PL do aborto perde força após reação das ruas e a proposta pode ser adiada

A luta do pobre para construir sua casa, na poesia agreste de Mauro Mota

Tribuna da Internet | Uma rua morta, mas que revive no cheiro dos cabelos  das moças de outroraPaulo Peres
Poemas & Canções

O advogado, jornalista, professor, memorialista, cronista, ensaísta e poeta pernambucano Mauro Ramos da Mota e Albuquerque(1911-1984), membro da Academia Brasileira de Letras, no poema “Construção”, fala da vida difícil dos moradores pobres do interior do país.

CONSTRUÇÃO
Mauro Mota

Vem vindo José Maria,
vem de São Bento do Una,
vestido de roupa cáqui
e de botinas reiúnas.

No conselho de família,
só encontra a hierarquia
do avô cabo de polícia.

O pai na barbearia
do povoado trabalha,
mal completa o pagamento
da prestação da navalha.

Vem vindo José Maria,
o amarelinho de São Bento
do Una, sem genealogia.

Vem montado no jumento.
Saiu da escola. (Não tinha
nem livros nem fardamento.
Aprendeu a ler sozinho.)

Oh, que infância sem infância,
essa do José Maria!

Entrava na terra o casco
do seu cavalo de pau,
que o cabo da enxada era
a escoiceante montaria.
Tirava leite das vagas,
mas o leite não bebia.
Os animais da fazenda,
com que doçura os tangia!
Carregava areia e lenha
com o gosto do engenheiro
que uma obra construía.

Foi bicheiro e negociante
de passarinhos na feira.
Vendeu frutas e roletas
nas festas da Padroeira.
Lavou frascos na botica,
lavou os pratos do hotel,
fez os serviços miúdos
da casa do coronel.

– Pega o carneirinho mocho
para Jorginho montar.
– Vê se a novilha cinzenta
já voltou para o curral.
– Leva o peru para a ceia
do Doutor pelo Natal.

Vem vindo José Maria
vem de São Bento do Una,
vestido de roupa cáqui
e de botinas reiúnas.

Puxa ainda o seu jumento,
remexe nos caçuás.
Carrega barro e madeira
para a construção que faz
com alicerces na poesia
dos desesperos rurais.

Tarcísio não se importa nem se ilude com a política: “Uma hora, o glamour acaba”

"Não me importa, não me interessa. Eu não me importo, em nenhum momento, em voltar para onde a gente veio", disse

Tarcísio afirma que seu projeto é ser feliz com sua família

Deu na CNN
Estadão Conteúdo

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), voltou a diminuir nesta segunda-feira, (17), as especulações com relação ao seu futuro político. Em sessão na Assembleia Legislativa (Alesp) em homenagem a sua esposa, a primeira-dama Cristiane Freitas, o governador repetiu que “não se interessa” nas próximas eleições.

“Não me importa, não me interessa. Eu não me importo, em nenhum momento, em voltar para onde a gente veio”, disse.

VAMOS SER FELIZES – Exaltando a participação de sua mulher nas suas escolhas de carreira e de vida, o dirigente estadual afirmou que uma hora o “glamour” de ser governador vai acabar. “E a gente vai voltar a vida que nós tínhamos, e nós vamos ser felizes”, disse.

A primeira-dama do Estado, presidente do Fundo Social de São Paulo, recebeu nesta segunda-feira o Colar de Honra ao Mérito Legislativo, concedido a pessoas que tenham atuado de forma a contribuir para o desenvolvimento social, cultural e econômico do estado. A homenagem foi um ideia da deputada estadual Dani Alonso (PL).

POSICIONAMENTO – O discurso vem sendo reforçado pelo governador nos últimos meses. Com aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL), padrinho político de Tarcísio, incomodados com o protagonismo adquirido pelo ex-ministro da Infraestrutura, Tarcísio tem aproveitado todas as oportunidades pra destacar sua gratidão ao ex-presidente e reafirmar que não pensa em disputar as eleições para a presidência em 2026.

No entanto, com Bolsonaro inelegível  o governador de São Paulo entrou no bolsão de apostas como um dos possíveis nomes a tentar o cargo. No campo da direita, estão como postulantes os governadores Romeu Zema (MG-Novo) e Ronaldo Caiado (União Brasil-GO).

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O mais importante é que Tarcísio de Freitas é assim mesmo e não tem apego à política. Abandonou uma promissora carreira no Exército para disputar emprego na iniciativa privada, como engenheiro, e acabou entrando na política. Ele sabe que a política pode ser uma grande ilusão. (C.N.)

Lula tem de culpar Dilma e Mantega pela crise fiscal que está destruindo o INSS

junho | 2014 | Plataforma Política Social

Charge do Grego (Arquivo Google)

Carlos Newton

É a coisa mais comum dizer que petista não entende de economia. Realmente, contam-se nos dedos. E isso se deve à aversão e à inveja que Lula de Silva dedica a quem teve oportunidade de receber uma instrução melhor do que a dele. É compreensível, é humano, é normal. Todos temos recalques e complexos, o mito do Super-homem (Übermensch) só existiu nas elucubrações de Friedrich Nietzsche e nos quadrinhos de Joe Shuster e Jerry Siegel. Como definiu Umberto Eco, o Superman tem como principal motivação manter o status quo da sociedade que ele defende, nada a ver com os pobres e oprimidos.

No caso de Lula, ele é uma espécie de Superman às avessas,que sempre defendeu seus interesses pessoais à frente dos interesses da sociedade. Por isso, na ditadura ele aceitou ser agente do regime militar, infiltrado no sindicalismo para impedir Leonel Brizola de chegar ao poder.

AMIGO DOS BANQUEIROS – Depois, como criador e líder do PT, Lula jamais se preocupou com o partido e impediu a ascensão que quem pudesse sucedê-lo. No governo, alega estar preocupado com os pobres, mas todos sabem o que disse sobre ele o banqueiro Olavo Setubal, do Itáu. Realmente, Jamais houve um governo tão favorável aos bancos e às empreiteiras como Lula 1.

Depois dele, nunca mais os banqueiros se preocuparam com os lucros, garantidos com benesses como as chamadas Operações Compromissadas, que o governo da matriz USA se recusa a promover, mas são feitas diariamente aqui na filial Brazil.

Lula não se instruiu, porque tem preguiça de ler. Odeia discursos escritos, que lê monotonamente no teleprompter. Sem conhecimento específico, como conduzir a economia? Nem o verdadeiro Superman conseguiria.

