“Foi sacrilégio o STF votar em causa própria”, diz Eliana Calmon, ex-corregedora nacional 

Eliana Calmon apoia Bolsonaro e diz que fará ponte com Judiciário -  11/10/2018 - Poder - Folha

Eliana ficou decepcionada com a desfaçatez do Supremo

Frederico Vasconcelos
Folha

A ex-corregedora nacional de Justiça, ministra aposentada do STJ Eliana Calmon, diz que o Supremo Tribunal Federal cometeu um “grande sacrilégio” ao derrubar o impedimento de juízes nos processos que têm como partes clientes do escritório de advocacia de cônjuge ou parente.

“Estou muito triste e em perplexidade ao ver o STF cometer mais uma vez esse grande sacrilégio, em termos de cidadania, colocando o cidadão brasileiro contra o respeito que a corte merece.”

EM CAUSA PRÓPRIA – “Os ministros nem poderiam votar isso porque quem votou, votou em causa própria”, ela afirmou em entrevista aos jornalistas Felipe Moura Brasil e Carlos Graieb, no programa Papo Antagonista.

Eliana vê a advocacia “contaminada pelo parentesco”, o que considera “desmoralização do Judiciário”. O mais perverso, segundo ela, é a captação de clientela por grandes escritórios que mantêm advogados considerados influentes em tribunais superiores.

Esses escritórios “naturalmente têm muito mais clientes do que qualquer advogado que se esforça para fazer uma atividade jurídica ética e correta”.

OAB ESTÁ OMISSA – Segundo Eliana, a OAB “deveria estar muito revoltada” e defender os advogados de carreira. “Não deveria aceitar passivamente, sem fazer uma manifestação.”

A ex-corregedora interrompeu o longo período em que não deu entrevistas, para falar sobre os absurdos que tem visto no STF. “Eu não posso me calar. Eu venho há muito tempo falando sobre os parentes que estão advogando e que usam essa influência do parentesco para iludir muitos juízes inexperientes, que pensam que há interferência, e muitas vezes não existe interferência, e o cliente desesperado que quer alguém que tenha influência dentro do tribunal para poder se sair bem na demanda.”

Eliana diz que isso ocorre por pressão da família, “que não se conforma em não ter uma vasta advocacia”. As mulheres e filhos de ministros “são chamados pelos grandes escritórios para, muitas vezes, nada fazerem. Figuram como alguém ligado a um ministro de tribunal superior.”

DINHEIRO E PODER – “Ministro ganha muito pouco. Os advogados de grandes escritórios ganham muito mais. Naturalmente, existe uma divisão familiar. A mulher fica com o poder econômico no escritório de advocacia, e o marido, com o poder político dentro do Poder Judiciário. Ganham muito e têm o poder na mão. Isso é um acasalamento perfeito, que rende muito dinheiro.”

“Quem quer ser rico, ganhar muito dinheiro não pode ser ministro de nenhum tribunal”, diz Eliana.

Ela ouviu de advogados que a primeira decisão de não aceitar parentes no Poder Judiciário foi do Supremo, quando o ministro Xavier de Albuquerque presidiu a corte [tomou posse como presidente em 1981].

LIÇÃO DE VIDA – “Foi ele quem colocou no regimento interno a proibição de parentes dentro do Poder Judiciário”. Quando lhe perguntavam porque tomou a iniciativa, ele dizia: “Eu fiz isso para não me aborrecer com minha família”.

“O STF foi o primeiro tribunal a proibir parentes nos tribunais. Na hora em que proibimos parentes e o nepotismo, fechamos uma porta e abrimos uma janela. A janela agora foi escancarada”, diz.

“Hoje, eu sou advogada. Tenho um amigo, um compadre desembargador. Comecei a receber alguns clientes que tinham processo em que esse amigo era o relator. Eu estabeleci o seguinte: quando a questão chega ao tribunal e eu sou procurada, nenhum advogado de meu escritório pode pegar a causa.”

