Carlos Andreazza
Estadão
O governo não consegue reverter benefícios fiscais ineficientes. E cria novos. Enquanto se tenta levantar novo voo de galinha na economia, autoriza a Fazenda a pedalar. Não sei o que veio antes, o ovo ou a galinha. Sei que a palavra de presidente resulta. Em matéria econômica, faz preço. Tanto mais se acumulado o verbo. Lula sabe.
“O problema não é que tem que cortar [despesas]. Problema é saber se precisa efetivamente cortar ou se precisa aumentar a arrecadação.”
DÓLAR SOBE – Nem ovo nem galinha. Dane-se a cronologia. Se falou antes ou depois de o dólar ganhar mais corpo. Fala sempre. Antes e depois. Quando provocado a tratar de corte de gastos. É como reage. Eleito o presidente do Banco Central (um exibido) como o adversário. E o dólar a expandir a mordida.
“Isso vai melhorar quando eu puder indicar o presidente do BC, e vamos construir uma nova filosofia.”
Qual a filosofia? “Isso” significa o chefe do BC cumprir as funções do cargo conforme compreendidas por Lula. Melhoraria para Lula. Já imenso o carrego de expectativas sobre indivíduo – qualquer que seja o galípolo – nem sequer indicado. O “vamos construir” a encurtar margem para trabalho autônomo. Projetado um novo Roberto Campos Neto. Ou ministro de Lula, ou ministro de Bolsonaro.
SEM MEDO – “Vamos parar de olhar a dívida pública brasileira com o medo que se olha. Dívida do Brasil não é dívida. É troco, de tão pequena se comparada à de outros países”.
Coragem ante a dívida pública não para controlá-la. Se a dívida não é dívida, por que medo? Estamos a 75,7% do PIB. E crescendo. Lula fala em troco.
Haddad fala num Lula que “nunca desautorizou o ministro da Fazenda na busca do equilíbrio das contas.” Não mente. Autorizado o equilíbrio das contas via aumento de receita – caminho já cansado – e revisão de gastos tributários, jornada em que se empilham reveses.
MAIS UM BENEFÍCIO – O governo não consegue reverter benefícios fiscais ineficientes. E cria novos. Dilma III. Está aí o Mover. Mais um para a indústria automotiva, na gordura do qual se malocou a taxação das blusinhas, conta (troco?) no lombo dos remediados. Projeto abraçado por Haddad – que é Lula, que sancionou.
A principal medida arrecadatória para 2024 tem adesão zero até aqui. A negociação para contribuintes derrotados pelo voto de desempate no Carf ainda não produziu um tostão.
Haddad esperando – previsto no Orçamento – R$ 55 bilhões. Lula autorizou.
NÃO FECHA – Com suas autorizações, a conta não fecha. Fecharia sob programa estrutural de desindexações-desvinculações, enfrentada a forma viciada como se compõe orçamento. Autorizará? Antes, proporia Haddad? Ora, não pode haver desautorização a plano não apresentado.
O plano em curso é o velho. Enquanto se tenta levantar novo voo de galinha, vai autorizada a Fazenda a pedalar – quem sabe uma PEC Kamikaze em 26? – por rolar o problema até 27.
É a filosofia. Por Dilma IV.
Sr. Newton
Parece que desta vez o Ladrão e sua Quadrilha ficaram sem o din din da corrupção…
Governo desiste de fazer leilão de arroz e quer acordo com agro para manter preços
Membros e ex-membros do governo cancelaram participação em audiências sobre o tema
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2024/07/governo-suspende-leilao-do-arroz-e-quer-acordo-com-agro-para-manter-precos.shtml
PS.
E a picanha virou pé-de-frango e pescoço de frango.
De acordo com o “higiênico” da charge, está mais para inconsequente “freiada”, no uniforme.