Aline Brito, Henrique Lessa e Evandro Éboli
Correio Braziliense
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, defende o investimento do Estado na indústria, como forma de fomentar a economia brasileira. Conforme salientou, países que são grandes potências econômicas, como China e Estados Unidos, oferecem subsídio estatal para induzir desenvolvimento, e o Brasil precisa seguir a tendência global.
Mas o investimento público na indústria, por meio do BNDES, tem sido alvo de críticas de economistas e integrantes do setor, que veem uma repetição de velhas políticas.
NECESSIDADE – “Não temos como reerguer a indústria brasileira sem uma nova relação entre Estado e mercado. Não é substituir o mercado, não é desacreditar da importância do mercado, que é uma instituição indispensável no desenvolvimento econômico”, diz Mercadante.
Mercadante rebate críticas à política industrial, porque há setores que compararam o novo programa do BNDES com a política dos “campeões nacionais”, colocada em prática no segundo governo de Dilma Rousseff e que foi considerada um fracasso porque favoreceu indústrias e setores que podiam prescindir do financiamento do BNDES.
Mercadante afirma que para a economia do Brasil continuar em crescimento, “precisamos colocar a indústria no coração da estratégia”.
ABRIR EMPREGOS – “A gente rega essa indústria ou não vamos ter um mercado de trabalho de emprego qualificado, com inovação em ciência e tecnologia. O Brasil é a nona economia, vai virar a oitava e pode ser mais do que isso. Mas, sem indústria, não chegaremos lá”, frisou.
Mercadante citou a China e os Estados Unidos como exemplo de países que oferecem subsídios para a indústria e conseguem atrair empresas de todo o mundo, o que, em sua visão, contribui para que sejam grandes potências econômicas.
“Quero perguntar a esses que todos os dias escrevem dizendo que estamos trazendo medidas antigas: me expliquem a China. Por que a China é o país que mais cresceu no mundo durante 40 anos? Me expliquem a política econômica americana: subsídio, incentivo, investimento público, atraindo empresas, inclusive, brasileiras, que estão indo para lá por esses subsídios, que recebem na frente, em dinheiro do Tesouro”, lembra.
POLÍTICA ESSENCIAL – Para o presidente do BNDES, investir na industrialização é essencial para diminuir as desigualdades, gerar emprego e promover o desenvolvimento sustentável do país. “Para ser menos desigual, mais moderno e mais dinâmico, precisamos colocar a indústria no coração da estratégia. Essa é a orientação do presidente Lula e é o que nós estamos fazendo e entregando”, observa.
Qualquer empresa interessada em aderir aos projetos do Nova Indústria Brasil, terá que cumprir alguns pré-requisitos. Do contrário, poderá não ser aceito ou ter o contrato suspenso.
Segundo Mercadante, o empresário ou empresa interessados em obter uma dessas linhas de crédito não poderão ter sofrido acusação ou processo de desmatamento, nem ter sido flagrados explorando mão de obra análoga à escrava.
RESTRIÇÕES CLARAS – “No caso do agro (programas destinados a esse setor), não pode desmatar. Temos um convênio com o MapBiomas (que acompanha e registra as áreas devastadas em todo o país) e se tiver algum indício de desmatamento, será bloqueado na hora. Multa do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e de Recursos Renováveis) ou outro episódio, suspende o contrato. E também será exigido o trabalho digno de qualquer empresa. Se tiver na lista de trabalho análogo à escravidão, terá o financiamento suspenso. E não terá acesso ao crédito”, alerta Mercadante.
Entidades que representam a indústria e congressistas apoiaram o programa Nova Indústria Brasil. Até mesmo quem faz oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como o ex-líder do governo de Jair Bolsonaro na Câmara, o deputado federal licenciado Ricardo Barros (PP-PR), elogiou em postagem via redes sociais.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – O Brasil já foi um dos países que mais incentivou a indústria, com excelentes resultados. A exagerada abertura às importações, iniciada no governo Collor, prejudicou demais o setor, que é o maior gerador de empregos qualificados. O que pode atrapalhar a nova política é a taxa de juros, porque o governo anterior elevou substancialmente os juros do BNDES, o que foi uma burrada. (C.N.)
Na década de setenta, o Brasil passou a Espanha e tornou-se o segundo maior construtor naval do mundo.
Era insipiente a indústria da Coreia do Sul e da China. Hoje eles são o que são e nós não temos mais o segmento de Navipeças que tinha seu maior parque em São Paulo.
Nós não sabemos o que queremos. Um governo investe e o outro sucateia é uma bagunça.
Mudando para a Agroindústria. Na França os agricultores fizeram um tratorasso em Paris para que o governo aumentasse o subsídio para seus produtos agrícolas poderem ser competitivos com os importados.
Mercadante está correto. E não são somente esses dois países que incentivam suas empresas e, de quebra, criam empecilhos às de outros países em seus territórios.
Livre mercado é apregoado, mas não praticado pelos países desenvolvidos.
Mas há que creia nessas balelas.
Quem não se lembra da celebre frase proferida por um brasileiro americanófilo: “A melhor política industrial é não ter política industrial”.
Viralatismo total.
Será se o CN escreve seus textos em um computador Cobra? Deve andar de Del Rey e ter uma TV CCE…
Mercadante é um completo idiota que não entende bulufas de economia e industrialização.
O que fez a industrialização dos EUA e China não foram subsídios e intervencionismos estatais, foram baixa regulamentação, baixos impostos, liberdade econômica, segurança contratual, estabilidade jurídica.
Mas não adianta explicar algo a quem simplesmente não quer aprender. Para quem o desenvolvimentismo estatal é uma religião, uma fé inabalável.
Concordo contigo Walsh, era exatamente o que o governo Bolsonaro estava fazendo.
Incentivo a indústria = mais dinheiro nas mãos dos campeões nacionais.
Em 1994, estávamos no último dos seis navios para a Chevon sendo fabricado no estaleiro ISHIBRÁS; a Chevron queria fazer dois super navios para transporte de produtos químicos aqui no Brasil, pois considerava os feitos como melhore de sua frota.
A matriz, IHI, optou por fazer no Japão, pois o mesmo estava para entrar em recessão e embora o custo fosse maior do que o do
Brasil, os empregos gerados compensariam. Claro que teve “dedo” do governo japonês, e eles estão certos em defender seus interesses.
Os japoneses “meteram o pé” e entregaram a empresa para os empresário Nelson Tanure.