RENÚNCIAS FISCAIS – Em entrevista coletiva, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, revelou nesta segunda-feira (dia 17) que Lula ficou “mal impressionado” com as renúncias fiscais no país, que chegam a quase 6% do PIB do Brasil.

Esse espantoso total corresponde a renúncias fiscais e benefícios financeiros e creditícios concedidos pelo governo federal. “Quando colocamos os três na ponta, a gente tem que somar os R$ 519 bilhões que o Haddad falou, dá um total de R$ 646 bilhões”, revelou.

E quem inventou essas renúncias fiscais, que impactaram tanto a Previdência Social? Ora, foi a dupla genial Dilma Rousseff e Guido Mantega, que se dizem especialistas em Economia e deram esse belo “presente” ao país.

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P.S. 1 –
“Ô, coitado!”, diria a comediante Gorete Milagres, com pena de Lula, pois o presidente não pode culpar Dilma e Mantega, que foram duas invenções dele. Lula deu prazo para os ministros Haddad e Tebet encontrem uma solução, que não existe, porque os grandes empresários beneficiados por renúncias e isenções fiscais são “amigos do amigo” e já cooptaram o Congresso e a imprensa. Neste bolo, encontra-se também o fermento dos produtores artísticos e culturais, que faturam milhões para fazer shows de baixo investimento.

P.S. 2 – Conclusão: o Brasil está de cabeça para baixo (ou ponta-cabeça, como dizem em São Paulo) e a culpa é desses falsos governantes que sucederam a Itamar Franco e não souberam exercer os podres poderes que Caetano Veloso tão bem interpreta. (C.N.)

Acreditar em Lula é como pensar que três erros podem se tornar um acerto

A charge tem como título “Promessas de candidatos” e mostra três cães a assistir uma TV. No monitor aparece o ex-presidente Lula com o texto “Vou gastar o que for preciso para ajudar os pobres”.  Um cão vira-lata branco com manchas marrons diz: - Eles nunca falam de onde vão tirar o dinheiro! Uma cadela Yorkshire Terrier pergunta: - Vão aumentar o imposto? Um cão salsicha de cor preta responde: - Isso sempre fica para depois da eleição…

Charge do Cláudio Hebdô (Folha)

Mario Sabino
Metrópoles

Acreditar que Lula vai cortar gastos é o mesmo que acreditar que não houve mensalão, nem roubalheira na Petrobras. Acreditar que Lula não quer escorchar os pagadores de impostos é como acreditar que existe banqueiro de esquerda. Acreditar que Lula não é quem manda na economia é o mesmo que acreditar que a democracia brasileira foi salva pelo PT.

Da mesma forma, acreditar que Lula não vai pôr um pau mandado na presidência do Banco Central é como acreditar que o Supremo Tribunal Federal vai abrir mão de legislar. E acreditar que Lula não quer baixar os juros na marra é o mesmo que acreditar que Lula abandonou o álcool.

ALÉM DISSO… – Acreditar que Lula não transferiu para a conta de luz de todos os brasileiros o prejuízo de uma empresa de energia de amigos bilionários é como acreditar que Lulinha é um gênio capitalista. E acreditar que Lula vai deixar de usar a Petrobras politicamente é como acreditar que Gleisi Hoffmann é contra o aborto.

Acreditar também que Lula tenha outro plano senão o de ser reeleito é o mesmo que acreditar que a esquerda não é antissemita. Acreditar que Lula gosta de imprensa livre é como acreditar que Lula gosta de ler livros. Por fim, acreditar em Lula é o mesmo que acreditar que três erros fazem um acerto.

Lula é um sistema de crenças no que não existe.

Tudo de novo! Depois da prisão, Vaccari volta a indicar nomeações na Petrobras

João Vaccari Neto: prisão e, agora, retomada no poder

João Vaccari está reorganizando sua quadrilha na Petrobras

Deu no Poder360

João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, voltou a ter influência na Petrobras. Preso por quatro anos pela Operação Lava Jato, ele participou das escolhas de indicados a cargos relevantes da estatal no primeiro governo Lula, que se corromperam e foram denunciado na Operação Lava Jato. A informação foi publicada pelo jornalista Lauro Jardim no portal de O Globo e confirmada pelo Poder360.

“Praticamente todas as nomeações importantes feitas hoje na Petrobras têm passado pelo crivo de João Vaccari Neto, o ex-tesoureiro do PT que ficou preso entre 2015 e 2019”, afirmou o jornalista Lauro Jardim.

HOUVE DELAÇÃO – Pedro Barusco, ex-gerente de serviços da Petrobras, disse em delação premiada que Vaccari Neto havia recebido propina em nome do PT no esquema de corrupção na estatal.

O ex-tesoureiro do PT foi preso preventivamente em abril de 2015 na 12ª etapa da Operação Lava Jato. Foi condenado por corrupção passiva e ficou na prisão até 2019, quando foi solto para cumprir a pena em regime semiaberto, usando tornozeleira eletrônica. Em janeiro de 2024, Vaccari Neto teve a condenação anulada pelo ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal).

Vaccari Neto tem 65 anos. Nasceu no Paraná, mas se mudou quando criança para São Paulo. Filho de agricultores, atuava no movimento sindical desde os 18 anos e, em 1983, participou da fundação da CUT (Central Única dos Trabalhadores), assim como o presidente Lula da Silva (PT).

BANCÁRIO – Vaccari Neto entrou para o antigo Banespa (Banco do Estado de São Paulo) em 1978, como escriturário. Se tornou presidente do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região de 2000 a 2005. Foi presidente também do Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo) de 2004 a 2010.

Ao tomar conhecimento da notícia, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ironizou o novo envolvimento do ex-tesoureiro do PT na Petrobras. “O amor voltou sem vergonha alguma de ser feliz!”, declarou nesta segunda-feira.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Dizem que a música preferida de Vaccari é aquele grande sucesso de Ivan Lins e Vítor Martins: “Começar de novo e contar contigo…”. Ele gosta de cantar, quando sai carregando a velha mochila. (C.N.)

Dilma 3 se mexe para tapar buraco de Dilma 1, mas ninguém aceita os cortes

Haddad e Lula se reúnem nesta 2ª para ajustar tributária

Lula passou a ser chamado de Dilma 3, devido á teimosia

Carlos Andreazza
Estadão

No Brasil, todo mundo quer equilíbrio fiscal e justiça tributária; desde que cortado seja o benefício do outro. A conta não fecha. Assim como jamais fecharia a conta do arcabouço fiscal de Haddad. Não sem uma PEC da Transição permanente. O mundo real se impôs em 2024, zerados os R$ 150 bilhões que lhe permitiram enganar como rigoroso comprometido até com superávit.

