Novo governo acerta ao transformar a Petrobras num vetor do desenvolvimento nacional

Lula e o senador Jean Paul Prates (PT-RN), indicado para a presidência da Petrobras

Lula acertou ao nomear Prates, um especialista em petróleo

Carlos Newton

Como diria Leonel Brizola, desde a gestão de Fernando Henrique Cardoso o governo brasileiro vem “costeando o alambrado”, na tentativa de encontrar brechas para privatizar a Petrobras sem necessitar de autorização do Congresso. A estratégia encontrada foi vender as subsidiárias em fatias e está destruindo o patrimônio criado pela maior empresa do país.

É como se a Petrobras estivesse sendo invadida e saqueada aos poucos, em plena luz do dia. Como recomendava o ex-governador Carlos Lacerda, uma boa política é privatizar estatais para o capital nacional, e a pior política e entregar as empresas públicas às multinacionais, especialmente quando se trata de setor monopolista.

MELHOR EXEMPLO – O fato concreto é que crimes continuados que vêm sendo cometidos contra o interesse nacional, sem que seus autores sequer sejam processados, já que se protegem nas brechas da lei. É o melhor exemplo foi a desnacionalização do importantíssimo e estratégico setor do transporte de gás.

Em junho de 2019, já no governo Bolsonaro, a Petrobras vendeu de 90% de sua participação na Transportadora Associada de Gás (TAG) para o grupo formado pela elétrica francesa Engie e pelo fundo canadense Caisse de Dépôt et Placement du Québec.

O pagamento total foi de apenas R$ 33,5 bilhões para a Petrobras, embora a TAG, construída com recursos públicos, tenha alcançado lucro líquido, em 2016, de R$ 7 bilhões. Ou seja, como foi vendida por somente R$ 33 bilhões, valor menor que o lucro líquido de cinco anos. Houve crime ou não? Se você fosse dono, autorizaria essa venda?

PIOR AINDA – Outra privatização altamente prejudicial e ruinosa foi a venda da Nova Transportadora Sudeste (NTS), cujo preço pago pela canadense Brookfield não chegou a representar o lucro líquido de apenas cinco anos. Juntas, a NTS, no Sudeste, e a TAG, no Norte e Nordeste, compõem a malha de distribuição de gás do país.

Na época, os maiores especialistas em questões de óleo e gás prestaram depoimentos ao Senado, denunciando esses crimes contra a nacionalidade, mas não aconteceu nada, rigorosamente nada.

“Do ponto de vista da soberania nacional, agora a Petrobras, que produz todo o gás do país, está na mão de duas multinacionais. Somos reféns da Engie e da Brookfield. Colocamos a política energética brasileira nas mãos delas “— lamentou a advogada Raquel de Oliveira Souza, ao prestar depoimento.

O HOMEM CERTO – Assim, é preciso reconhecer que o presidente Lula da Silva fez uma escolha acertada ao nomear o senador Jean Paul Prates (PT-RN). Tem mais de 30 anos de trabalho nas áreas de petróleo, gás natural, biocombustíveis, energia renovável e recursos naturais, tendo fundado em 1991 a primeira consultoria brasileira especializada em petróleo.

Ao ser indicado, Prates foi logo dizendo que a política de preços dos combustíveis é “assunto de governo, e não apenas de uma empresa de mercado”. E acrescentou:

“A Petrobras se ajustará às diretrizes que o governo, tanto como governo quanto como acionista majoritário, determinar. Mas certamente todos neste processo irão levar em conta a conciliação entre ter vantagem de se produzir petróleo e combustíveis no Brasil e o retorno do investimento de acionistas e parceiros”.

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P.S. 
– Enfim, um brasileiro de verdade à frente da Petrobras, que estava sendo desvirtuada desde a gestão do americanófilo Fernando Henrique Cardoso, quando a Petrobras começou a ser saqueada e entregue ao capital estrangeiro. O BNDES só voltou a atuar em defesa do país quando foi presidido por Carlos Lessa. Quanto a Lula, é um político bisonho, ignorante e corrupto, mas é preciso reconhecer que às vezes ele faz a coisa certa. (C.N.)

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