Gabriel Hirabahasi, Giordanna Neves e Matheus de Souza
Estadão
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), usou o discurso de abertura do ano Legislativo para mandar recado direto ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em meio ao descontentamento de parlamentares com cortes no pagamento de emendas do Orçamento, Lira avisou que o Congresso respeita os acordos políticos e cobrou do governo compromisso com “a palavra dada”.
Lira foi enfático ao dizer que os trabalhos da Casa não serão paralisados por causa das eleições municipais ou por conta da sua sucessão, a partir do ano que vem. Além disso, afirmou que nenhuma disputa política entre a Câmara e o Executivo atrapalhará os trabalhos.
RESPEITO A ACORDOS – Ele cobrou respeito ao que chamou de “acordos firmados” e ainda disse que o Orçamento da União “pertence a todos, não apenas ao Executivo”. Criticou o que chamou de “burocracia técnica” e disse que deputados e senadores têm mais conhecimento das necessidades de cada município para definir a distribuição de recursos.
“(A autoria do Orçamento) não é e nem pode ser de autoria exclusiva do Executivo e muito menos de uma burocracia técnica, que, apesar do seu preparo, não foi eleita para escolher as prioridades da nação e não gasta a sola do sapato percorrendo os pequenos municípios brasileiros como nós senadores e deputados”, disse.
Lira cobrou o governo pela manutenção de acordos firmados em 2023 e que estariam sendo descumpridos neste ano. “Não faltamos ao governo e esperamos respeito e compromisso com palavra dada”, afirmou.
SEM INÉRCIA – “Errará grosseiramente qualquer um que aposte numa suposta inércia desta Câmara neste ano de 2024 em razão sejam das eleições municipais, seja ainda em razão de especulações de eleições da Mesa Diretora no próximo ano. Errará ainda mais quem apostar na omissão desta Casa em razão de uma suposta disputa política entre a Câmara e o Poder Executivo”, disse Lira.
Segundo o presidente da Câmara, as aprovações de propostas do Executivo em 2023 “será a tônica de 2024″, desde que prevaleça o que ele chamou de “exemplo de boa política e honradez com os compromissos assumidos”.
“A boa política, como sabemos, apoia-se num pilar essencial: o respeito aos acordos firmados e o compromisso à palavra empenhada. E esse exemplo de boa política e honradez com os compromissos assumidos dados por esta Casa que marcou o ano de 2023 e permitiu que tantos avanços também será a tônica de 2024”, disse.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Lira fez esse discurso duro para não se desmerecer perante os deputados e perder apoio. Sabe que no final sairá vencedor, porque a ministra do Planejamento, Simone Tebet, já anunciou que as emendas que faltam no Orçamento serão compensadas pelo governo. E o resto é folclore, como diz Sebastião Nery. (C.N.)
Acreditar nos presidentes do senado e câmara, e o mesmo que dizer que o molusco é a alma mais honesta do universo
Os parlamentares controlam 20% dos recursos livres do orçamento mas não chegam nem perto de 20% da responsabilidade pelos resultados. E ainda tem a pachorra de reclamar de abuso do STF.
https://twitter.com/ThiagoSussekind/status/1754136496041320584