Eleição sem debate nos EUA? É difícil que isso venha realmente a acontecer

Donald Trump é incapaz de liderar', diz editorial do New York Times

Donald Trump não quer mais fazer debate na rede ABC

Deu em O Globo

O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, reafirmou  que não participará de um debate marcado para o dia 10 de setembro, apresentado pela rede ABC, que deveria ser seu primeiro embate com a virtual candidata democrata à Presidência, Kamala Harris. Mas Trump disse que segue disposto a debater, desde que seja de acordo com suas regras. A campanha da democrata rejeitou a proposta.

“Concordei com a Fox News para debater com Kamala Harris na quarta-feira, 4 de setembro. O debate estava previamente agendado contra o “sonolento” Joe Biden na ABC, mas foi cancelado porque Biden não será mais candidato, e estou em litígio contra a ABC e George Stepanopoulos (apresentador da ABC), criando assim um conflito de interesses”, escreveu Trump em sua rede social, o Truth Social.

QUER PÚBLICO – Além de escolher a Fox News, uma rede considerada alinhada ao trumpismo, o ex-presidente especificou que o debate deve ser apresentado pelos apresentadores Bret Baier e Martha MacCallum, que deve ser realizado no estado da Pensilvânia — onde foi vítima de um atentado no mês passado —, e que as regras serão “semelhantes” à do debate realizado em junho com Biden.

Contudo, ele estipulou que haveria público no local, o que não ocorreu no primeiro debate, organizado pela rede CNN.

Em comunicado, a campanha de Kamala Harris rejeitou a mudança de datas e formatos. “Donald Trump está correndo assustado e tentando desistir do debate com o qual ele já concordou e correndo direto para a Fox News para resgatá-lo”, disse o diretor de comunicações de sua campanha, Michael Tyler, em um comunicado. “Ele precisa parar de jogar e aparecer no debate com o qual ele já se comprometeu em 10 de setembro.”

KAMALA DESAFIA – Na terça-feira, durante um comício na Geórgia, ela provocou Trump para que os dois debatessem. “Donald, espero que você reconsidere me encontrar no palco do debate porque, como diz o ditado, se você tem algo a dizer, diga na minha cara” — disse Kamala, que na sexta-feira conseguiu os votos necessários para ser confirmada a candidata do Partido Democrata à Presidência.

Talvez já prevendo que Kamala não fosse aceitar suas condições, Trump disse que, caso a democrata não compareça, ele acertou com a Fox News para que seja realizado um programa ao estilo “Town Hall”, no qual o candidato responde perguntas dos apresentadores e do público.

Não está claro se o mesmo pode acontecer com a ABC, caso o republicano mantenha a decisão de não comparecer.

QUEBRANDO A REGRA – Em mais uma peculiaridade da campanha para a Casa Branca este ano, Trump e o então candidato à reeleição, Joe Biden, concordaram com a realização de dois debates, que seriam organizados pela rede CNN e pela rede ABC, quebrando uma tradição vinda desde os anos 1980, quando os programas eram realizados pela Comissão de Debates Presidenciais.

Dentre as regras acertadas estava o corte do microfone do candidato que não estivesse com a palavra naquele momento.

E foi justamente o debate de junho que serviu como ponto de partida para o fim da candidatura de Biden. Seu desempenho impulsionou as críticas à sua capacidade de conduzir uma campanha até o fim e de comandar o país por mais quatro anos — se fosse eleito, Biden chegaria ao dia da posse com 82 anos.

DESISTÊNCIA – No mês passado, após intensa pressão, o presidente abriu mão da candidatura, e o partido se uniu em torno de Kamala, em meio ao que analistas veem como um “choque de entusiasmo”.

Por sinal, a saída de Biden da corrida foi criticada por Trump, que acusa o Partido Democrata de tratá-lo de “forma horrível”.

“Gastei centenas de milhões de dólares, tempo e esforço lutando contra Joe [Biden], e quando ganhei o debate, eles colocaram um novo candidato no ringue”, disse Trump na sexta, em publicação no Truth Social.

A imagem na política: análise do debate entre Kennedy x Nixon

Kennedy e Nixon inauguraram a era dos debates

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A possibilidade de realizar uma eleição presidencial nos Estados Unidos sem haver debates entre candidatos é uma situação nova e inimaginável, desde o histórico confronto entre John Kennedy e Richard Nixon, em 1960. Chega a ser inacreditável. Vamos aguardar. (C.N.)

5 thoughts on “Eleição sem debate nos EUA? É difícil que isso venha realmente a acontecer

  1. Interessante, o Jânio de Freitas, em recente artigo publicado aqui na Tribuna da Internet, é de opinião que o debate é desnecessário, não representa nada para o eleitor americano. Sou de opinião que o debate obriga, pelo menos, os candidatos abrirem a boca. E nessa hora os esgotos se revelam.

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