que o estúpido com quem vivem pode de uma hora para outra, acabar com a vida delas. Deixam crianças sofrendo, sem esperanças de paz na vida. O álcool e as drogas são porteiras do inferno. É sabido que mulheres têm medo de denunciar que são agredidas. Quase diariamente. São tragadas pelo medo. O crápula pede perdão e levam as companheiras na conversa.

 Leis em defesa das mulheres são desencontradas e enchem páginas do computador. Na realidade, fracas e incapazes de conter a covardia. No duro mesmo, sem dó nem piedade, a solução é cadeia severa e exemplar para os assassinos de mulheres. Sem a tolice de audiência de custódia. Se o acusado tiver posses, sai flanando, cinicamente. Pronto para escolher a próxima vítima.

UM MAESTRO – O bom senso recomenda que o técnico Dorival Junior esteja acompanhando a boa forma, física e técnica do cerebral meia Paulo Henrique Ganso. Trabalhou com Ganso no Santos, sabe quanto ele pode render e produzir pelo time.

Contra o Cuiabá, Ganso mostrou que é como o vinho, quanto mais velho, melhor. Ganso é gênio. Descobre espaços que só ele e a bola conhecem. Altera e impõe o ritmo do jogo. Mantém a bola com o time. Mestre em passes curtos e longos. Orienta o time.

Deixou tontos os zagueiros mais o goleiro, com a primorosa deixada para o garoto Kauã marcar o gol tricolor.

Começou o embate entre Lula e Tarcísio  pela sucessão de 2026. Comprem pipoca…

A conciliação na política brasileira (por André Gustavo Stumpf) | Metrópoles

A amizade terminou e agora começa a pancadaria

Caio Junqueira
CNN

Os movimentos dos dois potenciais candidatos à Presidência em 2026 têm sido desde o começo de 2023 de aproximações e afastamentos. Mas uma manifestação da Advocacia-Geral da União (AGU) atacando o processo de privatização da Sabesp esquentou a relação entre Lula e Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo.

A AGU, ligada a Lula, reafirmou por escrito ao Supremo Tribunal Federal suspeitas do PT de que uma das principais bandeiras da gestão Tarcísio, a venda da Sabesp, tem irregularidades morais e éticas. Isso deflagrou um movimento de ataques de lado a lado nos bastidores.

OBRAS DE TARCÍSIO – Esse movimento cresceu ao longo do dia com outro episódio: a ida de Lula a São Paulo para anunciar obras que haviam sido formuladas por Tarcísio quando era ministro de Bolsonaro.

Lula convidou Tarcísio para o ato, mas Tarcísio não foi. E Lula atacou Tarcísio por ele não ter ido.

Os movimentos dos dois potenciais candidatos à Presidência em 2026 têm sido desde o começo de 2023 de aproximações e afastamentos. Mas tem ficado mais claro que, quanto mais a eleição presidencial de 2026 se aproxima, mais eles se afastam.

A possibilidade de Tarcísio de Freitas ser candidato ao Palácio do Planalto em 2026 e concorrer contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi avaliada na CNN pelo cientista político Rafael Cortez, professor do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP). Cortez explica que existe “o conflito em torno da privatização em si”, mas também há “os desdobramentos políticos eleitorais desse movimento”.

Para Cortez, “como o Tarcísio é a bola da vez para representar eventualmente o bolsonarismo, em 2026, organizando um projeto rival ao do presidente Lula, todo o movimento entre esses dois nomes vai ganhar uma repercussão política para além da temática específica”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Em tradução simultânea, a luta pela sucessão de Lula agora começou de verdade. Chegou ao fim a sessão tapas e beijos. Daqui em diante, será pancadaria pura. Podem comprar a pipoca. (C.N.)

Na primeira aparição pública, Kamala faz a defesa do legado de Joe Biden

Kamala aproveitou um evento e iniciou sua campanha

Fernanda Perrin
Folha

Em sua primeira aparição pública após tornar-se candidata à vaga democrata na disputa pela Casa Branca, Kamala Harris fez uma defesa do legado de Joe Biden, dizendo que o presidente conseguiu mais em quatro anos do que a maioria de seus antecessores fez em oito.

A declaração ocorre um dia após o octogenário desistir de tentar sua reeleição, após forte pressão interna do próprio partido, que duvidava cada vez mais da sua capacidade de derrotar Donald Trump. Ao anunciar sua saída, Biden endossou Kamala para substituí-lo na chapa do partido.

SEM PARALELO – “O legado de Joe Biden nos últimos três anos e meio não tem paralelo na história moderna”, afirmou a vice-presidente durante um evento na Casa Branca na manhã desta segunda (22) com times da Associação Atlética Nacional Universitária. “Em um mandato, ele já superou o legado da maior parte dos presidentes que serviram dois mandatos.”

Em seguida, Kamala repetiu declarações que já havia feito em uma nota circulada no domingo, afirmando que conheceu Biden primeiramente por meio de seu filho Beau, morto em 2015, quando os dois trabalhavam juntos na Califórnia.

“As qualidades que ele reverenciava em seu pai são as mesmas que vi todo dia em nosso presidente. Sua honestidade, integridade, compromisso com sua fé e sua família. Seu grande coração e o profundo amor pelo nosso país”, afirmou. “Somos profundamente gratos pelo seu trabalho pela nossa nação”, completou.

GESTO ALTRUÍSTA – O discurso é semelhante ao repetido por outros integrantes do partido desde que Biden anunciou sua saída da campanha. Em notas e entrevistas, democratas descrevem a decisão do presidente como um gesto altruísta e heróico.

A narrativa contrasta com tentativa semelhante feita entre republicanos em relação ao seu candidato, Donald Trump. Desde que sofreu uma tentativa de assassinato, há pouco mais de uma semana, o empresário vem sendo retratado por aliados como um herói. Em um comício no último sábado, Trump chegou a dizer que levou um tiro pela democracia.

Kamala é filha de um professor jamaicano e de uma pesquisadora de câncer indiana que se conheceram durante um protesto por direitos civis na Califórnia, nos anos 1960 —ambos faziam doutorado na Universidade de Berkeley. O nome da vice-presidente, em hindi, significa flor de lótus, como ela afirma em seu livro de memórias “The Truths We Hold – An American Journey” (2019). A pronúncia correta é “Kâmala”, com a sílaba tônica no “Ka”, e não “Kamála”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É impressionante o apoio da mídia ao partido Democrata. Se depender da imprensa, Trump terá de fazer um esforço enorme para derrotar Kamala Harris. Tudo indica uma eleição duríssima. (C.N.)

Maior entrave ao desenvolvimento do país é o despreparo do Congresso e dos politicos

Sessão Congresso

Baixo nível dos congressistas retarda o desenvolvimento

Janio de Freitas
Poder360

É quase ininteligível que uma nação com o desenvolvimento dos Estados Unidos fosse entregue à direção de um ser tão inadequado quanto Donald Trump. E esteja ameaçada de repetir o desatino. Guardadas as proporções, o Brasil de Bolsonaro, a Venezuela de Maduro, a Argentina de Milei, apesar de tudo, não justificam tamanho desprezo do destino.

A evolução dos sistemas de escolha política percorre os séculos em quase imobilidade. No decorrer dos 5.000 anos de reflexão a respeito, e historicamente perceptível, nada mudou menos do que as formas do poder político.

