Para confirmar o golpe, a PF precisa saber qual foi o general que mentiu

Theophilo e Freire Gomes entram em contradição em depoimentos

Um dos generais está mentindo: Theofilo ou Freire Gomes?

Carlos Newton

Os ministros do Supremo, sem exceção, incluindo até os dois nomeados por Bolsonaro (Nunes Marques e André Mendonça), todos eles se orgulham de terem salvo a democracia – ou seja, evitado o golpe de estado que o então presidente Jair Bolsonaro e o general Braga Netto pretendiam concretizar. Os mais vangloriosos são Luís Roberto Barroso, Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Edson Fachin – sempre que podem, eles logo se apresentam como salvadores do regime.

Mas é conversa fiada. Os brasileiros mais velhos e experientes, que viveram a dura realidade do golpe de 1964, se divertem com essas fanfarronadas, sabem que ministro do Supremo não evita golpe algum, pois quem o faz é o Alto Comando do Exército, e estamos conversados.

VIÚVA PORCINA – Esse assunto – o golpe Viúva Porcina, aquela que foi sem ter sido, como dizia o dramaturgo Dias Gomes – é hoje o mais importante inquérito em andamento na Polícia Federal, como única investigação que poderá causar a prisão de Jair Bolsonaro – hipoteticamente falando, é claro.

O ponto central da apuração, para definir se houve tentativa de golpe ou apenas sondagem, está na disparidade de informações entre os dois generais que detinham o poder no Exército em 2022, mas hoje estão na reserva – ou de pijama, como os próprios militares dizem.

Excelente reportagem de Marcela Mattos, na revista Veja, aborda o intrigante assunto e cita a versão de cada general, mostrando a controvérsia absoluta entre os depoimentos que os dois fizeram e assinaram. Um deles é o general Marco Antonio Freire Gomes, que era comandante do Exército em 2022.

REUNIÃO NO   PLANALTO – Após a eleição de Lula, os três comandantes militares foram chamados ao Planalto, para serem consultados pelo  presidente Bolsonaro sobre a posição das Forças Armadas caso houvesse a assinatura de uma medida drástica (estado de emergência, estado de sítio ou garantia da lei e da ordem) que anulasse as eleições.

A questão foi decidida pelo general Freire Gomes. Além de responder negativamente quanto à medida de emergência, aventou a possibilidade de o presidente Bolsonaro ser preso, caso tentasse anular a eleição de Lula.

Assim, o general colocou uma pedra no golpe, avisando que o Alto Comando do Exército era contra, e nenhum governante ou político oposicionista consegue dar golpe sem apoio de tropas.

CHEFE DAS TROPAS – O outro oficial envolvido na contradição com o comandante Freire Gomes é o general Estevam Theofilo, que detinha o controle efetivo das tropas, como chefe do Comando de Operações Terrestres (Coter), o mais importante e estratégico cargo do Exército.

A repórter Marcela Mattos conta que mensagens encontradas pela Polícia Federal no celular do tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens do presidente, apontam que o general Theophilo esteve ao menos três vezes no Palácio da Alvorada, em reuniões com o ex-presidente Jair Bolsonaro após as eleições.

Ao depor, o general Theophilo confirmou que esteve essas três vezes no Alvorada após as eleições, a pedido do comandante Freire Gomes – duas vezes acompanhado do próprio comandante e uma vez sozinho, mas por ordem dele. Segundo o militar, neste encontro a sós com Bolsonaro o então presidente fez “lamentações” sobre o resultado das eleições. Ele contou ainda que, após o encontro, foi até a casa de Freire Gomes relatar a conversa.

GOMES DESMENTE – O ex-comandante Freire Gomes, porém, afirmou no depoimento à PF que não ordenou que seu subordinado fosse ao Palácio da Alvorada se encontrar com Bolsonaro a sós e disse até ter ficado “desconfortável” com a ida dele, devido à intenção de ser anulada a eleição, o que configuraria a aplicação de um golpe de estado.

Portanto, Freire Gomes desmentiu o general Theofilo duas vezes, porque afirmou também que não se recordava se o então chefe do Coter havia lhe relatado o conteúdo da conversa com Bolsonaro.

Bem, está claro que um dos dois generais está mentindo descaradamente. E a Polícia Federal avança na investigação desse detalhe, que elucidará os aspectos mais importantes do golpe Viúva Porcina. Dependendo dos resultados, enfim ficaremos sabendo se Bolsonaro será preso preventivamente ou não.

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P.S. –
O assunto é da máxima importância. Dessa investigação depende o processo sobre o golpe de estado e também a próxima eleição presidencial.  Se ficar provado que não houve preparação para o golpe, mas uma simples sondagem, Bolsonaro pode se livrar desse processo, e esse fato influirá na votação da anistia, que pode lhe devolver os direitos políticos e a candidatura em 2026 contra Lula, que estará completando 81 anos antes do segundo turno, já conhecido como “Biden da Silva”, como ironiza o senador Ciro Nogueira (PP-PI). E amanhã voltaremos à questão sobre o militar que mentiu. (C.N.)

Entenda o paradoxo que fez a direita radical perder na França e Reino Unido

Marine Le Pen promete suspender toda a imigração na França | VEJA

Marine Le Pen sonhou com uma vitória que não veio

Marcus André Melo
Folha

O RN liderado por Marine Le Pen quase dobrou o número de votos (37%) nas eleições legislativas francesas. No entanto obteve apenas 20% das cadeiras. Algo que já ocorrera antes. Em 2017, o partido, antes de mudar o nome, amealhou 13,3% (1º turno) e 8,5% (2º turno) dos votos e apenas 1,3% (8 em 577) das cadeiras.

Na última eleição britânica, o Reform Party foi o terceiro partido mais votado (14,3% dos votos), mas obteve apenas cinco cadeiras (0,7% do total). Em 2015, foi ainda pior: com 12,6% dos votos ficou com apenas 0,15% das cadeiras (isso mesmo, uma cadeira em 650).

PARADOXO – A melhor forma de compreender o paradoxo é examinando o efeito de regras diferentes para o mesmo eleitorado.

O Brexit Party (nome anterior do Reform), cuja representação era pífia sob o voto distrital no Parlamento britânico, tinha a maior bancada no Parlamento Europeu, o qual adota a representação proporcional (39% dos deputados da representação britânica, tendo logrado 31% dos votos). Na França idem: o RN teve 31% dos votos e sua bancada de 30 deputados é também a maior no Parlamento Europeu.

Esta eleição ocorreu 20 dias antes da eleição legislativa, inflacionando as expectativas quanto ao partido. Os incentivos, a abstenção etc. são diferentes nas duas eleições; mas o contraste é colossal.

COISAS DO DISTRITAL – A moral da história é que sob o voto distrital os partidos pequenos (radicais de direita) são punidos enquanto os grandes são premiados. O bônus médio do maior partido para as democracias majoritárias foi estimado em 1,4.

Mas, na recente eleição britânica, o partido trabalhista teve o maior bônus da série histórica (1,8), amealhando 80% mais cadeiras do que logrou obter em voto. São 63% das cadeiras, e apenas 33,7% dos votos —menos do que na última eleição (40%), em 2017.

Como explicar o paradoxo? Parte deve-se à geografia do voto: os trabalhistas perderam proporcionalmente mais votos nos distritos onde não tinham chances de ganhar e ganharam votos onde eram competitivos, conseguindo assim ser o mais votado.

OUTROS FATORES – Mas há dois outros fatores envolvidos. Eleitores votaram estrategicamente: os trabalhistas votaram no Lib-Dem, nos distritos em que seu partido era o terceiro nas pesquisas.

Há também a estratégia partidária. Na França, a retirada de candidaturas menos competitivas por NFP e Macronistas para derrotar Le Pen funcionou. Não há novidade aqui. Nem fortes fatores ideológicos envolvidos. Em 2019, foi a direita radical (Brexit Party) no Reino Unido que retirou as candidaturas onde os conservadores eram competitivos. Agora lançou candidatos e dividiu a direita.

Não foi, portanto, o moderado Keir Starmer substituindo o radical Jeremy Corbyn que levou à vitória.

Kamala quer unir democratas e doações já disparam, com apoio de bilionários

Kamala Harris Is Top Choice For Donors As Potential Biden Exit Looms

Kamala Harris surge como uma candidata de muita chance

Deu no Estadão

A desistência de Joe Biden da candidatura democrata para a presidência dos EUA deu novo ânimo para uma arrecadação mais forte de campanha. Com Kamala Harris, atual vice-presidente do país, como principal nome para entrar na disputa, eleitores e – principalmente – empresários desanimados com Biden voltaram a olhar com atenção para a corrida à Casa Branca.