O plano era (é ainda) torcer por bonança externa, pedalar (fabricando dinheiros) por voo de galinha até 26, então cuspir uma PEC Kamikaze para financiar a tentativa de reeleição – e empurrar a pancada para 2027.

GASTANÇA – O chão encurtou. (Nem Juscelino Filho pavimentaria.) As despesas – a constante do natimorto fiscal – crescem e crescem, os recursos para aumento de arrecadação vão saturados e as possibilidades de revisão de gastos tributários, escassas.

O lobby é tão forte que fez Pacheco valente. O vencedor de 2023, Haddad, de repente aflito, anunciando “revisão ampla e geral” de despesas. Não estava no plano.

Foi o PT, sob Dilma 1, que inventou essa desoneração da folha de pagamentos. Outra conta que não fecharia. E agora Dilma 3 rebolando para lhe tapar o buraco. Tudo sem convicção e na correria. Para remediar a sangria do calabouço fiscal, que arrombou a porteira das despesas. Não será suficiente. O cobertor é curto. A agonia, larga. E, no desespero, a repetição dos erros.

CONTA NÃO FECHA -Para neutralizar o gasto tributário com as desonerações, a proposta de limitação de outro gasto tributário – o dos usos dos créditos do PIS/Cofins para compensações cruzadas.

É preciso mesmo enfrentar essas reservas. Enfrentamento disparado no improviso, de novo via medida provisória, sem atividade política, à margem da Constituição – e, para juntar impacto inflacionário à insegurança jurídica, com a mão pesada da Receita Federal na forja da mordida. Donde a coragem fácil de Pacheco. A conta não fecha.

Agora – diz-se – Haddad mostrará a Lula cardápio com opções para cortes de despesas. Em ano eleitoral. O menu elencaria alternativas de desindexação de gastos.

ATRELADOS À RECEITA – No caso dos pisos de Saúde e Educação, que sobem atrelados à receita, rever-lhes as vinculações deteria um dos transbordamentos que o arcabouço fiscal contratou. Despesas obrigatórias que crescem conforme o crescimento da arrecadação. O crescimento da arrecadação sendo o instrumento do arcabouço para rebater o aumento das despesas. O ciclo da asfixia. E houve quem elogiasse o troço. Alguém envergonhado?

A ministra clandestina Tebet, do Ministério do Planejamento na Clandestinidade, deu entrevista ao Globo. Qual o apoio do presidente ao corte de gastos?

“Não sei, porque nem ele sabe o trabalho que nós estamos fazendo”.

Lula exige seus R$ 29 bilhões e, se não aparecerem, cai a desoneração da folha

Charge do JCaesar | VEJA

Charge do JCaesar | VEJA

Carlos Alberto Sardenberg
O Globo

Então ficamos assim: os empresários e o Congresso que se virem para arrumar R$ 29 bilhões de receita extra para o governo federal. Esse foi o recado do presidente Lula, dado na última quinta-feira. É tipo ameaça: se não aparecer esse dinheiro novo, cai a desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia. “Que era o que eu queria” — completou Lula.

O presidente do Senado e do Congresso, Rodrigo Pacheco, acolheu. Disse que procurará a receita extra. Mas há incertezas na praça.

MUITAS DÚVIDAS – Os empresários daqueles 17 setores — que não recolhem 20% da folha de salários para a Previdência — não sabem até quando contarão com o benefício, que reduz o custo de contratação de mão de obra.

No setor produtivo, sobra risco: onde e como o Congresso pretende recolher aquele dinheiro? Segundo Pacheco, haverá aumento de arrecadação sem a cobrança de novos impostos. Mesmo assim, serão R$ 29 bilhões que sairão dos negócios das empresas para o caixa do governo federal. Que gastará tudo.

Onde o dinheiro seria mais eficientemente utilizado? Muitas empresas fazem maus negócios. Mas o setor privado gera, sim, emprego e renda. O governo é exemplo de mau gastador. Não é possível que a receita aumente tanto sem o proporcional ganho nos serviços prestados pelo governo federal.

DUAS HISTÓRIAS – Há aqui duas histórias em paralelo. A primeira, mais imediata, começa com uma MP do governo, bolada pelo ministro Fernando Haddad, que cancelou a desoneração da folha. Por esse sistema, a empresa, em vez de pagar 20% sobre os salários, recolhia um imposto, menor, sobre o faturamento.

O benefício estava em vigor desde 2011, promoção da dupla Dilma Rousseff, presidente, e Guido Mantega, então ministro da Fazenda. Eis o PT de Haddad/Lula desfazendo a lei dos companheiros.

O Congresso derrubou a medida, manteve a desoneração e ainda estendeu o benefício a municípios menores. Lula vetou. O Congresso derrubou o veto. O caso foi parar no Supremo. Em vez de decidir, o STF mandou a bola de volta ao governo e ao Congresso: que encontrassem, em conjunto, um meio de compensar a receita perdida com a desoneração.

MAIS UMA MP – O ministro Haddad propôs — e o presidente Lula assinou — uma nova MP, sem negociação. Essa medida reduzia ou eliminava a possibilidade de empresas usarem o crédito obtido com o pagamento de PIS/Cofins.

Atingiu em cheio diversos setores produtivos, que perderiam R$ 29 bilhões, o tanto que Haddad calculava receber. Protestos generalizados, Rodrigo Pacheco, sensibilizado, digamos assim, devolveu a MP, tornada sem efeito.

Mas para além dessa história inacabada, há outra, de fundo: o equívoco de origem do arcabouço fiscal. O programa foi lançado com um objetivo básico: garantir a expansão de despesas do governo federal. Promessa de Lula: o Estado gastará para fazer a economia andar. Segundo o presidente, é investimento. Pouco importa, o dinheiro é o mesmo e sai do mesmo caixa. Ora, onde arranjá-lo? Tomando mais impostos.

COBRANDO DOS RICOS? – No começo, o ministro dizia que se tratava de cobrar imposto que os ricos não pagavam.

O Congresso aprovou algumas medidas, mas a conta não fechou. Aí começaram a pescar o dinheiro no consumidor — impostos sobre combustíveis — e nos setores produtivos.

Contando dois anos, seria uma derrama, algo perto de 2% do PIB (R$ 200 bilhões) saindo do setor privado para financiar os gastos do governo.