ILUSÃO DE INOVAÇÕES – Das transformações de nomenclatura é que veio a ilusão de inovações, boas e más. Tirano, por exemplo, denominava o chegado ao poder meio fora da regra, mesmo que meio pacífico, e fosse bom ou mau governante. As palavras ficam, os sentidos se movem.

O mundo mudou muito nos últimos 2 séculos, e a política não se atualizou. Precisa evoluir para modos mais verazes e mais capazes de compor as instituições de condução dos países.

Os brasileiros não têm o direito de aspirar a tanto. Antes, precisamos que a política aqui seja menos subdesenvolvida. Menos de costas para o país. Menos vista como caminho fácil para saciar voracidades pessoais e grupais.

FALHAS POLÍTICAS – O Congresso brasileiro não pode deixar-se ver como contrário, no mínimo indiferente, às necessidades e interesses predominantes na população. Fake news eleitorais são mentiras para enganar o eleitorado, mas o Congresso mantém o veto (ainda de Bolsonaro) a punições para disseminadores dessas mentiras, que são crimes.

O projeto de reforma tributária, trabalhosa elaboração esperada há décadas, sofreu na Câmara desfiguração imoral, para favorecimento a setores e grupos empresariais, e em prejuízo dos cidadãos comuns e do cofre público.

A crescente incidência do câncer é agora constatada também entre jovens. O Congresso, porém, derrubou o veto de Lula à transferência da liberação de agrotóxicos, doada na Lei do Veneno ao Ministério da Agricultura: o ministério dos adeptos do agrotóxico é que passa a controlá-lo.

DÍVIDAS E FUNDOS – Criado na Câmara, o perdão para as dívidas dos partidos é aprovado lá com apoio inclusive do PT, que só de Fundo Eleitoral leva R$ 620 milhões: o conjunto de partidos leva fantásticos R$ 4,9 bilhões, com os 10 maiores partilhando R$ 4,2 bilhões.

E é de cassinos mesmo que o Brasil precisa, como aprovado pela Câmara e a caminho de prevista aprovação no Senado?

Congressistas, aliás, dispõem de duas maneiras de ganhar alto com o jogo de cassino: uma, antes da votação do projeto liberador; outra, depois, se tiver sorte na roleta. “Orçamento secreto”, dinheiro do Orçamento para prefeitos, parentes e pagamento de repetidas viagens ao exterior.

TUDO É DIFÍCIL – E para o governo tudo é dificultado, tudo exige negociações, até que entregue cargos e ministérios ou libere verbas de destinação indicada por um congressista. Aí estão uns poucos exemplos, muito poucos, do que precisa acabar.

O Brasil precisa do Congresso, os cidadãos precisam do Congresso.

É preciso adotar inovações que melhorem o nível médio dos eleitos para o Congresso. Que o façam olhar para fora e não para dentro dos seus desejos pessoais. Precisa-se, é indispensável, que a política fique menos subdesenvolvida.

Muitos analistas políticos passaram a se comportar como meros pregadores

Charge do Zé Dassilva: Debate presidencial - NSC TotalDemétrio Magnoli
Folha

“Não rir, nem lamentar, nem odiar, mas compreender”. A prescrição de Spinoza, que serviu como guia para os intelectuais públicos, saiu da moda. Na era das redes sociais, os intelectuais públicos desistiram de decifrar os fenômenos políticos, dedicando-se à tarefa banal de exprimir indignação moral perante suas bolhas ideológicas.

De analistas, tornaram-se pregadores. Daí, o pequeno escândalo provocado por meus comentários, aqui e na GloboNews, sobre a ascensão da Reunião Nacional (RN) francesa.

RÓTULOS POLÍTICOS – Num passado menos envenenado, rótulos políticos serviam para descrever fenômenos dinâmicos. A atual RN, de Le Pen, emanou de um longo processo de revisões históricas e dramáticas cisões internas que ainda não se concluiu.

Nessa trajetória, renunciou às suas raízes, fincadas na França de Vichy, para aderir à narrativa gaullista da França da Resistência. A estratégia permitiu-lhe capturar a maior parte do eleitorado da centro-direita tradicional, relegando o velho partido gaullista a um gueto. A extrema direita tornou-se direita nacionalista.

A direita nacionalista é reacionária, xenófoba e islamofóbica, como a extrema direita, mas subordina-se às instituições democráticas. A RN só desistiu do chamado à deportação em massa de imigrantes para concentrar-se no objetivo principal: cancelar o princípio do “direito do solo”, instituído pela Revolução Francesa, substituindo-o pelo “direito do sangue”.

MUTAÇÃO DE LE PEN – Não é pouco: o “direito do solo” funciona como limitação constitucional das erupções de xenofobia e racismo. Os pregadores, que preferem rir, lamentar e odiar, nem tentam explicar a mutação da RN. No lugar disso, apelam ao pensamento mágico, alegando que tudo não passa de uma operação de camuflagem.

Seria, igualmente, mera camuflagem a mutação histórica do PT, de partido anticapitalista que rejeitou assinar a Constituição de 1988 para o atual partido de esquerda engajado na busca da governabilidade?

O PT chegou ao Planalto porque mudou. A RN atingiu o umbral do poder pelo mesmo motivo, o que a torna mais – não menos! – perigosa para os direitos humanos e a coesão social da França.

FRANÇA ETERNA – A ascensão do partido de Marine Le Pen ameaça consumir a “França de 1789” na fogueira da “França eterna”. Já o partido original, extremista, de Jean-Marie Le Pen, produzia apenas ruídos, por vezes sonoros, nas franjas da sociedade francesa.

Não é prudente traçar paralelos superficiais entre a Europa e os EUA – ou o Brasil. O Maga, movimento de Trump que tomou de assalto o Partido Republicano, é um fenômeno extremista, como atesta a contestação violenta à eleição de 2020. O bolsonarismo pertence à extrema direita, como prova a trama golpista que se desenrolou entre dezembro de 2022 e o 8/1 de Brasília.

Na Europa, porém, os partidos da direita extremista, como a Afd alemã ou o Vox espanhol, permanecem circunscritos à periferia política. O perigo iminente mora nos partidos que se moveram para a direita nacionalista, como o Fidesz, de Orbán, o Irmãos da Itália, de Meloni, e a RN francesa.

ANALISTA E PREGADOR – O analista concentra-se nas mutações e nas nuances; o pregador, na caricatura bruta que serve à sua causa. Os arautos do bolsonarismo só sabem utilizar os rótulos comunista e socialista (ou o que, na sua febre infantil, imaginam serem variações, como “liberais globalistas”).

Já os intelectuais de esquerda, também prisioneiros do teatro das redes antissociais, reconhecem apenas neonazismo e fascismo (ou extrema direita, que tratam como sinônimo dos anteriores). Uns e outros comportam-se como influencers, investindo no mercado da propaganda.

O jovem pastor Pedro, conta-nos Esopo, acostumou-se a fazer troça com os habitantes da aldeia, gritando “lobo!” para atrair a ajuda deles. No dia em que o lobo emergiu da floresta, ninguém deu-lhe atenção – e lá se foi seu rebanho. Pedrinho, pare de representar.

