Pedro do Coutto
Reportagem de Geralda Doca, Renan Monteiro e Eliana Oliveira, O Globo deste domingo, focaliza a nomeação de Marcio Pochmann para a Presidência do IBGE, por decisão direta do presidente Lula, criando um mal estar junto ao ministro Fernando Haddad e a ministra Simone Tebet que foram surpreendidos com a iniciativa do Palácio do Planalto.
A matéria destaca a questão sob o ângulo ideológico e conclui que a escolha de Pochmann pode representar um progresso dos grupos de pensamentos mais avançados na economia e, portanto, menos conciliadores com o panorama político que predomina no governo. Constituiria assim uma espécie de ruptura pouco compreensível à primeira vista, pois Haddad é de fato o primeiro-ministro do governo no sistema de coalizão que vem predominando e traçando os rumos da política e da economia.
REFLEXO – O IBGE efetivamente não é um instituto de formulação de políticas, de pensamentos criativos ou de iniciativas concretas. Ele reflete tanto o governo quanto o país. É assim um órgão de Estado e sem atuação partidária. Teve atuação política, lembrou Carlos Sanderberg em artigo no O Globo, no final do governo Médici, quando por ordem do então ministro Delfim Neto, que mandava em tudo, falsificou a inflação de 1973. Quando no governo Geisel assumiu o Ministério da Fazenda, em 1974, Mário Henrique Simonsen, de acordo com Sardenberg, verificou que a inflação do ano anterior não havia sido de 12% como Delfim anunciou, mas de 26% o que o próprio governo Geisel não quis revelar.
Houve assim uma perda considerável de 14% na memória inflacionária brasileira, cujos reflexos se fazem sentir até hoje. Era o tempo do “milagre brasileiro”, como se referiu Delfim Neto, copiando uma frase do desempenho da Alemanha Ocidental no governo Adenauer, de centro-direita. Milagre, na verdade, foi a resistência da população de nosso país através de um longo período de perdas salariais e de retração do consumo que chegou até às portas da fome.
Em matéria de memória, lembro que este é um título de um livro do jornalista e escritor Carlos Heitor Cony, numa sequência de obras de combate à ditadura militar iniciada com o artigo “A revolução dos caranguejos”, em 1964, no Correio da Manhã. São episódios que pertencem ao passado, embora até hoje não tenhamos conseguido recuperar a diferença de 14 pontos em nossos bolsos. Pelo contrário. As perdas cresceram sem parar e até agora, no governo Lula, não houve sinal de recuperação. Não haverá agravamento como ocorreu na administração de Paulo Guedes, mas recuperar o tempo perdido é difícil.
PROVA DE FORÇA – O que representa na realidade a nomeação de Marcio Pochmann? Uma prova de força das correntes mais emocionais do PT, sem dúvida. Mas o IBGE terá que retratar a realidade nacional. Não pode enveredar pela estrada Delfim Neto.
Em seu espaço de domingo no O Globo e na Folha de S. Paulo, Elio Gaspari focaliza a questão, o que acrescenta a importância política da matéria em debate. Mas a nomeação de Pochmann está longe de representar um avanço reformista. Isso porque numa ampla entrevista a Julia Chaib e Thiago Resende, Folha de S. Paulo de ontem, o ministro Alexandre Padilha afirma que “temos todo o interesse na participação de parte do PL no governo Lula”, acrescentando que o presidente da República deseja consolidar trocas na equipe ministerial para agregar o PP e o Republicanos na Esplanada de Brasília ainda no mês de agosto.
Logo, observa-se nitidamente uma contradição: ao mesmo tempo em que Lula força a mão e escolhe Marcio Pochmann para o IBGE, Alexandre Padilha anuncia que o projeto político estende-se até a integração de uma dissidência do PL, partido bolsonarista presidido por Valdemar Costa Neto, no esquema do governo. Um choque entre o impulso estatizante e uma realidade liberal na economia.
COMPARAÇÃO – O tema conservadora não significa um posicionamento passadista, mas sobretudo o interesse daqueles que ocupam a faixa em conservar o seu próprio poder individual através do acesso à administração pública.
O debate entre reformismo e conservadorismo no Brasil chega a ser marcado pelo humor que a ignorância produz. Há partidos e parlamentares que se declaram conservadores e cristãos. Um absurdo. O cristianismo em sua essência é a reforma. Foi a posição humanista e de luta pela liberdade que levou Jesus Cristo à crucificação. Através de dois mil anos, a luta pelo humanismo continua, inclusive no Brasil.
DEBOCHE – O Coaf revelou – reportagem de Luísa Marzullo e Julia Noia, O Globo de domingo – doações feitas a Jair Bolsonaro através do Pix na escala de R$ 17 milhões. Perguntado sobre o volume que teria sido destinado à aplicação financeira, o ex-presidente respondeu com deboche que o valor é suficiente para “pagar todas as contas” e “tomar caldo de cana e comer pastel” com a mulher, Michelle Bolsonaro (PL).
As doações foram feitas para que ele pagasse multas que lhe foram aplicadas pelo não uso de máscaras durante a pandemia em São Paulo e por ter dirigido motocicleta sem capacete. As multas somam R$ 1 milhão. Até agora não foram pagas.
O que teria mudado desde 1870, se sua gradativa e compilada memória transformaram em papel higiênico?
O articulista é incorrigível, o que ele pensa sobre Jesus só pode ser decorrente da mentalidade bolchevique.
Jesus cansou de dizer que o reino dele não era desse mundo e não foi reformista coisa nenhuma, ele veio cuidar da espiritualidade e deixou seu recado que prevalece há mais de dois mil anos. Bolsonaro não matou o Mar Morto assim como Nietzsche não matou Deus e Karl Marx não sabe que Deus não é o ópio do povo.
Eu tenho fé no meu Deus, o Deus de Israel, de Abraão, Isaque e Jacó.
Não vai ser nenhuma doutrina pagã que vai abalar minha fé.
O fato do COAF liberar para a imprensa informações sigilosas não são objeto de uma critica sequer.
Tem alguma ilegalidade no Bolsonaro aplicar o dinheiro que lhe foi doado de livre e espontânea vontade? Eu não dei um centavo. Mas ha quem queira né?
Mas de novo, tem algum ilegalidade aí? Não. Ilegal é o COAF deliberadamente quebrar o sigilo de uma pessoa sem qualquer ordem legal.