Pablo Marçal oferece o ‘voto-punição’, e dane-se o que fizer em seu mandato

Justiça Eleitoral notifica Pablo Marçal por sorteio de boné em campanha

Marçal sorteia seus bonés, que vende por R$ 99,90

Carlos Andreazza
Estadão

A campanha de Pablo Marçal tem fundamento na ideia de punição. É explícito. Declarado mesmo. Algo de intensidade sem precedente no Brasil. Vote – não para eleger – para punir. Não por realizações estruturais de governo. Por forra instantânea. Um discurso construído sobre a projeção-promessa do castigo, para efeito em curtíssimo prazo. Do castigo – eis a bênção prometida – ao que representariam os adversários, atores num velho teatro entre farsantes.

Vote e puna. Vote para punir. Vote punindo. Eleja a punição. Não há discurso – incluídos debates e entrevistas – em que Marçal não peça voto como instrumento para punir. Para humilhar. É o compromisso do candidato. Vote e, ao contabilizar da urna eletrônica, seja patrono do achincalhe geral. Danem-se os quatro anos contratados, se condenada a corriola já.

MISSÃO ÚNICA – Ele veio para desmascarar o bando. O município, a qualidade de vida do cidadão, será detalhe. Marçal concorre em São Paulo por ser a cidade, entre as opções ora disponíveis, a maior superfície em que punir. Plano de governo a ser executado – liquidado – com a vitória. Marçal fez campeonatos de ‘cortes’ de vídeos na pré-campanha em troca de R$ 125 mil em premiação

Parcela considerável do eleitorado – descrente na mediação da elite política – não lhe cobra nem cobrará cardápio sobre o que fazer com a gestão municipal, se justiçado for o esquema Nunes-Boulos.

Muitos entre os que lhe votarão têm nada a perder, despedaçados pelo fim da classe média. Ressentidos de repente apaziguados sob a percepção de que a existência não ficará pior. Não pode piorar. E terão algum prazer.

GOZO RÁPIDO – Ele veio para penalizar. Imediatamente. Gozo rápido. Colaborativo. Veio para servir de agente – de corpo – à penalização do establishment. Quem pune é o eleitor. Um convite que oferta sentido e seduz.

Há pretensão divina nessa abordagem-sedução. Marçal tem uma missão e se sacrifica – abre mão de negócios e dinheiros – pela causa de penitenciar o vício da política partidária. É o que vende.  Lideranças de seu partido – investiga-se – têm parte com o PCC? Dane-se – puna-se – o partido. Despreza o partido. Despreza partido. Mera obrigação formal para concorrer. Desenvolvimento radical da pregação influente contra o estamento político-partidário que, não faz muito, baseou a ascensão de Jair Bolsonaro, hoje homem de Valdemar.

Desenvolvimento radical porque livre para ser sem vergonha, Marçal não tendo a limitação do ex-presidente – sujeito que assentara frondosa empresa familiar nas banhas do estado – para se sustentar como desafiante marginal.

10 thoughts on “Pablo Marçal oferece o ‘voto-punição’, e dane-se o que fizer em seu mandato

  1. Vi a entrevista toda na Jovem Pan e não vi nada disso que o escriba escreveu.
    A bandeira que ele carrega é ser contra comunistas, só por isso mereceria meu voto.
    Alan Gani foi o que menos perguntou, ele é economista e pelo que fala na JP, se alinha com a direita e não colocou posição ideológica na pergunta.
    Esse cara vai ganhar a eleição!

    • Quem aceita opinião de jornalista engajado em ideologia vira massa de manobra e é facilmente manipulável.

      Punitivismo?
      Conta outra para os mais desavisados…

  2. Pergunta-se: Merecem ou não essa punição, os feitores, pelas quatrocentonas meldaa feitas contra seus desassemelhados “expecta-dores”, até a atualidade?

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