CPI do Golpe indica que culpará Bolsonaro e agora já admite incriminar também militares

Saiba quem é Eliziane Gama, senadora escolhida relatora da CPMI do 8 de janeiro | O TEMPO

Relatora integra o grupo político liderado por Flávio Dino

Bernardo Mello Franco
O Globo

A CPI do Golpe ainda não chegou à metade, mas a relatora parece já ter um veredicto: o capitão é culpado e os generais são inocentes. Na quarta-feira, a senadora Eliziane Gama confirmou que pedirá o indiciamento de Jair Bolsonaro. Mas indicou que poupará os militares de alta patente que conspiraram contra a democracia. “A instituição Forças Armadas impediu um golpe no país”, afirmou, em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo.

A declaração envelheceu rápido. No dia seguinte, Walter Delgatti Neto contou à CPI que ajudou o Ministério da Defesa a redigir um relatório para minar a confiabilidade da urna eletrônica. O hacker disse ter colaborado com dois ex-comandantes do Exército. Um deles, o general Paulo Sérgio Nogueira, foi titular da Defesa no último ano do governo Bolsonaro.

OBEDECE A DINO – A relatora da CPI integra a bancada governista e pertence ao grupo político do ministro Flávio Dino. Sua complacência com os militares não é pessoal. Obedece a uma diretriz do governo Lula, que orientou os aliados a evitar atritos com a caserna.

No discurso oficial, o Planalto se opôs à criação da CPI porque não queria tumultuar a agenda de votações no Congresso. Na verdade, a preocupação era outra. O governo sabia que uma investigação para valer chegaria à cúpula das Forças Armadas.

É falso dizer que militares de alta patente não se engajaram no movimento golpista. Cinco generais participaram da reunião em que Bolsonaro atacou o sistema eleitoral diante de embaixadores estrangeiros. O encontro levaria o ex-presidente a ser declarado inelegível pelo TSE.

OS ACAMPAMENTOS – Depois da derrota do capitão, o comando do Exército autorizou a concentração de golpistas diante dos quartéis. Do acampamento de Brasília, que contou com apoio e proteção verde-oliva, saíram as hordas que invadiram as sedes dos Três Poderes.

Na noite de 8 de janeiro, o então comandante do Exército, general Júlio Cesar de Arruda, usou tanques para impedir a prisão dos criminosos. Ele foi demitido duas semanas depois, mas permanece blindado na CPI.

Até aqui, a comissão passou longe de apurar as responsabilidades da cúpula militar pelos ataques à democracia. Os parlamentares chegaram a aprovar a convocação do general Gustavo Henrique Dutra, ex-comandante militar do Planalto, mas o depoimento nunca foi marcado. O general Gonçalves Dias, que chefiou o GSI no início deste ano, vive a mesma situação.

CID DE FARDA – Em julho, o tenente-coronel Mauro Cid compareceu à CPI de farda, em estratégia combinada com o comando do Exército. Se a ideia era impor respeito, o efeito foi o contrário. A cada revelação sobre o escândalo das joias, os militares ficam mais associados ao contrabando.

O depoimento de Delgatti torna obrigatória a convocação do general Paulo Sérgio Nogueira. O atual ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, já confirmou que o hacker foi recebido na pasta.

Se é assim, o ex-ministro precisa ser chamado a dar explicações, sob pena de desmoralização da CPI. O general gostava de aparecer e fazer ameaças quando estava no cargo, mas anda sumido desde a derrota do chefe.

SENADORA CONTESTA – Em nota enviada à coluna, a senadora Eliziane Gama disse que “jamais se manifestou no sentido de isentar membros da cúpula militar de eventuais responsabilidades por atos golpistas”.

“Sobre a entrevista concedida ao Estadão, a senadora esclarece que o verbo ‘impedir’ não foi o termo mais adequado. Para ela, o melhor seria ‘as Forças Armadas, enquanto instituição, não aderiram ao golpe de Estado’.

A senadora acrescentou que o general Paulo Sérgio Nogueira “precisa esclarecer” as acusações do hacker Walter Delgatti. “Da parte da relatoria, ninguém, absolutamente ninguém será poupado”, disse.

7 thoughts on “CPI do Golpe indica que culpará Bolsonaro e agora já admite incriminar também militares

  1. Sr. Newton

    Esse é meu medo da velhice.

    Os velhinhos estão sendo caçados todos os diaas neste Páis.

    Um Páis de petralhas, tucanalhas, bolsonalhas, e toda essa quantidade de drogados soltos pelas ruas…..

    Rio: Idosa morre depois de ser empurrada em calçada; vídeo mostra agressão

    https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2023/08/20/mulher-de-81-anos-morre-apos-ser-empurrada-andando-na-rua-no-rj.htm

    PS.

    E ainda querem liberar todas as drogas para os NarcoPetrelhas venderem nas ruas livremente….

    • Sr. Armando,

      Pode escrever.

      A liberação das drogas será um dos maiores erros do judiciário brasileiro.
      Estamos nos metendo num obscuro buraco.

      Essa medida devastara a sociedade.

      Querem cada vez mais idiotas e alienados.

      PÃO, CIRCO E DROGAS.

      Esse é o novo lema.

      Que Deus nos ajude.

      O Brasil é um Titanic desgovernado.

      Um forte abraço,
      José Luis

  2. Esses militares de todas as patentes que apoiaram tentativa de golpe, são traidores da pátria, sem nenhum apreço pelo futuro do Brasil.
    As Forças Armadas em nome da instituição tem o dever de punir os militares que se deixaram levar pelos ideais de um presidente inconsequente, antidemocrático que queria implantar uma ditadura de extrema direita e quiçá levar o Brasil a uma guerra civil com o risco de dividi-lo.

  3. “…impor respeito”. Respeito não se impõe; se conquista.
    O que eles tentam o tempo todo é impor Medo.
    Até os medalhados como o Adriano Nóbrega vão para o saco. E todos sabem disso.
    Agora, o ‘tosco’ só é o que é pois não foi expulso do Exército.
    Fechar os olhos, me parece “dar força” para estes elementos, virem a tentar e tentar e tentar até conseguirem. E não é para o bem da sociedade não.

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