Planos do PT para marcar os 60 anos do golpe de 1964 já provocam reações 

BZNotícias - José Múcio é fritado no PT por dizer que golpe era “movimento  de vândalos” - Portal da Abelhinha

Múcio procura apaziguar, mas Moraes quer radicalizar

Vera Rosa
Estadão

Passado o ato para lembrar um ano da barbárie de 8 de Janeiro e celebrar a democracia, uma nova preocupação toma conta das Forças Armadas. É que o PT e a Fundação Perseu Abramo, ligada ao partido, preparam debates, exposições, lançamento de livros e um documentário para marcar os 60 anos do golpe de 31 de março de 1964, que deu início à ditadura militar no Brasil. Além disso, o Ministério dos Direitos Humanos articula com outras pastas uma série de iniciativas para lembrar a data.

Nos bastidores do governo, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, já começou o trabalho na caserna para evitar “provocações”. Neste 8 de Janeiro, por exemplo, ele atuou para que clubes militares não soltassem notas agressivas ao ato “Democracia Inabalada”, promovido no Salão Negro do Congresso, que em 2023 foi alvo do vandalismo de seguidores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Agora, Múcio tem pedido que não haja “exaltação” nos quartéis pela passagem do 31 de março.

MUITAS CRÍTICAS – A portas fechadas, generais reclamaram da cerimônia desta segunda-feira, 8, sob o argumento de que conflito não se comemora. O grupo do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que não compareceu à solenidade, também discordou do ato, classificado pelo Centrão como um palanque para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT.

As críticas dos fardados foram e continuam sendo abafadas. Em compensação, o governo ainda não reinstalou a Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos e pediu para o PT não ir adiante com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que altera o artigo 142 da Constituição, distorcido por bolsonaristas para defender a intervenção militar.

Atualmente, o maior receio de Múcio é o de que as manifestações da esquerda para lembrar as seis décadas do golpe de 1964 reabram feridas e estimulem mais um capítulo da polarização política e do “nós contra eles”.

PT CONFIRMA – “Nós vamos fazer atividades para relembrar o golpe de 64 e o desastre que a ditadura foi para o País”, afirmou à coluna o presidente da Fundação Perseu Abramo, Paulo Okamotto. “Não creio que militares sejam contra isso. Que militar civilizado será a favor da ditadura?”

Em entrevista ao Estadão, na semana passada, Múcio defendeu as Forças Armadas ao ser questionado sobre a participação de militares nos atentados do 8 de Janeiro de 2023. “Eu admito que tinha algumas pessoas ali de dentro que torciam pelo golpe, mas o Exército, a Marinha e a Aeronáutica, não”, insistiu o titular da Defesa.

Múcio disse esperar que as investigações da Justiça identifiquem logo os culpados, mas não quis usar o verbo cobrar para se referir ao Supremo Tribunal Federal (STF). “Sou o ministro do deixa-disso. O meu papel aqui é o de apaziguar”, definiu.

UM PONTO FINAL – O ministro observou, no entanto, que as diligências precisam terminar “o mais rápido possível” para achar os culpados e dissipar a nuvem de suspeição que paira sobre as Forças Armadas. Até agora, não foi desvendado quem idealizou e financiou os ataques para solapar a democracia no Brasil. Nenhum “peixe graúdo” está preso e o núcleo político permanece oculto.

Mas, enquanto Múcio se autointitula “conciliador”, o ministro do STF Alexandre de Moraes faz questão de destacar que a página da infâmia, seja em 1964 ou em 2023, jamais sairá dos holofotes.

“Apaziguamento não representa paz, nem união. Um apaziguador, como lembrado pelo grande primeiro-ministro inglês Winston Churchill, é alguém que alimenta um crocodilo esperando ser o último a ser devorado”, discursou Moraes no ato “Democracia Inabalada”. A estocada não passou despercebida. Múcio e os comandantes das Forças Armadas, porém, ficaram calados.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Demonstrando uma vaidade realmente desmedida, o ministro Moraes é uma ameaça permanente a qualquer tentativa de apaziguamento. Se depender de Moraes, este país estará sempre cindido entre o nós e eles. É uma pena que o ministro não saiba jogar o jogo da democracia. (C.N.)

6 thoughts on “Planos do PT para marcar os 60 anos do golpe de 1964 já provocam reações 

  1. O “documen(to)tário” da Boboplay foi ridículo.

    Só um lado dando a sua tosca versão.

    Nem com todos os efeitos especiais das telenovelas “Mutantes-Caminhos do Coração”, Vamp e O Fim do Mundo foi possível transformar aquele quebra-quebra em uma tarde de domingo em “Golpe de Estado”.

    Não rola nem em um milhão de anos a versão de que queriam uma GLO para “viabilizar o golpe”.

    Lulla nunca foi nem de longe um Mohamed Morsi.

    Não passa de um Bolsonaro paralelo, proporcional, espelho, com sinal trocado.

    Disfunção identidade.

    • Carlão…Prezado…
      Esse AM…Ou…é realmente um moleque de lingua solta com “alguém ” lhe dando “segurança ” para fazer essas merd…OU…seu fim vai ser muito triste…estilo A.Lincoln…McKinley…Luther King…Malcon x ..JFK…e tantos outros DESCARTADOS…quando já não mais serviam ao sistema dominante.
      Lamento por sua insensatez no trato e domínio político…Como assim diz um prezado comentarista da nossa TI…”Essa bagaça não vai ter um final da
      DISNEY”…
      A história é uma ciência perfeita.

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