A tarde deste domingo, 21, foi agitada pelo anúncio de um Biden pressionado por seus colegas a deixar a disputa. O presidente afirmou que estava agindo em prol dos interesses do Partido Democrata e endossou a candidatura de Kamala Harris para o cargo.

MAIS DOAÇÕES – Desde então, doadores democratas estão se mobilizando em torno de Harris como a próxima candidata presidencial do partido, oferecendo às elites democratas algo que elas não sentiam há semanas: otimismo.

Assessores e grandes doadores disseram, já neste domingo, que estavam sendo inundados com entusiasmo e notícias de doações para apoiar Harris caso ela se tornasse a candidata oficial do Partido Democrata – a desistência de Biden não implica no avanço obrigatório de Kamala para a corrida presidencial. A vice-presidente ainda precisará ser confirmada pelo seu partido.

Vários apoiadores de Biden e seus assessores disseram que estavam recebendo notícias de doadores que antes estavam desanimados, mas agora se dizem prontos para doar e apoiar uma chapa liderada por Harris. Um doador do Vale do Silício arrecadou mais de US$ 1 milhão em um período de 30 minutos, disse o informante ao The New York Times.

NAS REDES SOCIAIS – Kamala Harris usou as redes sociais para comentar a desistência do presidente Joe Biden, neste domingo, 21, e agradecer o apoio recebido para que substitua o democrata na corrida presidencial à Casa Branca. No primeiro posicionamento, Kamala falou em união do partido e disse que vai “conquistar” a nomeação democrata.

No X (antigo Twitter) Kamala disse: “Em nome do povo americano, agradeço a Joe Biden por sua extraordinária liderança como presidente dos Estados Unidos e por suas décadas de serviço ao nosso país. Sinto-me honrada com o endosso do presidente e minha intenção é conquistar e ganhar essa indicação.”

Mesmo antes do anúncio oficial da sucessão de Biden, Kamala Harris já garantiu o endosso do seu parceiro de governo na Casa Branca, que pediu que apoiadores do partido realizem as doações para a futura campanha da candidata que será a primeira mulher negras à concorrer a cadeira mais importante na Sala Oval.

DISSE BIDEN – “Farei tudo o que estiver ao meu alcance para unir o Partido Democrata – e unir nossa nação – para derrotar Donald Trump e sua agenda extrema do Projeto 2025. Se você está comigo, faça uma doação agora mesmo”, publicou.

Está havendo apoios em série. Alexandra Acker-Lyons, consultora de doadores democratas que passou os últimos dias nos bastidores tentando angariar fundos para Harris, disse que “recebeu uma enxurrada de e-mails, mensagens de texto e telefonemas” com promessas de doação. “Pessoas que não haviam doado nada perguntaram onde poderiam fazer a doação”, disse ela.

Na tarde de domingo, o apoio dos doadores bilionários do Partido Democrata foi forte e rápido. Reid Hoffman, o mega-doador democrata que esteve entre os maiores apoiadores de Biden nas últimas semanas em meio ao caos, endossou Harris para a presidência. Outro grande bilionário que apoiou Biden, Alex Soros, disse que também a estava apoiando. O Way to Win, um importante grupo de doadores democratas com muitos membros que são partidários de Harris, também aderiu.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Como há outros pretendentes de prestígio querendo se candidatar, esse apoio espontâneo de grandes doadores já diz tudo. E Kamala Harris, filha de jamaicano com indiana, tem experiência e preparo para ser presidente dos Estados Unidos. Não é uma candidata meia-sola e vai enfrentar Trump com muita chance de vencer. O ex-presidente Bill Clinton acaba de apoiar Kamala para presidente. (C.N.)

Criativo na era analógica, o PT foi apanhado no contrapé na nova era digital

Memes de Haddad: mensagens indicam movimento espontâneo - 18/07/2024 -  Mercado - Folha

O PT e Lula nao sabem brincar de política na era digital

Dora Kramer
Folha

Na era analógica, o PT era eficiente no embate. Naqueles idos do final do século passado, era também bom de festa, de (algum) humor e criatividade. Com esses atributos, tanto fez oposição que conseguiu, e segue conseguindo, ser situação.

Nesse lugar de poder pela quinta vez e na era digital, o partido parece ter sido pego de jeito no contrapé do novo tempo. Perde de lavada num ambiente dominado pela direita. Não consegue pautar as provocações nem reagir a elas de modo eficaz.

MEMES DE HADDAD – Leva o tranco e, quando (raramente) se anima a dar o troco, o faz em moeda de menor valor. Os exemplos são muitos, mas o mais recente e impressionante é a enxurrada de memes com a figura do ministro Fernando Haddad ligada ao apetite por arrecadação, popular e competentemente traduzido na palavra “taxa”.

São engraçados e bem bolados, principalmente na referência a filmes de sucesso. Aqui os adversários não podem ser acusados do recurso ao ódio. São piadas, e quando não se reage a elas na calibragem certa, grudam feito chiclete.

Governo e partido não têm sabido calibrar a reação. De um lado, houve uma tentativa de não passar recibo. Soou tímida e meio sem graça. De outro, os petistas Alexandre Padilha e Gleisi Hoffmann resolveram explicar a piada, muito sérios, dizendo que não há excessos na cobrança de impostos.

ATRASADINHOS – Gleisi e Padilha Fizeram isso quando a brincadeira já tomava as redes há dias e até perfis de esquerda replicavam os memes. Faltou um pouco de picardia nessa cadência.

A imprensa tradicional não deu muita bola para o assunto e governistas deram de ombros. “Vai passar”, devem ter pensado. O problema é que a zoeira tem rebatimento na realidade e quando isso acontece a coisa, além de não passar, tem potencial danoso. No caso, de desqualificar o bom trabalho do ministro da Fazenda.

Lembremos o que o apelido “Martaxa” fez em 2004 à tentativa da então prefeita Marta Suplicy de se reeleger.

Biden desiste da candidatura e a eleição americana agora volta à estaca zero

Barack Obama e Joe Biden durante o evento, na Casa Branca

Obama levou Joe Biden a repensar sua candidatura

Roberto Nascimento

Ninguém pode cravar que a vice Kamala Harris será a escolhida ou se terá condições de vencer Donald Trump com mais facilidade do que Joe Biden. Os democratas estão numa sinuca de bico. Não sabem agora em quem apostam no Plano B.

Entendo que mudar agora foi apostar no imponderável e facilitar a vida do maior mentiroso da história dos EUA. No entanto, a pressão para Joe desistir, estava se tornando avassaladora. Até o presidente Barack Obama entrou de cabeça na pressão.

OBAMA ERROU? – Insta salientar que Obama indicou Hillary Clinton, sua secretária de Estado, para disputar com Trump em 2016, colocando seu vice Joe Biden de escanteio, portanto. Hillary teve mais 300 mil votos que Trump, mas perdeu no chamado Colégio Eleitoral. Assim, Obama não deveria opinar, nesse caso atual.

O cenário está se definindo em favor de Donald Trump, porque os adversários entraram no modo “barata voa”, ninguém se entende e a divisão prenuncia uma derrota dos democratas.

Donald Trump é um homem mau, mentiroso, golpista, vingativo e só quer voltar a presidência por ambição e vaidade, para se vingar de promotores e juízes e continuar novamente dominando a maior democracia do mundo.

TODOS ENVELHECEM – Joe Biden é melhor do que Trump e, a meu ver, ainda tinha condições de vencer o homem por trás da invasão do Capitólio. Na questão relativa a idade de Biden, 81 anos e o seu esquecimento de nomes e trocas frequentes, isso é comum, e  Donald Trump, que tem 78 anos, também troca nomes e esquece com frequência.

O grande nó da política americana, é a ameaça da volta de um homem, que tentou fraudar e reverter o resultado das eleições perdidas para Joe Biden. Donald Trump é tão perigoso para o mundo, que cúpula da OTAN está preocupadíssima com a possibilidade de sua vitória.

Em relação ao atentado contra Trump, ainda é cedo para afirmar, que o eleitor irá se sensibilizar e transformar o empresário político em vítima, dando-lhe os votos necessários para vencer Joe Biden em 5 de novembro.

