Josias de Souza
Do UOL
Escolhida a toque de caixa para substituir Silvio Almeida na pasta dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo chegou à Esplanada em 9 de setembro. Com atraso de 18 dias, Lula providenciou nesta sexta-feira (27) uma cerimônia de posse para ela.
Caprichou na cenografia, rodeando-se de mulheres. Além de Macaé e de Janja, foram ao palco com Lula as ministras Anielle Franco (Igualdade Racial), Cida Gonçalves (Mulheres), Esther Dweck (Gestão) e Marina Silva (Meio Ambiente).
Foi como se Lula quisesse enfatizar o seu repúdio ao comportamento atribuído a Silvio Almeida, demitido sob múltiplas acusações de assédio sexual e moral.
FICOU EM SILÊNCIO – O diabo é que Lula conviveu em silêncio, por longo período, com a revelação de que a ministra Anielle Franco foi uma das vítimas de importunação sexual do então colega de ministério. Só agiu depois que o caso explodiu no noticiário como escândalo.
Na defesa da causa das mulheres, Lula se exibe em público como lhe convém. Em privado, mostra-se como realmente é. Já havia revelado seu estilo em outras passagens.
Numa delas, por exemplo, tramou com o centrão o expurgo da medalhista olímpica Ana Moser do Ministério dos Esportes, para alojar na pasta o campeão de fisiologismo André Fufuca. Noutra oportunidade, driblou os apelos para que colocasse outra mulher na poltrona de Rosa Weber no Supremo.
FORA DO DITADO – No passado, quando se desejava sinalizar que uma pessoa não deve ser julgada apenas pela aparência, mas também pelos seus atos, dizia-se que “o hábito faz o monge.”
Com seu comportamento dicotômico, o presidente da República subverte até o provérbio. No caso de Lula, a simulação do hábito não chega a fazer o monge. Mas a falta de ações capazes de demonstrar tempestivamente seu apreço pela agenda feminina desfaz o monge.