Lula supera Bolsonaro em declarações que ofendem as minorias, e a esquerda se cala

Lula tem 45% e Bolsonaro 33% no primeiro turno, aponta Quaest | Metrópoles

Bolsonaro e Lula disputam o troféu Asneira do Ano

Deu no Estadão

A defesa dos direitos das minorias, em tese, é universal. Todos, sem exceção, devem respeitar mulheres, negros, homossexuais, indígenas e outros tantos grupos, conforme preconizam as cartilhas de direitos humanos e os manuais de bom comportamento. Os ativistas da chamada esquerda “identitária”, aquela que superou a luta de classes e investe na afirmação política de grupos ultraminoritários, são particularmente dedicados a essa defesa, exercendo o papel de vigilantes do discurso alheio para flagrar o que, em sua opinião, fere a sensibilidade desses grupos.

Ninguém escapa da fúria censória desses zelotes. Apenas um cidadão brasileiro está livre do “cancelamento”: é o presidente Lula da Silva.

SALVO-CONDUTO – Diga a barbaridade que disser – e como ele diz! –, Lula não será repreendido pelos esquerdistas. Parece ter salvo-conduto para dar declarações machistas, homofóbicas e capacitistas à vontade.

A última do demiurgo petista foi num evento no Palácio do Planalto, em que ele, a propósito de uma pesquisa segundo a qual a agressão doméstica a mulheres aumenta em dias de jogos de futebol, declarou que, “se o cara (que agride mulher) é corintiano, tudo bem”. Mal se ouviram críticas de petistas a essa blague lamentável; as escassas reprimendas vieram na forma de sussurro obsequioso. Afinal, Lula é uma ideia.

As grosserias de Lula são tratadas por seus devotos como “gafes” ou “deslizes”. Desrespeitou a própria mulher, Janja, ao dizer que ela poderia atestar o vigor sexual que comprovaria sua disposição para seguir na política apesar da idade.

OUTRAS GROSSERIAS – Afirmou, ao anunciar medidas de socorro ao Rio Grande do Sul, que uma máquina de lavar roupa é “muito importante” para as mulheres. A uma beneficiária do Minha Casa Minha Vida que aos 27 anos tem cinco filhos, Lula perguntou: “Quando é que vai fechar a porteira?”.

Numa cerimônia dedicada a pessoas com deficiência, o presidente disse que Janja o instruiu a escolher bem as palavras porque “essa gente tem a sensibilidade aguçada”. Noutra ocasião, declarou que “afrodescendente gosta de um batuque de um tambor”. E tudo isso apenas neste ano.

Nada disso é trivial ou desimportante. Lula é presidente da República e, como tal, representando o Estado brasileiro, deve servir de exemplo de compostura e respeito.

BOLSONARO, TAMBÉM – Ainda estão frescas na memória as inúmeras declarações ultrajantes de Jair Bolsonaro, na condição de presidente, a respeito de diversas minorias, e isso mereceu justa condenação.

Recorde-se ainda a enorme proporção que teve o movimento “Ele Não”, liderado por mulheres, para protestar contra a candidatura presidencial de Bolsonaro, em 2018, em razão de suas seguidas ofensas.

Não se trata, aqui, de avaliar o grau de desfaçatez de um e de outro, como se Lula e Bolsonaro estivessem a disputar um certame de cafajestagem. Ambos merecem a mesma admoestação por parte de todos os que prezam a civilidade, mas sobretudo daqueles que fazem da defesa das minorias a causa de suas vidas. Ou então a causa não vale nada.

Lula ficou arrasado com desistência de Biden, porque pode se repetir com ele

Lula queria seguir o exemplo de Biden, mas ficou complicado

Carlos Newton

Foi um péssimo final de semana no eixo Planalto/Alvorada, com a cúpula do governo acompanhando com apreensão o aumento da pressão sobre o presidente americano Joe Biden, até ele não aguentar mais e jogar a toalha.

A desistência do Biden de concorrer à reeleição neste domingo (dia 21) foi uma tragédia para Lula da Silva, que se espelhava no exemplo do presidente norte-americano para tentar a reeleição em 2026, quando completará 81 anos antes do segundo turno, a mesma idade que Biden tem hoje.

VOLTOU ANIMADO – Quando esteve em visita oficial aos Estados Unidos, Lula voltou animado, porque o próprio Biden lhe revelara que seria candidato, apesar da idade e da decadência física e mental.

Neste domingo, o Planalto se transformou num deserto de homens e ideias, como diria Oswaldo Aranha, um estadista de verdade, que Getúlio Vargas, enciumado, não permitiu que fosse candidato em 1945 e apoiou o Marechal Eurico Dutra, que não tinha a menor vocação ou preparação para governar.

E os jornalistas ligavam sem parar para o Alvorada e para os chefes da Secretaria de Comunicação, mas não encontravam ninguém para ser entrevistado. Lula, então, ficou totalmente fora do ar.

PERDA TOTAL – Além de prejudicar a própria candidatura de Lula em 2026, aumenta a chance de que o partido Republicano possa voltar ao poder com nova vitória de Donald Trump.

A volta de Trump à Presidência dos Estados Unidos prejudica claramente as relações diplomáticas e comerciais com o Brasil, em especial nas questões ambientais, com imigrantes e na política regional.

Sem falar que o retorno de Trump à Casa Branca favoreceria o discurso da extrema direita no mundo e fortaleceria aqui no Brasil o ex-presidente Jair Bolsonaro, de quem é aliado.

Obama foi fundamental para fazer Joe Biden desistir de sua candidatura

Biden ficou irritado com Obama por pressão para desistir de campanha

Pedro do Coutto

Nos Estados Unidos foi para o espaço a candidatura de Joe Biden, principalmente depois que foi divulgada a opinião do ex-presidente Barack Obama de que Biden deveria se retirar da disputa. Pessoas próximas  afirmaram que ele ficou ressentido com o que considerou ser uma campanha orquestrada por líderes democratas para que ele desistisse da candidatura à Presidência americana.

Biden não passou recibo e desprezou a deputada Nancy Pelosi, ex-presidente da Câmara dos EUA, a principal instigadora. Também não citou o ex-presidente Barack Obama que, segundo ele, estaria agindo como um “mestre de marionetes” nos bastidores democratas.

A lista de políticos democratas que pediam para que Biden desista da corrida presidencial não parava de crescer e 34 congressistas do partido pediram publicamente para o presidente encerrar sua candidatura à reeleição.

ANÚNCIO – O presidente elogiou a vice-presidente Kamala Harris, que manteve a fidelidade a ele, e disse que vai apoiá-la para ser a candidata substituta.

Suas palavras foram bem recebidas e imediatamente começaram a aumentar as doações à campanha democrata e as manifestações de apoio à indicação de Kamala Harris, que será submetida ao partido.

Na última semana, Obama disse em privado a aliados que Joe Biden precisava considerar seriamente sua viabilidade como candidato à reeleição e que as chances de vitória do atual ocupante da Casa Branca tinham diminuíram. Mas o desconforto entre Obama e Biden não é de agora.

RESSENTIMENTO – Segundo o The New York Times, o atual presidente guarda rancor desde que Obama gentilmente o desencorajou de concorrer à Presidência em 2016, direcionando a indicação democrata para Hillary Clinton, que perdeu para Donald Trump. Antes de ser presidente, Biden foi vice de Obama ao longo de seus dois mandatos na presidência, de 2009 a 2017.

Com esse episódio, Biden ficou inviabilizado, pois ninguém pode ser candidato de um partido na medida em que um dos maiores representantes da legenda já deixa claro que não o apoia integralmente. Enfim, são coisas da política e temos que ir em frente aguardando o próximo passo do partido dos Democratas.

