Paulo Peres
Poemas & Canções
O poeta carioca Orestes Barbosa (7/5/1883 – 15/8/1966) é o letrista da antológica canção “Chão de Estrelas”, que Silvio Caldas musicou e gravou em 1937, pela Odeon. Um poema que jamais esqueceremos.
CHÃO DE ESTRELAS
Silvio Caldas e Orestes Barbosa
Minha vida era um palco iluminado,
Eu vivia vestido de doirado,
Palhaço das perdidas ilusões,
Cheio dos guizos falsos da alegria,
Andei cantando a minha fantasia,
Entre as palmas febris dos corações.
Nosso barracão no morro do Salgueiro,
Tinha o cantar alegre de um viveiro,
Foste a sonoridade que acabou!
E hoje, quando do sol, a claridade,
Forra o meu barracão, sinto saudade,
Da mulher pomba-rola que voou…
Nossas roupas comuns dependuradas,
Na corda qual bandeiras agitadas,
Pareciam um estranho festival,
Festa dos nossos trapos coloridos,
A mostrar que nos morros mal vestidos,
É sempre feriado nacional…
A porta do barraco era sem trinco,
Mas a lua furando nosso zinco,
Salpicava de estrelas nosso chão,
Tu pisavas nos astros distraída,
Sem saber que a alegria desta vida,
É a cabrocha, o luar e o violão.
A ultima estrofe talvez sejam os versos mais bonitos da musica popular brasileira.
Parabéns, Peres, pela escolha e por reavivar nossa memória