Mario Sabino
Metrópoles
A notícia é exemplar, no sentido de ilustrativa. Lula desistiu de presentear Guido Mantega com a presidência da Vale. Ou melhor, de retribuir o ex-ministro da Fazenda com um salário de 59 milhões de reais por ano pela lealdade demonstrada durante a Lava Jato.
É que Lula descobriu que a Vale não é mais do governo e que não poderia, assim, “reparar uma injustiça” com dinheiro alheio. Quer dizer, ele sabe disso, mas não se conforma que a empresa tenha outros donos.
PATRIMONIALISTA – É difícil mesmo convencer político patrimonialista, com o perdão da redundância, de que nem tudo no Brasil lhe pertence. Ainda mais político patrimonialista de esquerda, daqueles que acordam e vão dormir pensando em salvar a humanidade dela própria. O governo detém apenas 8% do capital da mineradora, ainda assim de forma indireta, por meio da Previ.
Os acionistas da Vale tiveram de pagar caro pelo capricho frustrado de Lula. Foi só o jornalista Lauro Jardim noticiar que o ministro de Minas e Energia havia ligado para investidores graúdos da Vale para dizer que o inquilino do Planalto queria que Guido Mantega presidisse a empresa, já que dotado de toda aquela radiosa incompetência que lhe é peculiar, e as ações da Vale despencaram.
O valor de mercado da mineradora encolheu 39 bilhões de reais.
CARTA NA MANGA – No curto espaço de tempo em que o sonho de Lula e de Guido Mantega durou, jornalistas noticiaram despudoradamente que o governo tinha uma carta na manga para dobrar os acionistas da Vale: as licenças ambientais de que a mineradora precisa para funcionar.
É isto aí, malandragem: para colocar o amigo lá, Lula recorreria à chantagem, caso fosse preciso. Mas o “Superior Tribunal do Mercado”, a única instituição do país que ainda funciona, evitou que a vigarice fosse adiante. Eu disse que esses jornalistas noticiaram despudoradamente a chantagem, mas o advérbio correto é “candidamente”.
Eles não sabem o que dizem, coitados. Bom era o tempo em que a maioria dos jornalistas tinha viés político forjado na militância, companheiros. O sujeito, aliás, orgulhava-se de dizer que “militava no jornalismo”. Hoje, a maior parte é só mesmo ignorante, de uma ignorância da moralidade que a torna imoral, para não falar do mau português igualmente escandaloso. Ainda bem que não é o caso das moças já não tão moças que leem mensagens de autoridades amigas na TV com a certeza de que estão dando notícia em primeira mão.
EXEMPLO DA VEJA – Jornalista que militava no jornalismo, sem tentativa de parecer imparcial, pelo menos não muita, era uma beleza. A Vale, ela própria, ensejou uma das melhores histórias de que fui testemunha ocular e auricular. A coisa ocorreu no século cada vez mais passado, quando eu era um simples editor da Veja.
A equipe do então diretor-adjunto da revista fez uma reportagem enorme sobre os benefícios da privatização da Vale, antes de ele entrar em férias bem tiradas como a deste colunista. Só que o redator-chefe na época, petista mais intransponível do que as águas do São Francisco, não se resignou.
No comando de um escrete de bravos rapazes, o redator-chefe aproveitou a ausência do diretor-adjunto e publicou na semana seguinte — literalmente, apenas sete dias depois — uma reportagem do mesmo tamanho da primeira sobre o insucesso da privatização da Vale.
APENAS UM DETALHE – Os leitores da Veja não entenderam nada desse estranho contraditório, mas jornalista que milita não tem preocupação com esse detalhe, os leitores.
Você há de perguntar: e o diretor de redação da revista, onde estava? Estava lá na sala dele. A reportagem positiva sobre a privatização da Vale — a correta — era homenagem ao patrão; a reportagem negativa sobre a privatização da Vale — a errada — era satisfação à redação povoada de petistas, entre os quais o diretor figurava como impávido colosso.
Sem Guido Mantega na presidência da Vale, Lula e os seus sequazes voltaram a falar de Brumadinho, como se a tragédia fosse necessariamente decorrência da privatização da empresa. Entende-se: é que o Estado brasileiro cuida tão bem dos cidadãos, que é culpa do “racismo ambiental” tantos pobres morrerem soterrados em seus casebres a cada tempestade de verão em janeiro.
Charge: Se confessar, o Brasil estará à salvo e com Ordem e Progresso!
Que após, tua alma descanse em paz, Lula!
Lula acertou em cheio a alma desses vira latas ao lembrar do desastre ambiental de Brumadinho/Mariana. Privatiza que melhora sim.
E ainda vem falar de moral, vai lá nessas cidades destruídas pela ganancia da Vale ver a população esperando pela moral capitalista.
Vou ser sincero, não é de agora, mas há muito tempo nossos políticos têm trabalhado arduamente para destruir esse País
Sem dúvidas, “para tanto alçados”!
Carlos Newton, acho esse assunto interessante
Editorial – Na verdade, é extremamente grave…
Por Francisco Ferro
jan 30, 2024
Hoje, 30 de janeiro de 2024, toda a comunidade brasileira de Defesa e Segurança viu-se estarrecida diante da notícia de que o Banco do Brasil S.A., um banco público, criado por D. João VI para financiar o desenvolvimento da então colônia, atuando em diversos segmentos, não vai mais dar suporte a Base Industrial de Defesa e Segurança, a BIDS. Isso significa, em última análise, a falta de respaldo financeiro e de garantia às exportações, o que vai trazer um desastre colossal para a BIDS e, por extensão, a setores relacionados com pesquisas e desenvolvimento tecnológico chegando, inclusive, na mídia especializada.
Como é possível uma decisão neste sentido? Será que a governança corporativa da instituição financeira desconhece o que a BIDS representa para o País? Não sabe que responde por 4% do PIB nacional, que gera milhares de empregos diretos e de alta qualificação e de muito mais indiretos, numa cadeia virtuosa de geração de renda, de arrecadação, de ganho de conhecimento e seu caráter estratégico para a soberania brasileira junto a abrir mercados no exterior?
Sabe-se que a BIDS vem, com muito esforço e sacrifícios, obtendo uma paulatina consolidação e não se sujeitar ao “voo de galinha” da década de 1980, quando, em consequência, as Forças Armadas do Brasil tiveram que recorrer a materiais de segunda mão de outros países para manter um mínimo de operacionalidade crível.
E, do ponto de vista geopolítico mundial, é prudente abdicar de uma BIDS autóctone?
A sociedade brasileira, na sua parcela séria e responsável, espera que esta inconsequente medida seja revista, deixando de lado as falsas posturas politicamente corretas.
O Brasil já paga muito caro por isso em outros campos de atividade.
https://www.youtube.com/watch?v=r3HiPYwD1hw
Senhor Mario Sabino (Metrópoles) , Lula perdeu a oportunidade de ” desprivatizar ” a então Cia. Vale do Rio Doce , em seus dois primeiros mandatos e no mandato de Dilma Rousseff , e reintegra-la ao patrimônio público , mas não o fez , mesmo sabendo que a privatização da Vale , foi criminosa , lesiva ao país e que incorreram crimes de lesa-pátria e por míseros 3 bilhões de reais, com direito a exibição do tal cheque pelo então ministro José Serra , no governo de Fernando Henrique Cardoso.