Marcus André Melo
Folha
A afirmação do ministro Haddad de que a Câmara está com “um poder muito grande” e “não pode usar este poder para humilhar o Senado e o Executivo” é no mínimo esdrúxula. Merece ser discutida, no entanto, sua conclusão de que “a gente saiu do presidencialismo de coalizão e hoje vive uma coisa estranhíssima, que é um parlamentarismo sem primeiro-ministro; não tem primeiro-ministro, ninguém vai cair, quem vai pagar o pato político é o Executivo”.
Se alguém é humilhado quando o Legislativo não cumpre seu papel é o eleitor(a). A separação de Poderes no presidencialismo assenta-se na ideia de contraposição de interesses opostos que cria incentivos para o controle recíproco.
CONTRAPOSIÇÃO – A fórmula madisoniana é “ambição deve ser contraposta à ambição”. A maioria da Câmara é distinta — mas igualmente legítima — da eleição majoritária do Executivo, e contrapõe-se ao Executivo. Madison justifica: porque os homens não são anjos. Mas disso os brasileiros não precisam ser lembrados.
O presidente brasileiro continua sendo “o mais poderoso constitucionalmente do planeta”, como mostraram Matthew Shugart e John Carey (1992) em um dos clássicos sobre relações Executivo-Legislativo. Seus poderes constitucionais ativos e reativos permanecem inalterados desde 1988, salvo dois aspectos: medidas provisórias e orçamento. No entanto, os partidos estão mais fortes devido ao fundo de campanha e a coligação do presidente muito mais fraca, como mostrei aqui.
DIFERENTE DOS EUA – Nos EUA, o presidente não dispõe sequer da prerrogativa de propor projetos de lei, quanto mais MPs. O Legislativo é descentralizado e as comissões congressuais desempenham o papel central na vida política e nas políticas públicas.
O macartismo foi protagonizado pelo presidente de uma comissão, não pelo Executivo.
O orçamento é impositivo, não autorizativo, como em quase todas as democracias maduras. Quando um presidente tentou contingenciar programas aprovados pelo Congresso, algo que o presidente brasileiro faz ordinariamente, o Congresso o ameaçou com um impeachment e a aprovação do Impoundment Control Act (1974), que criou regras para a submissão de pedidos de cortes orçamentários, os quais se não forem aprovados em “45 dias legislativos”, implicarão em execução imediata.
EMENDAS PARLAMENTARES – Como no Brasil, também nos EUA abundam os projetos localistas (pork barrel), negociados por parlamentares para seus distritos.
Mas alto lá: o jogo clientelístico é inteiramente intraparlamentar, o Executivo é ator marginal no processo. Não se troca emenda por liberação de recursos pelo Executivo, como entre nós, conforme já discuti aqui.
Todo esse protagonismo não levou nenhum analista a caracterizar o regime dos EUA como parlamentarismo sem primeiro-ministro.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Outra diferença interessante entre Brasil e EUA: o presidente americano não tem poder de veto parcial, apenas total. Ou veta o projeto inteiro ou tem de sancioná-lo “in totum”, como dizem os juristas. (C.N.)
Desde 1964, durante a ditadura criou-se um processo para levar o povo a imbecilidade e tornar nosso Congresso cada vez pior. É o que vem acontecendo.
Quem assistiu e assiste as CPIs, percebe os tipos de parlamentares que foram eleitos, que na verdade não representa a maioria dos eleitores e os interesses do país.
Se o povo não tiver educação política para não votar como um imbecil, vamos continuar elegendo parlamentares cada vez piores.
A política no Brasil entre executivo e legislativo funciona assim: ou executivo atende os interesses pessoais do legislativo ou não governa. É, dá ou desce.
Parece que o Sr, acertou uma na mosca….
Quem adora esse “$istema” parasitarismo é a Grande Organização Criminosa Franco-Tucano-$uiça., carinhosamente chamada por Máfia Tucanostra.
Um dos maiores entusiastas desse parasitarismo efeaghaciano é o Gângster Don Serrote .
Não vai conseguir, devido a sua idade e como diz a jornaefeagacista Dona Eliane Tucananhede. “está de molho”…
Grande Abraço da Terra Devastada por Narco-Petralhas-Tucanalhas e alguns Bolsonabos……
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Não vai conseguir ser o Primeiro-Ministro..
Um sonho dele e dos Frias (Foice do Serrote de SP.)
É isso aí Renato, acertou na mosca.