Paulo Peres
Poemas & Canções
O compositor e cantor maranhense João Batista do Vale (1933-1996), o Poeta do Povo, que representou o grito contido das massas contra todo o tipo de injustiça social, conforme revela a letra de “Carcará” que, simboliza a vida difícil dos sertanejos mortos de fome, comparando-a à ave Carcará, que tem que matar para sobreviver.
Entretanto, o ”Carcará” desta letra tinha também um outro significado, ou seja, era considerado herói, na época, porque simbolizava uma juventude que lutava contra a ditadura militar para defender o povo brasileiro.
Historicamente, em 1964, João do Vale participou do show Opinião, que foi apresentado no teatro do mesmo nome, no Rio de Janeiro, ao lado de Zé Kéti e Nara Leão, tornando-se conhecido principalmente pelo sucesso da música “Carcará” , a mais marcante do espetáculo, que lançou Maria Bethânia como cantora.
CARCARÁ
José Cândido e João do Vale
Carcará
Lá no sertão
É um bicho que avoa que nem avião
É um pássaro malvado
Tem o bico volteado que nem gavião
Carcará
Quando vê roça queimada
Sai voando, cantando,
Carcará
Vai fazer sua caçada
Carcará come inté cobra queimada
Quando chega o tempo da invernada
O sertão não tem mais roça queimada
Carcará mesmo assim num passa fome
Os burrego que nasce na baixada
Carcará
Pega, mata e come
Carcará
Num vai morrer de fome
Carcará
Mais coragem do que home
Carcará
Pega, mata e come
Carcará é malvado, é valentão
É a águia de lá do meu sertão
Os burrego novinho num pode andá
Ele puxa o umbigo inté matá
Carcará
Pega, mata e come
Carcará
Num vai morrer de fome
Carcará
Mais coragem do que home
Carcará
1) Belíssima canção …
Assim é se assim lhe parece.
A ditadura militar era o carcará, a atual é a das cotovias e dos rouxinóis.