Passou uma medida, passou outra, mas a coisa encrencou quando chegou às MPs da desoneração e do PIS/Cofins. Caiu a ficha.

ENDIVIDAMENTO – O déficit zero, supostamente objetivo do governo, só se alcança com forte aumento de carga tributária. Carga já elevada que passa por uma reforma. Não vai dar. O clima azedou. Dólar para cima, Bolsa para baixo. Não é má vontade do mercado. É a compreensão de que o país não crescerá assim.

O forte aumento de despesa será pago com endividamento. Dívida pública elevada puxa juros para cima. Custos mais altos para empresas batem na inflação.

Por isso Haddad e Simone Tebet começaram a falar em segurar a despesa. Até aqui, sem combinar com Lula, que continua cobrando os R$ 29 bi.

Manter prisão injusta de Filipe Martins é para forçar nova delação premiada?  

Filipe Martins é mais um PRESO POLÍTICO do regime brasileiro

Está mais do que provado que Martins é um preso político

Pablo Ortellado
O Globo

A Câmara dos Deputados aprovou um pedido de urgência para o Projeto de Lei que impede presos de fazer acordos de delação premiada. O projeto, proposto em 2016 pelo deputado do PT Wadih Damous, visava a impedir abusos nas colaborações premiadas da Operação Lava-Jato e foi desengavetado por Arthur Lira como aceno aos bolsonaristas que veem abusos nas delações das investigações do 8 de Janeiro e dos atos antidemocráticos.

Na justificativa para a proposição, Damous argumenta que a medida preserva a voluntariedade da delação premiada, evitando que a prisão cautelar seja usada como instrumento de pressão psicológica sobre o acusado. A medida também evitaria prisões processuais sem fundamentação idônea, decretadas apenas para pressionar o preso a aceitar um acordo de delação.

OPORTUNISMO – O argumento foi abraçado pelos petistas durante os anos de vigor da Lava-Jato e agora pelos bolsonaristas. Estes esperam que o projeto possa provocar uma decisão do Supremo anulando a delação de Mauro Cid. Embora a medida não tenha efeito retroativo, anulando acordos já homologados, sua aprovação poderia autorizar o argumento de que delações anteriores foram viciadas.

Sem surpresa, boa parte do debate sobre a medida está marcada por oportunismo: a ação beneficia a quem? Precisamos escapar, porém, do partidarismo imediatista e discutir as propostas pelo mérito, e não pelos efeitos sobre certos grupos.

Tomemos o caso de Filipe Martins, o assessor de Bolsonaro preso por Alexandre de Moraes na Operação Tempus Veritatis. Martins não é exatamente um ator político que desperta minha simpatia.

PRISÃO SEM BASE – O ex-assessor de Bolsonaro defende posições que considero antidemocráticas e foi flagrado fazendo um gesto racista (ele nega). Além disso, parece haver boas evidências de que participou na elaboração da “minuta do golpe”. Se for provado que é culpado, torço por uma condenação dura.

Minha simpatia ou a falta dela, porém, não deveriam importar. Sua prisão preventiva se baseou em incertezas sobre sua localização e em indícios de que poderia estar fora do país para evitar responsabilização penal. Segundo Cid, Martins estava na lista de passageiros que viajaram no avião presidencial para Orlando em 30 de dezembro de 2022.

O site Metrópoles publicou reportagem afirmando que o nome de Filipe constava no portal I-94, produzido pelo Departamento de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos Estados Unidos. A Polícia Federal encontrou Martins na casa dos sogros em Ponta Grossa (PR) e alegou que a falta de registro de entrada no país indicava intenção de burlar o controle migratório.

PROVAS ROBUSTAS – Desde então, a defesa de Martins ofereceu provas de que ele esteve sempre no Brasil. Documentos de autoridades americanas e brasileiras mostraram que não desembarcou nos Estados Unidos nem embarcou no avião presidencial.

A defesa apresentou passagens aéreas no Brasil, fotografias, pedidos no iFood e outras evidências de que ele não viajou para os Estados Unidos. Mesmo assim, Martins permanece preso.

Bolsonaristas alegam que a prisão visa a forçá-lo a aceitar uma delação premiada. Não temos como saber se é verdade. Porém o simples fato de presos poderem fazer delação e de a prisão poder ser usada como elemento coercivo lança suspeitas sobre sua manutenção.

IGUAL À LAVA JATO – O fim da colaboração premiada de presos é razoável, independentemente de beneficiar bolsonaristas acusados de golpe ou petistas acusados de corrupção.

Precisamos separar nossas aspirações políticas dos meios de chegar a elas. A História nos mostra que descuidos e excessos na Lava-Jato, que em algum momento pareceram ajudá-la, são hoje os fundamentos para que possa ser paulatinamente desmontada.

Não podemos deixar que o mesmo aconteça com as investigações do 8 de Janeiro.

Lula ficou “mal impressionado” com as renúncias fiscais, diz Simone Tebet 

Os ministros Fernando Haddad e Simone Tebet durante coletiva de imprensa em Brasília — Foto: REUTERS/Adriano Machado

Haddad e Simone Tebet deixaram Lula muito decepcionado

Guilherme Mazui
g1 Brasília

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, afirmou nesta segunda-feira (17) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ficou “mal impressionado” com o aumento de subsídios – renúncias e benefícios fiscais – no país.

Tebet deu as declarações depois de participar de uma reunião com Lula e com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no Palácio do Planalto.

TEMAS ECONÔMICOS – No encontro, segundo os ministros, foram apresentados a Lula dados sobre gastos tributários do governo federal em 2023 e também foi discutida a elaboração do Orçamento do governo para o ano de 2025.

“O que chamou atenção do presidente, na fala do próprio ministro Haddad, foi a questão do aumento da renúncia, que também consta no relatório [do Tribunal de Contas da União]. São duas grandes preocupações: houve um crescimento dos gastos da Previdência e o crescimento dos gastos tributários da renúncia”, afirmou Tebet.

“Esses números foram apresentados para o presidente. Ele ficou extremamente impressionado, mal impressionado, com o aumento dos subsídios, que está batendo quase 6% do PIB do Brasil”, completou a ministra.

R$ 646 BILHÕES – Segundo Simone Tebet, os subsídios correspondem a renúncias fiscais e benefícios financeiros e creditícios concedidos pelo governo federal. “Quando colocamos os três na ponta, a gente tem que somar os R$ 519 bilhões que o Haddad falou, dá um total de R$ 646 bilhões”, declarou.