Caía a tarde feito um viaduto, e um bêbado trajando luto me lembrou Carlitos…

O Bêbado e A equilibrista - João... - Samba Choro Partituras | Facebook

Bosco e Aldir, na dureza daqueles tempos

Paulo Peres
Poemas & Canções

O desabamento de parte do viaduto da Av. Paulo de Frontim, na Tijuca (RJ), numa tarde de sábado em 21/11/1971, inclusive com muitas vítimas fatais, foi um acidente em plena ditadura fez o psiquiatra, escritor e poeta Aldir Blanc invocar o seu infindo veio poético para escrever “O Bêbado e a Equilibrista” com seu grande parceiro João Bosco. Mais do que um clássico tornou-se um hino na época da ditadura e da anistia, que foi gravado por Elis Regina.

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O BÊBADO E A EQUILIBRISTA
João Bosco e Aldir Blanc

Caía a tarde feito um viaduto
E um bêbado trajando luto
Me lembrou Carlitos…

A lua, tal qual a dona do bordel
Pedia a cada estrela fria
Um brilho de aluguel

E nuvens!
Lá no mata-borrão do céu
Chupavam manchas torturadas
Que sufoco!
Louco!
O bêbado com chapéu-coco
Fazia irreverências mil
Pra noite do Brasil.
Meu Brasil!…

Que sonha com a volta
Do irmão do Henfil.
Com tanta gente que partiu
Num rabo de foguete
Chora!
A nossa Pátria
Mãe gentil
Choram Marias
E Clarisses
No solo do Brasil…

Mas sei, que uma dor
Assim pungente
Não há de ser inutilmente
A esperança…

Dança na corda bamba
De sombrinha
E em cada passo
Dessa linha
Pode se machucar…

Azar!
A esperança equilibrista
Sabe que o show
De todo artista
Tem que continuar…

Lula já não tem como propagar que na Venezuela há “democracia até demais”

Maduro afirma que se não for reeleito Venezuela cairá em “banho de sangue”Merval Pereira
O Globo

Mesmo que Maduro não fosse seu candidato preferido, o presidente Lula estaria agora mais empenhado do que nunca na sua vitória, para não ter que enfrentar o dilema de quem se mete a apoiar ditadores: evitar o “banho de sangue” prometido pelo ditador venezuelano em caso de derrota. Caso ela venha, o que não parece impossível a esta altura, o presidente brasileiro, que se diz um democrata, terá que intervir para que a Venezuela não se torne uma ditadura escancarada.

Não que Lula não apoie ditaduras, como mostra seu comportamento com Cuba, ou Nicarágua. Esses três exemplos, aliás, são de países que fizeram revoluções de esquerda para afastar governos autoritários de direita, presumidamente para defender o povo explorado. No que foram apoiados entusiasticamente em determinado momento histórico. Agora são eles os ditadores de esquerda que exploram o mesmo povo.

ENRASCADA – De heróis passaram a vilões, e colocam governos como o de Lula em uma enrascada: como dizer-se um democrata quando os amigos se tornam ditadores.

Lula, sem ter o que dizer diante da ameaça de Maduro de que sua derrota poderá gerar “um banho de sangue”, saiu-se com essa: “Eles que elejam quem eles quiserem”. Como assim, se os principais líderes oposicionistas da Venezuela estão presos ou impedidos de disputar a eleição presidencial? Mesmo assim, o oposicionista que sobrou, Edmundo Gonzales, tem chances reais de vencer as eleições, e por isso Maduro espalha suas ameaças dias antes do pleito.

O assessor especial de Lula para assuntos internacionais, Celso Amorim, que hoje assume o papel que um dia já foi de Marco Aurelio Garcia quando Amorim era o chanceler brasileiro, tentou amenizar a fala de seu malvado preferido, dizendo que Maduro se expressou mal ao falar em “banho de sangue”, quando queria se referir à luta de classes. Mesmo que tivesse sido um ato falho, revelaria o que Maduro pensa da “luta de classes”, uma associação da guerra como a continuidade da política por outros meios, como já disse Clausewitz.

ESTÁ DIFÍCIL – Fica cada vez mais difícil para o governo brasileiro sustentar que na Venezuela há “democracia até demais”, como já disse Lula. Uma frase como a dita por Maduro elimina qualquer possibilidade de classificá-lo como “um democrata”, ou seu governo como uma “democracia”.

O “banho de sangue” prometido, quando as pesquisas eleitorais mostram a oposição com praticamente 60% dos votos, pode vir a ser uma desculpa para adiar as eleições do dia 28, o que escancararia o caráter simplesmente simbólico da ida às urnas, pois o resultado contrário ao governo não seria aceito.

Já o fato de não ser possível a Maduro organizar uma eleição em que ele não correria chance de perder, como fazem outras ditaduras pelo mundo, já é sinal de sua fraqueza política. Se saberá qual a fortaleza militar quando se aproximarem as eleições, e as pesquisas continuarem a prever uma vitória da oposição, longe de um empate técnico.

PRAGMATISMO – É certo que o pragmatismo na política externa é incontornável, por isso a chamada maior democracia do mundo, os Estados Unidos, se submetem a uma relação assimétrica com a Arábia Saudita, por exemplo, tendo dado imunidade ao ditador Mohammad bin Salman, acusado pelo assassinato do jornalista Jamal Khashoggi.

Mas, pelo menos, os órgãos de inteligência dos Estados Unidos desvendaram o caso e divulgaram relatórios, e nunca nenhum dirigente americano garantiu que a Arábia Saudita era uma democracia.

É compreensível que o governo brasileiro, qualquer governo que se guia pelas regras internacionais, precise manter sua liderança na América do Sul, mas para tal não é preciso assumir as vergonhosas ações das ditaduras.

Para confirmar o golpe, a PF precisa saber qual foi o general que mentiu

Theophilo e Freire Gomes entram em contradição em depoimentos

Um dos generais está mentindo: Theofilo ou Freire Gomes?

Carlos Newton

Os ministros do Supremo, sem exceção, incluindo até os dois nomeados por Bolsonaro (Nunes Marques e André Mendonça), todos eles se orgulham de terem salvo a democracia – ou seja, evitado o golpe de estado que o então presidente Jair Bolsonaro e o general Braga Netto pretendiam concretizar. Os mais vangloriosos são Luís Roberto Barroso, Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Edson Fachin – sempre que podem, eles logo se apresentam como salvadores do regime.

Mas é conversa fiada. Os brasileiros mais velhos e experientes, que viveram a dura realidade do golpe de 1964, se divertem com essas fanfarronadas, sabem que ministro do Supremo não evita golpe algum, pois quem o faz é o Alto Comando do Exército, e estamos conversados.

VIÚVA PORCINA – Esse assunto – o golpe Viúva Porcina, aquela que foi sem ter sido, como dizia o dramaturgo Dias Gomes – é hoje o mais importante inquérito em andamento na Polícia Federal, como única investigação que poderá causar a prisão de Jair Bolsonaro – hipoteticamente falando, é claro.

O ponto central da apuração, para definir se houve tentativa de golpe ou apenas sondagem, está na disparidade de informações entre os dois generais que detinham o poder no Exército em 2022, mas hoje estão na reserva – ou de pijama, como os próprios militares dizem.

