Brasil precisa se tornar reconhecido por enfrentar as mudanças do clima

Cuidar da ecologia tem de ser uma prioridade nacional

Maria Herminia Tavares
Folha

As queimadas que devastaram matas em numerosas partes do território e cobriram de irrespirável fuligem muitas de nossas cidades configuram mais do que uma catástrofe ambiental —como se isso fosse pouco. Atingiram em cheio um governo que não esperava tamanho desastre, que o obrigou a reconhecer que lhe faltou preparo para enfrentá-lo.

A constatação não pode, porém, diminuir o que esse mesmo governo chamuscado pelo fogo vem fazendo a fim de prover o país de instrumentos necessários para ajudar a reduzir o ritmo de crescimento da temperatura do planeta e lidar com os efeitos das mudanças climáticas em marcha batida para o pesadelo.

DOIS TRILHOS – Há um esforço ambicioso de resposta àquele desafio, nos dois trilhos sobre os quais hoje se deslocam as políticas ambientais no mundo: o da mitigação da crise, pela redução das emissões de gases de efeito estufa, e a adaptação às mudanças impossíveis de evitar.

A ação presente não é visível como o fogo e a fumaça­, ­e seus frutos podem tardar a aparecer.

A iniciativa ganha corpo na fixação de metas e prioridades; na definição de marcos legais e dos meios capazes de gerar mudanças em diferentes áreas da atividade econômica (geração de energia, indústria, agricultura e pecuária); da infraestrutura e mobilidade urbanas; da preservação da biodiversidade. Além, bem entendido, da questão central do financiamento da transição para novas formas sustentáveis de produzir e viver.

PROCESSO PROMISSOR – Dois fatores são responsáveis por esse processo promissor. O primeiro é a existência de capacidades estatais, que o governo Bolsonaro quis, mas não pôde, destruir, agora mobilizadas por quadros técnicos competentes, ocupando secretarias de diferentes ministérios.

São pessoas capazes de traduzir o compromisso mais amplo com o futuro do planeta na linguagem específica de seus setores, aí discernindo as possibilidades de ação, os conflitos de interesses e os obstáculos a vencer. Da mesma forma, entendem as limitações do setor público, bem como o papel do setor privado e da cooperação internacional.

O segundo fator consiste no envolvimento de diferentes ministérios com os temas ambientais, tornando-os —aos poucos e com as dificuldades conhecidas— transversais.

DUBAI/BELÉM – A visão panorâmica das iniciativas em andamento, dos planos em maturação, dos dilemas a encarar e das oportunidades proveitosas, bem como da qualidade técnica existente no plano federal, pode ser apreciada no seminário “A Trilha Dubai-Baku-Belém: os desafios das negociações internacionais sobre mudança do clima”, promovido na semana passada pelo Irice (Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior) e acessível no YouTube.

A existência de capacidades estatais e liderança técnica, por si só, não assegura que o Brasil se torne um país reconhecido por suas políticas para lidar com as mudanças do clima. Há conflitos de visão e de interesses, no governo e na sociedade. A fronda antiambientalista é poderosa: vai muito além dos que se beneficiam da predação criminosa do ambiente.

Políticas bem-sucedidas requerem, mais que competência técnica, liderança política ciente de sua necessidade e capaz de negociar, compor e convencer.

13 thoughts on “Brasil precisa se tornar reconhecido por enfrentar as mudanças do clima

  1. Sr. Newton,

    Enquanto o Casal de Marginais 171/51 faz turismo pelo Planeta com direito á muita lagosta , caviar e vinhos franceses com garrafas de 50 mil euros na linda e maravilhosa Cidade “Cubana” de Nova Iorque, o Brasil derrete em violência…….

    CV ataca candidata na terra dos Gomes, e eleição vira caso de polícia no CE…

    https://noticias.uol.com.br/colunas/carlos-madeiro/2024/09/27/cv-ataca-candidata-na-terra-dos-gomes-e-eleicao-vira-caso-de-policia-no-ce.htm?cmpid=copiaecola

    aquele abraço…

    Clima. 21o.

    • Sr. Armando,
      A menina irá passar correndo e a inflação vai ficar grudada nas paredes… expostas nas gôndolas dos mercados, sob os auspícios dos atravessadorese publicanos.

  2. Será que o Casal Marginal está mesmo preocupados com o ‘clima”…..

    “…Brasil está entre os países que mais geram poluição plástica; veja quem lidera ranking

    Estudo publicado na Nature estima que 52 milhões de toneladas de resíduos plásticos são despejadas no meio ambiente todos os anos

    https://www.terra.com.br/planeta/impacto/brasil-esta-entre-os-paises-que-mais-geram-poluicao-plastica-veja-quem-lidera-ranking,e5bee505e7c5516eb4fc6bc550105bc7op7ehc0x.html?utm_source=clipboard

    • Como todo alçado tem uma estatutária e apátrida “LIGA” com a servil “Mãe da Impunidade ou Congêneres”, pressupôem-se ser o caos e a desordem parte de suas obrigatórias agendas internacionais e então é o naturalmente se espera de tais cacarejadores da sustada postura do multiplicador e responsável ôvo alheio!
      PS. Vistam a carapuça e saiam dessa “linguística, política e inter-religiosa Babilônia”!

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