BOM GOVERNO – Tenho esperança de que o povo americano irá votar no candidato ou candidata democrata, porque todos os indicadores econômicos e sociais melhoraram em relação ao governo Trump. Afinal, é isso que realmente importa para o cidadão: emprego, renda e melhoria de vida para a família.

Enquanto isso, aqui no Brasil têm se tornado impressionantes os erros e mancadas do presidente Lula, toda vez que precisa enfrentar o improviso. O caso do corintiano, agora a entrevista da Record e tantas outras barbaridades indicando uma tendência joebideana. Será Lula um repeteco de Biden em 2026, ao enfrentar o trumpista Jair Bolsonaro, anistiado pelo Congresso?

Os astros cismaram com o EUA e o Brasil. As coincidências existem ou não? Parece que sim.

Não há nada de errado, o problema da Justiça é que as leis ainda atrapalham muito

Judiciário brasileiro é Justiça de rico e precisa resolver a equação da  própria ineficácia – Blog do César Vale

Charge do Jarbas (Arquivo Google)

J.R. Guzzo

O Brasil que deu a si próprio as funções de vigilante do “processo civilizatório” faz de conta, há anos, que não existe nada de realmente errado com nosso sistema de justiça. Sim, é possível que haja algum exagero aqui e ali, admitem os integrantes do Conselho Nacional de Fiscalização do Estado de Direito e da Democracia.

Talvez haja decisões polêmicas por parte do Alto Judiciário – e uma ou outra dúvida sobre a conduta moral de magistrados que participam de “eventos” pagos por magnatas com causas a serem julgadas nas cortes de Brasília.

Pode-se debater se está certo julgarem processos defendidos por escritórios de advocacia onde as suas mulheres trabalham. Mais do que tudo, é preciso tomar o máximo de cuidado diante de casos em que a lei é indiscutivelmente violada, na letra e no espírito, pelos supremos juízes da nação.

SALVANDO A DEMOCRACIA – Não se pode esquecer que eles agem assim porque entendem que estão salvando a democracia – missão que, do seu ponto de vista, não pode ser atrapalhada por detalhes formais.

Tudo bem, mas o STF e as suas dependências, definitivamente, não estão reagindo de maneira construtiva à essa tolerância toda. Ao contrário: quanto mais os guardiães do bem mostram compreensão com os ministros, a Procuradoria-Geral da República, o Ministério Público e o resto da máquina judiciária, mais todos eles se convencem de que têm o direito e o dever de mandar para o diabo que os carregue a Constituição, o Código Penal e tudo o que estiver estorvando os seus projetos.

Olhe-se, a qualquer hora do dia e da noite, para o que estão fazendo – é certo que vai se encontrar algum absurdo em estado bruto. Olhando um pouco mais, fica muito pior. Há literalmente centenas de casos em que a lei foi diretamente desrespeitada.

SUPERMINISTRO – O fato é que o “processo civilizatório” aceitou, como a coisa mais normal da vida, que o Poder Judiciário do Brasil gire em torno do ministro Alexandre de Moraes. O resultado direto dessa anomalia é a multiplicação descontrolada de casos em que vale qualquer coisa para não se contrariar o ministro. Acontece o tempo todo.

No último espasmo desta justiça de psicose, a PGR, nada menos que a PGR que se coloca à mão direita de Deus, rebaixou-se a tomar partido numa miserável briguinha de aeroporto – só para mostrar serviço a Moraes.

Fez uma denúncia contra desafetos pessoais do ministro por um crime que não foi cometido, o de calúnia, em que mais de um ano de investigação da Polícia Federal não encontrou nenhuma prova e que, de qualquer forma, nunca poderia estar sendo tratado pela PGR e pelo STF. Mas isso tudo é a lei – e na justiça brasileira de hoje não há nada mais suspeito do que a lei.

Na orelha direita, exibia o curativo branco, condecoração do destino de quase mártir

Curativo na orelha vira tendência em convenção republicana - Internacional  - Ansa.it

Após o atentado, Trump virou candidato a predestinado

Dorrit Harazim
O Globo

A coreografia levou a assinatura do comunicador de massas intuitivo. Donald Trump sempre exerceu controle detalhista da própria imagem e, muito antes de entrar na política, aprendeu a dominar recursos imagéticos de impacto. Não foi diferente na última noite da Convenção Nacional do Partido Republicano, quando fez seu aguardado discurso de candidato oficial. Mandou escurecer as luzes na arena Fiserv Forum de Milwaukee e emergiu no palco a passos lentos, entre colunas de neon que projetavam cinco letras monumentais: T, R, U, M, P.

Portava na orelha direita o curativo branco, sua condecoração de herói do destino e quase mártir. Cinco dias antes, por um átimo, o candidato quase foi morto com um tiro de AR-15 na cabeça perante uma multidão de apoiadores. O atentado que estarreceu os Estados Unidos e o resto do mundo fez dele um candidato a predestinado.

O QUE SENTIU – Iniciou sua fala fazendo um dramático e minucioso relato do que sentiu, pensou, viu, imaginou e concluiu ao sair com vida do atentado. Enquanto descrevia o episódio a uma plateia cativa e emocionada, projeções múltiplas de seu rosto ensanguentado e punho cerrado emolduravam o palco. Ao final, concluiu com ardor na voz:

— Eu me senti seguro porque tinha Deus a meu lado.

Amém. Aleluia. Antes de mudar de assunto, Trump ainda beijou o capacete e alisou a jaqueta de bombeiro que pertenceu a Corey Comperatore, o pai de família atingido na cabeça por um dos disparos do franco-atirador. Os dois objetos plantados no palco haviam sido emprestados pela viúva da vítima, que dias antes declinara atender um telefonema de condolências do presidente Joe Biden.

AOS INCAUTOS — “Nos erguemos juntos ou caímos desunidos” — prosseguiu, em voz mansa, alimentando a expectativa de incautos de que, tendo visto de perto a cara da morte, pudesse ter se convertido à conveniência de um desarmamento verbal.

Não foi o que se ouviu. “Paz, estabilidade e harmonia no mundo” coabitaram com as velhas tiradas contra a “invasão de imigrantes ilegais, criminosos, estupradores que vêm roubar nossos empregos”. Como sempre, abordou a surrada “farsa eleitoral”, reclamou dos “chamados Aliados”, elencou o “tremendo fracasso” do governo Biden.

Num mesmo sopro, disse estar falando “com grande humildade”, enquanto anunciava suspender a produção de carros elétricos e dar prioridade à perfuração de poços de petróleo. Tudo salpicado da habitual enxurrada de superlativos e acusações de perseguição judicial.

UNIÃO COMIGO – Como resumiu o jornalista americano Eric Lutz, foi um discurso de união de sentido único: “União comigo, ou sai da minha frente”.

A própria redação final do programa partidário aprovada na convenção deu a dimensão da disposição de Trump para atropelar o que lhe parecer estorvo.

Já nas semanas anteriores, fez saber aos autores do festejado Projeto 2025 — originário de 34 cabeças pensantes da ultraconservadora Heritage Foundation, mais 140 ex-assessores de próprio Trump — que o catatau de 922 páginas não serviria de linha mestra para seu futuro governo. Em Milwaukee, surpreendeu o grupo de delegados designados para debater o programa partidário apresentando um texto enxuto, praticamente já acabado, sem muito espaço para debate. Aos delegados que haviam levado pastas recheadas de sugestões, restou concordar. Assim se forja um autoritário.

MULHER DE  VANCE – A grande surpresa da convenção, contudo, atende pelo nome de Usha Vance, née Usha Chilukuri, mulher do senador J.D. Vance, que Donald Trump tirou da cartola para compor sua chapa raiz. Na eleição de novembro próximo, os republicanos votarão em dois homens brancos e machos para presidente e vice. As semelhanças terminam aí.

Trump é velho, Vance tem 39 anos; por ter nascido em família influente, Trump escapuliu de servir no Vietnã, enquanto Vance, nascido em família disfuncional e sem recursos, foi fuzileiro naval no Iraque; Trump casou três vezes, sempre com mulheres-troféu, sem formação — Usha fez Direito na Universidade Yale (onde conheceu o marido) e História em Cambridge, é vegana e atua como litigante em grande escritório de advocacia transnacional.

Sobretudo, Usha Vance é filha de imigrantes indianos, o que, para muitos supremacistas do entorno de Trump, é sinônimo de traição.

TEORIA CONSPIRATÓRIA – Alguns divulgadores da teoria conspiratória de um fantasioso plano que visa a substituir a população americana por hordas de imigrantes já se manifestaram.

