Roberto DaMatta
Estadão
Votar é confiar e prometer. Seu sentido original tem tudo a ver com promessa e devoção. No campo político, acrescentamos honestidade competitiva. O voto é uma unidade mínima de renovação da democracia. Não é por acaso que o momento eleitoral provoque um clima de expectativa e – num sistema hierárquico onde tudo tem dono – agressões reveladoras do estranhamento com o clima igualitário.
Um regime que se obriga a sofrer transformações periódicas é como um cinema que se recusa a exibir um mesmo filme. Coisa simples de falar, mas difícil de praticar, porque demanda a participação de todas as esferas sociais cujas relações são anteriores à invenção da democracia.
EIXO DA IGUALDADE – É um regime paradoxal e singular pois sob as democracias é que testemunhamos um governo garantindo sua derrota. Uma atitude que requer fidelidade e respeito à vontade dos cidadãos que pelo voto têm o direito de mudar governos. Tal postura requer uma sociedade cujo eixo é a igualdade.
É preciso muita educação política ao lado de uma extremada sinceridade para aceitar os votos contrários ao governo. Assim sendo, não há democracia sem acordo ao redor da igualdade como um valor supremo. Um apego capaz de nivelar gritantes e desumanas diferenças sociais.
A alternância produz voto bem como uma afinidade paradoxal com a mudança e com a permanência. Ao contrário do que imaginam certas almas ingênuas, limitar governabilidades produz a tensão emocional aliada ao criticismo político. Votar é, pois, legitimar ou protestar. É afirmar mudança ou continuidade. A história do voto mostra como ele foi refreado justamente por seu poder de mudança.
No Ocidente, o voto foi masculino; no Brasil, era hierárquico. Votava quem era branco, católico e letrado – os “homens bons”.
MUNDO DA RUA – O voto é central na vida institucional e formal, mas não faz parte – exceto em situações excepcionais – das decisões da “casa”. Não votamos na comida que comemos, na cama em que dormimos nem na crença religiosa que praticamos. As deliberações que dispensam eleição formam o costume vivido como natural. Num clima de eleição, o universo da casa e da família é englobado pelo mundo da “rua”. O “populismo” faz uma ponte entre essas esferas.
As dinastias políticas estabelecidas nos estados nos quais o familismo não deu lugar ao universalismo democrático provam como a “casa” engloba a “rua” e cria dilema que tenho investigado no meu trabalho.
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PS: O último despacho do ministro Toffoli me faz perguntar: por que não imitamos o mundo criado por George Orwell e apagamos a história que não nos interessa? (R.D)
A eleição é um ótimo negócio!
https://www.metropoles.com/brasil/chegou-o-dia-55-mil-cidades-do-brasil-elegem-prefeitos-e-vereadores
Toda eleição é a mesma coisa, e ninguém vai preso.
Pergunta que não quer calar: Pra onde vai essa grana apreendida?
Pro erário é que não volta!
José Luis
Calma, amigão.
E a festa da demo gracinha.
💸💸💸💸😀😂
Abraço.
O voto, é o exigível e concessor aval autorizativo de um sistema que insiste em ser corrupto, favorecendo tidos iluminados e assim egoística e criminosamente, portando-se como desassemelhados!
Esse país, uma permanente colônia de exploração, só se convalidaria em uma Democracia se o sistema fosse de voto livre, sem obrigação ao eleitor, isso sim, voto de cabresto. Como está, o TSE que nem deveria existir, compondo ainda gastos astronômicos com Juízes Eleitorais Estaduais mensais em quase $ 1.000 espalhados por todo país, além de assessores, além do TSE. Votação livre como ocorre nos EUA, é o que se pode chamar de democracia.
O voto livre é o ideal numa democracia civilizada, o que convenhamos não é o nosso caso.
O voto voluntário num país campeão em desigualdade social, seria condenar seu povo á eterna servidão.