RESPEITO À JUSTIÇA – Chamei o meu amigo e falei: “A partir de agora, você não terá nenhum constrangimento”. Foi em respeito a ele e em respeito à Justiça, diz.

“Quando fui corregedora, não aceitava que houvesse corrupção dentro do Judiciário. Eu sou responsável por zelar pela instituição Supremo Tribunal Federal. Não posso ficar calada”. Mas, ao final, fez uma importante ressalva:

“Eu defendo até hoje o Poder Judiciário. Sem o Judiciário nós não temos democracia”, concluiu.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Apenas um reparo à gigantesca Eliana Calmon. Dizer que ministro “ganha muito pouco” é tripudiar sobre a miséria do povo brasileiro. (C.N)

11 thoughts on ““Foi sacrilégio o STF votar em causa própria”, diz Eliana Calmon, ex-corregedora nacional 

  1. Tá e daí?

    Todo mundo sabe que o STF perdeu a vergonha na cara, o senado sob o controle do PT se recusa a tomar qualquer atitude.

    Então pergunto aos indignados, é pra fazer o que?

    • Senado sob o controle do PT ou sob controle da corrupção ?

      Se lembra da Lava Toga que foi enterrgada com dinheiro publico para que os senadores retirassem ou não assinassem a abertura da CPI ?

      Hoje tudo se aprova dando dinheiro do orçamento secreto.

  2. Diante da estarrecedora indignidade que o judiciário brasileiro vem demonstrando ao longo das últimas décadas a Sra Eliana Calmon é o que podemos chamar de SER HUMANO DIGNO. clap,clap,clap,clap

  3. Comparado a Neymar nossos ministros ganham pouco.
    Onde já se viu uma desgraça dessas?
    Neymar chegou ao Al-Hilal da Arábia Saudita e vai ser apresentado a torcida.
    A suíte do jogador em hotel de luxo é pura ostentação. No rescaldo temos que Dom $talinacio se hospeda nas suítes mais caras do planeta.
    Sabem qual foi a desgraça do Neymar? Foi ele ter dito que votou no Bolsonaro.

  4. E a que concedeu entrevista? Será que como ex- ministra do STJ, ela não influencia muito mais que um parente (que pode ser distante), de um de juiz atuando num escritório de advocacia?

    Será que ela, como atuante na advocacia, está atuando em causa própria, querendo diminuir a concorrência?

    Essa regra existente e que parcialmente o STF vetou por considerar inconstitucional, é fiscalizada ou, como tantas leis existentes, passava batida?

    Lembrando que a lei que impede uma pessoa de atuar diretamente em um processo, cujo juiz é parente, continua válida.

    Também nunca vi algum estudo que apontasse um percentual maior de casos ganhos em escritórios que tivessem em seus quadros algum parente de um juiz, ligado a determinado processo. Seria interessante e uma prova concreta que tal favorecimento existe.

    Quanto a ganhar pouco, tudo é relativo, ainda mais quando se compara os ganhos de magistrados com os ganhos de advogados famosos que pegam causas difíceis de clientes ricos ou, se não, em quantidade grande (causas trabalhistas onde o percentual destinado é de 20 a 30% do valor das causas). Não tem nem graça.
    A comparação deveria ser em relação à grande maioria da população e também aos pares de outros países. Vai ver que ela acha pouco seus proventos, como ministra aposentada.

  5. DEPOIS DE JESUS CRISTO no mundo da religião, depois do estado democrático de direitos e deveres no mundo da humanidade, depois de Mister M no mundo da mágica, depois da Internet no mundo das comunicações e depois da Revolução Pacífica do Leão no mundo político, a ninguém mais é dado o direito de alegar ignorância, todos e todas estão aptos e habilitados a fazerem a coisa certa, está tudo desvendado, a olhos vistos, de modo que a ignorância não é mais motivo plausível para perdão como nos ensinou Cristo assassinado pela dita-cuja cumulada com a má-fé e a maldade humana, na seara política, no Brasil e no mundo, está tudo desvendado pela RPL, urbe et orbi, o militarismo e o partidarismo, politiqueiro$, e seus tentáculos velhaco$ (imprensa partidária bandida à bordo), enquanto carro-chefe do desastre humano e civilizatório no planeta terra, face ao último julgamento, serão os primeiros da fila a arderem no fogo do inferno social que geraram e continuam gerando, dolosamente. https://www.facebook.com/oderlan.silva.39/videos/3570213093204175