“Duvido que um cara com mulher indiana possa apoiar a identidade dos brancos” — avisou o extremista Nick Fuentes em seu podcast radical. Sem falar que Vance é um duplo convertido — atribui seu “retorno à vida com Cristo” ao amor pela mulher, e a recente, ferrenha, defesa do trumpismo a seu amadurecimento político.

Para o ex-presidente autoungido a imorrível, a semana deu um respiro. Para seu adversário Joe Biden, isolado com Covid numa casa de praia em Delaware, a vida política está por um fio. Que tempos!

Lava Jato não morreu no Peru e quer prender ex-executivo da Odebrecht

Jorge Barata

Jorge Barata teve prisão preventiva decretada no Peru

João Pedroso de Campos
Metrópoles

Alvo de um pedido de prisão preventiva no Peru, o ex-executivo da Odebrecht Jorge Barata pediu ao ministro Dias Toffoli, do STF, que impeça o governo brasileiro de processar qualquer pedido de cooperação internacional com a Justiça peruana no âmbito da Operação Lava Jato.

Ex-diretor da Odebrecht no Peru e delator, Barata acionou o STF nessa quinta-feira (18/7), em uma ação protocolada também em nome de Luiz Antônio Mameri, ex-vice-presidente da Odebrecht na América Latina.

PEDIDO DE PRISÃO – O pedido foi apresentado depois de Barata e Mameri serem intimados a depor como testemunhas em um processo da Lava Jato peruana, em oitivas previstas para as duas últimas semanas.

Há um mês, em 21 de junho, uma juíza do Quinto Juzgado de Investigación Preparatoria Nacional, em Lima, revogou o acordo de colaboração que Jorge Barata havia fechado com o Ministério Público peruano em 2019. Depois dessa decisão, em 8 de julho, o MP pediu a prisão preventiva dele por um prazo de 36 meses.

As medidas da Justiça do Peru contra Jorge Barata se deram sob alegações de que o ex-executivo da Odebrecht descumpriu cláusulas de seu acordo ao não prestar depoimento como testemunha em um processo que apura pagamentos ilegais da Odebrecht ao ex-presidente peruano Ollanta Humala.

DIZ A DEFESA – A Toffoli, a defesa dele alegou que Barata é alvo de retaliações do Ministério Público peruano, a quem acusou de desrespeitar termos da cooperação com o Brasil e as decisões do Supremo que invalidaram provas do acordo de leniência da Odebrecht. Entre o material anulado estão os sistemas Drousys e MyWebDayB, usados para contabilizar pagamentos ilícitos da empreiteira no Brasil e no exterior.

Humala e diversos outros políticos, autoridades e empresários estrangeiros pediram e obtiveram de Dias Toffoli decisões que invalidaram as provas da Odebrecht contra eles. Os despachos também impedem que delatores da Odebrecht prestem depoimentos como testemunhas, em território brasileiro, sobre o conteúdo anulado.

Os advogados sustentaram a Toffoli que Barata só deixou de testemunhar na ação contra Ollanta Humala em razão deste entendimento do ministro, referendado por uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que cancelou a oitiva.

INTIMAÇÃO – Pelo mesmo motivo, a defesa argumentou que ele e Mameri não deveriam ter sido intimados a depor no outro processo.

Além do pedido de interrupção da cooperação entre Brasil e Peru na Lava Jato, os advogados de Barata e Mameri solicitaram a Toffoli que declare as provas da Odebrecht imprestáveis contra ambos; ordene ao Ministério da Justiça que recolha, por meio do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), todas as provas compartilhadas pelo Brasil com o Peru, incluindo os depoimentos dos dois e documentos; e mande o DRCI barrar trâmites para produção de provas destinadas à Lava Jato peruana.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É outra Piada do Ano, mostrando o erro que o Supremo cometeu ao extinguir a Lava Jato e transformar o Brasil no paraíso da impunidade. (C.N.)

Além de Milei no Sul, Lula terá um espinho ao Norte, se Trump se eleger

Ed Raposo on X: "Acertaram um tiro de raspão na orelha de Donald Trump durante comício. Ele levantou de punho cerrado e com o rosto ensanguentado. Imagem histórica. Os EUA já tem

Lula previu que Trump usaria essa foto na campanha

Elio Gaspari
O Globo/Folha

Se Donald Trump se reeleger, Lula ficará com dois espinhos, pois já tem o argentino Javier Milei ao sul. Ele poderia ficar com suas incontinências verbais restritas aos corintianos.

Quando ele comentou a fotografia do atentado a Trump, saiu-se com essa: “Eu sinceramente acho que o Trump vai tentar tirar proveito disso. Aquela foto dele com o braço erguido, aquilo, se fosse encomendado, não sairia melhor. Ele vai explorar isso”.

LEMBRANDO KENNEDY – Imagine-se como ficaria a relação do Brasil com o presidente americano se, em 1963, John Kennedy tivesse se livrado dos dois tiros e o presidente brasileiro João Goulart dissesse uma dessas.

Joe Biden arrisca virar um presidente americano de um só mandato. O grande mistério estará em contar como ele destruiu quatro anos de governo em menos de um mês.

É verdade que a sorte não o ajudou, e a Convenção nos EUA reflete culto a Trump no Partido Republicano.

BOB DYLAN – Donald Trump diz que tem Deus ao seu lado, e o fato de ter saído vivo do atentado mostra que é pelo menos um homem de muita sorte.

Deveria deixar Deus de fora, até porque, faz tempo, o poeta Bob Dylan cantou:

“Judas Iscariotes tinha Deus ao seu lado”.

Desequilíbrio de Poderes faz o imoral tornar-se normal na realidade brasileira

Juízes auxiliares do STF ganham mais que os ministros da corte - Espaço  Vital

Charge do Alpino (Yahoo Notícias)

Merval Pereira
O Globo

A democracia, não apenas no Brasil, está passando por momentos tormentosos que prenunciam um futuro inquietante. Em consequência, os Poderes da República ganham tons políticos que não se coadunam com o equilíbrio teoricamente imaginado por seus criadores.

À medida que os Poderes se envolvem com ações políticas que sempre foram consideradas imorais, até ilegais, elas se transformam em normais, e fica-se com a sensação de que trabalham em comum acordo — um acordo político muito semelhante àquele proposto pelo hoje lobista Romero Jucá, que prenunciou um pacto “com o Supremo, com tudo” para “estancar essa sangria”, referindo-se à Operação Lava-Jato.

GOVERNO DISFUNCIONAL – Alguns fatos preocupantes mostram que estamos vivendo não mais numa República, ou quase isso, no limite de um governo disfuncional em que, dependendo do momento, um dos três Poderes se impõe e é acobertado pelos outros dois, o que pode ser indicativo de um regime autoritário à vista.

Está acontecendo a mesma coisa nos Estados Unidos, agravada pelo triste hábito de resolver as pendências políticas à bala. Lá, um juiz achou normal que o ex-presidente Trump levasse para casa documentos secretos do governo e anunciou sua decisão às vésperas da convenção que o indicará como o candidato republicano à Presidência.

Também lá a Suprema Corte deu recentemente uma interpretação mais flexível a uma lei anticorrupção, admitindo que funcionários públicos podem receber presentes ou dar assessoria a empresas.

DEFENDER O FILHO – Aqui, Bolsonaro acha normal ligar para o chefe da Receita Federal para falar sobre um filho que é investigado. O presidente da ocasião pode escolher o secretário da Receita Federal, mas não tem o poder de interferir nas investigações, especialmente para defender um filho. Isso acontece com realezas das antigas, em que a família do rei é intocável, e não é o que a República pede.

Nas realezas modernas, a intocabilidade já está bastante limitada pela ação dos paparazzi, da imprensa livre e da sociedade, cada vez mais atenta aos abusos. A vontade de normalizar qualquer deslize vai longe, na visão de direita ou esquerda.

O presidente Lula acha que pode interferir na Petrobras, que pode indicar políticos aliados para órgãos estatais. Não é o que uma verdadeira democracia pede de seus dirigentes. A tendência de achar que o presidente pode qualquer coisa é anacrônica, fora do que exige uma democracia moderna.

EXORBITÂNCIA – O mesmo acontece com o Supremo Tribunal Federal (STF), que exorbita de suas funções, achando que tem poderes para dirigir as investigações do ponto de vista da maioria eventual naquele momento — sempre uma maioria relativa, dependente da tendência do presidente que nomeia os ministros, entre progressistas, conservadores, de direita ou de esquerda.