A ministra do Planejamento afirmou ainda que Lula deu à equipe econômica um prazo para que apresente alternativas ao aumento dos subsídios. A apresentação das medidas deve ocorrer em um novo encontro de Lula com os ministros, com data ainda indefinida.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
E quem inventou essas renúncias fiscais, que impactaram tanto a Previdência Social? Ora, foram os postes Dilma Rousseff e Guido Mantega, dois gênios em Economia que deram esse “presente” ao país. O assunto é importantíssimo e logo voltaremos a ele. (C.N.)

Ministro acusa a PF de “perseguição política” e Lula aceita esse argumento

Apoio de Juscelino a Lula contribui para sua permanência - 12/06/2024 -  Painel - Folha

Entre a PF e o ministro, Lula prefere o “indiciado”

Francisco Leali
Estadão

O governo do presidente Lula da Silva tem quase a idade da primeira denúncia que atingiu o ministro das Comunicações. Data do primeiro mês da gestão do petista a revelação de que Juscelino Filho aproveitou do orçamento público para destinar dinheiro ao asfaltamento da estrada que passa na frente da fazenda da família no interior do Maranhão.

O caso foi revelado pelo Estadão no dia 30 de janeiro de 2023. Resultado da apuração jornalística de Julia Affonso, Vinícius Valfré, Daniel Weterman e Tácio Lorran, a reportagem indicou data, local e extensão do gasto com recursos públicos e cheiro de benefício privado. O desvio de destino ocorreu quando Juscelino Filho era deputado. Mas isso foi pouco.

DE JATINHO… – Aí, o mesmo ministro usou jatos da Força Aérea Brasileira (FAB) para ir assistir leilões de cavalo, uma predileção pessoal. Ainda foi pouco.

Como ministro, Juscelino Filho colocou o sogro, sem cargo no governo, para receber empresas e quem mais batesse à porta do Ministério das Comunicações. Menos ainda. Nem problema ético foi.

Quando as primeiras denúncias vieram a público, Lula anunciou que esperava explicações de seu ministro. A conversa houve e dela o petista diz ter saído convencido.

CGU CONFIRMA – Mais de um ano depois, o que os jornalistas do Estadão revelaram aparece confirmado em relatório de auditores do próprio governo. A Controladoria Geral da União (CGU) produziu documento atestando que o asfalto na estrada lá na cidade de Vitorino Freire, bancado com dinheiro da União, só beneficiou fazendas da família de Juscelino Filho.

O documento foi remetido à Polícia Federal. Responsável por apurar suspeitas de desvios de dinheiro público, a PF concluiu que o ministro tem indício de culpa e, como reza a cartilha policial, indiciou Juscelino Filho.

Lula está fora do País. De lá mandou dizer que indiciamento não é prova e completou: “O fato de que o cara foi indiciado, não significa que o carro cometeu erro”. Uma pessoa indiciada, de fato, ainda não está condenada com prova feita e confirmada. É assim na vida dos processos criminais.

ESPAÇO PARA SUSPEITAS – Na política, contudo, não há espaço para suspeitas. Pelo menos não deveria haver. Se a PF diz que viu algo, deveria ser suficiente para o presidente chamar seu subordinado, agradecer a ajuda até aqui, mas devolvê-lo para a Câmara. E fica o governo livre de carregar o ônus de ter ministro que pode ir parar no banco dos réus.

Quando o presidente da República acha pouco indiciamento da polícia de seu próprio governo e cujo diretor-geral é pessoa da sua estrita confiança, manda mensagem truncada à corporação. Seria o mesmo que indicar que o trabalho da PF não serve de régua para indicar suspeita de crime.

O caso ganha ainda mais relevância porque Juscelino Filho, ao reagir ao indiciamento, diz que houve politização do inquérito e que está sendo vítima de perseguição. De forma bem improvável, mas real, temos um ministro de Lula dizendo que a PF sob Lula não investiga, apenas persegue desafetos. Se a oposição ouvir isso, vai achar interessante.

Para se fortalecer no poder, Netanyahu dissolve o gabinete da guerra de Israel

Benjamin Netanyahu, a vida e carreira do homem que governou Israel mais tempo e lidera ofensiva contra o Hamas - BBC News Brasil

Netanyahu diz que manterá a guerra até destruir o Hamas

Maayan Lubell e James Mackenzie
Reuters/CNN

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, dissolveu o gabinete da guerra, composto por seis integrantes, disse uma autoridade israelense nesta segunda-feira (17), em uma medida amplamente esperada que ocorre após a saída do governo do líder centrista Benny Gantz, general reformado e ex-ministro da Defesa.

Espera-se agora que Netanyahu mantenha consultas sobre a guerra de Gaza com um pequeno grupo de ministros, incluindo o ministro da Defesa, Yoav Gallant, e o ministro dos Assuntos Estratégicos, Ron Dermer, que também integravam o gabinete da guerra.

PRESSÃO DE RADICAIS – O primeiro-ministro enfrentou exigências dos parceiros nacionalistas-religiosos da sua coligação, o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, e o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, para serem incluídos no gabinete da guerra, uma medida que teria intensificado as tensões com parceiros internacionais, incluindo os Estados Unidos.

O gabinete foi formado depois que Gantz se juntou a Netanyahu em um governo de unidade nacional no início da guerra, em outubro, e também incluiu o parceiro de Gantz, Gadi Eisenkot, e Aryeh Deri, chefe do partido religioso Shas, como observadores.

Gantz e Eisenkot deixaram o governo na semana passada, devido ao que disseram ser o fracasso de Netanyahu em formar uma estratégia para a paz em Gaza.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Benny Gantz apresentou um plano de paz a Netanyahu, mas o premier nem deu atenção. Depois, um grupo de países, formado por Estados Unidos, Arábia Saudita, Egito e Catar, apresentou uma proposta semelhante, mas Netanyahu também rejeitou. Agora, Gantz e outros líderes trabalham no Knesset para derrubar o governo atual e celebrar o cessar-fogo. Mas isso vai demorar, porque a guerra fortaleceu Netanyahu, algo que parecia inviável antes do ataque do Hamas, em 7 de outubro. (C.N.)

Supremo vai monitorar todas as redes sociais e rastrear críticas dos usuários

Tribuna da Internet | Liberdade total na internet é uma utopia infantil,  que nada tem de democrática

Charge do Jota (Arquivo Google)

Ricardo Chapola
Veja

O Supremo Tribunal Federal (STF) anunciou a abertura de uma licitação para contratar uma empresa que será encarregada de monitorar as redes sociais sobre conteúdos que envolvam a Corte.

