Moraes está deixando sem resposta as petições de Mauro Cid e Bolsonaro?

Charge de Kleber Sales (Correio Braziliense)

Carlos Newton

O mais importante processo criminal da História Republicana está sendo conduzido de forma totalmente equivocada pelo ministro Alexandre de Moraes, que aparece nos autos como juiz de instrução, relator, julgador e vítima, algo jamais visto no Direito Universal, em nenhum país que possa ser considerado democrático.

O mais grave foi desrespeitar os prazos processuais e declarar o trânsito em julgado no dia 25 de novembro, embora a ação ainda estivesse em andamento e com prazos abertos para apresentação de recursos e outras petições que se fizessem necessárias.

SEM RESPOSTA – Foi uma decisão tão grotesca e ilegal que deixou sem resposta várias petições. Além de Bolsonaro e os demais réus não poderem apresentar os embargos infringentes, Moraes esqueceu (?) de despachar os insistentes pedidos de Mauro Cid para que seja extinta a pena do militar.

O primeiro pedido dos advogados de Mauro Cid foi encaminhado lá atrás, em setembro, pouco depois de iniciado o julgamento do núcleo central da trama golpista.

Naquela ocasião, porém, Moraes negou o pedido, alegando que não era o momento processual adequado para discutir o assunto. Para o ministro, o tema deveria ser analisado após o trânsito em julgado da ação, que é quando se esgotam as possibilidades de recurso.

SEM RECURSO – Tentando acompanhar o estranho raciocínio do relator, os advogados de Mauro Cid decidiram não recorrer. Pela falta de recurso, seu processo transitou em julgado em 28 de setembro e a petição ficou sem resposta.

Mais de um mês depois, em 3 de novembro, a defesa  repetiu a apresentação, renovando o pedido.

A justificativa da defesa é que o tenente-coronel Mauro Cid já cumprira sua pena ao passar cinco meses em prisão preventiva e dois anos sob medidas cautelares que restringem a locomoção, como o uso de tornozeleira eletrônica.

SEM RESPOSTA – Como o período sob cautelares não costuma ser abatido das penas no Supremo, que considera somente o tempo de efetiva prisão, os advogados mencionaram decisões do Superior Tribunal de Justiça, nas quais o tempo das medidas entrou no cálculo.

Somente nessa fase é que Moraes resolveu ouvir a Procuradoria-Geral da República, que opinou contra o pedido da defesa. A recusa ocorreu em 19 de novembro, mesmo assim, até hoje o ministro Moraes ainda não deu uma resposta definitiva sobre o caso de Mauro Cid, apesar de ter extinguido ilegalmente o processo enquanto havia várias pendências.

Da mesma forma, Moraes ainda não despachou a petição da defesa de Bolsonaro, com recursos apresentados dia 28 de novembro, ainda dentro do prazo.

O QUE ACONTECERÁ? – Se o relator Moraes continuar fingindo de morto e não despachar as petições de Mauro Cid e Bolsonaro, o que pode acontecer? Bem, eles têm direito de recorrer à Segunda Turma. Nas regras do Supremo, os julgados de uma turma são revistos pela outra. Veja como funciona, no caso dos embargos:

Art. 334. Os embargos de divergência e os embargos infringentes serão opostos no prazo de quinze dias, perante a Secretaria, e juntos aos autos, independentemente de despacho.

Art. 335. Interpostos os embargos, o Relator abrirá vista ao recorrido, por quinze dias, para contrarrazões. – § 1º. Transcorrido o prazo do caput, o Relator do acórdão embargado apreciará a admissibilidade do recurso.

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P.S. – O Regimento é claro como o dia. Moraes tem obrigação de despachar as petições de Mauro Cid e Bolsonaro, dentro dos prazos previstos. Se não o fizer, terá de sofrer impeachment, por ser um juiz sem caráter e dignidade. (C.N.)  

5 thoughts on “Moraes está deixando sem resposta as petições de Mauro Cid e Bolsonaro?

  1. Sr. Newton

    Como é uma maravilha viver neste Páis Comunsita…..

    A vida pública se alia com a privada….

    O pior que a privada tá cheia…..

    Teria sido o AdEvogado da Organização Criminosa que colocou sigilo no Banco Master.??

    Toffoli viajou para final da Libertadores com advogado de diretor do Master…

    https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2025/12/07/toffoli-viajou-para-final-da-libertadores-com-advogado-de-diretor-do-master.htm?cmpid=copiaecola

    • O ministro Dias Toffoli, do STF (Supremo Tribunal Federal), viajou para Lima, no Peru, para assistir a final da Libertadores em um avião de um empresário e na companhia de cerca de 15 pessoas, entre elas um advogado do diretor de compliance do Banco Master, Luiz Antônio Bull, alvo da Operação Compliance Zero…

      aquele abraço

      Mais um dia no Páis do Super-Ladrão que diz ser a Alma mais Honesta do Universo…

  2. O que começou, vai se prolongando e terminará DESTRAMBELHADAMENTE, unicamente para corruptamente “ESTANCAR” e aterrorizando, transferir “SANGRIAS” à incautos e inocentes tidos “Bois de Piranhas”!

  3. O Supremo de Xande está com medo

    A liminar de Gilmar Mendes que reescreveu o rito de impeachment de ministros do STF marca um divisor de águas. Não se trata de interpretação, mas (…) de mutilação constitucional por canetada.

    Um único ministro eliminou o direito do cidadão de apresentar denúncia, entregou ao procurador-geral da República um monopólio acusatório inexistente na Constituição, elevou o quórum do Senado a patamar impraticável e aboliu o afastamento cautelar do acusado.

    É difícil imaginar gesto mais despudorado de autoblindagem – e mais contrário ao espírito republicano que o constituinte pretendeu instaurar.

    A motivação real não é o temor de um golpe imaginário. É o calendário eleitoral. Em 2026, dois terços do Senado serão renovados. A liminar nasce desse medo.

    É a primeira vez que uma Suprema Corte afirma, em essência, que precisa se proteger do resultado de uma eleição. Isso não é proteção institucional; é blindagem contra a democracia que implode os freios e contrapesos que impedem que qualquer poder se torne absoluto.

    O poder que não pode ser controlado não é poder independente, é poder arbitrário.

    Fonte: O Estado de S. Paulo, Opinião, 08/12/2025 | 03h00 Por Editorial

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