Uma história de amor matemático, contada por Millôr Fernandes em forma de versos

Isto sim é que e Congresso eficiente!... Millôr Fernandes - PensadorPaulo Peres
Poemas & Canções

O desenhista, humorista, dramaturgo, tradutor, escritor, jornalista e poeta carioca Millôr Viola Fernandes (1923-2012), em “Poesia Matemática” usou a sua genialidade para através de metáforas contar uma estória de amor.

POESIA MATEMÁTICA
Millôr Fernandes

Às folhas tantas
do livro matemático
um Quociente apaixonou-se
um dia doidamente
por uma Incógnita.
Olhou-a com seu olhar inumerável
e viu-a do ápice à base
uma figura ímpar;
olhos rombóides, boca trapezóide,
corpo retangular, seios esferóides.
Fez de sua uma vida paralela à dela
até que se encontraram no infinito.

“Quem és tu?”, indagou ele
em ânsia radical.
“Sou a soma do quadrado dos catetos.
Mas pode me chamar de Hipotenusa.”
E de falarem descobriram que eram
(o que em aritmética corresponde
a almas irmãs) primos entre si.

E assim se amaram
ao quadrado da velocidade da luz
numa sexta potenciação
traçando
ao sabor do momento
e da paixão
retas, curvas, círculos e linhas sinoidais
nos jardins da quarta dimensão.
Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclidiana
e os exegetas do Universo Finito.
Romperam convenções newtonianas e pitagóricas.
E enfim resolveram se casar
constituir um lar,
mais que um lar,
um perpendicular.

Convidaram para padrinhos
o Poliedro e a Bissetriz.
E fizeram planos, equações e diagramas para o futuro
sonhando com uma felicidade
integral e diferencial.
E se casaram e tiveram uma secante e três cones
muito engraçadinhos.
E foram felizes
até aquele dia
em que tudo vira afinal
monotonia.

Foi então que surgiu
O Máximo Divisor Comum
frequentador de círculos concêntricos,
viciosos.
Ofereceu-lhe, a ela,
uma grandeza absoluta
e reduziu-a a um denominador comum.
Ele, Quociente, percebeu
que com ela não formava mais um todo,
uma unidade.
Era o triângulo,
tanto chamado amoroso.

Desse problema ela era uma fração,
a mais ordinária.
Mas foi então que Einstein
descobriu a Relatividade
e tudo que era espúrio
passou a ser moralidade
como aliás em qualquer
sociedade. 

5 thoughts on “Uma história de amor matemático, contada por Millôr Fernandes em forma de versos

  1. COMUNISTAS E CRISTÃO CONGRESSISTAS: UNIDOS PARA SEMPRE EM AMOR E GRAÇA! QUEM DIRIA, HEIN? ‘’COISAS DE LAURINHA’’! Em tese, os comunistas e cristão somente poderão colocar o povo e a sociedade do bem em completa segurança após construção e efetivação do paraíso social para todos, até que o último miserável tenha sido ‘’teletransportado’’ para uma das classes médias, já que a culpa de toda a corrupção, pobreza, miséria, criminalidade, pertence às classes ricas e classes médias ‘’alienadas, insensíveis, egoístas, degeneradas’’! Mas, quando? Já que os comunistas e seus aliados fascistas brasileiros já estão no poder há 40 anos (Mas, é só em nome da governabilidade, viu?), e tudo está, desde então, e a cada dia, cada vez pior? Os criminosos não eleitos, concursados, nomeados, etc., ‘’são apenas vítimas do capitalismo selvagem e das injustiças sociais’’! É aqui que comunistas e cristãos, bem como setores midiáticos, se dão as mãos e comungam da mesma hóstia sagrada! Talvez por isso, o ditador incompetente e sanguinário Fidel Castro tenha afirmado que ‘’Jesus Cristo foi um dos comunistas mais famosos da história’’! O que o velho ditador sanguinolento teria pensado da Teologia da Prosperidade evangélica, adaptação do comunismo cristão ao capitalismo selvagem? E as poderosas Bancadas Evangélicas das Diretas-Já, o que pensar dessas ‘’metamorfoses ambulantes’’? Eu só não entendo o porquê de a Grande Mídia brasileira tradicional amar tanto essa ‘’Democracia e esse Estado de Direito’’ infernais, já que ela não passa uma hora sequer sem mencioná-los, repercuti-los glorificá-los! ‘’Coisas de Laurinha’’! LUÍS CARLOS BALREIRA. PRESIDENTE MUNDIAL DA LEGIÃO CIENTÍFICA BRASILEIRA.

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