Excelente reportagem de Marcela Mattos, na revista Veja, aborda o intrigante assunto e cita a versão de cada general, mostrando a controvérsia absoluta entre os depoimentos que os dois fizeram e assinaram. Um deles é o general Marco Antonio Freire Gomes, que era comandante do Exército em 2022.

REUNIÃO NO   PLANALTO – Após a eleição de Lula, os três comandantes militares foram chamados ao Planalto, para serem consultados pelo  presidente Bolsonaro sobre a posição das Forças Armadas caso houvesse a assinatura de uma medida drástica (estado de emergência, estado de sítio ou garantia da lei e da ordem) que anulasse as eleições.

A questão foi decidida pelo general Freire Gomes. Além de responder negativamente quanto à medida de emergência, aventou a possibilidade de o presidente Bolsonaro ser preso, caso tentasse anular a eleição de Lula.

Assim, o general colocou uma pedra no golpe, avisando que o Alto Comando do Exército era contra, e nenhum governante ou político oposicionista consegue dar golpe sem apoio de tropas.

CHEFE DAS TROPAS – O outro oficial envolvido na contradição com o comandante Freire Gomes é o general Estevam Theofilo, que detinha o controle efetivo das tropas, como chefe do Comando de Operações Terrestres (Coter), o mais importante e estratégico cargo do Exército.

A repórter Marcela Mattos conta que mensagens encontradas pela Polícia Federal no celular do tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens do presidente, apontam que o general Theophilo esteve ao menos três vezes no Palácio da Alvorada, em reuniões com o ex-presidente Jair Bolsonaro após as eleições.

Ao depor, o general Theophilo confirmou que esteve essas três vezes no Alvorada após as eleições, a pedido do comandante Freire Gomes – duas vezes acompanhado do próprio comandante e uma vez sozinho, mas por ordem dele. Segundo o militar, neste encontro a sós com Bolsonaro o então presidente fez “lamentações” sobre o resultado das eleições. Ele contou ainda que, após o encontro, foi até a casa de Freire Gomes relatar a conversa.

GOMES DESMENTE – O ex-comandante Freire Gomes, porém, afirmou no depoimento à PF que não ordenou que seu subordinado fosse ao Palácio da Alvorada se encontrar com Bolsonaro a sós e disse até ter ficado “desconfortável” com a ida dele, devido à intenção de ser anulada a eleição, o que configuraria a aplicação de um golpe de estado.

Portanto, Freire Gomes desmentiu o general Theofilo duas vezes, porque afirmou também que não se recordava se o então chefe do Coter havia lhe relatado o conteúdo da conversa com Bolsonaro.

Bem, está claro que um dos dois generais está mentindo descaradamente. E a Polícia Federal avança na investigação desse detalhe, que elucidará os aspectos mais importantes do golpe Viúva Porcina. Dependendo dos resultados, enfim ficaremos sabendo se Bolsonaro será preso preventivamente ou não.

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P.S. –
O assunto é da máxima importância. Dessa investigação depende o processo sobre o golpe de estado e também a próxima eleição presidencial.  Se ficar provado que não houve preparação para o golpe, mas uma simples sondagem, Bolsonaro pode se livrar desse processo, e esse fato influirá na votação da anistia, que pode lhe devolver os direitos políticos e a candidatura em 2026 contra Lula, que estará completando 81 anos antes do segundo turno, já conhecido como “Biden da Silva”, como ironiza o senador Ciro Nogueira (PP-PI). E amanhã voltaremos à questão sobre o militar que mentiu. (C.N.)

Entenda o paradoxo que fez a direita radical perder na França e Reino Unido

Marine Le Pen promete suspender toda a imigração na França | VEJA

Marine Le Pen sonhou com uma vitória que não veio

Marcus André Melo
Folha

O RN liderado por Marine Le Pen quase dobrou o número de votos (37%) nas eleições legislativas francesas. No entanto obteve apenas 20% das cadeiras. Algo que já ocorrera antes. Em 2017, o partido, antes de mudar o nome, amealhou 13,3% (1º turno) e 8,5% (2º turno) dos votos e apenas 1,3% (8 em 577) das cadeiras.

Na última eleição britânica, o Reform Party foi o terceiro partido mais votado (14,3% dos votos), mas obteve apenas cinco cadeiras (0,7% do total). Em 2015, foi ainda pior: com 12,6% dos votos ficou com apenas 0,15% das cadeiras (isso mesmo, uma cadeira em 650).

PARADOXO – A melhor forma de compreender o paradoxo é examinando o efeito de regras diferentes para o mesmo eleitorado.

O Brexit Party (nome anterior do Reform), cuja representação era pífia sob o voto distrital no Parlamento britânico, tinha a maior bancada no Parlamento Europeu, o qual adota a representação proporcional (39% dos deputados da representação britânica, tendo logrado 31% dos votos). Na França idem: o RN teve 31% dos votos e sua bancada de 30 deputados é também a maior no Parlamento Europeu.

Esta eleição ocorreu 20 dias antes da eleição legislativa, inflacionando as expectativas quanto ao partido. Os incentivos, a abstenção etc. são diferentes nas duas eleições; mas o contraste é colossal.

COISAS DO DISTRITAL – A moral da história é que sob o voto distrital os partidos pequenos (radicais de direita) são punidos enquanto os grandes são premiados. O bônus médio do maior partido para as democracias majoritárias foi estimado em 1,4.

Mas, na recente eleição britânica, o partido trabalhista teve o maior bônus da série histórica (1,8), amealhando 80% mais cadeiras do que logrou obter em voto. São 63% das cadeiras, e apenas 33,7% dos votos —menos do que na última eleição (40%), em 2017.

Como explicar o paradoxo? Parte deve-se à geografia do voto: os trabalhistas perderam proporcionalmente mais votos nos distritos onde não tinham chances de ganhar e ganharam votos onde eram competitivos, conseguindo assim ser o mais votado.

OUTROS FATORES – Mas há dois outros fatores envolvidos. Eleitores votaram estrategicamente: os trabalhistas votaram no Lib-Dem, nos distritos em que seu partido era o terceiro nas pesquisas.

Há também a estratégia partidária. Na França, a retirada de candidaturas menos competitivas por NFP e Macronistas para derrotar Le Pen funcionou. Não há novidade aqui. Nem fortes fatores ideológicos envolvidos. Em 2019, foi a direita radical (Brexit Party) no Reino Unido que retirou as candidaturas onde os conservadores eram competitivos. Agora lançou candidatos e dividiu a direita.

Não foi, portanto, o moderado Keir Starmer substituindo o radical Jeremy Corbyn que levou à vitória.

Kamala quer unir democratas e doações já disparam, com apoio de bilionários

Kamala Harris Is Top Choice For Donors As Potential Biden Exit Looms

Kamala Harris surge como uma candidata de muita chance

Deu no Estadão

A desistência de Joe Biden da candidatura democrata para a presidência dos EUA deu novo ânimo para uma arrecadação mais forte de campanha. Com Kamala Harris, atual vice-presidente do país, como principal nome para entrar na disputa, eleitores e – principalmente – empresários desanimados com Biden voltaram a olhar com atenção para a corrida à Casa Branca.

A tarde deste domingo, 21, foi agitada pelo anúncio de um Biden pressionado por seus colegas a deixar a disputa. O presidente afirmou que estava agindo em prol dos interesses do Partido Democrata e endossou a candidatura de Kamala Harris para o cargo.