Não é possível que os mesmos ministros votem de maneiras distintas sobre o mesmo caso. É preciso um mínimo de coerência para que o cidadão se sinta garantido pela mais alta instância da Justiça brasileira.

Um exemplo inquietante é o caso do ministro Alexandre de Moraes, que, a partir do belo serviço prestado na presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em defesa da democracia, convenceu-se de que é intocável — e não apenas ele.

UMA LAMBANÇA – Uma desavença num aeroporto no exterior com uma família de brasileiros transformou-se em caso de segurança nacional. O encarregado da investigação, que considerou o caso de menor gravidade e o arquivou, foi substituído por outro, que viu na discussão em solo estrangeiro um caso sério, a ponto de o procurador-geral da República ter denunciado por calúnia e injúria os membros da família, com base em “expressões corporais”, pois o vídeo não tem áudio.

Não é aceitável, numa democracia, que se ataque fisicamente uma autoridade, mas também é impensável que uma investigação que já fora encerrada mude de direção sem que tenha surgido fato novo.

O Congresso, que teoricamente representa o povo brasileiro, tem interesses próprios para tratar com urgência, como a anistia aos partidos que desrespeitaram a legislação que eles mesmos aprovaram. Assim la nave va, desgovernada.

Apagão cibernético: Dimensão dos prejuízos é enorme, mas quem pagará por isso?

Charge do Cazo (Arquivo do Google)

Pedro do Coutto

O apagão que atingiu o sistema cibernético mundial na última sexta-feira deve ter deixado rastros em matéria de prejuízos que não foram ainda calculados em toda a sua plenitude. O episódio atingiu computadores e afetou vários setores, incluindo o aeroportuário, serviços bancários e de saúde por todo o mundo. As principais companhias aéreas dos Estados Unidos cancelaram todos os voos. Problemas técnicos foram reportados em aeroportos da Europa, da Índia, de Hong Kong e Singapura.

No Reino Unido e na Austrália, algumas das principais redes de televisão ficaram fora do ar. O serviço de saúde foi afetado em países como Reino Unido e Alemanha, onde cirurgias chegaram a ser canceladas em dois hospitais. O mercado de ações, commodities e câmbio também foi afetado, com bolsas prejudicadas ao redor do planeta.

FALHA – Informações apontam que o problema está relacionado a uma falha em sistemas operacionais de uma empresa de segurança cibernética dos Estados Unidos com mais de 20 mil assinantes em todo o mundo e que presta serviço para a Microsoft. Segundo o CEO da empresa, houve uma interrupção nos serviços por conta de uma atualização no sistema.

Não é possível que um fato como esse, que mostrou a vulnerabilidade de um sistema conectado, não tenha deixado reflexos gigantescos. O noticiário deste sábado revela a volta à normalidade dos voos (que foram cancelados em diversos países), mas não focalizaram o montante das consequências deixadas em aberto para serem compensadas de alguma maneira.

As possibilidades para reaver os prejuízos causados a empresas ainda não são claras. Enquanto seus sistemas são gradualmente reestabelecidos, elas calculam as potenciais perdas relacionadas à paralisação de operações e as possibilidades de redução das perdas.

RESSARCIMENTO – No Brasil, logo pela manhã, o problema já estava resolvido, o que deve reduzir o caso de companhias brasileiras reivindicando o ressarcimento, normalmente feito por meio de créditos de desconto no pagamento em meses seguintes.

Os seguros não devem dar conta de amortizar as perdas, já que a maioria das apólices cibernéticas não cobrem responsabilidades decorrentes de falha do sistema, portanto, as exposições podem ser inferiores ao previsto. Nos próximos dias, as companhias ainda devem enfrentar ações de danos aos consumidores afetados pela paralisação. Ainda que sejam apenas contratantes dos serviços, não estão imunes a obrigações de ressarcimento.

Em nota à imprensa, o Procon-SP afirmou que “o Código de Defesa do Consumidor resguarda os direitos de quem eventualmente tiver prejuízos, bem como estabelece deveres para os fornecedores igualmente impactados, os quais precisam prestar aos seus clientes informações claras e precisas sobre quais as condutas mais adequadas que o consumidor deve adotar”. Em meios a todos os trâmites burocráticos, todos que tiveram prejuízos, provavelmente terão que aguardar por muito tempo para serem atendidos.

A força dos sonhos, nas asas da esperança, inspira a poesia de Augusto dos Anjos

Augusto dos Anjos, um poeta trágico

Paulo Peres
Poemas e Canções

O grande poeta paraibano Augusto dos Anjos (1884-1914) mostra neste soneto que a esperança é a panaceia para todos os sentimentos e momentos do viver, inclusive, na espera da morte.

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A ESPERANÇA
Augusto dos Anjos

A Esperança não murcha, ela não cansa,
Também como ela não sucumbe a Crença.
Vão-se sonhos nas asas da Descrença,
Voltam sonhos nas asas da Esperança.

Muita gente infeliz assim não pensa;
No entanto o mundo é uma ilusão completa,
E não é a Esperança por sentença
Este laço que ao mundo nos manieta?

Mocidade, portanto, ergue o teu grito,
Sirva-te a crença de fanal bendito,
Salve-te a glória no futuro – avança!

E eu, que vivo atrelado ao desalento,
Também espero o fim do meu tormento,
Na voz da morte a me bradar: descansa! 

Inquéritos no estilo dos trapalhões diminuem as chances de Bolsonaro ser preso

Bolsonaro provoca mais para posar de vítima. Por Fernando Brito

Charge do Duke (O Tempo)

Carlos Newton

Depois de provocar uma tremenda empolgação das massas petistas, com a Polícia Federal indiciando o ex-presidente Jair Bolsonaro em três inquéritos sucessivos, um a cada semana, com pedidos à Procuradoria-Geral da República para que proceda às respectivas denúncias e abra logo os processos contra o ex-chefe de governo, com possibilidade de prisão e tudo o mais, de repente vem um jato de água fria em pleno inverno.

Depois do vendaval sobre cartão de vacina, venda de joias e “Abin Paralela”, quando se aguardava o primeiro pedido de prisão preventiva de Bolsonaro, agora começam a ser publicadas notícias dizendo que não é bem assim.

ALARME FALSO – O caso considerado mais grave é o da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), que se transformou num escândalo depois que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, liberou uma gravação que dizem ser incriminadora.

O áudio é de um encontro entre o então presidente Bolsonaro com o diretor-geral da Abin, Alexandre Ramagem; o ministro Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional e as duas advogadas que defendiam o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no caso da “rachadinha”, e denunciavam irregularidades na ação da Receita Federal.

Mas foi alarme falso. A Abin investigou, concluiu que a Receita nada fez de errado e tudo parou por aí, o processo contra Flávio Bolsonaro foi anulado em outra esfera, no Superior Tribunal de Justiça, nada a ver com a Abin. De reprovável ali, apenas a reunião, realmente vexaminosa, que jamais deveria ter ocorrido.

TUDO ERRADO – O que parecia um escândalo não serve de prova, porque não houve interferência da Abin em nenhuma instituição. A espalhafatosa acusação de Moraes e da Polícia Federal não se sustenta.

Da mesma forma, há dificuldades para encontrar crime na venda das joias, porque elas foram recompradas e devolvidas ao Patrimônio da União. O crime, portanto, se desfez antes de ser investigado.

Também não está fácil incriminar Jair Bolsonaro por um crime cometido pelo tenente-coronel Mauro Cid no caso dos cartões de vacinação. Chegaram a prender o secretário da Saúde da Prefeitura de Duque de Caxias, mas não tiveram coragem de prender o ex-presidente.

FALTA O GOLPE – Na verdade, só resta o inquérito do golpe para jogar Bolsonaro numa prisão igual à de Lula, com chuveiro elétrico, TV a cabo e privacidade para receber visitas masculinas e femininas, pois a cela de Lula nem tinha grades, era uma sala de 15 metros quadrados.

Mas também está difícil, por mais que as leis sejam interpretadas e avacalhadas no Brasil, porque o tal golpe não aconteceu. Quando chamei de golpe da Viúva Porcina, que foi sem ter sido, a piada viralizou, fez mais sucesso do que as falas de Lula.

É claro que sempre existe a possibilidade de o Supremo arranjar uma saída jurídica, como na injustificável condenação de Bolsonaro por ter reunido o corpo diplomático, depois de o então presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Edson Fachin, ter feito exatamente a mesma coisa, vejam a que ponto chegou a esculhambação na Justiça.