O valor do contrato, segundo o edital, é de 345.000 reais e prevê duração de um ano. A iniciativa surge no momento em que a Corte vem intensificando, ano a ano, o combate à disseminação de notícias falsas e ataques que sofre na internet. 

O Supremo quer saber tudo que se fala sobre ele nas redes sociais. A empresa que vencer a licitação fará um acompanhamento ininterrupto do Facebook, Twitter, Youtube, Instagram, Flickr, TikTok e Linkedin.

MONITORAMENTO –O trabalho envolverá ainda a análise da imagem do Supremo, a identificação de assuntos relevantes abordados pelos usuários e a classificação do material.

A empresa também terá a responsabilidade de identificar quem são as pessoas que estão compartilhando os conteúdos — especialmente os autores de menções negativas.

O STF solicita no edital que a empresa contratada utilize uma ferramenta específica no trabalho de monitoramento. Ela precisa ser capaz de “identificar públicos, formadores de opinião, discursos adotados, georreferenciamento da origem das postagens, bem como avaliar a influência dos públicos, dos padrões das mensagens e de eventuais ações organizadas na web”.

BALANÇO DIÁRIOS – Os ministros vão receber relatórios com balanços diários, semanais e mensais, identificando os formadores de opinião que debateram assuntos relacionados ao Supremo, com análise de seu posicionamento e sua capacidade de repercussão.

O trabalho deve conter ainda uma avaliação geral do impacto da mobilização em torno de temas relacionados à Corte, com avaliação de seus reflexos na opinião pública.

Além dos dados precisos sobre a imagem da Corte no universo digital, a ferramenta deve inibir a difusão de ameaças feitas aos ministros. Os dados colhidos, se for o caso, poderão ser compartilhados com a Polícia Federal.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
É impressionante a tendência do Supremo a pretender ser imune a críticas. Do alto de sua arrogância/prepotência, os ministros se julgam “inerráveis” e sonham em punir qualquer crítica mais severa que possa ter “presunção de culpa” e possibilitar ações de calúnia, injúria e difamação. Essa manifestação pró-censura ocorre na presidência de Luís Roberto Barroso, que se proclama defensor e salvador da democracia. No mesmo momento, quanto à necessidade de libertação de Filipe Martins, que nem réu é e está preso por simples “presunção de culpa”, nenhuma palavra do relator nem de qualquer outro ministro. Como diria Ataulfo Alves, a desfaçatez dessa gente é uma arte. (C.N.)

Lula diz que discutirá gastos com Haddad e nega cortar despesas sociais

Uma desesperada canção de Mário de Andrade, em meio á solidão infinda

Carta em que Mário de Andrade comenta homossexualidade agora é do público |  SherelandPaulo Peres
Poemas & Canções

O romancista, musicólogo, historiador, crítico de arte, fotógrafo e poeta paulista Mário Raul de Moraes Andrade (1893-1945), no poema “Canção”, retrata sua vivência com a solidão, numa época em que o homossexualismo sofria impiedosa discriminação. 

CANÇÃO
Mário de Andrade

….de árvores indevassáveis
De alma escura sem pássaros
Sem fonte matutina
Chão tramado de saudades
À eterna espera da brisa,
Sem carinhos …como me alegrarei?

Na solidão solitude
Na solidão entrei.

Era uma esperança alada,
Não foi hoje mas será amanhã,
Há-de ter algum caminho
Raio de sol promessa olhar
As noites graves do amor
O luar a aurora o amor…que sei!

Não solidão, solitude,
Na solidão entrei
Na solidão perdi-me…

O agouro chegou. Estoura
No coração devastado
O riso da mãe-da-lua,
Não tive um dia! uma ilusão não tive!
Ternuras que não me viestes
Beijos que não me esperastes
Ombros de amigos fiéis
Nem uma flor apanhei.

Na solidão, solitude,
Na solidão entrei,
Na solidão perdi-me
Nunca me alegrarei.

Por favor, avisem a José Dirceu que “meu título de eleitor não é latrina”

Dirceu quer ser candiddato a deputado federal em Brasília

Vicente Limongi Netto

Leio que o probo e imaculado ex-presidiário José Dirceu foi recebido como paladino da moral e da ética pelos deputados da Câmara Distrital de Brasília (Eixo Capital – Correio Braziliense – 14/06). É abissal falta do que fazer, sintonizada com espetáculo degradante de patética bajulação coletiva.

A notícia da colunista Ana Campos salienta a estapafúrdia e destrambelhada declaração de amor do deputado petista Ricardo Vale, que considera Dirceu “uma liderança política com tanta importância para a história do Brasil”.

Valha-me, Deus! Que blasfêmia. O mais medonho, a meu ver, é imaginar que Zé Dirceu sonha em sair candidato, em 2026, por Brasília, para deputado federal ou senador. Declaro, de antemão, que meu título de eleitor é documento sério, não é latrina.

FORTE DECEPÇÃO – A jornalista Ana Dubeux (Correio Braziliense – 16/06) clama, indignada e decepcionada, “O Congresso que temos é o que queremos?”. A insatisfação de Dubeux é semelhante ao desgosto da maioria esmagadora da população. Com isenção, ela separa o joio do trigo:” É certo que temos honrosas exceções entre os políticos que hoje legislam. Mas sozinhos eles podem muito pouco para mudar a realidade”.

Nessa linha, Ana Dubeux protesta, energicamente, contra o desastroso projeto que propõe uma “pena desumana a mulheres e crianças que precisam – a palavra é essa! – passar por um aborto após a experiência traumatizante de um estupro”. A calamidade assombra os rasos argumentos dos legisladores. O bom senso precisa voltar aos corações dos políticos.

SANTIFICAÇÃO – Concordo com a indignação de Cláudio Magnavita (Correio da Manhã – 11/06). É inacreditável que o assassino confesso Ronnie Lessa, que matou a vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes, vire figurinha carimbada na Globo e na Globonews.

Completa inversão de valores. Busca de audiência podre. O presidiário canastrão não demora será canonizado pelo Vaticano. Francamente.

Ministério intima a Rede Globo para explicar como “comprou” a TV Paulista

Patrícia Poeta Jornal NacionalCarlos Newton

Em decorrência da agitação política havida nas últimas semanas, jornalistas que têm acesso a fontes especiais em Brasília não tiveram conhecimento de que o Ministério das Comunicações, em iniciativa pouco comum e surpreendente, solicitou à TV Globo informações e documentos oficiais que esclareçam de vez a transferência do controle acionário da Rádio Televisão Paulista S/A para o empresário Roberto Marinho, que a transformou na TV Globo de São Paulo, canal 5.