  6. LEDO ENGANO, CAMARADA XANDÃO GARCIA, “EX-ATIRADOR DE ELITE” DA DITA-CUJA-DURA, testemunha ocular dos últimos 60 anos de Brasil, ou de Brasil capturado pela república do militarismo e do partidarismo, politiqueiro$, e seus tentáculos velhaco$, no Brasil, o poder não emana da mídia, e nem do povo, mas isto sim do dinheiro…, na contramão do que define e manda a Constituição da República Federativa que deveria ser do Brasil e do povo brasileiro, segundo a qual ” o poder emana do povo e em nome do povo é exercido”, em sendo a Democracia, portanto, o governo do povo para o povo, representando atentando contra a Democracia qualquer outro tipo de poder acima dos interesses do povo, como, p. ex., o poder do Dinheiro, ao qual, desde Gutenberg, a imprensa tb se ajoelha, se rasteja e come na mão, suja, à moda camaleônica, como, aliás, em 1985, denunciou a Banda RPM, que, na época, pediu ao poder político, à imprensa e, sobretudo, ao povo, uma tal “Alvorada Voraz” que, infelizmente, ainda não aconteceu no Brasil, não obstante tudo, completamente dominado pela plutocracia putrefata com jeitão de cleptocracia e ares fétidos de bandidocracia, fantasiada de democracia apenas para ludibriar a tola freguesia, contaminada pela síndrome de Estocolmo. PROFECIA ou não, um retrato da realidade de um tempo que passou mas que ainda não se foi, não levou consigo a nefasta realidade política de outrora, infeliz e desgraçadamente, e lá se vão, em vão, na seara política, cerca de mais 40 anos, que os ex-meninos da RPM, hoje Senhores, já próximos da terceira idade, exceto o já saudoso Schiavon, capturaram e denunciaram na juventude, ouvidos e levados a sério, ao que parece, apenas pela Revolução Pacífica do Leão, a mega-solução, via evolução, o megaprojeto novo e alternativo de política e de nação, o novo caminho para o novo Brasil de Verdade, confederativo, com Democracia Direta e Meritocracia, a nova política de verdade, com Deus na Causa, que, no início da década de 90, rechaçou a adesão à podridão sistêmica e rompeu com o PT, para manter-se fiel à possível nova política verdade, coerente, para não dizerem que foi tudo por nada, e, inclusive, para honrar a promessa que o PT não se dignou honrá-la no poder, feita à época ao conjunto da sociedade, que era ser diferente de tudo isso que aí está, agora há 133 anos, com a constatação visual de que, de fato, na seara política, nada mudou de verdade neste país, senão para pior, muito pior, com o dinheiro dando lugar à loucura por dinheiro. O dinheiro, a loucura por dinheiro e os mãos sujas, sem escrúpulos, proliferaram à moda ratos e raposas, e continuam dominando quase tudo, de modo que, como constatado por um saudoso ex-ministro do STF, ao puxar uma pena encontra-se uma galinha, ao puxar a galinha encontra-se um galinheiro e ao levantar o piso falso do galinheiro encontra-se um covil completo de rato$ e raposa$. http://www.tribunadainternet.com.br/2023/08/22/a-constituicao-diz-que-todo-poder-emana-do-povo-mas-na-verdade-emana-da-midia/ https://www.facebook.com/watch/?ref=search&v=270086377362497&external_log_id=4d2cd5f4-1e44-49bd-8c8c-c6ecde9b714a&q=Alvorada%20voraz%2C%20m%C3%BAsica%2C%20rpm

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