MAIS DOAÇÕES – Desde então, doadores democratas estão se mobilizando em torno de Harris como a próxima candidata presidencial do partido, oferecendo às elites democratas algo que elas não sentiam há semanas: otimismo.

Assessores e grandes doadores disseram, já neste domingo, que estavam sendo inundados com entusiasmo e notícias de doações para apoiar Harris caso ela se tornasse a candidata oficial do Partido Democrata – a desistência de Biden não implica no avanço obrigatório de Kamala para a corrida presidencial. A vice-presidente ainda precisará ser confirmada pelo seu partido.

Vários apoiadores de Biden e seus assessores disseram que estavam recebendo notícias de doadores que antes estavam desanimados, mas agora se dizem prontos para doar e apoiar uma chapa liderada por Harris. Um doador do Vale do Silício arrecadou mais de US$ 1 milhão em um período de 30 minutos, disse o informante ao The New York Times.

NAS REDES SOCIAIS – Kamala Harris usou as redes sociais para comentar a desistência do presidente Joe Biden, neste domingo, 21, e agradecer o apoio recebido para que substitua o democrata na corrida presidencial à Casa Branca. No primeiro posicionamento, Kamala falou em união do partido e disse que vai “conquistar” a nomeação democrata.

No X (antigo Twitter) Kamala disse: “Em nome do povo americano, agradeço a Joe Biden por sua extraordinária liderança como presidente dos Estados Unidos e por suas décadas de serviço ao nosso país. Sinto-me honrada com o endosso do presidente e minha intenção é conquistar e ganhar essa indicação.”

Mesmo antes do anúncio oficial da sucessão de Biden, Kamala Harris já garantiu o endosso do seu parceiro de governo na Casa Branca, que pediu que apoiadores do partido realizem as doações para a futura campanha da candidata que será a primeira mulher negras à concorrer a cadeira mais importante na Sala Oval.

DISSE BIDEN – “Farei tudo o que estiver ao meu alcance para unir o Partido Democrata – e unir nossa nação – para derrotar Donald Trump e sua agenda extrema do Projeto 2025. Se você está comigo, faça uma doação agora mesmo”, publicou.

Está havendo apoios em série. Alexandra Acker-Lyons, consultora de doadores democratas que passou os últimos dias nos bastidores tentando angariar fundos para Harris, disse que “recebeu uma enxurrada de e-mails, mensagens de texto e telefonemas” com promessas de doação. “Pessoas que não haviam doado nada perguntaram onde poderiam fazer a doação”, disse ela.

Na tarde de domingo, o apoio dos doadores bilionários do Partido Democrata foi forte e rápido. Reid Hoffman, o mega-doador democrata que esteve entre os maiores apoiadores de Biden nas últimas semanas em meio ao caos, endossou Harris para a presidência. Outro grande bilionário que apoiou Biden, Alex Soros, disse que também a estava apoiando. O Way to Win, um importante grupo de doadores democratas com muitos membros que são partidários de Harris, também aderiu.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Como há outros pretendentes de prestígio querendo se candidatar, esse apoio espontâneo de grandes doadores já diz tudo. E Kamala Harris, filha de jamaicano com indiana, tem experiência e preparo para ser presidente dos Estados Unidos. Não é uma candidata meia-sola e vai enfrentar Trump com muita chance de vencer. O ex-presidente Bill Clinton acaba de apoiar Kamala para presidente. (C.N.)

Criativo na era analógica, o PT foi apanhado no contrapé na nova era digital

Memes de Haddad: mensagens indicam movimento espontâneo - 18/07/2024 -  Mercado - Folha

O PT e Lula nao sabem brincar de política na era digital

Dora Kramer
Folha

Na era analógica, o PT era eficiente no embate. Naqueles idos do final do século passado, era também bom de festa, de (algum) humor e criatividade. Com esses atributos, tanto fez oposição que conseguiu, e segue conseguindo, ser situação.

Nesse lugar de poder pela quinta vez e na era digital, o partido parece ter sido pego de jeito no contrapé do novo tempo. Perde de lavada num ambiente dominado pela direita. Não consegue pautar as provocações nem reagir a elas de modo eficaz.

MEMES DE HADDAD – Leva o tranco e, quando (raramente) se anima a dar o troco, o faz em moeda de menor valor. Os exemplos são muitos, mas o mais recente e impressionante é a enxurrada de memes com a figura do ministro Fernando Haddad ligada ao apetite por arrecadação, popular e competentemente traduzido na palavra “taxa”.

São engraçados e bem bolados, principalmente na referência a filmes de sucesso. Aqui os adversários não podem ser acusados do recurso ao ódio. São piadas, e quando não se reage a elas na calibragem certa, grudam feito chiclete.

Governo e partido não têm sabido calibrar a reação. De um lado, houve uma tentativa de não passar recibo. Soou tímida e meio sem graça. De outro, os petistas Alexandre Padilha e Gleisi Hoffmann resolveram explicar a piada, muito sérios, dizendo que não há excessos na cobrança de impostos.

ATRASADINHOS – Gleisi e Padilha Fizeram isso quando a brincadeira já tomava as redes há dias e até perfis de esquerda replicavam os memes. Faltou um pouco de picardia nessa cadência.

A imprensa tradicional não deu muita bola para o assunto e governistas deram de ombros. “Vai passar”, devem ter pensado. O problema é que a zoeira tem rebatimento na realidade e quando isso acontece a coisa, além de não passar, tem potencial danoso. No caso, de desqualificar o bom trabalho do ministro da Fazenda.

Lembremos o que o apelido “Martaxa” fez em 2004 à tentativa da então prefeita Marta Suplicy de se reeleger.

Biden desiste da candidatura e a eleição americana agora volta à estaca zero

Barack Obama e Joe Biden durante o evento, na Casa Branca

Obama levou Joe Biden a repensar sua candidatura

Roberto Nascimento

Ninguém pode cravar que a vice Kamala Harris será a escolhida ou se terá condições de vencer Donald Trump com mais facilidade do que Joe Biden. Os democratas estão numa sinuca de bico. Não sabem agora em quem apostam no Plano B.

Entendo que mudar agora foi apostar no imponderável e facilitar a vida do maior mentiroso da história dos EUA. No entanto, a pressão para Joe desistir, estava se tornando avassaladora. Até o presidente Barack Obama entrou de cabeça na pressão.

OBAMA ERROU? – Insta salientar que Obama indicou Hillary Clinton, sua secretária de Estado, para disputar com Trump em 2016, colocando seu vice Joe Biden de escanteio, portanto. Hillary teve mais 300 mil votos que Trump, mas perdeu no chamado Colégio Eleitoral. Assim, Obama não deveria opinar, nesse caso atual.

O cenário está se definindo em favor de Donald Trump, porque os adversários entraram no modo “barata voa”, ninguém se entende e a divisão prenuncia uma derrota dos democratas.

Donald Trump é um homem mau, mentiroso, golpista, vingativo e só quer voltar a presidência por ambição e vaidade, para se vingar de promotores e juízes e continuar novamente dominando a maior democracia do mundo.

TODOS ENVELHECEM – Joe Biden é melhor do que Trump e, a meu ver, ainda tinha condições de vencer o homem por trás da invasão do Capitólio. Na questão relativa a idade de Biden, 81 anos e o seu esquecimento de nomes e trocas frequentes, isso é comum, e  Donald Trump, que tem 78 anos, também troca nomes e esquece com frequência.