A transferência de controle ocorreu ilegalmente durante o regime militar, porque Marinho necessitava de um canal de TV na capital paulista, para concorrer com a já formada Rede Tupi, criada pelo jornalista Assis Chateaubriand.

MANOBRAS – Em sucessivas manobras societárias, a custo zero, Roberto Marinho conseguiu transformar-se no único proprietário de todas as ações ordinárias e preferenciais da Rádio Televisão Paulista S/A, pertencentes a membros da família Ortiz Monteiro (52%) e a mais de 600 outros acionistas (48%).

Com esse objetivo, o empresário carioca fez constar em documentos públicos, em 1965 e 1976, que a maioria dos sócios fundadores da emissora estaria morta ou em endereços desconhecidos.

Nessa lista, distraidamente foram incluídos os nomes de políticos e de empresários de destaque, atuantes e que ainda estavam vivos e com muita saúde. Alguns só viriam a falecer décadas depois.

EXCLUSIVIDADE – A grande mídia, por razões óbvias, jamais publica nada a respeito. Por isso, podemos comunicar, com absoluta exclusividade, que o Ministério das Comunicações, por intermédio da Coordenadoria de Atos de Radiodifusão Privada, abriu o processo nº. 53.115.013493/2024-01, objetivando cumprir parecer da advogada da União Danielle Lustz Portela Brasil, para pôr fim à discussão sobre a legalidade dos procedimentos seguidos pela Administração Pública na transferência indireta daquela concessão de serviço público, na ditadura militar.

A advogada da AGU, que chefia a Coordenadoria Jurídica de Radiodifusão Comercial e Serviços Ancilares, deu a seguinte decisão:

“Com o objetivo de dirimir qualquer dúvida que possa existir sobre a matéria, sugerimos a intimação da Globo Comunicação e Participações S/A, beneficiária dos atos impugnados, para manifestação sobre as alegações da entidade. Depois, solicitamos à Secretaria de Radiodifusão que analise a regularidade dos procedimentos administrativos que envolveram a edição das Portarias 163/65 e 430/77, à luz dos fundamentos apresentados pelos interessados”.

TENEBROSAS TRANSAÇÕES – A situação está bem confusa, pois, em parecer datado de 2014, o mesmo Ministério das Comunicações frisou que “não compete a ele a análise dos documentos relativos às transações financeiras inerentes à compra e venda das ações da entidade, tampouco lhe cabe adentrar no mérito das decisões das assembleias, bastando-lhe, para a transferência indireta que ora se discute, nos termos da legislação em vigor, à época, a ‘apresentação de requerimento dirigido ao presidente do CONTEL (modelo 3), solicitando a transferência, instruído com a folha do Diário Oficial que publicar a Ata da Assembleia Geral Extraordinária que autorizou a Diretoria a requerer a transferência’, o que foi atendido”.

A convocação da AGE saiu publicada no Diário Oficial do Estado de São Paulo, em página interna e era praticamente imperceptível, pois tinha apenas cinco centímetros.

ASSEMBLÉIA DE DOIS – Assinale-se que a referida Assembleia-Geral Extraordinária, de 10 de fevereiro de 1965, que justificou a edição da Portaria 163/65, contou com a presença de apenas duas pessoas – o empresário Roberto Marinho e um único acionista, funcionário da Rádio Televisão Paulista S/A, portador de apenas duas ações e que, criminosamente, com documentação falsa, afirmou representar os acionistas majoritários controladores da sociedade e possuidores de 52% do capital total. 

Dois dos quatro acionistas majoritários já eram falecidos. Ou seja, se as procurações fossem verdadeiras, tinham perdido a validade.

Além disso, Roberto Marinho não conseguiu cumprir cláusula condicionante que exigia a comprovação do quadro de acionistas da empresa, num total de mais de 600, exigência que nunca foi cumprida. Por isso, teve de transferir ilegalmente para seu nome as ações de todos eles, em 11 de fevereiro de 1977 e juntou as cautelas com dados falsos ao processo administrativo do Ministério.

A HORA DA VERDADE – Se algum representante da TV Globo mentir perante o Ministério das Comunicações, poderá vir a responder por crimes de falsidade ideológica, uso de documento produzido com finalidade ilícita e, sobretudo, por nova tentativa de induzir outra vez o poder público a erro, beneficiando-se de explícita má-fé.

Segundo o parecer ministerial de 2014, os documentos da Globo foram aceitos porque a Administração Pública não teria obrigação de verificar a veracidade das informações, vejam a que ponto chegamos.

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P.S. – O Ministério das Comunicações, depois de décadas de silêncio e de manifestações controvertidas, somente agiu agora porque foi convidado a dar explicações e justificativas sobre esse imbróglio todo à Procuradoria-Geral da República, onde tramita pedido de providências por possível omissão e até ato comissivo. E como dizia Adhemar de Barros, desta vez vamos. (C.N.)

Jogo sujo! Lira escolhe a evangélica Benedita da Silva para relatar projeto do aborto

Tietagem a Lira prenuncia chance de reeleição histórica - Diário do Poder

Lira sabe que Benedita, como evangélica, é contra o aborto

Roberto Nascimento

A consagrada escritora Simone de Beauvoir disse que basta uma crise econômica, política ou religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados pelos homens. Por isso, elas precisam se manter vigilantes. Uma verdade inquestionável de Simone de Beauvoir, que é símbolo da luta pelos direitos das mulheres.

Na trilha aberta pela escritora francesa, as mulheres aprenderam a se defender e não estão de bobeira. No final de semana, houve manifestações em muitas cidades do país. Em São Paulo, as ativistas ocuparam a Avenida Paulista em protesto contra os deputados Sóstenes Cavalcante e Arthur Lira, criador e patrocinador desta sandice contra as mulheres. E a campanha contra o projeto será cada vez mais forte.

REAÇÃO FORTE – No Congresso, os parlamentares estão apavorados com a reação das mulheres e também dos homens que têm humanidade em seus corações, que apoiam a causa feminina e defendem os direitos que elas conquistaram ao longo do tempo.

O autor desse projeto da criminalização do aborto é o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), representante do segmento evangélico. Entrevistado pela jornalista Andréia Sadi, disse que vai propor para estuprador a pena máxima de 30 anos, mas não pretende reduzir a pena que sugeriu para punir a mulher que aborta, que no projeto é de 20 anos.