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P.S.Se Bolsonaro será preso, só Deus sabe, como dizia Armando Falcão, o ex-deputado que Roberto Marinho emplacou como ministro da Justiça no governo do general Geisel. Mas Deus certamente tem coisas mais importantes para cuidar. (C.N.)

Por que o audiovisual argentino está dando de dez a zero no brasileiro?

Meu Querido Zelador - Série 2022 - AdoroCinema

Série argentina faz sucesso devido à qualidade

Luiz Felipe Pondé
Folha

Qual a explicação para o audiovisual argentino dar de dez a zero no brasileiro?Nossa produção é, em geral, limitada a chanchadas, masturbação mental de egos ou panfletos de esquerda

A pergunta que não quer calar quando vejo alguma produção audiovisual argentina é: por que diabos não conseguimos fazer nada que chegue aos pés do que eles fazem? Nossa produção é, com raríssimas exceções, limitada a três tipos —chanchadas, masturbação mental de egos narcísicos ou panfletos de esquerda. Chatinhos que dói.

Não creio que nenhuma das ciências humanas explique essa diferença. Já ouvi coisas como “os argentinos quando foram ricos fizerem sua lição de casa com a educação pública”. Não duvido que fizeram. Mas não acho suficiente. O Canadá tem escola pública possivelmente mais organizada do que a argentina e é um tédio politicamente correto absoluto.

DIZEM QUE… – “Muitos judeus e psicanalistas elevam o nível da reflexão crítica”. Outra explicação que já me deram. Muitos judeus existem em alguns países e nem por isso eles estão metidos na produção audiovisual. Aliás, a Argentina goza de histórico antissemitismo e racismo em geral, largamente reconhecidos.

Psicanalistas existem em toda parte. E muitos deles, aliás, como aqui e lá, são integrantes da óbvia elite de esquerda. Fossem eles a causa, o cinema argentino seria um tédio como o nosso.

A Argentina é um país muito parecido com o Brasil em suas misérias. A começar pelo Estado profundamente corrupto e uma sociedade violenta nas suas pequenas e grandes relações cotidianas. Sua economia tem estado bem pior do que a brasileira. Sua política, um lixo, como a nossa, com aspectos diferentes devido ao seu histórico peronismo de esquerda, de direita e de centro.

SEM EXPLICAÇÃO? – E aí?  Qual a explicação para o audiovisual argentino dar de dez a zero no brasileiro? Não creio que consigam explicar isso. As ciências humanas são fracas epistemologicamente: não explicam nada.

Olhemos dois exemplos, razoavelmente recentes, de séries argentinas, ambas com duas temporadas, de 2022 e 2023. “Iosi, o Espião Arrependido”, no Amazon Prime Video, e “Meu Querido Zelador”, no Star+.

A primeira série é baseada em fatos, narra a história de um espião da inteligência argentina infiltrado na comunidade judaica — assim começa a primeira temporada e não vou dar spoiler já que se trata de uma série de suspense. A segunda é uma comédia de costumes que narra a história de Eliseu, zelador de um prédio de classe média alta em Buenos Aires.

CINEMA VERDADE – No caso de “Iosi” são muitos os elementos relevantes da sua qualidade como produto audiovisual. Além do elenco, vale salientar o tratamento da corrupção e da truculência do Estado argentino que chega a tocar a Presidência da República em figuras como Raul Alfonsín e Carlos Menem.

A história começa em 1985 e avança adentro do século 21. Reuniões entre membros corruptos do governo e criminosos se dão na Casa Rosada. Será mesmo que a corrupção dos Estados nacionais chega assim às cortes? Claro que sim.

Produções assim hoje no Brasil seriam processadas até pelos cachorros das famílias dos dignatários apontados na série, além de fazer alguns cardeais do STF babarem de desejo de provar o sangue dos autores, o que me leva a supor que a democracia argentina seja melhor do que a brasileira, não? Seria um atentado contra a honra como se diz por aqui. Mais um ponto para los hermanos?

CASAL WOKE – No caso do “Meu Querido Zelador”, entre outros inúmeros detalhes, vale apontar o casal “woke” de moradores do prédio. Exploradores da sua empregada —que recusam a usar o termo por considerar politicamente incorreto— nossos comedores de comida orgânica são uns escrotos. Seríamos nós capazes de expor de forma tão clara a canalhice da elite jovem “woke” no cinema brasileiro?

O casal lésbico tampouco é o modelo ideal de amor, como costuma aparecer, seja no audiovisual brasileiro ou mesmo americano. Uma delas é comedora de mulheres enquanto a parceira, médica, vai dar plantão.

A carpintaria dos personagens é sofisticada, o que faz com que fiquemos longe dos personagens clichês do audiovisual brasileiro. A oposição conservador/progressista passa longe, apesar de pulularem canalhas à direita e à esquerda. O Brasil está longe de chegar perto da Argentina.

Livro do advogado André Marsiglia mostra que há censura por toda parte

Censura por toda parte - Os bastidores jurídicos do inquérito das Fake News  e a nova onda repressora que assola o BrasilMario Sabino
Metrópoles

Faz mais de cinco anos que estou no inquérito das fake news. É tanto tempo que até virei personagem de um livro recém-lançado: Censura por Toda Parte, de André Marsiglia. O subtítulo do livro é “os bastidores jurídicos do inquérito das fake news e a nova onda repressora que assola o Brasil”.

Como fui o primeiro cidadão a constar dessa peça exemplar da nossa democracia pitoresca, André Marsiglia, que me defende desde os tempos da Veja, foi o primeiro advogado a se deparar com o processo que se assemelha ao do romance de Kafka.

CENSURA DIRETA – No livro, ele descreve a situação na qual me vi enredado como publisher da revista que criei e como diretor do site de notícias que fundei, ambos censurados por publicar notícia verdadeira.

Já escrevi fartamente sobre o assunto em outras paragens. A revista e o site já não existem mais na forma que eu e o meu sócio idealizamos, mas o inquérito permanece aberto, sem data para terminar, e eu ainda figuro nele.

Falo de mim, mas estou longe de ser o grande assunto do livro. O destemido André Marsiglia é a referência jurídica na defesa da liberdade de expressão. Além do caso do qual sou personagem, ele aborda outras situações de censura judicial a reportagens e também as de censura não explícita.

ONDA REPRESSORA – Elas são cada vez mais comuns, daí “a nova onda repressora que assola o Brasil” do subtítulo. O inquérito das fake news abriu a porta do inferno para a liberdade de expressão, e vocês que entram em tal inferno podem deixar a esperança do lado de fora.

Um dos pilares do Estado de Direito, a liberdade de expressão agora é descaradamente relativizada ao sabor de conveniências pessoais, políticas e econômicas.

A coisa chegou a tal ponto que, hoje, pratica-se a pior forma de censura, que é a autocensura. A servidão nunca foi tão voluntária.

DIZ MARSIGLIA – No início de Censura por Toda Parte, André Marsiglia, dono de um raciocínio lógico invejável, faz a seguinte consideração:

“Posso afirmar categoricamente que a censura no Brasil nunca acabou, jamais deixou de existir. Ela permanece e é tão ou mais cruel que as demais a que assistimos pela janela da história. A censura não acaba, apenas se modifica, alterna de mãos. Um dos maiores erros conceituais a respeito da censura é acreditar que a sua existência não se compatibiliza com as democracias modernas e que, se ela existe, não há democracia; ou então, se há democracia, ela não pode existir. Esse erro impõe uma visão limitadora e paradoxal: ou escolhemos ignorar a censura, se nos julgamos em uma democracia, ou escolhemos ignorar a democracia, se nos julgamos sob censura.”

É o que se está fazendo no Brasil neste momento.

COMPREENSÃO – E o advogado André Marsiglia continua: “Compatibilizar censura e democracia, e enxergar censura fora do eixo do Poder Executivo, torna possível uma compreensão melhor do tema. Políticos de direita afirma que, no Brasil atual, estamos em uma ditadura, por aqui haver censura. Políticos de esquerda negam a existência da censura para não reconhecer a possibilidade de fracasso da democracia. Ambos estão errados”, diz, acrescentando:

“Existem a democracia e a censura, elas são compatíveis. Trata-se de um erro que até mesmo a imprensa comete, e por isso muitas vezes se nega a utilizar a terminologia ‘censura’, por acreditar que, ao fazê-lo, assumirá um discurso antidemocrático.”

Censura por toda parte: a luta continua, companheiros, mas não há garantia de que, um dia, riremos de tudo isto. No momento, apenas as hienas riem.

