Paulo Peres
Site Poemas & Canções
Na letra de “Somos todos iguais nesta noite”, em parceria com Ivan Lins, o compositor (letrista) paulista Vitor Martins compara o mundo a um circo, onde seguimos o ritmo da banda de fanfarra, em alusão à ditadura militar vigente no país de 1964 a 1985. A música intitula o LP Somos todos iguais nesta noite, lançado por Ivan Lins, em 1977, pela EMI-Odeon.
SOMOS TODOS IGUAIS NESTA NOITE
Ivan Lns e Vitor Martins
Somos todos iguais nesta noite
Na frieza de um riso pintado
Na certeza de um sonho acabado
É o circo de novo
Nós vivemos debaixo do pano
Entre espadas e rodas de fogo
Entre luzes e a dança das cores
Onde estão os atores
Pede a banda
Pra tocar um dobrado
Olha nós outra vez no picadeiro
Pede a banda
Prá tocar um dobrado
Vamos dançar mais uma vez
Somos todos iguais nesta noite
Pelo ensaio diário de um drama
Pelo medo da chuva e da lama
É o circo de novo
Nós vivemos debaixo do pano
Pelo truque malfeito dos magos
Pelo chicote dos domadores
E o rufar dos tambores
1) Belíssima canção e bons compositores, poetas…
2) Licença, hoje é o Dia da Liberdade, 25 de abril de 1974, em Portugal.
3) Data inesquecível… ao som da música de José Afonso, que estava proibida, “Grandola Vila Morena” era a senha à meia noite, as tropas deixaram os quartéis e ocuparam o país.
4) A única revolução no mundo que não matou ninguém, nem deu um tiro… terminava assim a ditadura de 48 anos de Salazar.
5) O filósofo francês Sartre disse, na ocasião, que era um dos movimentos mais importantes da pós-modernidade… “A Revolução dos Cravos” instalou a Liberdade e a Democracia em Portugal e libertou as 5 colônias em África que se tornaram países soberanos”.
6) Eu e minha esposa, chegamos logo depois a Portugal, onde moramos… até hoje temos familiares lá e voltamos a cada dois anos…
1) A referência aos cravos é por que eles florescem na Primavera e a Natureza, naquele ano, trouxe flores belíssimas em profusão.
1)https://www.letras.mus.br/zeca-afonso/749168/
2) Eis a letra de Grandola Vila Morena, que estava censurada pelo regime salazarista. cujo lema era “Deus, Pátria e Família”.
3) A referência à árvore azinheira é uma árvore que fia no Alentejo e os cientistas constataram que ela está viva há 3 mil anos, veja fotos e mais detalhe na web…
4) Foi depois desta música que Leonel Brizola passou a falar em “Socialismo Moreno”…
Engraçado, as musicas de protesto durante o Regime Militar cabem como uma luva na realidade atual.
Eram músicas ou profecias?
Nos dia de hoje:
Vai passar
Nessa avenida um samba popular
Cada paralelepípedo
Da velha cidade
Essa noite vai
Se arrepiar
Ao lembrar
Que aqui passaram sambas imortais
Que aqui sangraram pelos nossos pés
Que aqui sambaram nossos ancestrais
Num tempo
Página infeliz da nossa história
Passagem desbotada na memória
Das nossas novas gerações
Dormia
A nossa pátria mãe tão distraída
Sem perceber que era subtraída
Em tenebrosas transações
Seus filhos
Erravam cegos pelo continente
Levavam pedras feito penitentes
Erguendo estranhas catedrais
E um dia, afinal
Tinham direito a uma alegria fugaz
Uma ofegante epidemia
Que se chamava carnaval
O carnaval, o carnaval
(Vai passar)
Palmas pra ala dos barões famintos
O bloco dos napoleões retintos
E os pigmeus do bulevar
Meu Deus, vem olhar
Vem ver de perto uma cidade a cantar
A evolução da liberdade
Até o dia clarear
Ai, que vida boa, olerê
Ai, que vida boa, olará
O estandarte do sanatório geral vai passar
Ai, que vida boa, olerê
Ai, que vida boa, olará
O estandarte do sanatório geral
Vai passar