O grande nó da política americana, é a ameaça da volta de um homem, que tentou fraudar e reverter o resultado das eleições perdidas para Joe Biden. Donald Trump é tão perigoso para o mundo, que cúpula da OTAN está preocupadíssima com a possibilidade de sua vitória.

Em relação ao atentado contra Trump, ainda é cedo para afirmar, que o eleitor irá se sensibilizar e transformar o empresário político em vítima, dando-lhe os votos necessários para vencer Joe Biden em 5 de novembro.

BOM GOVERNO – Tenho esperança de que o povo americano irá votar no candidato ou candidata democrata, porque todos os indicadores econômicos e sociais melhoraram em relação ao governo Trump. Afinal, é isso que realmente importa para o cidadão: emprego, renda e melhoria de vida para a família.

Enquanto isso, aqui no Brasil têm se tornado impressionantes os erros e mancadas do presidente Lula, toda vez que precisa enfrentar o improviso. O caso do corintiano, agora a entrevista da Record e tantas outras barbaridades indicando uma tendência joebideana. Será Lula um repeteco de Biden em 2026, ao enfrentar o trumpista Jair Bolsonaro, anistiado pelo Congresso?

Os astros cismaram com o EUA e o Brasil. As coincidências existem ou não? Parece que sim.

Não há nada de errado, o problema da Justiça é que as leis ainda atrapalham muito

Judiciário brasileiro é Justiça de rico e precisa resolver a equação da  própria ineficácia – Blog do César Vale

Charge do Jarbas (Arquivo Google)

J.R. Guzzo

O Brasil que deu a si próprio as funções de vigilante do “processo civilizatório” faz de conta, há anos, que não existe nada de realmente errado com nosso sistema de justiça. Sim, é possível que haja algum exagero aqui e ali, admitem os integrantes do Conselho Nacional de Fiscalização do Estado de Direito e da Democracia.

Talvez haja decisões polêmicas por parte do Alto Judiciário – e uma ou outra dúvida sobre a conduta moral de magistrados que participam de “eventos” pagos por magnatas com causas a serem julgadas nas cortes de Brasília.

Pode-se debater se está certo julgarem processos defendidos por escritórios de advocacia onde as suas mulheres trabalham. Mais do que tudo, é preciso tomar o máximo de cuidado diante de casos em que a lei é indiscutivelmente violada, na letra e no espírito, pelos supremos juízes da nação.

SALVANDO A DEMOCRACIA – Não se pode esquecer que eles agem assim porque entendem que estão salvando a democracia – missão que, do seu ponto de vista, não pode ser atrapalhada por detalhes formais.

Tudo bem, mas o STF e as suas dependências, definitivamente, não estão reagindo de maneira construtiva à essa tolerância toda. Ao contrário: quanto mais os guardiães do bem mostram compreensão com os ministros, a Procuradoria-Geral da República, o Ministério Público e o resto da máquina judiciária, mais todos eles se convencem de que têm o direito e o dever de mandar para o diabo que os carregue a Constituição, o Código Penal e tudo o que estiver estorvando os seus projetos.

Olhe-se, a qualquer hora do dia e da noite, para o que estão fazendo – é certo que vai se encontrar algum absurdo em estado bruto. Olhando um pouco mais, fica muito pior. Há literalmente centenas de casos em que a lei foi diretamente desrespeitada.

SUPERMINISTRO – O fato é que o “processo civilizatório” aceitou, como a coisa mais normal da vida, que o Poder Judiciário do Brasil gire em torno do ministro Alexandre de Moraes. O resultado direto dessa anomalia é a multiplicação descontrolada de casos em que vale qualquer coisa para não se contrariar o ministro. Acontece o tempo todo.

No último espasmo desta justiça de psicose, a PGR, nada menos que a PGR que se coloca à mão direita de Deus, rebaixou-se a tomar partido numa miserável briguinha de aeroporto – só para mostrar serviço a Moraes.

Fez uma denúncia contra desafetos pessoais do ministro por um crime que não foi cometido, o de calúnia, em que mais de um ano de investigação da Polícia Federal não encontrou nenhuma prova e que, de qualquer forma, nunca poderia estar sendo tratado pela PGR e pelo STF. Mas isso tudo é a lei – e na justiça brasileira de hoje não há nada mais suspeito do que a lei.

Na orelha direita, exibia o curativo branco, condecoração do destino de quase mártir

Curativo na orelha vira tendência em convenção republicana - Internacional  - Ansa.it

Após o atentado, Trump virou candidato a predestinado

Dorrit Harazim
O Globo

A coreografia levou a assinatura do comunicador de massas intuitivo. Donald Trump sempre exerceu controle detalhista da própria imagem e, muito antes de entrar na política, aprendeu a dominar recursos imagéticos de impacto. Não foi diferente na última noite da Convenção Nacional do Partido Republicano, quando fez seu aguardado discurso de candidato oficial. Mandou escurecer as luzes na arena Fiserv Forum de Milwaukee e emergiu no palco a passos lentos, entre colunas de neon que projetavam cinco letras monumentais: T, R, U, M, P.

Portava na orelha direita o curativo branco, sua condecoração de herói do destino e quase mártir. Cinco dias antes, por um átimo, o candidato quase foi morto com um tiro de AR-15 na cabeça perante uma multidão de apoiadores. O atentado que estarreceu os Estados Unidos e o resto do mundo fez dele um candidato a predestinado.

O QUE SENTIU – Iniciou sua fala fazendo um dramático e minucioso relato do que sentiu, pensou, viu, imaginou e concluiu ao sair com vida do atentado. Enquanto descrevia o episódio a uma plateia cativa e emocionada, projeções múltiplas de seu rosto ensanguentado e punho cerrado emolduravam o palco. Ao final, concluiu com ardor na voz:

— Eu me senti seguro porque tinha Deus a meu lado.

Amém. Aleluia. Antes de mudar de assunto, Trump ainda beijou o capacete e alisou a jaqueta de bombeiro que pertenceu a Corey Comperatore, o pai de família atingido na cabeça por um dos disparos do franco-atirador. Os dois objetos plantados no palco haviam sido emprestados pela viúva da vítima, que dias antes declinara atender um telefonema de condolências do presidente Joe Biden.

AOS INCAUTOS — “Nos erguemos juntos ou caímos desunidos” — prosseguiu, em voz mansa, alimentando a expectativa de incautos de que, tendo visto de perto a cara da morte, pudesse ter se convertido à conveniência de um desarmamento verbal.

Não foi o que se ouviu. “Paz, estabilidade e harmonia no mundo” coabitaram com as velhas tiradas contra a “invasão de imigrantes ilegais, criminosos, estupradores que vêm roubar nossos empregos”. Como sempre, abordou a surrada “farsa eleitoral”, reclamou dos “chamados Aliados”, elencou o “tremendo fracasso” do governo Biden.

Num mesmo sopro, disse estar falando “com grande humildade”, enquanto anunciava suspender a produção de carros elétricos e dar prioridade à perfuração de poços de petróleo. Tudo salpicado da habitual enxurrada de superlativos e acusações de perseguição judicial.

UNIÃO COMIGO – Como resumiu o jornalista americano Eric Lutz, foi um discurso de união de sentido único: “União comigo, ou sai da minha frente”.