Entre as ideias mais estúpidas da esquerda, destaca-se a “despenalização”

A corrupção não é uma invenção... Jô Soares - PensadorMario Sabino
Metrópoles

É difícil escolher qual é a ideia mais estúpida da esquerda. Uma das que figuram no top 10 é a da despenalização. Basicamente, ela significa abolir uma série de delitos do direito penal, transformando-os em simples contravenções.

A despenalização envolve também diminuir a gravidade de alguns crimes, como roubos inferiores a determinada quantia. Foi o que aconteceu no estado americano da Califórnia, por exemplo. Deixou de ser considerado delito grave roubar mercadorias no valor de até US$ 950.

LIBEROU GERAL – O resultado, obviamente, é a roubalheira desenfreada em supermercados e farmácias. Tanto que muitos produtos, antes deixados em prateleiras, agora estão trancafiados em armários. É que nenhum gênio da legislação pensou que um mesmo estabelecimento poderia ser roubado várias vezes.

O recorde de estupidez, contudo, foi o que ocorreu na sequência da morte do cidadão negro George Floyd, em 2020, na cidade de Minneapolis, asfixiado por um policial branco. Os manifestantes que tomaram as ruas dos Estados Unidos para protestar contra o assassinato queriam resolver o problema de racismo da polícia com a extinção da polícia.

A esquerda de qualquer país odeia polícia por considerá-la instrumento das classes dominantes contra quem é vítima de injustiça social — o criminoso. Os abusos são, portanto, inerentes à atividade policial. E o sistema prisional é, consequentemente, uma perversidade.

PALESTRA A JUÍZES – A ideia estapafúrdia ficou cristalina naquela história publicada por mim do estuprador, torturador e assassino cruel de um menino de 5 anos que se vende como “sobrevivente do sistema penitenciáriol” e foi chamado a dar palestra em um curso de formação de juízes, em Minas Gerais.

Em uma carta ao seu ministro da Polícia, Joseph Fouché, apresentado nesta coluna como “o maior canalha da história”, Napoleão Bonaparte escreveu que “a arte da polícia é não ver o que é inútil que ela veja”.

Mesmo sem conhecer Napoleão, é a recomendação que os bons policiais seguem quando já faziam vista grossa a bobagens como o garoto que fumava maconha na rua antes da descriminalização do porte de 40 gramas ou quando deixam de prender pobre com fome que rouba biscoito em supermercado.

BOM SENSO – Isso, porém, não tem nada a ver com despenalização e assemelhados. É só bom senso.

Quando a impunidade passa a ser política de Estado, a criminalidade tende a aumentar e a se agravar, atingindo principalmente os mais pobres, que não andam de carro blindado ou tem guarda particular.

Prende-se muito no Brasil, diz a esquerda, mas a verdade é que, em boa parte dos casos, o preso sai da cadeia rápido demais, mesmo tendo cometido crimes pesados, e fica livre para delinquir de novo.

FICHA SUJÍSSIMA – Temos então a situação do policial que detém um meliante, verifica a sua ficha e se depara com uma longa lista de desserviços prestados por ele à sociedade. Que estímulo o policial tem para continuar a fazer o seu serviço, se a regra geral é a da esculhambação? E se o crime compensa para o meliante, por que não compensaria para o policial corrupto?

Nada disso existe para a esquerda e as suas ideias desconectadas da realidade dos trabalhadores que ela diz querer defender. Uma estupidez só.

Zema diz que Tarcísio é o nome mais forte da direita sem Bolsonaro em 2026

SÃO PAULO, SP, 31.07.2023: Romeu Zema, governador de Minas Gerais participa de evento no Insper que debate os 10 anos do nosso arcabouço jurídico anticorrupção. (Foto: Zanone Fraissat/Folhapress)

Zema di que Tarcísio tem mais chances de vencer Lula 

Artur Búrigo
Folha

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), disse que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), é o nome mais forte da direita para as eleições de 2026 considerando a situação atual, de inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Hoje, com certeza é o Tarcísio, pela relevância do estado de São Paulo. Algumas pesquisas já apontam o Tarcísio”, afirmou em conversa com jornalistas, relatada pelos jornais O Tempo e Estado de Minas.

APOIO A BOLSONARO – No encontro, o governador apontou inicialmente Bolsonaro como sendo aquele com maior viabilidade para as eleições de 2026.

Em entrevista à Folha há duas semanas, Zema saiu em defesa do ex-presidente no caso das joias presenteadas por autoridades estrangeiras e disse que a Justiça precisa tratar todos de maneira igual.

Além de Bolsonaro e Tarcísio, Zema também citou o próprio nome e dos governadores de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), e do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), como opções para uma candidatura da direita nas próximas eleições presidenciais – os três foram reeleitos em 2022 e não podem concorrer novamente aos governos.

ABRINDO MÃO – Questionado no encontro com jornalistas sobre se gostaria de ser o candidato do bolsonarismo nas próximas eleições, Zema disse que “se for para chegar lá de pés e mãos amarradas, eu prefiro que outro vá”, conforme publicado pelo jornal O Tempo.

No início deste mês, o governador disse que poderia ser candidato a presidente caso o seu nome apareça como o mais viável entre aqueles que compõem seu grupo político.

“Nós, governadores de centro-direita, temos conversado muito, nos aproximado, e no que depender de mim estarei apoiando o nome que o grupo vier analisar como o mais viável. Se for o meu, serei candidato”, afirmou em live.

PODE SER VICE – Em outra ocasião, no mês passado, Zema não descartou disputar o pleito como candidato a vice-presidente. Ele negou, porém, a possibilidade de concorrer a um cargo no Legislativo, ao dizer que não tem perfil para o posto.

No encontro desta sexta, o governador de Minas também aproveitou para responder às críticas do ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia), que afirmou na semana passada que Zema deixou o estado à beira de um colapso.

Sem citar diretamente o nome de Silveira, o governador disse que, desde 2022, seu governo já pagou R$ 6,7 bilhões à União, sendo a administração que mais pagou dívida na história, “ao contrário do que diz por aí um ministro”.

PRORROGAÇÃO – E na quarta-feira (dia 17), o ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), atendeu parcialmente ao pedido do governo do estado e prorrogou para 1º de agosto o prazo para Minas Gerais retomar o pagamento de sua dívida com a União.

Com uma dívida de R$ 160 bilhões, o estado tenta adiar o prazo para pagamento até que o projeto de renegociação do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), seja aprovado no Congresso.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Nada de novo no front ocidental. Se Bolsonaro continuar inelegível, todos os caminhos levam a Tarcísio de Freitas, que será um candidato fortíssimo contra Lula ou contra Haddad, caso a idade pese demais nos ombros do Biden da Silva. (C.N.)

Haddad errou feio na gestão política dos novos impostos e abraçou um problema

Taxa Humana': meme do ministro Haddad é exibido em telão na Times Square

A oposição aproveita para fazer gozação com Haddad

Bruno Boghossian
Folha

Fernando Haddad não olhou por onde andava quando o governo começou a discutir a taxação de encomendas internacionais de até US$ 50. “Vocês falam da Shein como se eu conhecesse. Eu não conheço a Shein”, disse o ministro sobre a gigante das comprinhas em abril de 2023.

Em seguida, o governo protagonizou uma sequência constrangedora de avanços e recuos. Anunciou a cobrança do imposto e mudou de ideia depois que a primeira-dama se viu soterrada por críticas à medida. Só foi até o fim quando o Congresso topou contrabandear a taxa numa proposta sobre outro tema.

UM CERTO APOIO – Em nenhum momento Haddad esteve em posição vantajosa no debate sobre a taxação. O ministro tentou se segurar na justificativa razoável de que a entrada indiscriminada de produtos importados era prejudicial à produção nacional. Ganhou apoio de varejistas e da indústria, mas não fabricou um único eleitor feliz por pagar mais por suas encomendas.

O ministro e o governo erraram na gestão política. Menosprezaram o impacto de uma medida que havia sido esconjurada pelo presidente anterior e foram incapazes de produzir argumentos suficientes para blindar a proposta. Entregaram um presente para a oposição e, com o estrago feito, não souberam reagir.

A associação de Haddad a um mau humor com a cobrança de impostos estava na praça havia cerca de 40 dias. Para piorar, o ministro ainda subiu no palco como opositor da inclusão da carne na nova cesta básica da reforma tributária.