Não contente com essa insanidade absoluta, Sóstenes disse à repórter Andréi Sadi que pretende testar o presidente Lula, que assinou uma carta para os evangélicos em 2022, assegurando ser contra o aborto. Se Lula vetar a lei, vão espalhar na Internet que o presidente é mentiroso e não merece confiança.

URGÊNCIA INDEVIDA – Por manobra do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), foi aprovada urgência para o projeto, que assim vai direto ao plenário, sem passar pelas comissões técnicas. Maia errou também ao escolher a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) para relatar a proposta. Ela é evangélica e ativista contra o aborto.

O fato concreto é que as esquerdas e o governo estão sendo covardes, ao não defender com o devido empenho os direitos das mulheres. Somente no fim de semana Lula tocou no assunto, criticando o  projeto.

Mas quem sabe o que a mulher deseja fazer com o seu corpo são elas e não os homens, que não conhecem nem eles próprios. A lei em vigor hoje é muito melhor do que o projeto. Mesmo que escalem parlamentares que sejam pastores retrógrados para fazer lobby no Congresso, não se pode aceitar que eles queiram agravar e piorar a legislação pertinente.

Alckmin discorda de Lula e defende corte de gastos no curto, médio e longo prazo

Alckmin diz que governo precisará cortar gastos e melhorar arrecadação |  Alô Alô Bahia

Governo precisa de menos gastos e mais receita, diz Alckmin

Gabriel Garcia e João Rosada
CNN Brasil

“Não tem nenhuma definição ainda de data, mas o fato é que devemos procurar ter cortes [de gastos] no curto prazo – medidas que têm resultado mais rápido-, no médio e no longo prazo”, disse Alckmin à jornalistas.

A afirmação acontece após os ministros da equipe econômica do governo, Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento), defenderem uma agenda de revisão de gastos do governo. Os ministros falaram em conjunto na portaria do Ministério da Fazenda, após reunião na última quinta-feira (13).

“A revisão de gastos é a posição da área econômica, estamos absolutamente sintonizados.” Haddad ainda complementou, “Estamos botando bastante força nisso, fazendo uma revisão ampla e restrita para ver o que pode ser feito e para acomodar as várias pretensões legítimas do congresso e executivo, sobretudo para ter tranquilidade ano que vem”.

REFORMA TRIBUTÁRIA – Alckmin ainda afirmou que está otimista com a regulamentação da reforma tributária, apesar dos recentes embates entre o governo federal e o Congresso Nacional. De acordo com vice-presidente, o diálogo com o parlamento é o caminho.

“Em política não se obriga, se convence, se conquista, e a gente faz isso com diálogo”, disse, acrescentando:

“O mais difícil foi feito, porque a reforma tributária precisa de três quintos de votos. Ela é maioria qualificada, é emenda constitucional, você está mexendo na Constituição. As outras medidas não vão precisar mexer na Constituição, pois são por lei ordinária. Então, estamos otimistas”, afirmou o vice-presidente.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Em tradução simultânea, a equipe econômica, com apoio do vice-presidente Geraldo Alckmin, peitou o presidente Lula e vai reduzir os gastos públicos. Falta saber o que Lula vai dizer quando voltar. (C.N.)

Por que o Brasil corre menos riscos de retrocesso democrático que o México?

Presidente eleita no México,prometeu em sua companha um amplo pacote de reformas que inclui uma série de alterações que levam a concentração de poder do Executivo

Claudia Sheinbaum dará seguimento às reformas antiliberais

Carlos Pereira
Estadão

O projeto iliberal de ampla reforma constitucional do presidente populista de esquerda mexicano, Lopes Obrador (AMLO), foi freado pelas organizações de controle, notadamente pela Suprema Corte e pelo Instituto Nacional Eleitoral (INE). Mas será que conseguirão resistir a eventuais iniciativas iliberais de sua sucessora, Claudia Sheinbaum, recém-eleita primeira mulher presidente da história do México?

Esta pergunta se reveste de relevância porque a coligação governista, formada pelo Morena (Movimento de Regeneração Nacional), PT (Partido do Trabalho) e PVEM (Partido Verde Ecologista do México), obteve com folga a maioria qualificada na Câmara dos Deputados, o que permite a aprovação de reformas constitucionais. Já no Senado, a coligação da nova presidente ficou apenas a duas cadeiras de conseguir a maioria qualificada.

GANHOU FÁCIL – Claudia Sheinbaum venceu as eleições com uma surpreendente vitória de quase 36 milhões de votos (60% do eleitorado), o dobro de votos obtidos pela segunda colocada, Xóchitl Gálvez, da inusitada coligação dos partidos tradicionais PRI, PAN e PRD, que até bem pouco tempo eram ferrenhos opositores.

Sheinbaum prometeu em sua companha dar seguimento ao projeto ambicioso de reformas constitucionais de perfil iliberal de AMLO.

Esse amplo pacote de reformas inclui uma série de alterações que levam a concentração de poder do Executivo, tais como: a eliminação de 200 vagas de deputados e 60 senadores que são eleitos por representação proporcional; a destituição de todos os juízes federais, distritais e do Supremo Tribunal, com eleição direta pelo voto popular de novos juízes em todos os níveis; e a eliminação de órgãos constitucionais autônomos, como o Instituto Nacional Eleitoral (INE) e o Instituto Nacional de Transparência e Acesso a Informação (INAI).

CONCENTRAÇÃO DE PODER – Se tais reformas forem aprovadas, uma maioria eleitoral episódica terá a chance de mudar radicalmente a configuração institucional do México, acarretando sérios riscos de erosão da jovem democracia mexicana.

No presidencialismo multipartidário brasileiro, riscos de reformas dessa magnitude seriam muito mais difíceis de acontecer, mesmo em se tratando de um presidente constitucionalmente muito mais poderoso do que o mexicano.

Os inúmeros pontos de veto partidários e institucionais no Brasil que, de um lado, dificultam a governabilidade, também inibem a formação de maiorias episódicas de perfil populista, tanto de esquerda como de direita, que fragilizariam a sua democracia. Não existe sistema político ideal. O “segredo da nossa ineficiência” é justamente o que nos protege contra arroubos iliberais.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A confusão democrática é tamanha que a gente fica naquela dúvida de Oduvaldo Viana Filho e Ferreira Gullar – se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Na verdade, só existe um tipo de democracia, que na matriz USA é definida na Primeira Emenda. O resto é folclore, como diz Sebastião Nery. (C.N.)