Lula atuou para influenciar eleição argentina? Realmente, era só o que faltava…

Simone Tebet desmente fake news criada pelo Estadão para atacar Lula e ajudar Milei - Brasil 247

Simone Tebet atendeu Lula e mentiu para não comprometê-lo

Mario Sabino
Metrópoles

A jornalista Vera Rosa publicou uma história de abrir ainda mais as veias da América Latina. Segundo ela, em agosto, Lula correu a emprestar US$ 1 bilhão à Argentina para tentar barrar o avanço do anarcocapitalista Javier Milei, candidato a inquilino da Casa Rosada, e eleger o peronista Sergio Massa, atual ministro da Fazenda do país. Massa vem realizando um belíssimo trabalho: em agosto, a inflação anual da Argentina bateu em 124,5%.

O empréstimo foi com dinheiro da Corporação Andina de Fomento (CAF), um BNDES latino-americano — sim, infelizmente há um — do qual o Brasil tem 37,3% do capital e, portanto, é o patrão.

EMPRÉSTIMO-PONTE – De acordo com a jornalista, Lula chamou Simone Tebet para uma conversa urgente, que se deu por telefone, e a instruiu a dar aval para o empréstimo bilionário, um empréstimo-ponte. O FMI exigia receber esse montante da Argentina para desembolsar US$ 7,5 bilhões de socorro ao país vizinho, que já não tem crédito nem para fazer carnezinho gostoso em loja de alfajores.

A operação precisava do aval de Simone Tebet porque, como ministra do Planejamento, ela é também governadora do Brasil no tal CAF. A ministra avalizou o empréstimo-ponte com a concordância dos demais países, 21, à exceção do Peru (ao que parece, o Peru só beneficia a Argentina no futebol).

O bilhão foi transferido diretamente para o FMI — que, finalmente, soltou os US$ 7,5 bilhões para o governo peronista aguentar o tranco e ter fôlego para buscar eleger o ministro dos 124,5% de inflação anual até o momento.

TEBET NEGA – Notícia em off publicada, eis que a jornalista Raquel Landim foi perguntar a Simone Tebet sobre o episódio. A ministra disse que Lula não lhe pediu nada. Que ela deu o aval para o empréstimo-ponte do CAF porque a sua secretária encarregada de Assuntos Internacionais e Desenvolvimento havia lhe dito, enquanto despachava com ela, “que os demais países votariam a favor”. Depois, a ministra admitiu que consultou o Itamaraty sobre o assunto.

Como a história adquiriu, obviamente, grande dimensão, inclusive com Javier Milei esbravejando no antigo Twitter, o Planalto também negou que Lula tivesse atuado para concretizar o empréstimo-ponte e, assim, tentar beneficiar o candidato peronista.

A acreditar em Simone Tebet e no Planalto, entre um assunto e outro da rotina do Ministério do Planejamento, ela teria dado aval — sem consultar o presidente da República, apenas o Ministério das Relações Exteriores — a um empréstimo-ponte de US$ 1 bilhão a um país quebrado, por meio de um banco do qual o Brasil tem quase 40% do capital, para que esse país quebrado, com eleições presidenciais que interessam muito a Lula e à esquerda latino-americana do Foro de São Paulo, resolvesse um probleminha para conseguir descolar US$ 7,5 bilhões com o FMI.

ESTÁS BRINCANDO? – Não vou dar vazão à minha vontade de perguntar: estás brincando, Simone Tebet? Os relatos são extraordinários e uma das extraordinariedades desse relatos é que, enquanto publicamente Lula diz que outros países não devem intrometer-se nos assuntos internos de ditaduras como as da Nicarágua, da Venezuela e de Cuba, há agora a notícia de que ele teria se intrometido à sorrelfa na democracia da Argentina para influir no resultado nas eleições presidenciais que estão prestes a acontecer lá. Com o nosso dinheiro, que é para não perder o hábito.

A história contada por Vera Rosa, jornalista respeitável que não publicaria um off se não estivesse segura dele, tem precedentes robustos que a corroboram. Afora as notórias afinidades eletivas com o peronismo, Lula disse, em maio, que queria que o FMI e o Banco dos Brics socorressem a Argentina.

DISSE LULA – Na ocasião, ao lado do presidente Alberto Fernández, ele afirmou: “O FMI sabe como a Argentina se endividou, sabe para quem emprestou o dinheiro. Portanto, não pode ficar pressionando um país que só quer crescer, gerar empregos e melhorar a vida do povo. Do ponto de vista político, eu me comprometi com meu amigo Alberto Fernández que vou fazer todo e qualquer sacrifício para que a gente possa ajudar a Argentina neste momento difícil.”

Ainda em maio, durante a reunião dos ministros da Economia do G7, no Japão, Fernando Haddad surpreendeu a secretária do Tesouro dos Estados Unidos ao pedir apoio americano para que o FMI ajudasse o país vizinho.

O mesmo Fernando Haddad que disse que a eventual eleição de Javier Milei colocaria o Mercosul em risco, uma vez que o candidato anarcocapitalista bravateia que, caso eleito, tiraria o seu país do bloco.

VAIVÉM DE TEBET – Não há nada de inverossímil no off publicado por Vera Rosa. Na noite de quarta-feira, depois de ser desmentida oficialmente e atacada pela malta de sempre, ela divulgou na plataforma X uma reportagem sobre o número de vezes que Simone Tebet voltou atrás nas suas declaraçōes.

Na reportagem, revela-se que Celso Amorim, sempre ele, foi elemento de ligação no episódio:

“Pouco antes de Tebet aprovar o empréstimo pelo CAF, o gabinete do ex-chanceler Celso Amorim, assessor especial de Lula para assuntos internacionais, fez várias ligações para a ministra. O presidente queria falar com ela. No momento dos telefonemas, Tebet estava fora de Brasília, em compromisso particular, e só ligou de volta depois. Seu celular tinha várias chamadas não atendidas do Planalto.”

11 thoughts on “Lula atuou para influenciar eleição argentina? Realmente, era só o que faltava…

  1. Bem, parece que um texto ridículo desses carece de fontes confiáveis. Brasil com participação de quase 40%?

    Para quem se interessar em saber os fatos, deixo dois links. Sei que não interessa a alguns divulgar que o Brasil foi ajudado e ainda é por esse banco, mas colocarei os links mesmo assim:

    https://www.caf.com/pt/presente/noticias/2021/07/parceria-entre-caf-e-brasil-cada-vez-mais-fortalecida/

    Portfólio por país em 2022:

    https://www.caf.com/media/4664467/factsheet-institucional-pt-20230919.pdf

    • Desiste, caro Vidal. É o mesmo que socar água, e essas pessoas que insistem em disseminar noticias falsas são as mesmas que reclamam da polarização.

  2. Como Argentina, é a maior parceira do Brasil na compra de produtos industrializados, é correto o Brasil ajuda-la a sair dessa crise, muitas indústria brasileiras contam com a saída da Argentina da crise.

    Qual o interesse em torcer para ver a Argentina quebrada?
    As proposta de Milei, é coisa de louco anarquista, se conseguir será o fim do país, se não conseguir porque não tem maioria no parlamento vai levar a Argentina a uma crise maior.
    A única diferença entre Milei e Bolsonaro/ Paulo Guedes, é que ele é muito mais inteligente que os dois juntos.

    A direita, juntamente com a extrema direita, é irracional e perversa, que apostam sempre no quanto pior melhor, quando se trata de um governo de esquerda.

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