A própria redação final do programa partidário aprovada na convenção deu a dimensão da disposição de Trump para atropelar o que lhe parecer estorvo.

Já nas semanas anteriores, fez saber aos autores do festejado Projeto 2025 — originário de 34 cabeças pensantes da ultraconservadora Heritage Foundation, mais 140 ex-assessores de próprio Trump — que o catatau de 922 páginas não serviria de linha mestra para seu futuro governo. Em Milwaukee, surpreendeu o grupo de delegados designados para debater o programa partidário apresentando um texto enxuto, praticamente já acabado, sem muito espaço para debate. Aos delegados que haviam levado pastas recheadas de sugestões, restou concordar. Assim se forja um autoritário.

MULHER DE  VANCE – A grande surpresa da convenção, contudo, atende pelo nome de Usha Vance, née Usha Chilukuri, mulher do senador J.D. Vance, que Donald Trump tirou da cartola para compor sua chapa raiz. Na eleição de novembro próximo, os republicanos votarão em dois homens brancos e machos para presidente e vice. As semelhanças terminam aí.

Trump é velho, Vance tem 39 anos; por ter nascido em família influente, Trump escapuliu de servir no Vietnã, enquanto Vance, nascido em família disfuncional e sem recursos, foi fuzileiro naval no Iraque; Trump casou três vezes, sempre com mulheres-troféu, sem formação — Usha fez Direito na Universidade Yale (onde conheceu o marido) e História em Cambridge, é vegana e atua como litigante em grande escritório de advocacia transnacional.

Sobretudo, Usha Vance é filha de imigrantes indianos, o que, para muitos supremacistas do entorno de Trump, é sinônimo de traição.

TEORIA CONSPIRATÓRIA – Alguns divulgadores da teoria conspiratória de um fantasioso plano que visa a substituir a população americana por hordas de imigrantes já se manifestaram.

“Duvido que um cara com mulher indiana possa apoiar a identidade dos brancos” — avisou o extremista Nick Fuentes em seu podcast radical. Sem falar que Vance é um duplo convertido — atribui seu “retorno à vida com Cristo” ao amor pela mulher, e a recente, ferrenha, defesa do trumpismo a seu amadurecimento político.

Para o ex-presidente autoungido a imorrível, a semana deu um respiro. Para seu adversário Joe Biden, isolado com Covid numa casa de praia em Delaware, a vida política está por um fio. Que tempos!

Lava Jato não morreu no Peru e quer prender ex-executivo da Odebrecht

Jorge Barata

Jorge Barata teve prisão preventiva decretada no Peru

João Pedroso de Campos
Metrópoles

Alvo de um pedido de prisão preventiva no Peru, o ex-executivo da Odebrecht Jorge Barata pediu ao ministro Dias Toffoli, do STF, que impeça o governo brasileiro de processar qualquer pedido de cooperação internacional com a Justiça peruana no âmbito da Operação Lava Jato.

Ex-diretor da Odebrecht no Peru e delator, Barata acionou o STF nessa quinta-feira (18/7), em uma ação protocolada também em nome de Luiz Antônio Mameri, ex-vice-presidente da Odebrecht na América Latina.

PEDIDO DE PRISÃO – O pedido foi apresentado depois de Barata e Mameri serem intimados a depor como testemunhas em um processo da Lava Jato peruana, em oitivas previstas para as duas últimas semanas.

Há um mês, em 21 de junho, uma juíza do Quinto Juzgado de Investigación Preparatoria Nacional, em Lima, revogou o acordo de colaboração que Jorge Barata havia fechado com o Ministério Público peruano em 2019. Depois dessa decisão, em 8 de julho, o MP pediu a prisão preventiva dele por um prazo de 36 meses.

As medidas da Justiça do Peru contra Jorge Barata se deram sob alegações de que o ex-executivo da Odebrecht descumpriu cláusulas de seu acordo ao não prestar depoimento como testemunha em um processo que apura pagamentos ilegais da Odebrecht ao ex-presidente peruano Ollanta Humala.

DIZ A DEFESA – A Toffoli, a defesa dele alegou que Barata é alvo de retaliações do Ministério Público peruano, a quem acusou de desrespeitar termos da cooperação com o Brasil e as decisões do Supremo que invalidaram provas do acordo de leniência da Odebrecht. Entre o material anulado estão os sistemas Drousys e MyWebDayB, usados para contabilizar pagamentos ilícitos da empreiteira no Brasil e no exterior.

Humala e diversos outros políticos, autoridades e empresários estrangeiros pediram e obtiveram de Dias Toffoli decisões que invalidaram as provas da Odebrecht contra eles. Os despachos também impedem que delatores da Odebrecht prestem depoimentos como testemunhas, em território brasileiro, sobre o conteúdo anulado.

Os advogados sustentaram a Toffoli que Barata só deixou de testemunhar na ação contra Ollanta Humala em razão deste entendimento do ministro, referendado por uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que cancelou a oitiva.

INTIMAÇÃO – Pelo mesmo motivo, a defesa argumentou que ele e Mameri não deveriam ter sido intimados a depor no outro processo.

Além do pedido de interrupção da cooperação entre Brasil e Peru na Lava Jato, os advogados de Barata e Mameri solicitaram a Toffoli que declare as provas da Odebrecht imprestáveis contra ambos; ordene ao Ministério da Justiça que recolha, por meio do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), todas as provas compartilhadas pelo Brasil com o Peru, incluindo os depoimentos dos dois e documentos; e mande o DRCI barrar trâmites para produção de provas destinadas à Lava Jato peruana.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É outra Piada do Ano, mostrando o erro que o Supremo cometeu ao extinguir a Lava Jato e transformar o Brasil no paraíso da impunidade. (C.N.)

Além de Milei no Sul, Lula terá um espinho ao Norte, se Trump se eleger

Ed Raposo on X: "Acertaram um tiro de raspão na orelha de Donald Trump durante comício. Ele levantou de punho cerrado e com o rosto ensanguentado. Imagem histórica. Os EUA já tem

Lula previu que Trump usaria essa foto na campanha

Elio Gaspari
O Globo/Folha

Se Donald Trump se reeleger, Lula ficará com dois espinhos, pois já tem o argentino Javier Milei ao sul. Ele poderia ficar com suas incontinências verbais restritas aos corintianos.

Quando ele comentou a fotografia do atentado a Trump, saiu-se com essa: “Eu sinceramente acho que o Trump vai tentar tirar proveito disso. Aquela foto dele com o braço erguido, aquilo, se fosse encomendado, não sairia melhor. Ele vai explorar isso”.

LEMBRANDO KENNEDY – Imagine-se como ficaria a relação do Brasil com o presidente americano se, em 1963, John Kennedy tivesse se livrado dos dois tiros e o presidente brasileiro João Goulart dissesse uma dessas.

Joe Biden arrisca virar um presidente americano de um só mandato. O grande mistério estará em contar como ele destruiu quatro anos de governo em menos de um mês.

É verdade que a sorte não o ajudou, e a Convenção nos EUA reflete culto a Trump no Partido Republicano.

BOB DYLAN – Donald Trump diz que tem Deus ao seu lado, e o fato de ter saído vivo do atentado mostra que é pelo menos um homem de muita sorte.

Deveria deixar Deus de fora, até porque, faz tempo, o poeta Bob Dylan cantou:

“Judas Iscariotes tinha Deus ao seu lado”.