MÁQUINA DE MEMES – A turma da Fazenda só acordou quando ele se tornou alvo de uma máquina de memes na internet. O ministério apontou que a carga tributária está em queda e deu o jogo por resolvido.

O problema do governo é que esta é uma campanha com potencial de chegar a ricos e pobres, que conhecem ou não a Shein.

Ela ocorre num território em que a direita liberal se esbalda, jogando lenha numa insatisfação generalizada com a ineficiência de um Estado que precisa dar conta de um país enorme, mas sempre pode parecer gordo demais.

Lula tem mostrado maior empenho em falar e gastar do que em governar

Lula diz ter divergência de conceito com o 'pessoal do mercado'

Lula diz ter divergência de conceito com o ‘pessoal do mercado’

Rolf Kuntz
Estadão

Mais empenhado em falar e em gastar do que em governar, o presidente Lula entregará mais dois anos de expansão econômica abaixo de 3%, segundo estimativas do Ministério da Fazenda, revisadas e divulgadas nesta quinta-feira, 18. A economia crescerá 2,5% em 2024 e 2,6% no próximo ano, de acordo com o novo quadro apresentado pelo ministro Fernando Haddad.

As projeções são mais otimistas que as do Fundo Monetário Internacional (FMI), 2,1% e 2,4%, e também menos sombrias que as do mercado financeiro, 2,1% e 1,97%, incluídas no boletim Focus da última segunda-feira, 15. Reafirmam, no entanto, a aparente maldição do crescimento na vizinhança dos 2%, muito baixo para uma economia emergente do tamanho da brasileira.

MAIS INFLAÇÃO – Inflação revista para cima contrasta com o quadro da economia emperrada. Na previsão oficial, passou de 3,7% para 3,9% a alta estimada para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Emprego vigoroso e consumo em alta devem refletir-se mais nos preços pagos pelas famílias do que no aumento do Produto Interno Bruto (PIB), de acordo com as projeções do Ministério da Fazenda. No mercado, as expectativas são um pouco piores: 4,02% de inflação neste ano e 3,88% em 2025.

Com pressões inflacionárias ainda consideráveis – o centro da meta é 3% –, é difícil prever um afrouxamento sensível da política de juros.

E A SELIC? – O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central já indicou a disposição de manter a taxa básica elevada até o fim do ano e de reduzi-la, em seguida, lentamente. Segundo a expectativa captada no mercado, a taxa deve permanecer em 10,5% até dezembro e terminar 2025 em 9,5%. Crédito caro deverá atrapalhar o esforço dos empresários para dinamizar os negócios no próximo ano.

Empenhado em conter o ritmo da inflação, o ministro da Fazenda deve contingenciar parte das verbas orçamentárias, liberando recursos, depois, em ritmo controlado. Esse expediente já foi usado no Brasil e pode facilitar a gestão dos gastos federais.

Um congelamento de R$ 15 bilhões já foi anunciado. Mas um controle efetivo da despesa dependerá principalmente da adesão do presidente da República ao compromisso de austeridade. Essa adesão é por enquanto incerta, apesar das manifestações presidenciais de apoio ao trabalho de Haddad.

CENÁRIO GLOBAL – Também o cenário global será complicado, se os fatos confirmarem as projeções do FMI. Nesse quadro, o produto mundial aumentará 3,2% em 2024 e 3,3% no próximo ano, com crescimento muito parecido com o do biênio anterior. Parece irrealista esperar grandes estímulos do exterior.

A expansão da China, principal mercado para a exportação brasileira, deve ficar em 5% neste ano e 4,5% no próximo. Será mantido, nesse caso, ritmo semelhante ao dos últimos anos, bem menor que o observado na longa fase de grande expansão econômica. Mas permanecerão, segundo se estima, condições favoráveis ao comércio com o Brasil.

O balanço das condições internas e externas aponta um quadro desafiador para o governo brasileiro. Para combinar crescimento e estabilidade, a administração federal terá de combinar prudência fiscal, estímulo ao setor privado e esforços de atração de capitais externos.

CONFIANÇA – Será especialmente importante alimentar a confiança dos investidores – nacionais e estrangeiros – e isso dependerá de uma contínua demonstração de bom senso e responsabilidade.

O presidente declarou-se disposto a apoiar um corte de gastos se estiver convencido da necessidade de limitar o dispêndio. “Você sabe”, disse ele numa entrevista, “que eu tenho uma divergência histórica, divergência de conceito com o pessoal do mercado”.

Em seguida: “Nem tudo que eles tratam como gasto eu trato como gasto”. Não se trata, no entanto, de uma questão de “conceito”, mas de um grave desconhecimento. A palavra “gasto”, sinônimo de “despesa”, aplica-se tanto ao investimento quanto ao consumo, ou, no caso do governo, ao custeio.

FINALIDADE DO GASTO – A diferença está apenas na finalidade do gasto. Um se destina a ampliar o estoque de capital – itens como rodovias, portos, edifícios, sistemas de geração e transmissão de eletricidade, etc. Outro é destinado, no caso do governo, a manter as condições de operação da máquina administrativa, com ações como pagamentos de salários e suprimento de material de trabalho.

Em qualquer caso, investimento ou custeio, a ação só será possível se houver recursos financeiros. E recursos financeiros – para investimento ou custeio – dependem de tributação e de outras formas de captação de dinheiro. Dinheiro não dá em árvore, nem cai do céu, nem é inesgotável.

O presidente Lula parece esquecer esses fatos – tão simples quanto importantes – quando anuncia sua disposição de gastar.

Nada mudou! Congelamento de R$ 15 bilhões não anima nem desanima o mercado

Blog do Roberto Moraes: A ética do mercado na visão do chargista

Chrage do Mariano (Charge Online)

Victor Sena
Folha        

O governo decidiu congelar R$ 15 bilhões dos gastos para cumprir a meta de fechar as contas deste ano sem déficit. O anúncio foi feito na tarde desta quinta-feira (18) pelos ministros Fernando Haddad e Simone Tebet. Os ministérios mais atingidos são Cidades, Desenvolvimento Regional, Turismo e Esporte. Saúde e Educação também serão impactadas.

Entenda: o congelamento é uma prática comum e envolve dois mecanismos diferentes, o bloqueio e o contingenciamento. Eles são usados porque nem sempre as receitas e gastos acompanham a estimativa feita no Orçamento.

R$11,2 bilhões serão bloqueios e R$ 3,8 bilhões contingenciamentos.  Como funciona: Despesa acima do previsto = bloqueio; arrecadação abaixo do previsto = contingenciamento.

PODE REVER – O governo pode rever a decisão caso o cenário mude nos próximos meses. Por que importa? Agentes do mercado financeiro têm dúvidas se as contas deste ano – e do próximo – vão fechar no zero a zero, como determinam as regras criadas pelo governo Lula (Não lembra? Para 2025, foi anunciado um corte de R$ 25 bilhões).

Falas do presidente ao longo do mês de junho aumentaram a suspeita de que as regras poderiam ser afrouxadas. Com a repercussão, principalmente no preço do dólar, que bateu R$ 5,70, Haddad e outros ministros discutiram o assunto com Lula, que moderou o tom no início do mês.

Idas e vindas. O mercado até acalmou, mas novos questionamentos foram feitos pelo presidente. Nesta terça, disse que não é obrigado a cumprir a meta fiscal se tiver “coisas mais importantes para fazer”, mas que tem compromisso com a regra. Afirmou também que precisa ser convencido sobre cortes.

CORTES PARA ONTEM – Questionado se havia convencido o chefe Lula sobre o bloqueio, que não é exatamente um corte, Haddad respondeu: “Se estou dando o anúncio, é porque ele já foi”.

O anúncio ocorre no momento em que o ministro tem sido alvo de piadas e “memes”, que fazem satirizam mudanças em impostos e a reforma tributária, com Haddad como Tocha Humana “Taxadd”.

O ministro defende um ajuste das contas públicas com incremento de arrecadação desde o início do governo.

PERDEU APOIO – Sim, mas… Há sinais de que a pauta perdeu apoio no Congresso. Não foi encontrada, por exemplo, uma solução para compensar a verba da desoneração da folha de pagamentos.

Medidas apontadas por economistas e técnicos do governo para ajustar as contas são: mudanças nas regras que aumentam automaticamente os gastos com saúde e educação; alteração nas regras que reajustam pensões e benefícios sociais acima da inflação.

O STF (Supremo Tribunal Federal) deu até 11 de setembro para a definição de uma nova fonte. Caso contrário, os 17 setores com isenção voltarão a ter cobrança.